Shiroi Tsubasa escrita por Shiroyuki


Capítulo 20
Capítulo XX


Notas iniciais do capítulo

Yoo, minha-san o/
*desvia das tomatadas e pedradas*
Ah, eu sei que é muita cara de pau da minha parte aparecer depois de tanto tempo sem postar... mas por favor, não me matem! E, principalmente, não abandonem a fic T^T. Antes que qualquer um queira me chamar de preguiçosa, o que de certa forma não deixa de ser verdade, saibam que esse foi meu primeiro ano na faculdade, e eu acabo de encerrar o primeiro semestre. Esse foi o principal motivo da minha pausa nas fics em geral.
Mas agora, eu estou retornando o/ Não prometo regularidade ._. Mas vou vir tirar as teias de aranha dessas fics, todas elas, vou sim u_u
Antes de mais nada, saibam todas vocês, que há uma culpada por eu aparecer assim, repentinamente, com capítulos novos. A Teffy-chan, minha senpai. Ela foi a mente maligna, me chantageando cruelmente, para que eu voltasse a postar as fics com regularidade.
Então... senpai... *faz cara de fofa* Agora que eu já postei em uma... eu vou poder ler o capítulo novo da nossa fic antes?? *u* Vou nee??? Diz que siiim!!! *apanha*
Okee... Deixando de lado a enrolação *tira as teias de aranha* Vamos à fic o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/136935/chapter/20

À tarde de julho se estendia cintilante e quente, com cigarras cantando irritantemente nas árvores, crianças correndo e brincando nos parques e casais se encontrando, felizes. Na sala de estar dos Mashiro, porém, nada disso se refletia. Os três jovens entreolhavam-se com incredulidade, cada um em um canto diferente. Entre eles, deitada de uma forma estranha, com o coque desfeito e os óculos tortos no rosto, Hanazawa estava estirada, desacordada. Ou, como supunham a maioria, morta.

— Certo… vocês chamaram a ambulância? – Amu, que havia sido a última a chegar, indagou, tentando manter-se o mais longe possível do cadáver.

— Eu tentei, mas aí percebi… que eu não sei o número de nenhuma ambulância… – Rima balbuciou, roendo as unhas enquanto olhava fixamente para a governanta caída no chão. Não gostava nem um pouco dela, achava que ela era muito metida e bajuladora, mas a ideia de ser presa por causa disso ainda a assustava.

— Seria difícil trazer uma ambulância para dentro da mansão sem ser percebida. Nós teríamos que explicar o que estava acontecendo, e falar com a polícia… e… isso não seria nada bom… – Nagihiko encerrou a questão, e braços cruzados e um tom de voz que sugeria que havia algo mais em sua relutância em pedir ajuda.

— E vocês vão apenas deixar a velha aí? Uma hora alguém vai acabar achando… – Amu disse o óbvio. Olhou para o corpo com aversão. Havia uma mosca pousada na ponta do nariz da mulher. Amu mostrou a língua, enojada.

— Quem sabe nós devêssemos enterrá-la no quintal... – Rima sugeriu, colocando o dedo no queixo pensativamente.

 — Vocês… já checaram se ela ainda está viva? – Amu apressou-se em dizer. Sua mente foi tomada pela imagem de si mesma carregando o corpo com Nagihiko, enquanto Rima carregava a pá, e depois cavando o quintal e jogando a mulher no buraco. Era angustiante apenas imaginar.

— Eu tentei ouvir a frequência cardíaca, mas não consegui ouvir nada… e ela não aparenta estar respirando também… de qualquer forma, eu já faltei muita aula de biologia na vida, não é como se eu soubesse o que fazer… - Nagihiko disse, exasperado. Decididamente, ele não estava em seu estado normal.

— Então o que estamos esperando? Precisamos de alguém que entenda de saúde, e possa nos ajudar! – Amu agitou-se, puxando o celular num movimento digno de agente secreto – Eu sei de alguém!

— Quem? – Rima aproximou-se, ainda um pouco trêmula. Fez a volta, evitando passar pelo corpo que se estendia ao longo do tapete.

— Tadase-kun – Amu disse, já discando – O pai dele é médico, você sabe, e ele sempre se interessou muito no assunto, repetia várias vezes que queria ser médico também, então ele sabe bastante. Vou chamá-lo.

— Você tem certeza? Não seria egoísmo da nossa parte envolve-lo nesse assunto? – Nagihiko indagou.

— Apenas chame logo, Amu-chan! – Rima pediu, entrando em desespero – Quanto mais gente para servir de testemunha, melhor! Até por que, todos sabem que ela veio de repente e deu uma cabeçada no meu vaso de porcelana. Não há provas contra nós.

Nagihiko suspirou, aninhando Rima em seus braços e sentando com ela no chão, escorando-se na parede, enquanto Amu tentava explicar calmamente a situação para Tadase, sem deixá-lo em choque, o que era meio difícil a essa altura.

— Nagi… – Rima sussurrou, abraçada à Nagihiko no chão – Nós podemos fugir… ainda dá tempo… Eu arrumo minhas malas rapidinho, e pego todo o dinheiro que puder, e nós podemos ir para algum lugar bem longe daqui… Para a Austrália, que tal? Ou a Inglaterra… ah, Londres ia ser maravilhoso…

— Está tudo bem, Rima-chan… – Nagihiko sorriu tranquilizador, acariciando o cabelo de Rima e fazendo-a se calar – Vai dar tudo certo, você vai ver.

Pouco tempo depois, Tadase chegou à mansão. Como ele era de uma família respeitada, e colega de Rima, passou pela segurança, e rapidamente, chegou à sala onde todos estavam, após receber as instruções pelo telefone. Era metade da tarde, quando ele abriu a porta, aflito, e adentrou o cômodo com o assombro perpassando pelo seu rosto ao ver o corpo inerte da governanta. Até o presente momento, ele havia desconfiado da veracidade da história contada por Amu, mas agora já não restavam mais dúvidas.

— O que vocês fizeram…? – ele indagou, depois de poucos segundos digerindo a cena – Não… eu nem quero saber, é melhor assim. Quanto tempo faz que ela está assim?

— Eu não sei… acho que pouco mais de meia hora – Nagihiko respondeu, levantando-se do chão e com Rima a reboque.

Tadase olhou ao redor, procurando pela voz masculina que ouvira, e só o que viu foi Nadeshiko de cabelos soltos. Resolveu não pensar em nada nesse momento, a situação já era por si só bizarra o suficiente. Ajoelhou-se diante da mulher desacordada, e tomou seu pulso. Depois, tocou seu pescoço com os dedos médio e indicador. Aproximou o ouvido da região do coração, e afastou as pálpebras, tentando enxergar a íris.

Depois dessa rápida análise, ele se levantou.

— Eu não sou médico, então não saberia dizer com certeza o que aconteceu, porém, suas frequências respiratória e cardíaca estão dentro do considerado normal. Ela está viva…  mas tem um grande galo na cabeça.

Nagihiko, Rima e Amu soltaram o ar, ao mesmo tempo. Rima até mesmo proferiu uma pequena exclamação de alívio, e jogou os braços ao redor de Nagihiko, abraçando-o com força.

— Viu?! Eu disse que tudo ficaria bem, Rima-chan – Nagihiko sussurrou no ouvido dela retribuindo ao abraço. Rima só pode sorrir aliviada, soltando o abraço logo depois e se afastando.

— Eu vou… eu vou chamar alguém… vou dizer que ela caiu, tudo bem? – ela indagou, trêmula de nervosismo. Nagihiko assentiu, e Rima saiu correndo pela porta, com Amu no seu encalço.

Tadase, após perceber que estava a sós com a ‘garota’, sentiu-se repentinamente angustiado. Desviou o olhar, vacilando entre a parede, o chão, e só então decidiu levantar o olhar e falar alguma coisa. Estava decidindo entre comentar sobre o tempo ou elogiar a casa, quando algo inconcebível entrou em seu campo de visão. Abaixo do rosto suave, agora sério e com resquícios do nervosismo passado, surgia entre o uniforme feminino um tórax evidente e inconfundivelmente masculino. Tadase arfou, em choque.

— Muito obrigado, Hotori-san. Eu nem sei como posso agradecê-lo – Nagihiko disse, após perceber o que Tadase pensava – Parece que… você descobriu o meu segredo… Não é da forma que eu pretendia, mas acho que é algo que deveria saber, de qualquer forma. Me desculpe por manter segredo por tanto tempo, mas foi necessário. Eu sou um garoto.

— M-mas… c-como… como isso é p-possível…? – Tadase balbuciou incrédulo, colocando-se um passo para trás. – E-eu nunca imaginaria que… eu p-pensei que fosse… c-como isso…

— Eu sei que pode ser um pouco… muito… atordoante… – Nagihiko sorriu sem graça – Mas eu apreciaria a sua compreensão desse fato. Não foi minha intenção enganar ninguém. Isso – ele apontou para a saia – é um tipo de… pré-requisito do trabalho. Eu sou segurança da Rima-chan, e por isso, o pai dela exige que eu me vista assim. Ele tem seus próprios motivos. Mas… por muitas razões, ela descobriu a verdade, e agora, é importante que você mantenha silêncio sobre isso, de todos. Se alguém descobrir, pode custar o meu emprego... e até mais do que isso. Eu não posso… não quero ficar longe da Rima-chan. Por favor, Hotori-kun. Você pode guardar o meu segredo?

— Você nem precisava me pedir isso, Fujisaki-san – Tadase respondeu, sorrindo gentilmente. Esse era o dia mais peculiar de toda a sua longa vida de 15 anos. Ele estava lutando para lidar bem com tantas informações extraordinárias, e estava se saindo razoavelmente bem. Se nesse momento, Rima adentrasse a sala vestida de palhaça, ou Amu vestida de líder de torcida, ele não conseguiria nem mesmo se espantar – Eu guardarei seu segredo, pode confiar em mim.

— Muito obrigado. Por tudo. – Nagihiko sorriu, agradecido, e antes que Tadase pudesse responder, ele o tomou em um abraço, quase erguendo o pequeno loiro do chão, tamanho o seu alívio – Eu sabia que você entenderia, Hotori-kun. A partir de agora, você pode contar comigo para tudo. Me chame sempre que precisar, por favor. Até mesmo se você tiver que esconder um corpo ou algo assim, eu não hesitarei em ajudá-lo. Você foi de grande ajuda hoje... eu nem tenho palavras para dizer o quanto estou grato.

Nesse momento, Rima adentrou o cômodo, junto com Amu e mais um dos mordomos da sua casa. Nagihiko soltou Tadase, que estava com o rosto em chamas, e apressou-se em fechar sua camisa e o paletó. O mordomo era bem alto, com um cabelo preto, rosto resplandecente, e o impecável fraque que ele nunca abandonava. Na humilde opinião de Rima, e também das suas amigas que já o viram, era simplesmente lindo demais para ser um mero mordomo.

— Ali está, Nagato-san – Rima apontou para a desacordada Hanazawa – Ela caiu bem ali. Cuide dela, por favor. Ela foi… gravemente ferida.

— Como ela foi ferida? – ele indagou educadamente, ainda que alarmado.

— Gravemente – Rima disse apenas, encerrando a questão.

Nagato, o mordomo, sem ligar para a resposta evasiva, avançou até Hanazawa, examinou-a rapidamente, e a ergueu com facilidade no colo.

— Mais alguma coisa, Mashiro Ojou-sama? – o mordomo indagou, com o corpo inerte nos braços.

— Apenas... se você puder cuidar bem da Hanazawa-san, e manter o acidente dela em sigilo, é o bastante. Seria... vergonhoso para ela, caso as condições da sua queda fossem expostas. Foi bem… constrangedor... – Rima encerrou o assunto, e o mordomo assentiu, saindo e levando Hanazawa consigo.

— Rima... por que você não chamou o Nagato-san desde o começo? Ele teria resolvido tudo de uma vez só... – Amu observou, após suspirar sonhadoramente com a presença do mordomo e tanto dos Mashiro.

— Verdade... – ela ponderou, sentindo-se tola por não ter pensado na solução óbvia antes – Mas agora, felizmente, tudo acabou bem. Eu não matei ninguém, e a Hanazawa deve ter esquecido o que viu com aquela pancada.

— E o que ela viu? – Amu indagou de volta, curiosa.

— N-nada. – a loira disfarçou, olhando para o lado com o rosto ruborizado. Nagihiko, amarrando o cabelo de novo, colocou-se ao lado dela.

— Ao menos, tudo terminou bem – disse, com a voz voltando a ser feminina. Tadase, que via isso pela primeira vez, abriu a boca em espanto – Vamos comer alguma coisa? Eu fiz brownies hoje mais cedo, e posso também fazer um chá – ofereceu, sorrindo gentilmente.

— Ah, eu adoraria! – Amu bradou saltando alegremente na frente – Eu amo os seus brownies, Nadeshiko!

Calmamente, todos se dirigiram até a copa, onde Nadeshiko preparou chá e serviu os bolos, conversando como se há poucos minutos não estivessem discutindo o que fazer com um suposto cadáver no meio da sala. Tadase assistia a tudo com assombro. Parecia inacreditável para ele que a mesma pessoa que sorria gentilmente e servia chá para ele fosse o garoto forte e sério de momentos atrás. E pensar que no início da tarde ele estava no seu quarto, vendo filmes de comédia romântica, e preocupado com o que deveria dizer quando finalmente encontrasse com Yamisaki-san… Isso parecia um sonho…

— Então, Tadase-kun... – Amu começou a falar, acordando o loiro de seus pensamentos, como quem não quer nada – Você já se decidiu quanto à Hitomi-san?

Tadase engasgou com o chá, começando a tossir, com a face indisfarçavelmente corada.

— E-eu… eu decidi… que vou falar com e-ela… – ele gaguejou com dificuldade, disfarçando o rubor do rosto com uma mordida no brownie.

— Isso é bom – Rima assentiu calmamente, bebericando seu chá.

— Quanto antes melhor! – Amu disse – Eu acho que vocês dois ficam muito fofos juntos... embora ela seja um tanto quanto agressiva...

— Hotori-kun… eu posso dizer de minha própria experiência… - Nadeshiko começou a falar, encarando diretamente o garoto. Sua voz era suave e feminina, mas era possível distinguir que Nagihiko quem falava naquele instante – O melhor a fazer é dizer logo a ela o que sente. Mesmo que você tenha motivos para se culpar, e tenha cometido erros antes, e talvez até mesmo possa voltar a cometê-los, ela deve saber como você se sente. E você tem que saber como ela se sente também. Eu sei que você consegue. Hotori-kun… essa garota tem muita sorte por ter alguém como você ao seu lado. Apenas diga a ela o que sente, e tudo vai ficar bem.

— Seja homem! – foi o único comentário de Rima, que o encarou com seriedade, e depois voltou a tomar seu chá. Ela resumiu com duas palavras tudo o que Nadeshiko disse antes.

— O-obrigado, Fujisaki-san… Mashiro-san... - Tadase corou depois de ouvir tudo aquilo, e agradeceu sinceramente. Sentia-se motivado agora, ao saber que havia tantas pessoas torcendo por ele – Eu vou… vou me esforçar.

Retomando a conversa, eles continuaram juntos até o fim da tarde.

Nagihiko sentia-se bem, ao compartilhar do seu segredo com aquelas pessoas, que o compreendiam e iriam guardá-lo até o fim, e com a companhia da garota que amava. Pela primeira vez, desde antes dele virar segurança da família Mashiro, ele tinha amigos com que podia sentar e comer alguns brownies, conversar, dar conselhos, e até mesmo chamar no caso de ter cometido um suposto homicídio.

Internamente ele agradecia por ter tido essa chance, ao menos uma vez na vida. Mas sabia que isso não poderia durar muito. Ele tinha que decidir o que fazer, escolher o seu caminho. E, muito provavelmente, perder tudo isso para sempre. Afinal, ainda restava um segredo, muito bem encoberto pelos seus gentis sorrisos. E desse segredo, ele não poderia fugir tão cedo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nyan~ onegaaai, não sejam maus com essa pobre e cansada pessoa *u* Deixem reviews!! *u* Não me abandoneeeem *drama mode on*
kisuu~
vou ficar esperando viu?! *apertando F5 ininterruptamente até aparecer alguma coisa*