Shiroi Tsubasa escrita por Shiroyuki


Capítulo 19
Capítulo XIX


Notas iniciais do capítulo

Gomen pela demora~ mas vocês já devem ter se acostumado com isso, nee?
Okee~ vamos ao capítulo~



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Rima desamassou a saia, e preparou seu semblante mais solene. Era raro seu pai pedir por sua presença, e ela não podia cometer mais erro algum, considerando o fato de já ter chego atrasada. Deu uma última olhada em Nadeshiko, que sorriu, transmitindo confiança, e abriu a porta do escritório do pai.

Ele sorriu cordialmente ao vê-la, e apontou a cadeira logo em frente a sua mesa. Rima sentiu um gelo na espinha, ao notar o sorriso do pai. Nunca antes havia visto tal expressão, nem mesmo na época em que seus pais ainda eram casados. Olhou novamente para Nadeshiko, que esperava em posição de sentido ao lado da porta.

— Fujisaki-san pode se aproximar – o pai de Rima disse, cortando o silêncio – o assunto diz respeito à senhorita também.

Rima vacilou o olhar, entre as próprias mãos, a mesa a sua frente e a parede lateral, claramente nervosa. Teria seu pai descoberto tudo, e agora pretendia demitir Nagihiko? Ou pior, mandá-lo, prendê-lo? Rima teria que visitar Nagihiko na cadeia! Eles teriam que ser ver através de um vidro, e se falar por telefones, enquanto Nagi usava um uniforme laranja com tatuagens no corpo todo. O que aqueles brutamontes da prisão fariam com o corpinho do seu pobre Nagi-kun!?

Caso tenha entrado em pânico, Nadeshiko soube disfarçar muito bem, pois ainda com seu semblante inexpressivo, ela tomou a cadeira ao lado de Rima, e esperou pacientemente.

Tão agitada com suas próprias suposições sem sentido, Rima não notou o chamado do pai, até que Nadeshiko a cutucou levemente com o cotovelo.

— Sim, Papai? – indagou, trêmula, esfregando uma mão na outra nervosamente.

— Eu estava dizendo que quero que me acompanhe na minha próxima viagem até Hokkaido. Eu irei embarcar para Sapporo ainda hoje, e quero que você venha, assim que sua aula acabar amanhã. Você passará o fim de semana comigo, e retornará no domingo a tempo de ir à aula.

— E-eu...  – Rima suspirou aliviada, sorrindo com sinceridade – Eu adoraria acompanhá-lo, Papai. Mas... por que você quer que eu vá? Nunca me pede para ir aos seus encontros de negócios, e... sinceramente, eu não sei em que posso ser útil ao senhor...

— Eu quero mostrar minha linda filhinha para os meus sócios, não posso? – o pai de Rima disse, dando uma gargalhada grave, que soava como um trovão.

Rima corou, surpresa. Era a primeira vez que ouvia seu pai se referindo dessa maneira a ela. Por um breve momento, teve vontade de chorar, mas se segurou, e fitou Nadeshiko, que sorria com bondade, ao ver o momento terno, e inédito. Hesitante, Rima levantou, e contornou a mesa, até chegar ao lado do pai.

— Será um prazer acompanhá-lo, Papai – ela disse, depositando um delicado beijo no rosto do pai e saindo correndo logo depois. O homem corou muito levemente, tocando no local com incredulidade, e então olhou sem jeito para Nadeshiko, que se preparava para seguir Rima.

— Eu posso contar com sua proteção, Fujisaki? – ele disse, readquirindo o tom sério.

— Sem dúvidas, Senhor – Nadeshiko disse, com firmeza, e então saiu pela porta, fechando-a logo ao passar.

Correu até onde Rima estava, esperando-a no corredor vazio que se ligava aos quartos.

— Você viu isso, Nadeshiko? – Rima exclamou, quase em euforia, dando pequenos pulinhos enquanto chacoalhava o braço da segurança – Ele quer minha companhia! Ele disse que eu sou linda!

— É claro, Rima-chan – Nadeshiko sorriu, segurando o braço de Rima no seu e começando a andar – Ele ama você! Eu disse que ele acabaria por demonstrar, cedo ou tarde. E é claro que você é linda! – acrescentou, mudando o tom de voz, o que fez a loira estremecer ao ouvi-lo – Ainda tem dúvidas disso?

— Então você só está comigo por causa da minha aparência? – ela sussurrou, fazendo um biquinho, olhando para o lado para disfarçar o constrangimento.

— O que? – Nagihiko sobressaltou-se, soltando o braço de Rima. Gesticulou, quase entrando em desespero – Eu não quis dizer isso!!! Eu só... você é linda, é claro... é muito fofa, aliás... mas eu não... você não é.... – sua voz levantou-se algumas oitavas, enquanto tentava desesperadamente se explicar.

Rima abafou o riso com a mão, escondendo o rosto discretamente. Logo sua risada abafada fez com que Nagihiko silenciasse aos poucos, como um rádio que se baixa o volume, até que ele se sentisse completamente patético.

— Você me acha fofa? – Rima indagou repentinamente, ao recomeçar a andar em frente, sem olhar para trás.

— Claro... – Nagihiko murmurou, sem saber ao certo se essa era a resposta que a garota queria ouvir. Nunca podia prever as reações de Rima, isso era a única coisa que sabia.

— Eu também... – ela sussurrou, tão baixo que Nagihiko teve que se aproximar para ouvir – acho você muito lindo... – disse por fim.

Nagihiko sorriu presunçosamente, tentando se aproximar de Rima. Ela entrou na sala mais próxima e sentando no sofá, ligou a TV, passando os canais rapidamente, sem parar em nenhum deles. Ele a acompanhou. Checou ao redor, verificando se havia empregados por perto. Puxou a saia mais para baixo, inconscientemente tomando cuidado para não sentar de pernas abertas, e então soltou os cabelos. Arrumou-os atrás das costas, e então se inclinou na direção de Rima, distraída com a televisão.

Primeiro, afastou os cabelos ondulados, e roçou levemente o nariz em sua nuca. Sentiu-a arrepiar-se, e arfar em surpresa. Sorriu, tocando-a com os lábios.

— N-nagi... – ela suspirou, fechando os olhos. Sentiu Nagihiko segurá-la, trazendo seu corpo para mais perto, e deixou-se levar.

— Então... você me acha bonito? – ele perguntou, sorrindo cordialmente, enquanto inclinava a cabeça em curiosidade – Diga mais uma vez... – ele pediu, enrolando uma mecha do cabelo dourado no dedo.

— Eu amo você... – Rima o surpreendeu. Não era aquilo que ele esperava ouvir. Na verdade, estava querendo deixar Rima tão constrangida quanto fosse possível, porém foi ela quem o fez corar e ficar sem ação, dessa vez.

A loira sorriu, sentindo-se vitoriosa. Acariciou o rosto do garoto, vendo-o fitá-la com os olhos dourados sem jeito. Sentiu-se aquecida por dentro, e sem se conter, entrelaçou seus dedos nos cabelos lisos dele, da maneira que mais gostava, aproximando-se decididamente.

Nagihiko rapidamente tomou o controle da situação, tocando os lábios de Rima sem hesitar e esta permitiu ser beijada, aprofundando o toque. As mãos rápidas e quentes de Nagihiko acariciavam sua cintura, deitando-a no sofá, e colocando-se por cima, sem quebrar o contato. Rima abraçou-o, sentindo a saia de Nadeshiko fazendo cócegas em sua perna, assim como as meias três quartos que o garoto usava. O sofá ficou muito pequeno, e os dois rolaram juntos até o chão, sobre o tapete, parando somente ao chegar perto da mesa de centro.

Rima riu, sonoramente, sendo acompanhada por Nagihiko abaixo de si. Ele a abraçou, trazendo-a para perto, e ela deitou a cabeça sobre seu peito, suspirando. Os dois imaginaram, ao mesmo tempo, como poderia haver espaço para tanta felicidade. Estava tudo tão brilhante, tão perfeito. Que tipo de mágica era isso, que deixava cada pequeno momento tão alegre e único?

— Eu também amo você, Rima – Nagihiko sussurrou sobre seu cabelo, abraçando-a com mais força. Rima ergueu-se ligeiramente, até estar com o rosto próximo ao dele, para então depositar um delicado beijo em seus lábios entreabertos. Ele acariciou com ternura seu rosto macio, com a ponta dos dedos.

— O QUE SIGNIFICA ISSO??? – uma voz indignada ecoou por todo o cômodo, paralisando os dois jovens do chão.

Rima levantou-se num salto, e Nagihiko fez o mesmo, colocando-se a frente dela, em posição protetora. Na frente dos dois, a figura estupefata esperava por explicações.

— H-hanaza-zawa-san... – Rima balbuciou, com a voz fraca, enquanto segurava com força o casaco de Nadeshiko com as mãos trêmulas – E-eu...

— Vocês podem me explicar isso?? – Hanazawa-san gritou, parecendo prestes a ter um ataque de nervos. A veia acima da sua testa latejava, e seu rosto estava pálido e ameaçador – Duas garotas! Esse tipo de comportamento... Rima sama! Eu esperava mais de alguém com a sua criação! O que isso...

— Hanazawa-san... – Nadeshiko tentou se explicar, mas foi severamente interrompida.

— Não fale comigo, garota! Tenho certeza de que você é a má influência! Tudo por sua causa! – Hanazawa-san apontou o dedo na cara de Nadeshiko, com o olhar furioso a perfurando – Eu percebi que Rima-sama estava agindo estranho... e aquela manhã no quarto... Mashiro-sama será advertido agora mesmo! E você não será perdoada, garota! Uma demissão, no mínimo! E eu providenciarei pessoalmente para que seu nome seja conhecido, e nunca mais conseguirá um emprego nem mesmo na loja de conveniências do bairro! Garota suja!

— H-hanazawa-san! – Rima se pôs na frente de Nadeshiko, com o semblante quase em desespero – Você não pode fazer isso comigo! Eu amo a Nadeshiko! – ela gritou, com força.

Hanazawa espantou-se, parecendo até mesmo ofendida. Avançou contra Rima, segurando seu pulso.

— Você não sabe o que diz, Rima-sama! – disse com severidade – Essa garota está a enganando, usando você. Ela é uma aproveitadora! – balançou o braço de Rima, para se fazer entender-se.

— Solta ela! – Nadeshiko puxou o braço de Rima de volta, segurando-o com carinho na mão. Encarou Hanazawa com fúria, ofegante, esperando que ela fizesse seu próximo movimento – Você não tem o direito de falar assim com ela, e nem de machucá-la. Eu estou aqui para proteger a Rima, e farei isso, não importa contra quem eu tenha que lutar.

— E-essa voz... – Hanazawa murmurou, espantada. Seu cabelo, sempre amarrado no coque perfeito, desmanchou-se de um lado, enquanto ela tentava ajeitar os óculos no rosto. Aproximou-se de Nadeshiko, analisando com cuidado o seu rosto – Você é...

Sem aviso prévio, ela avançou contra Nadeshiko, puxando-a para perto através da lapela do casaco. Rima tentou impedir, mas foi vencida. Hanazawa, num acesso de loucura, abriu o paletó e a camisa em um só movimento, estourando os botões. Nadeshiko ofegou, caindo sentada no chão, com o tórax, indiscutivelmente masculino a mostra.

— Por que fez isso, Hanazawa?! – Rima berrou, ajoelhando-se ao lado de Nagihiko e o abraçando.

— Isso... ela... é ele? É um garoto? – Hanazawa disse para si mesma, incoerente – Então... é pior do que eu pensava! – ela exclamou, quando finalmente entendeu o que estava acontecendo – Fique longe dele, Rima-sama! – Hanazawa puxou novamente Rima pelo braço, afastando-a de Nagihiko, e a jogando sobre o sofá logo atrás – Ele é um impostor! Um.... travesti! Quando Mashiro-sama ficar sabendo disso irá...

— Por favor, Hanazawa-san, deixe-me explicar... – Nagihiko levantou-se de mau jeito, segurando as pontas da camisa de modo que escondesse seu corpo.

— Explicar? Não há o que explicar! Você estava claramente se aproveitando da inocência da Rima-sama,  eu não irei acobertar esse tipo de comportamento! Mashiro-sama irá ser informado imediatamente, e você, garoto, será posto daqui para fora...

Hanazawa não pode concluir suas ameaças. Com o olhar parado, ela parou de falar, e então, seu corpo caiu inerte no chão. Atrás dela, Rima segurava um vaso de porcelana chinesa no alto, com um semblante entre o desespero e a confusão. Olhou para o corpo de Hanazawa sobre o tapete, então para o rosto surpreso de Nagihiko. Rima não precisaria visitar Nagihiko na prisão, como havia suposto anteriormente. Ela estaria lá, junto com ele, com o mesmo uniforme laranja.Seu rosto se banhou em lágrimas, enquanto ela deixava seus braços cederem, e o vaso cair e rolar pelo chão livremente.

— Nagi.... eu... eu matei ela?

-

Amu andava decidida pela rua, com passos firmes e semblante duro. Segurava o celular com força na mão, embora não estivesse mais disposta a usá-lo. Durante toda a manhã, e parte da tarde, ela tentou ligar para Tadase, e ele descaradamente desligava sem nem ao menos atender. Ela tentou ligar para a casa, mas ele mandou dizer que não estava.

 Ela já estava cheia! Não aguentava mais ver o garoto chorando pelos cantos, como uma garotinha, que foi chutada pelo namorado aproveitador. Ah, não! Isso estava errado! Ela iria até lá, agora, e arrastaria Tadase pelas orelhas até a casa da tal Hitomi, e ia quebrar o barraco na frente daquele palácio, até ela atender. E quando isso acontecesse, ela ia obrigar aqueles dois idiotas a conversarem!

Tinha pedido para Ikuto ir junto com ela, para ajudar a carregar Tadase à força, mas ele alegou que não queria ser visto em uma cena constrangedora dessas, ainda mais com o risco de ser preso por invasão de propriedade privada, desordem e tudo mais. Ele prometeu que iria mais tarde à delegacia e pagaria a fiança dela e de Tadase, e então voltou a fazer café, com a cara mais odiosa do mundo! Amu acertaria as contas com ele depois, de qualquer forma.

Finalmente, parou em frente à casa de Tadase, decidida a apertar a campainha por tanto tempo quanto fosse possível, quando seu celular começou a tocar. Será que Tadase decidiu responder as suas ligações?

— Alô? – atendeu, e se surpreendeu com a voz que a respondeu do outro lado.

Amu? Amu, eu preciso de ajuda! – a voz era de Rima, mas muito mais chorosa do que ela se lembrava. Estava bastante desesperada, também.

— O que houve, Rima? – ela perguntou, aflita. Rima tinha brigado com Nagihiko? Só podia ser isso.

Amu... eu acho que matei uma pessoa... – ela fungou, recomeçando a chorar logo depois. Amu quase deixou o aparelho cair – O que eu faço??

— Rima! – outra voz, abafada, pode ser ouvida do outro lado da linha – Eu disse pra você ligar pra ambulância! O que está fazendo? – o telefone fez um barulho estranho, então a outra pessoa falou novamente, dessa vez mais perto – Amu-chan? Não precisa se preocupar, nós vamos nos virar aqui, tá bom? Não, Rima, pegue os dois braços que eu carrego as pernas... A gente se vê, Amu. Tchau. – o telefone foi desligado, deixando uma garota completamente chocada do lado de cá.

Amu começou a correr, dessa vez para o lado oposto. Tadase e seu drama adolescente podiam esperar um pouco mais. Começou outra ligação, enquanto corria. Parece que Ikuto teria que pagar fiança para outras pessoas, agora.


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Notas finais do capítulo

Espero pelos reviews n_n