May I Take Your Order? escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Zoro, o crítico gastronomico?


Notas iniciais do capítulo

Como estamos ha 4 dias para o aniversário dela, a fic é dedicada a nyuu_d. Acho que to acostumando muito mal essa mulher :D hahaha



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East Blue é o guia de lazer de maior público da cidade, e estava com a sua melhor redatora e crítica doente. A jovem jornalista estava sentada em sua cadeira, assoando o nariz com um lenço de papel. Ela sentia a cabeça doer e o nariz já estava todo vermelho.

Debruçou o corpo vencido pela gripe, na mesa de trabalho, bagunçando os papéis, e afastando o teclado do computador para o lado, assim conseguia apoiar melhor a cabeça. Fechou os olhos e imaginou estar em sua cama quentinha e macia. Mas ainda estava na redação. E pior. Dentro de algumas horas, precisava fazer uma última visita no restaurante Baratie.

O Baratie era um dos mais tradicionais restaurantes da cidade. As seis estrelas eram mais do que merecidas, e para mantê-las, era o trabalho de alguém ali na redação fazê-lo. Indo lá e apreciar uma refeição do novo subchefe da cozinha.

Nami abriu os olhos vagarosamente, e ergueu a cabeça pesada. Estava latejando. Ela precisava melhorar até o meio dia. Faltavam cinco horas. Passou a noite ali ajudando a resolver uns problemas da finalização de algumas das novas páginas do Guia East Blue. E, por acaso, estava faltando apenas duas matérias para fechar o trabalho e mandar para a gráfica.

O que poderia salvar Nami, era a arte de atrasar todo o trabalho de seu colega. Porque se Zoro não chegasse com a tabela e as condições dos campos e várias coisas relacionadas a lazer e esporte que Nami sequer tinha muito conhecimento, haveria então uma oportunidade de adiar por mais um dia o trabalho.

As coisas não pareciam ir muito bem, aos poucos, a redação foi se esvaziando e quando viu, estava sozinha. Esfregou os olhos com as mãos, e viu uma figura disforme diante de seus olhos embaçados. Forçou mais a vista e reconheceu aquele cabelo verde, e logo depois os brincos dourados numa orelha só.

– Dormindo no trabalho?

– Não estou dormindo! – Nami corrigiu sua postura na cadeira, mas logo relaxou os ombros, estava acabada. Jogou uma aspirina na boca e bebeu o último gole de água. – O que você está fazendo aqui, Zoro? Era para chegar só à tarde, de preferência à noite. Ou amanhã. Ou esquecido o caminho pra cá.

– Calma, mulher! Pra que tanto nervosismo? – Ele sentou na cadeira de frente à mesa dela, e deixou suas anotações ali em cima. Esticou os braços e levou atrás da cabeça, recostando-se melhor na cadeira. – Você reclama quando eu atraso e reclama quando eu me adianto. É por isso que não entendo as mulheres.

Nami teve uma crise de espirros, alguns minutos depois conseguiu voltar a falar. Quando respirar já não era uma tortura. Assoou o nariz e olhou chorosa para o homem à sua frente.

– Preciso que você faça um favor para mim. – Tomou uma decisão que poderia arruinar todo o seu trabalho. – Você precisa ir no meu lugar...

Zoro arqueou a sobrancelha, e quando a jovem terminou de falar o seu maravilhoso plano, ele gargalhou alto com a mão na barriga.

– Eu não sei fazer essas coisas de dar nota pra comida. Pra mim só existem dois tipos. Doce e salgado. E eu não gosto de doce. – Ele bateu as mãos na perna e se levantou.

– Por favor. Vá no meu lugar, eu ensino você tudo o que tem que fazer. – Nami parecia mesmo desesperada para pedir até “por favor” com tanto afinco. Zoro parou um minuto e esperou ela continuar. – Eu já fui lá duas vezes, mas não é o suficiente. Uma refeição apenas não é o bastante para uma boa crítica.

– Eu já li as suas críticas, Nami. E não me leva a mal, mas você pega muito pesado com esses restaurantes.

– O quê?!?! – A gripe pareceu sumir naquele instante, ou até ela voltar a espirrar.

– Se eu for, o que devo fazer exatamente? – No fundo, Zoro não era assim tão malvado, ele não gostava de deixar as pessoas na mão.

– Primeiro, ninguém deve saber que você é crítico...

Ele sentou novamente na cadeira. – Certo, essa parte é fácil e óbvia.

– Depois, você precisa observar o lugar. Veja a disposição das mesas, números de clientes, crianças, casais... – Ela clicou com o mouse numa pasta no computador, e abriu a planilha. – Eu vou imprimir isso aqui, e você marca a resposta depois. Só algumas coisas simples, então eu edito tudo com o que já tenho anotado.

– Tem certeza? – Ele leu a lista da planilha. O que a decoração do lugar tinha haver com a comida? – Não é só ir lá e comer? Aí digo se tá bom ou ruim? Com ou sem sal?

– Zoro!!! Presta atenção. – Nami pediu um minuto e foi ao banheiro lavar o rosto. Quando voltou, encontrou-o já perto da porta. – Onde você vai? Não terminei.

– O que mais tenho que saber?

Ela levou as mãos a cabeça, sentia mais dor e os remédios havia acabado.

– Primeiro, me leve a uma farmácia. No caminho a gente conversa.

Meia hora depois, e uma sacola cheia de remédios e lenços de papel, Nami ordenou que Zoro a levasse em sua casa. Ele tentou questionar a ordem dela, mas aquela era uma das mulheres mais difíceis que já conhecera na vida. Então, lá estavam eles, no apartamento simples.

– O que você quer aqui? – Ele jogou a chave em cima da mesinha próxima à porta e cruzou os braços, esperando mais explicações.

– Onde é o banheiro? – Nami seguiu as instruções de Zoro e caminhou pelo corredor curto. Se olhou no espelho e parecia estar piorando. Havia uma alternativa, essa era ir ao médico e tomar aquelas injeções poderosas. Mas havia outro problema. Medo de agulha. E não ia se deixar abater por causa de uma gripezinha. Voltou pra sala com a caixa de lenços de papel já aberta. – Quando entrar no restaurante, haja naturalmente. Veja quanto tempo demora para ser atendido pelo garçom, e quanto tempo demora para ser servido. E quem vai te servir... – Ela falou por mais de meia hora, entre espirros e uma tosse que agora parecia aumentar. – Alguma dúvida?

– Porque não espera a próxima edição do Guia para colocar esse restaurante? Assim você estará melhor. – Era uma alternativa, para Zoro, e não para Nami.

– Porque mandaram eu fazer para essa edição. Além do mais, o restaurante está em fase de mudanças, e o nosso Guia tem muita influência. Estão esperando por essa crítica.

– Então eu vou lá só cronometrar o tempo de que tudo acontece. Ok! E o que eu como?

– Uhmm. Pede para o garçom o que o chef sugere. Só isso. Quando sair do restaurante, no carro mesmo, você responde esse questionário pequeno que te dei. Mas tem que ser rápido, porque pode esquecer o que viu lá dentro.

– E porque eu não faço isso na mesa, lá dentro?

Nami massageou as têmporas. Começava a se questionar do porquê dar a Zoro uma árdua tarefa.

– Porque é falta de educação. Você vai lá para comer, se fosse pra escrever, ia numa biblioteca, sei lá... – gesticulou com as mãos, segurando alguns lenços de papel. – Você sabe se portar bem num lugar como esse não é?

Zoro estreitou os olhos. Ele poderia ser simples, mas não era também um ogro. Nami relaxou no sofá, olhando as horas no relógio de parede. Faltavam três horas para o meio dia.

E quando achou que já estava tudo resolvido, ele ouviu a bela jornalista ordenar que ele fosse tomar um banho e vestisse sua melhor roupa. Aliás, ela mesma se prontificou a olhar o guarda-roupa dele, e escolher a roupa, enquanto tomava um banho, e fazia a barba.

Já era quase onze horas quando Zoro saiu do quarto – antes de ter expulsado Nami de lá, para se trocar. Estava bem casual, mas elegante, no ponto de vista dela. Vestindo uma camisa de manga curta e calça jeans com sapatos pretos.

– Tem certeza de que não quer tirar os brincos? – Nami entendeu pelo olhar de Zoro que os brincos ficariam. – Ok! Então, você está pronto. Vai lá.

– Quer que eu te deixe onde? – Zoro pegou as chaves do carro e do apartamento, esperando pela jornalista na porta. Mas ela já estava se acomodando novamente no sofá, com as pernas pro ar, ligando a televisão.

– Eu te espero aqui. – Ele levantou a caixinha de lenços e mandou-o ir logo antes que o restaurante fechasse. Exagerada.

Zoro fechou os olhos um segundo, se perguntando do porquê ele estava ajudando aquela folgada que sequer dava uma mãozinha pra ele quando estava atrasado ou perdido em alguma matéria. Coração mole, talvez seja isso. Ele saiu então, em direção ao estacionamento do prédio e em alguns minutos já estava dirigindo para o centro da cidade, onde iria ter um almoço diferente.


 

As portas do Baratie abriam às onze e meia em ponto todos os dias e não havia hora para fechar. Na cozinha, os cozinheiros preparavam seus instrumentos de trabalho. Mantendo as facas bem afiadas, as panelas e frigideiras lustrosas e o uniforme impecavelmente branco.

No salão, os garçons preparavam as mesas para a abertura do restaurante que seria em alguns minutos.

Há um mês, o Baratie estava com um novo chef. Sanji, que veio substituir seu superior, logo após um incidente grave com o forno. Nada que o fizesse desistir da carreira, mas os médicos foram claros ao dizer que precisava de repouso. E como era difícil fazer o homem descansar, sua família o despachou para passar umas férias forçadas bem longe de seu restaurante. Mas antes de ir, ele foi bem claro com Sanji. Se não cuidasse bem do seu precioso tesouro, ele o mataria.

Com essa ameaça na cabeça, o cozinheiro estava se esforçando cada vez mais para manter o lugar como sempre fora. E estava se saindo muito bem. Inclusive, recebera uma mensagem anônima, dizendo que uma das críticas de um Guia famoso iria visitar o restaurante para ver como estava indo a nova fase do Baratie.

Ninguém sabia quem eram os críticos mais conhecidos. Alguns deles até se mostravam, mas perdia sempre aquele impacto surpresa. Era bem melhor ficar à surdina observando o tratamento normal com os clientes. Mas Sanji tinha certeza que era uma mulher que o visitaria. Seu instinto estava lhe dizendo isso. Lera infinitas criticas sobre o Baratie, e a que mais gostou foi do Guia East Blue, há um ano. O crítico, ou melhor, a crítica, escreveu duras palavras sobre o lugar, mas com um jeito peculiar, gracioso. Sanji poderia afirmar que era uma mulher delicada e de pulso firme, aquela quem fez tal crítica. E estaria esperando por ela, com um prato que a faria lamber os dedos.

As portas se abriram, e aos poucos os clientes começavam a surgir. A maioria das mesas era reservada antecipadamente, embora eles sempre mantivessem algumas disponíveis para os clientes casuais. Trazendo novos clientes para dentro do restaurante.

Mas algumas coisas não estavam saindo como o planejado.

– Quem mais faltou?

– Dois garçons, e um dos cozinheiros... Não, foram três garçons.

– O quê? O que está acontecendo com todo mundo?

Sanji caminhou de um lado para o outro na cozinha. Não era possível que tudo iria dar errado agora.

Quando chegou ao restaurante, algo lhe chamou atenção. Não havia lugar para estacionar. Sequer alguém que lhe ajudasse a encontrar um local. Os carros estavam espalhados pela rua principal próxima a avenida. Era um lugar bem movimentado, havia lojas e outros restaurantes também. A maioria com seus estacionamentos particulares ou conveniados e manobristas.

Não que Zoro fosse dado a essas frescuras, mas tinha que pensar como Nami. Era algo idiota de se fazer, mas ela mesma lhe disse: Na dúvida, pense no que eu faria.

Provavelmente ela desceria do carro, colocaria a mão na cintura e iria amaldiçoar até a vigésima geração de todos. Ou entrar no restaurante batendo o pé e brigando. Ou algum escândalo qualquer.

Sendo assim, pensar como Nami estava fora de cogitação.

Ele pagou um estacionamento na rua de trás. Iria guardar a nota para pedir reembolso depois. Claro, ele estava ali trabalhando.

Ao entrar no restaurante, foi recepcionado por uma mulher alta de cabelos negros e lisos, vestindo um vestido preto curto e apertado no copo. Ela se apresentou como Robin e com um sorriso discreto, convidou-o a esperar no bar do restaurante. Perguntou também se ele estaria esperando alguém ou preparava uma mesa para uma pessoa. Zoro mexeu a mão no ar, falando que ia almoçar sozinho mesmo. Ela lhe ofereceu um drink por conta da casa, e pediu licença dirigindo-se novamente a recepção quando outros clientes chegaram.

Zoro sentou-se no banco de frente ao balcão e aceitou o tal drink. Vinte minutos depois, a mulher retornou com o mesmo sorriso discreto, pedindo desculpas pela demora. Mas ele não reclamou. Ainda nem estava com fome mesmo.

– Por favor. – Robin esticou a mão, apontando para a cadeira onde ele se sentaria. Ofereceu mais alguma coisa para beber, enquanto o garçom não anotava seu pedido.

O lugar não estava cheio, então Zoro achou que não havia motivos para o garçom demorar. Só que demorou mais do que imaginou. Nesse tempo ficou faminto, sentindo o cheiro da comida que se alastrava por toda a parte. Ele abriu o menu e começou a ler os pratos com nome engraçado. Não entendia nada, só sabia que eram bem caros. O estômago roncou, quando finalmente foi atendido por um garçom narigudo.

– O senhor já escolheu? – O garçom com um lenço amarrado na cabeça, para esconder o cabelo enrolado. Zoro olhou para o menu, não sabendo o que escolher, então lembrou-se de um dos conselhos de Nami.

– Qual a sugestão do chef? – Ele perguntou, esperando que o garçom narigudo se mexesse do lugar, mas ele só virou o rosto de um lado para o outro, como se procurasse alguém. – Não tem nada tipo, um prato do dia?

– Prato do dia senhor? – O garçom bateu a caneta na ponta do nariz, pensativo.

– Esquece.

– Vou falar com o chef. Espere um minuto. – Quando o garçom se virou, deu de cara com a morena que recepcionara Zoro uns minutos atrás. As bebidas na bandeja que ela segurava desequilibrou-se com a batida, as taças foram diminuídas a caquinhos espalhados pelo chão, e o líquido espirrou por todos os lados.

Na cozinha, os pratos iniciais estavam já atrasados. Sanji teve que dar conta de mais um cozinheiro que caiu doente no meio de um ensopado de vitela.

Usopp, o garçom chegou desesperado pedindo ajuda para arrumar a bagunça lá fora.

Sanji respirou fundo, mandou ele não entrar em pânico e fosse limpar tudo.

O restaurante estava começando a ficar mais cheio a cada segundo, dando por falta do bom atendimento que sempre era esperado. Alguns clientes foram embora porque a comida estava demorando, e isso iria atrasá-los para algum compromisso marcado. Outros reclamaram, mas Robin conseguia contornar os mais nervosos com um sorriso e uma bebida por conta da casa.

Zoro estava sentado numa mesinha bem no centro do restaurante, que era dividido por um aquário grande, preso sobre um móvel de madeira, alguns arranjos de bom gosto com flores e do outro lado mais mesas enfileiradas, não muito próximas uma das outras, para dar mais espaço para as pessoas andarem à vontade.

O garçom narigudo retornou, com um prato de entrada sugerido pelo chef. Zoro olhou para aquele tanto de mato enfeitado com umas coisas rosadas, achou estranho. Mexeu com o garfo, tinha um abacaxi ali também? Que isso? A sobremesa vinha antes?

– Garçom, eu não quero a sobremesa, estava pensando em comer algo menos... – Ele olhou par ao prato novamente. – Enfeitado.

– Essa é a salada, a entrada. Nosso chef disse que usou as verduras e legumes mais frescos do dia, aproveite.

– Mas tem abacaxi aqui, é salada de frutas então?

Usopp parou pensativo. Ele estava naquele trabalho havia poucas semanas, então não sabia muito bem o que dizer. – Vou falar com o chef.

– Acho que vou querer mais daquele drink do bar.


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