May I Take Your Order? escrita por Kori Hime


Capítulo 4
Final


Notas iniciais do capítulo

Acabou, demorei para terminar mas acho que ficou bom. É isso.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/135821/chapter/4

Sanji estava sentado no banco perto do bar, satisfeito com a noite. Não porque ele recebera alguma critica boa dos dois convidados de honra, mas porque recebeu várias criticas ótimas de todas as pessoas que estavam ali. E era isso que contava. Ele acabou se deixando levar por essa crítica, porque era natural isso acontecer. Todos querem ser o melhor, e quando se deparam com uma injustiça, ficam loucos de raiva. E era injusto dizer que o Baratie não era mais um bom restaurante. Isso todos tinham que concordar.

O cozinheiro chefe estava bebendo ao lado de Robin e Usopp, comemorando a noite agradável que tivera. O trabalho era sempre gratificante, quando feito por pessoas que realmente se dedicam.

Nami já estava pronta para ir embora, pegou a bolsa e foi ao encontro dos três próximos ao bar. Zoro também já ia embora, mas antes precisou ir ao banheiro.

– Obrigada novamente, esse foi o melhor jantar que eu participei. – Nami apressou-se na despedida, para que Sanji não viesse mais com aquele papo de que conhecia a voz dela.

– Aliás, Nami-san, o que exatamente você faz no Guia East Blue? – A ruiva piscou os olhos rapidamente, inventando qualquer desculpa. – Uma jovem tão linda trabalhando como redatora, é um desperdício. Você poderia ser uma modelo...

Sanji caçou os ouvidos de Nami com tantos elogios, até ela perceber que Robin também já estava indo embora, e lhe ofereceu uma carona. A morena aceitou, e acabou descobrindo que moravam próximas uma da outra, quando revelou o seu endereço.

Aos poucos todos iam embora, inclusive Usopp que levou sua namorada Kaya para jantar lá, e já estavam na porta de saída.

– Precisa de ajuda para fechar?

– Não, Usopp, pode levar sua namorada para casa, eu termino tudo aqui.

Sanji fechou as portas do Baratie, e começou a erguer as cadeiras do chão, para cima das mesas. Pela manhã a equipe de limpeza iria fazer uma faxina completa, e logo depois iriam reabrir o restaurante com novos pratos no cardápio.

A cozinha já estava devidamente limpa, Sanji só precisou apagar as luzes. Ele foi para a sala de descanso, e tirou o paletó e a gravata, dobrando a manga da camisa, e acendendo mais um cigarro. Relaxou no sofá, respirando fundo e fechando os olhos por uns segundos. Estava quase cochilando, quando ouviu um barulho de portas abrirem. Achou estranho porque ele estava sozinho, e não ventava para as portas abrirem e fecharem sozinhas.

Sanji se levantou, calçando os sapatos nos pés, arrastou-se pelo corredor onde ficavam os banheiros, e também dispensa e vestiários, até deparar-se com alguém perdido ali.

– O que você ainda está fazendo aqui? – O loiro perguntou confuso, porque Nami disse que Zoro havia ido ao banheiro e logo depois pegaria um táxi. E isso tinha mais de uma hora.

– Eu estava no banheiro, dai sai e acabei indo lá fora, não sabia como voltar, e acabei encontrando uma entrada na lateral, mas me perdi nesse tanto de porta.

– O quê?! – Sanji gritou. – Como assim se perdeu, é só andar em linha reta que você acha o salão e a saída.

– Se fosse tão fácil eu não teria me perdido. – Zoro brigou.

– Tinha que ser um marimo burro.

– Ah é? E você? Cozinheiro ruim.

– Mentira! E eu provei que sou o melhor cozinheiro que você já conheceu na vida.

– Minha mãe cozinhava melhor. – Zoro deu de ombros, voltando para onde havia saído. Sanji cerrou os olhos, nervoso.

– Idiota! Você está voltando para os banheiros.

Zoro deu meia volta, e acabou indo pra cozinha. Sanji estava atrás dele o tempo todo, vendo até onde aquele dinossauro ia parar. Quando ele cansou desse vai e vem, parou e virou. Olhou para o loiro que fumava impacientemente seu cigarro. Sanji não falou nada, apenas pediu para que ele esperasse um minuto que ia buscar suas coisas e fechar o restaurante para ir embora.

Zoro ficou ali parado, até o cozinheiro voltar. Ele o seguiu até a saída, e parou ao lado da porta do Baratie enquanto as portas do lugar eram fechadas a chave.

Sanji enfiou as mãos no bolso e deu alguns passos para frente. A rua estava vazia, apesar de não ser tão tarde, mas também não era hora das pessoas ficarem a toa por ali.

Ele esperou para ver que lado Zoro iria, para ir pro lado oposto, mas não deu muito certo, porque o outro estava pensando a mesma coisa. Assim, os dois acabaram indo para o mesmo lado. Sanji ia pegar um ônibus e Zoro decidiu pegar o metrô, ao invés de ir de táxi. A estação ficava do outro lado da rua do ponto de ônibus, o sinal estava fechado para os pedestres, fazendo então os dois pararem perto da faixa. Sanji só precisava atravessar uma vez e Zoro outra mais para ir embora.

Alguns segundos os separavam para sempre, quer dizer, eles não tinham mais porque se verem, a não ser que Zoro se convencesse de que Sanji era mesmo o melhor cozinheiro do mundo todo, e fosse ao Baratie. E essa hipótese era bem contestável.

Zoro adiantou-se e pisou o pé na faixa branca, mas antes de continuar andando, retornou para a calçada e pigarreou, fazendo um som estranho com a boca, como se quisesse falar algo, mas não conseguisse.

– Tá passando mal? – Sanji inclinou a cabeça, achando que o dinossauro ia cair duro no chão, em decorrência de um ataque qualquer. – Hey! Que cara é essa?

– Eu, eu queria... – Zoro coçou a cabeça, e Sanji atentou os olhos nos cabelos verdes, pensando em como aquilo chamava atenção.

– Desembucha. – O loiro deu um passo para trás, porque o sinal para os pedestres fechou e os carros voltaram a se mover. – Aquele lá era meu ônibus. – Ele apontou com a mão que segurava o cigarro, enquanto o ônibus partia do ponto.

– Sobre aquela critica. – Zoro olhou para o lado, ele sabia que deveria pedir desculpas, mas isso não partiria dele assim tão abertamente. Porém, Sanji não era bobo, ele estava talvez um passo adiante.

– Aquilo? Eu nem ligo mais. – Ele procurou cigarros no bolso, mas lembrou-se de que deixou o maço dentro do armário no vestiário. – Sei que não foi você quem escreveu aquelas coisas.

Zoro o olhou surpreso, ele sabia mesmo? Quer dizer... será que Nami havia contado toda a verdade antes de ir embora? Não, isso não combinava com ela.

– Sabe?

– Sim, alguém como você não deve ter preparo para escrever uma crítica tão bem elaborada.

– Ora seu...

Zoro queria muito socar a cara daquele cozinheiro abusado e o desejo era recíproco. Mas eles apenas discutiram. E também, Sanji leu o Guia East Blue e viu o nome dele marcado como repórter e comentarista esportivo. Então, explicava tudo. Ele não entendia nada de gastronomia e foi parar no Baratie misteriosamente. Só que tudo já havia acontecido, o que ele poderia fazer? Socar até aquele trasgo falar quem realmente era o crítico, ou melhor, a crítica. Porque Sanji tinha ainda aquela certeza dentro de seu peito de que era uma mulher bonita e muito cheia de atitudes. Era necessário ter muita firmeza para poder ser tão cruel em poucas linhas e...

O loiro começou a juntar as peças, ligar os pontos e só não solucionaria aquele mistério se fosse um demente burro como o dinossauro ao seu lado.

Sanji suspirou, balançando a cabeça. Foi vítima de uma bela armação. Mas como pensou antes, tudo já havia acontecido, e ele jamais se vingaria de alguém tão bela como Nami. Nunca!

– O sinal. – Zoro olhou para os carros parados rente a faixa de pedestre, mas não andou. Ele não se mexeu, continuou parado de frente ao cozinheiro, apertando os dedos com força. Ele não ia bater em Sanji, mas estava com raiva por isso mesmo. Apesar de querer, ele não queria na verdade. Que coisa mais confusa.

– Eu vou provar para você que sou o melhor cozinheiro do mundo. – Sanji prometeu, apontando o dedo indicador na cara de Zoro. – Melhor até que sua mãe. – Havia alguma coisa errada ali, apesar dele perdoar aquela crítica horrível e a brincadeira de mau gosto, em sua cabeça ainda rondava aquela ideia estúpida de fazer com que Zoro se rendesse aos seus pratos deliciosos.

– Você nunca vai superar minha mãe.

– É mesmo? Manda ela me encontrar no restaurante então, vamos ver quem é o melhor.

– Não dá. – Zoro cruzou os braços. – Ela morreu.

Sanji murchou, encolhendo os ombros. Sentindo-se constrangido.

– Foi mal, eu não sabia. Então não dá para competir com ela. – Que óbvio isso. – Tudo bem, eu me contento em ser o segundo melhor, e deixarei o posto de primeiro para sua mãe como homenagem.

– Por que você está tão interessado nisso? Eu nem ligo pra comida, desde que seja quente e com bastante molho e pimenta.

– Você é mesmo um dinossauro, se eu te der tijolo você come?

– Cozinheiro estúpido.

– Trasgo sem paladar.

O sinal abriu novamente, e os carros começaram a se movimentar. OS dois ficaram em silêncio enquanto o barulho dos motores preenchia seus ouvidos.

– Sábado, e dia de movimento no restaurante? – Zoro começou, ainda com os braços cruzados.

– Vamos reabrir somente na segunda-feira, com uma festa de inauguração. O chefe vai chegar de viagem e quer inspecionar tudo.

– Sei.

– Se quiser ir, leve a Nami-san também. Quem sabe na próxima edição do Guia ela não pegue tão pesado comigo.

Zoro olhou para Sanji, mas não disse nada. Eles atravessaram a rua, e antes de Zoro ir para a outra calçada, a do metrô, ele se virou e aceitou o convite. Mas antes de continuar andando, ainda teve tempo para uma última pergunta.

– Então, sábado você está disponível?

– Quê? Bem, sim, mais tarde quando terminar o trabalho. Por quê? Quer comer minha comida deliciosa? – Sanji deu um sorriso perverso, deixando Zoro envergonhado.

– Não! – Ele tinha que saber que aquele cozinheiro era muito idiota.

– Se for isso, eu posso ir à sua casa...

– Não quero mais.

– Mais? – Sanji diminuiu o sorriso, e avançou alguns passos até Zoro. – Não precisa ser durão, não tem ninguém aqui ouvindo.

– Para de falar assim. – Zoro reclamou, cerrando os olhos com raiva, mas com as maçãs do rosto coradas, apesar de estar de noite, dava para perceber um rubor pela luz do poste.

– Certo, eu não falo. Se estiver interessado, meu nome está na lista telefônica. Pode Procurar e me ligar no sábado à noite. – Sanji deu uma volta e seguiu para o ponto, seu ônibus estava partindo. – Ah! Eu guardo segredo.

Ele deu uma piscada de olho na direção de Zoro, que só não pode xingar porque o ônibus já havia pego velocidade e partido.

Ok! Ele não podia negar que ao chegar em casa a primeira coisa que queria fazer era ver a lista telefônica, mas segurou-se até em quanto pode. No sábado a tarde foi impossível se segurar por mais um minuto só e procurou pelo nome do cozinheiro. Enrolou mais um pouco até ligar, e quando a voz de Sanji ficou presente do outro lado da linha, Zoro sentiu a voz falhar, mas não demorou muito para que fosse reconhecido, deixando-o bravo e desligando o telefone. Mas recebeu uma ligação em seguida.

Ele atendeu e era Sanji.

– Não se faça de difícil, eu peguei seu telefone com a secretária do seu trabalho. E aí? Pronto para um jantar como aquele que você experimentou?

– Você é muito convencido.

– Sim. E você é muito ogro. Mas estou pronto para fazê-lo menos leigo em culinária.

– Eu não vou cozinhar.

– E quem falou que eu ia deixar você chegar perto do fogão?!

– Às sete tá bom?

– Pode ser, eu levo a comida fresca, vou sair daqui e passar no supermercado.

– Então eu compro a bebida.

– Não quero cerveja.

– Então bebe água!

Eles ficaram alguns segundos em silêncio, ouvido a respiração um do outro.

– Até mais tarde.

– Até. – Zoro desligou o telefone. É, não foi assim tão difícil como imaginou. Olhou em volta, o apartamento estava bem arrumado. Pegou as chaves e o celular, colocou no bolso. Ia comprar um vinho qualquer na venda da esquina, e se aquele cozinheiro reclamasse, ia fazer ele beber vinagre.

O cheiro gostoso de molho que vinha da cozinha fazia o estômago de Zoro se revirar dentro da barriga. Estava morrendo de fome. E a única coisa que tinha para comer até o jantar ser servido eram aqueles pãezinhos temperados com alho. Gostosos, mas não o suficiente para deixá-lo satisfeito até esperar tudo ficar pronto. Porque essas coisas demoravam tanto? Se fosse um prato rápido de micro-ondas já havia comido há meia hora.

Claro que não teria o mesmo sabor, mas pelo menos enchia a barriga.

E era exatamente isso que fazia Sanji ficar tão zangado, ao ponto de estapear a mão de Zoro quando tentava roubar alguma coisa das travessas e panelas antes de servir a mesa.

– Eu já disse que vai estar pronto, quando estiver pronto. Porque não vai fazer outra coisa?

– Vou mesmo. – Zoro abriu o armário e pegou um pacote de amendoim, na geladeira pegou cerveja e foi para a sala. Ligou a televisão em um jogo qualquer e ficou lá.

Sanji também foi até a sala, na sacada, acendeu um cigarro e soltou a fumaça, olhando aquele marimo relaxado no sofá. Pensou em onde estava com a cabeça quando decidiu aceitar o convite de Zoro há alguns meses atrás para cozinhar para ele num sábado à noite.

– Hey! Cozinheiro. Não vai deixar as panelas queimarem lá no fogão. – Zoro levantou a mão que segurava a garrafa de cerveja, e riu quando Sanji bateu o pé até a cozinha.

Obviamente, eles se divertiam assim, um perturbando o outro.

– Já está pronto? – Zoro perguntou, gritando mais alto que o comentarista da televisão ao gritar gol.

– Sim. Vai lavar as mãos. E arrumar a mesa.

– Você não é minha mãe pra mandar em mim.

Sanji apareceu na porta, sorrindo.

– Sua mãe não esta mais aqui, então alguém deve lhe ensinar boas maneiras.

Zoro queria retrucar, mas foi para o banheiro lavar as mãos, depois arrumar a mesa, estava mesmo com fome, e não ia estragar o jantar com mais briga. Pelo menos eles tinham muitas horas após a refeição para isso.


 

FIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "May I Take Your Order?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.