Shiroi Tsubasa escrita por Shiroyuki


Capítulo 12
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 12, para vocês, com mais um pouco de Tadase...
Não tem nenhum sonho, sinto muito, mas talvez haja algumas... revelações...
Enfim, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/136935/chapter/12

Tadase olhava para o rio que se estendia a sua frente, brilhando nas cores do sol da manhã. Estava sentado na encosta, com os pensamentos flutuando por sua mente sem que ele se prendesse a algum especificadamente; aquela paisagem jamais deixaria de deslumbrá-lo, não importasse quantas vezes a visse.

— Não sabia que você era do gênero “apreciando o nascer do sol”.

O garoto sobressaltou-se, perdendo o equilíbrio ligeiramente. Não esperava por companhia, ainda mais a essa hora da manhã de domingo. Focou o olhar na pessoa ao seu lado, que continuava o fitando com uma expressão indecifrável. Era Hitomi. Seu cabelo estava preso em um perfeito rabo de cavalo e a franja displicente sombreava os olhos, que hoje estavam da mesma cor de céu. Segurava nas mãos guias, que prendiam firmemente três cachorros. Tadase reconheceu o maior deles, que o encarava fixamente.

— Esse é o Pudim, certo? – perguntou, levando a mão à cabeça do Pastor Alemão, que aceitou o carinho prontamente.

— É. Acho que ele se lembra de você, não costuma deixar que o toquem dessa forma – ela disse, sentando ao lado de Tadase e forçando os outros cachorros a fazerem o mesmo  - Os outros são o Rocambole – ela apontou para o filhote de Labrador que cheirava a grama ao seu redor como se sua vida dependesse disso – e o Onigiri – ela mostrou o Border Collie preto e branco que tentava roubar a atenção de Tadase.

— Todos os seus cachorros tem nome de comida? – Tadase indagou, coçando a orelha de Pudim.

Hitomi refletiu por alguns instantes, com uma ruguinha de concentração surgindo entre as sobrancelhas finas. Tadase analisou a expressão de seriedade que ela fazia, mesmo quando a pergunta era simples.

— Sim, todos os que eu batizei pelo menos – ela respondeu finalmente, parecendo surpreendida pela constatação – O que isso quer dizer? –  indagou, mais para si mesma. Pudim deitou ao seu lado, observando Tadase de perto.

— Que você gosta de comer, imagino – Tadase respondeu distraído, com Onigiri acomodando-se no seu colo descaradamente.

— Ei, por que raios você foi até à minha casa pra entregar o livro, hein? – Hitomi perguntou subitamente. Ficou um pouco surpresa consigo mesma por ter perguntado aquilo tão de repente, mas não era do tipo que enrola, e aquilo já vinha martelando na sua cabeça há muito tempo.

— Por que você o esqueceu no telhado – Tadase respondeu naturalmente, sem entender o motivo da pergunta.

— Mas não precisava ter me procurado. Era só deixar com alguém da escola, uma hora eu ia encontrar – ela argumentou, confusa.

— Ah, bem… - Tadase pareceu desconfortável, olhando fixamente para Onigiri que dormia tranquilamente na sua perna – eu fiquei… curioso, sobre você – ele admitiu.

— Oh… certo – Hitomi perdeu as palavras, virando o rosto para frente rapidamente. Apertou os joelhos, sentindo o rosto formigar. Pela primeira vez na vida, sentiu borboletas lutando para tomar espaço no seu estômago. E isso tudo só por que ele disse que estava curioso sobre ela?

Aquilo era estranho e inexplicável, fazia com que ela se sentisse débil, incapaz de reagir. Hitomi não gostava de perder o controle da situação. Ela odiou aquele sentimento, e empurrou-o para o fundo. Quem aquele garoto idiota e baixinho pensava que era, para fazer ela se sentir tão mal daquela maneira?

-

— O que você acha desse, Naddy? – Rima perguntou, abrindo a cortina do provador.

— Ah, sim, está ótimo em você – Nadeshiko respondeu, tentando a todo custo parecer realmente animada. Já era a quinta loja que visitavam naquela manhã, e todos os vestidos que Rima provava pareciam os mesmos aos olhos dela.

— Agora é a sua vez. Você não comprou nada até agora. – Rima disse, apontando para as dezenas de sacola que repousavam aos pés da garota – quem sabe um pijama ou uma camisola, aquilo que você usa pra dormir é… é… - ela perdeu-se em reflexões durante um tempo, olhando intrigada para Nadeshiko. Balançou a cabeça, afastando os pensamentos conturbados que se chocavam na sua mente, recuperou o foco e a encarou novamente, obstinada, com as mãos na cintura – procure alguma roupa bonita – bradou por fim.

— OK – Ela acenou com a cabeça, encaminhando-se sem vontade para a cesta de camisetas em promoção. Estava dividida entre a que tinha o desenho de um alien e a camisa 13 dos Lakers, quando sentiu Rima puxando a barra do seu casaco.

— Eu não vou deixar você vestir isso – ela anunciou, menosprezando o senso de moda de Nadeshiko – olha só essa – ela mostrou uma calça jeans com entusiasmo.

—É bonita – Nadeshiko disse, sorrindo. A loira continuou a encará-la fixamente, como se esperasse mais alguma coisa – Eu deveria… - arriscou incerta, apontando para si mesma.

— Claro que sim! Vá experimentar! – Rima jogou a calça nos braços dela, e mais algumas peças ao acaso, empurrando-a para o provador.

— Tem certeza disso? – ela indagou depois de algum tempo, lá de dentro – Não acho que tenha ficado muito bom.

— Deve ter ficado sim. Você tem pernas compridas, fica bem com esse tipo de calça – Rima disse, falando como se entendesse do assunto. – Deixe-me ver – pediu, abrindo a cortina. Nadeshiko vestia uma camisa de botões simples e lilás, e a bermuda, que ia até um pouco acima do tornozelo. Era larga, desgastada e rasgada em algumas partes.

— Hmm… ficou legal – ela murmurou decepcionada. Não era o que ela tinha imaginado.

— Não parece muito…? - Nadeshiko hesitou, incerta.

— Masculina? Fica assim mesmo, é uma calça boyfriend. Odeio ter que dizer isso, mas não ficou assim tão bem em você – a garota admitiu com uma careta, analisando Nadeshiko com atenção – quem sabe se você soltar os cabelos – ela articulou, ficando nas pontas dos pés para alcançar o topo da cabeça da amiga.

Nadeshiko não teve tempo de impedir, antes que percebesse seus cabelos já estavam soltos, caindo em cascatas nas costas. Rima examinou-a com atenção, com o semblante assustado e incrédulo. Nadeshiko abriu e fechou a boca várias vezes, tentando falar algo, mas nenhum som saía.

— Naddy… você… você é…

-

— Eu tenho que ir. – ela disse, rispidamente, levantando-se num salto.

— Anh? – Tadase despertou dos seus próprios pensamentos, pondo-se de pé também, fazendo Onigiri pular relutantemente do seu colo – Agora? Você não quer comer alguma coisa, ou…

— Não. – ela o cortou – Tenho que ir. – repetiu a desculpa mais uma vez. Trouxe as coleiras para perto, querendo puxar os cachorros para a direção contrária, mas sentiu o peso estranhamente reduzido. Olhou alarmada para baixo. Pudim estava sentado, e esperava o próximo movimento da dona pacientemente, com a língua de fora. Onigiri estava perto do garoto, e se recusava a deixá-lo aparentemente. Mas, onde estava Rocambole?

Hitomi olhava atônita para o garoto, como se esperasse que ele estivesse com o cachorro escondido atrás das costas. Tadase olhou ao redor, procurando por ele.

— C-cadê…? – ela balbuciou, olhando para todos os lados desesperadamente. Lágrimas formaram-se em seus olhos inesperadamente – Rocambole…? Rocambole! – ela gritou, com a garganta seca enquanto virava a cabeça para todos os ângulos. Onde poderia estar? Ele é só um filhotinho, não sabe nada sobre andar na rua. E se ele comesse besteira. E se ele fosse atropelado? E se alguém o pegasse?

— Calma – Tadase segurou as guias que a garota deixou escapar em uma das mãos, e segurou com a outra a mão trêmula e gelada dela – Nós vamos encontrá-lo, eu tenho certeza.

Hitomi estremeceu ao notar o calor dele espalhando-se por sua pele. Sentiu seu corpo sendo arrastado, e viu as costas de Tadase, enquanto ele andava rapidamente pela rua, rebocando ela e os dois cachorros. Apesar de ainda estar com medo quanto ao que aconteceria, mas Tadase lhe transmitia segurança, de um modo que ela nunca pensou que poderia.

— O-onde vamos? – conseguiu perguntar finalmente, sem conseguir desviar o olhar da mão que ele segurava com força.

— Procurar pelo Rocambole – ele respondeu simplesmente, com a voz emanando uma autoridade surpreendente.

Hitomi continuou a andar, esforçando-se para acompanhar seu passo rápido, ainda que permanecesse atrás. Os cachorros andavam normalmente, mas não como se estivessem em outro passeio. Demonstravam apreensão, talvez tanto quanto os humanos. Ela imaginou se eles sabiam realmente o que estava ocorrendo, ou se estavam apenas interagindo com a atmosfera tensa.

Tadase estacou repentinamente, olhando para ela. Estava parado em frente a um tipo pet shop, de aparência simples e natural, mas grande estrutura. Estava repleto de produtos para animais, todos muito bem organizados, e alguns pequenos canis improvisados, com filhotes de olhos grandes e chorosos encarando todos que se aproximavam. O garoto indicou com a cabeça para que Hitomi adentrasse, soltando a mão dela imediatamente. Ela não gostou do ato, e menos ainda do fato de não ter gostado, mas não esboçou reação. Ambos entraram, com Tadase na dianteira. Pudim e Onigiri fitavam os cachorrinhos de longe, com ar de curiosidade.

— Ei, Kukkai – ele chamou. Um garoto, de aparência sutilmente mais velha que eles, com os cabelos castanhos apontando para todos os lados e olhos verdes muito vivos, que brilharam maliciosamente ao ver Tadase acompanhado surgiu de uma porta atrás do balcão – Algum cachorro foi encontrado nesta área?

— Ah, teve um sim – Ele adquiriu rapidamente seriedade, ao perceber o ar de apreensão entre os dois, reparando também nos olhos vermelhos e úmidos da garota – Um poodle cor-de-rosa com uma coroa na cabeça. É esse?

— Não – Hitomi murmurou deprimida, reprimindo um soluço.

— Eu vou ajudar a procurar, então – Kukkai bradou, contornando o balcão e se juntando a eles. Tentou pegar as coleiras da mão de Hitomi, mas ela as segurou com força, por instinto – eu vou leva-los lá pra dentro, vai ficar mais fácil de andar por aí, certo?

— Tudo bem. – ela suspirou, deixando os cachorros serem levados. Eles seguiram Kukkai prontamente, ainda que estivessem visivelmente sem motivação. Logo o garoto voltou, com ar de determinação emanando de si.

— E então, como é o cachorro?

— É um filhote de labrador amarelo, chama-se Rocambole e está com uma coleira vermelha de couro – Tadase informou espontaneamente, já tomando a frente para fora da loja.

— Certo, e onde vocês estavam?

— Na encosta do rio, um pouco depois da ponte.

— Ok, eu vou começar por lá. Vocês podem seguir pelo outro lado, para algum lugar que ele possa ter ido. – Kukkai já estava facilmente no controle da situação.

O loiro acenou com a cabeça e seguiu pelo caminho indicado, com Hitomi nos seus flancos. Ela perguntava a cada pessoa por quem passava se havia visto o cão, sem obter sucesso, enquanto Tadase observava com atenção lugares onde ele poderia estar escondido, em uma rua tão pouco movimentada como aquela.

Já haviam percorrido mais de quatro ou cinco quarteirões inteiros naquela direção, quando o celular de Tadase finalmente tocou.

— E então? – Tadase atendeu depressa, apreensivo – Ah… – Hitomi gemeu ao ouvir o som que Tadase fez, mas seu semblante iluminou-se imediatamente ao ver a expressão de alívio no rosto dele – Entendo. Tchau. Encontraram o Rocambole – Tadase disse, extasiado, direcionando-se para Hitomi após desligar o telefone. – Estava jogando bola com um garotinho um pouco mais abaixo no rio.

Hitomi respirou, aliviada, sentindo realmente o ar entrando em seus pulmões. Sem pensar ou hesitar, ela circundou os braços na cintura de Tadase, encaixando-se perfeitamente num abraço. Tadase deliberou por alguns segundos, mas envolveu o corpo trêmulo dela com os braços também, ao sentir lágrimas quentes e novas molhando sua camiseta. Acariciou-se levemente o topo da sua cabeça, sussurrando palavras de consolo. Ela era menor do que ele (algo muito raro de se encontrar) então era fácil que se aconchegasse em seu peito. Ficou assim por vários minutos, com as pessoas ao redor observando de longe, até que finalmente percebesse as circunstâncias, obviamente constrangedoras.

— É melhor irmos logo – Hitomi afastou-se bruscamente, secando os olhos com as costas da mão, sem olhar na sua direção. Começou a andar rapidamente, deixando o confuso garoto para trás.

Tadase apenas começou a caminhar, algum tempo depois, com um leve sorriso brincando nos lábios. Não conseguia entender aquela garota, ou suas motivações, mas por algum motivo alheio a sua vontade, poderia segui-la a qualquer lugar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Final bem bobinho, eu sei, mas eu não queria mostrar o que aconteceu com o Nagi e a Rima XD
Vai ficar pro próximo hoohoohohoh//
Não se esqueçam dos reviews, siiiiim?!