A Herdeira do Lorde escrita por letter


Capítulo 29
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Com lágrimas nos olhos eu posto esse capitulo. Essa historia foi muito especial para mim, muito mesmo, foi maravilhoso escrever e compartilhar ela com vocês :') O capitulo ta gordinho, mas é o último, não? E daqui a pouco isso aqui vai parecer uma song-fic, mas achei mais divertido colocar músiquinha nele, quem quiser: (http://www.youtube.com/watch?v=Z8UB3VMN20Q) Até lá em baixo.



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Hey Lucy, I remember your name

Hey Lucy, eu me lembro do seu nome.

I left a dozen roses on your grave today

Deixei uma dúzia de rosas no seu túmulo hoje.

I'm in the grass on my knees, wipe the leaves away

Estou no gramado de joelhos, limpando as folhas,

I just came to talk for a while

Eu só vim aqui para conversar um pouco.

I got some things I need to say

Eu tenho algumas coisas que eu preciso dizer.


– Quero ir sozinha. Porque não estão sorrindo? Afinal, o desespero está prestes a acabar, vamos poder voltar a ter uma vida normal – Belly sorria, embora forçado, era um sorriso.

– Você se mete em cada uma Belly – a loira falou balançando a cabeça – e olha, se você não voltar, eu te mato!

– Ela vai voltar – o Sonserino loiro falou firme, lançando um olhar penetrante a Belly – Ela nunca nos abandonaria.

– Você prometeu – falei me apegando aquela promessa como minha única esperança.

– Eu vou voltar – Belly disse com firmeza, transmitindo toda sua coragem com aquelas palavras.

Ao lado de seus amigos a vi sair do salão comunal da Sonserina, diga-se de passagem, muito mal enfeitado. Para que tanto verde?

Nunca sentira tanto medo em minha vida. Sentia medo pro mim e por Belly. Eu a amava mais do que a mim mesmo, e se pudesse, eu tomaria o seu lugar. Eu planejara todo meu futuro. Formaria em Hogwarts, casaria com Belly, viraria auror, trabalharia no departamento ao lado de Harry, teríamos três lindos filhos e viveríamos felizes para sempre. Doía saber que esse futuro não estava garantido, doía saber que esse futuro poderia existir apenas em minha cabeça.

– Me sinto tão culpada – choramingou a loira escondendo seu rosto no peito do namorado.

– Alice, você não tem nada haver com isso – O moreno, Richard, falou aproximando-se dela e passando a mãos pelos seus cabelos dourados.

– Não? Isso é tudo culpa nossa! – exaltou-se ela virando-se para o moreno com as feições descontorcidas entre a fúria e a tristeza – Como amigos dela, deveríamos tê-la impedido de começar isso tudo, e em vez disso o que fizemos? Fizemos de tudo para ajudar ela com essa besteira! Onde estávamos com a cabeça? É tudo culpa nossa!

– Agora não adianta chorar sobre a poção derramada, o que está feito, está feito – Cory a puxou de novo para si em outro abraço – Apenas vamos torcer para que nada falhe.

– Teddy, você está bem cara? – Richard perguntou colocando uma das mãos em meu ombro.

– Estou – falei num suspiro – Acho melhor eu ir pro meu dormitório e esperar.

– Você vai ficar aqui conosco, estamos todos juntos nessa cara.

– Tanto verde arde meus olhos – falei forçando um sorriso e me encaminhando para o portal de saída.

– Deixe de bobeira – falou o Cory – Podemos ter todas as diferenças do mundo, mas nós quatro amamos a Belly, e sem contar que ela nos mataria se soubesse que deixamos você sozinho.

– Nisso você tem razão – Comentou Alice sorrindo.

Pesados paços vinha descendo uma pequena escadaria. Um moreno alto e forte se colocou ao nosso lado, estava com a varinha em uma das mãos, os olhos vermelhos, as pupilas dilatadas.

– Onde está AnnaBelly? – perguntou ele com a voz abafada.

– Ela já foi Eldred – disse Alice o analisando cautelosamente.

– Pra onde?

– Pra orla da floresta... Por quê?

Eldred não respondeu, passou por mim e não me viu, poderia ter batido de frente comigo e não teria me visto. O que tinha de errado com esse cara? Ele saiu apressadamente do salão comum e desapareceu no corredor.

Logo depois por onde ele desceu veio um garoto de olhos claros e negros cabelos arrumados, provavelmente minha altura. O reconheci como bisneto do tal diretor Dippet. Ele estava com um dos olhos inchados, o tipo de inchaço que fica logo que um punho com muita força entra em contato com o rosto.

– Ele já foi? – perguntou o garoto com evidente desespero, vi que escorria por seu nariz uma pequena e fina faixa de sangue.

– Ele quem? – Alice perguntou horrorizada com a situação do garoto.

– Eldred! Ele está indo atrás de Belly... Eu tentei impedir... Ele já foi?

– Já, mas o que... Alec!

Da mesma forma como Eldred, Alec passou por mim sem me ver, corria quase tropeçando em seus próprios pés, também apoiava a varinha em uma das mãos.

– Merda! – exclamou Richard correndo atrás dele, por mais que não entendesse o que estava acontecendo, corri atrás dos dois, pude ouvir os passos apressados de Alice e Cory vindos logo atrás.

Incarcerous! – alguém berrou em minha frente e reconheci como a voz Alec – Confringo!

O feitiço ricocheteou em algo que não vi, mas ouvi o estrondo no momento em que algo se quebrou. Corri, corri mais rápido, o alcancei e finalmente entendi que estava acontecendo. Eldred corria a frente se desviando e lançando silenciosos feitiços em Alec e Richard que o atacavam.

– Você não pode fazer isso! – berrou Richard – Sectumsempra!

– Impedimenta! Isso não é da sua maldita conta – bradou o moreno – Diffindo! – O feitiço acertou Alec que caiu no gramado, não podia parar para ajudá-lo de forma que pulei por seu corpo e com mais vigor corri, eu tinha de impedi-lo.

Estupefaça! – Meu feitiço acertou Eldred que caiu e rolou para o lado. Ele olhou para mim e depois para frente.

Alguns metros a sua frente estava AnnaBelly, eu a via de costas, os negros e compridos cabelos descendo por suas costas, de frente para ela estava Harry com a varinha apontada direto para seu peito e ao seu lado o diretor Quin e Neville.

Um segundo. Foi preciso apenas um segundo. Eldred não se deu ao trabalho de levantar, desviou sua varinha de mim e aponto-a para AnnaBelly.

Avada...

Meu coração bateu descompassado.

O mundo parou. Já não ouvia mais os passos apressados atrás de mim. Tinham parado estavam em choque. Foi como se alguém tivesse congelado o tempo com algum feitiço e na mesma hora, feito com que a cena que se seguia passasse em câmera lenta.

–... Kedavra!

Engoli em seco. Meus olhos acompanharam o corpo de Belly caindo com um beque surdo ao chão, o grito desesperador de Alice e a demorada reação de Harry. Eu via tudo acontecer lentamente.

– Não! – o grito desesperado de Alice passou por mim como mil facadas perfurando todo meu corpo, Harry conseguiu se mexer, ele correu e caiu de joelhos ao lado de Belly, ele a balançava, media sua pressão e olhava desesperado para Neville e Quin, pedindo em silêncio ajuda.

Nada mais me era audível, apenas o surdo som de meus batimentos descompassados, minha visão ficou turva e embaçada devido à avalanche de lágrimas que se formavam em meus olhos.

Uma única lágrima escorreu por meu rosto.

Alec conseguiu se levantar, eu não ouvia o que ele dizia, provavelmente murmurava algum feitiço que prendeu Eldred com invisíveis cordas onde estava. Alice aparecera a minha frente e com a varinha apontada para Eldred, lançava seguidas e imperdoáveis maldições sobre ele, que se contorcia em silêncio no lugar. Neville correu tentava-a segurar por trás, ela se desvencilhou dele com um simples feitiço, continuava a lançar a Cruciatos em Eldred, as lágrimas de ódio manchavam seu belo rosto. Cory a abraçou por trás e vencida pela dor ela começou a chorar em seus braços.

Com minhas últimas forças consegui me arrastar até chegar ao lado do corpo sem vida.

Harry falava comigo, mas eu não o ouvia. Não conseguia o ouvir.

Passei os dedos pela macia pele de Belly que aos poucos começava a esfriar.

Suas feições estavam serenas, como se estivessem em paz.

– Você prometeu – sussurrei tirando as mechas de cabelo de seu rosto, eu sabia que era uma atitude infantil, mas era a única coisa que eu conseguia dizer – Você prometeu Belly – repeti fechando minhas mãos sobre as suas, que já estavam gélidas.


Now that it's over

Agora que tudo acabou,

I just wanna hold her

Eu só quero abraçá-la.

I'd give up all the world to see that little piece of heaven looking

Eu trocaria todo o mundo para ver aquele pedacinho do céu olhando

back at me

De volta pra mim

Now that it's over

Agora que tudo acabou,

I just wanna hold her

Eu só quero abraçá-la.

I've gotta live with the choices I made

Eu tenho que viver com as escolhas que eu fiz,

And I can't live with myself today

E eu não posso viver comigo hoje.


Harry continuou a falar e Quin se juntou para falar ao seu lado.

Era um sonho, não era? Não, era um pesadelo. Eu estava tendo um horrível pesadelo, logo iria acordar e correr para os braços de Belly para que ela me consolasse e dissesse para eu parar de ser bobo.

Mas como eu poderia sonhar uma coisa tão horrível? Como em sonho eu podia sentir tamanha dor? Era possível?

O céu escurecia rapidamente, o dia que fora claro cedera lugar a uma noite sem lua e sem estrelas. Talvez os céus estivessem de luto pela perda que houvera hoje na terra, e resolvera demonstrar isso tirando toda a beleza que deveria ser aquela noite.

Alguém colocou os braços a minha volta e com grande esforço me puxava dali. Eu não queria sair, não queria deixar Belly, não poderia deixar Belly.

Harry a pegou no colo e caminhou com o corpo sem vida para dentro do castelo, eu não sabia como, mas ia atrás. Levaram-na para a ala-hospitalar, Eldred fora a força puxado para lá, mas nada falara. Porque ele havia feito isso? Porque ele tirou a vida do meu amor logo agora que tudo ia ficar bem? Por quê? Por Penélope? Ele achava que Penélope iria querer vingança? Não, ela mesmo eu sabia, havia perdoado Belly antes de morrer, e não fora Belly! Fora Riddle! Riddle tirara a vida de seu amor, e agora por sua causa, eu já não tinha o meu amor.

Quin fez questão de manter Eldred a vários metros de distancias de mim. Era mais provável que Alice o matasse do que eu. Eu não tinha forças para isso, e não daria a ele o gosto de se livrar facilmente do sofrimento que o aguardava.

A noite passou como um borrão.

Várias pessoas vieram falar comigo. A presença dos Malfoy foi urgentemente solicitada e no meio da noite apartaram em Hogsmeade e vieram direto ao castelo. Astoria, Draco, Lúcio, Narcisa e até o pequeno Scorpio compareceu. Apesar de serem meus tios, eu não os conhecia tão bem como devia, apenas os conhecia pelo que vovó e Belly me falara deles.

Cautelosamente Shacklebolt lhes deu a noticia. Quando dei por mim eu já não estava na ala-hospitalar e sim no gabinete do diretor. Eu ouvia cada palavra de Kingsley lhe explicando o que aconteceu, mesmo tendo presenciado, eu não queria acreditar, eu não podia acreditar. Depois de cautelosamente contar o ocorrido o gabinete fora tomado por um silêncio agonizante do qual eu tomara conhecimento bem mais tarde.

– Mamãe – o pequeno Scorpio sentado ao coloca da mãe a tirava do transe – Mamãe! – chamou ele de novo e por um momento a atenção de todos na sala voltaram apenas para ele – Não entendi ainda porque todos nós estamos aqui. Viemos ver a Belly?

A loira respirou fundo e lançou um olhar suplicante para o marido.

– A Belly viajou – respondeu Draco se ajoelhando ao lado da mulher e explicando ao filho – Foi para um lugar bem longe, mas ela gostou de mais de lá e não vai voltar.

– Porque ela não se despediu? – Scorpio me lembrava muito o pequeno Alvo, provavelmente tinham a mesma idade de nove anos.

– Ela não tinha planejado ir, foi de última hora, por isso não se despediu.

– Podemos ir visitá-la no verão?

– Não podemos, mas um dia iremos visitar ela, um dia estaremos todos juntos de novo – eu percebia a força que Draco estava fazendo para tentar parecer forte diante da família, mas para ele custava tanto quanto para mim.

– Porque Narcisa e Astoria não levam o Scorpio para conhecer o castelo? – sugeriu tio Harry lançando um olhar significativo para as duas mulheres, que assentiram e em silêncio saíram do gabinete – Sinto muito por sua perca Malfoy – disse Harry olhando para o loiro mais velho – Eu sabia o quanto você a amava.

– Ela era como minha filha para mim, Potter – confessou Lúcio desviando os cinzentos olhos de Harry e parando-os em mim – E o que você faz aqui? – perguntou ele com falsa indiferença. Legal, alguém notou minha presença.

– Ele era o namorado de Belly – explicou Harry. Lúcio olhou de mim para Harry estupefato.

– Mas... Ele não é o sobrinho de Narcisa? Meu sobrinho?

– Você conhece bem sua família, não?

– Por favor, Harry – pediu Draco – não comece.

– Draco, segundo as leis, depois de Andrômeda Tonks falecer, a guarda de Teddy deveria ficar com uma de suas irmãs, no caso Narcisa, você ficou ciente disso. Era para Teddy estar em sua responsabilidade há essas horas.

– Sim, mas você entrou com um pedido de guarda no ministério.

– Do qual com orgulho ganhei, mas eu esperava que depois disso você pelo menos procurasse Teddy, era o mínimo.

– Não discutam isso na minha frente – pedi em voz baixa.

– Nos perdoe – falou Draco – Belly me escrevia muito sobre você Teddy. Devo confessar que no começo eu não era a favor, mas depois de ver como você fazia bem a ela...

– Como você foi deixar isso acontecer? – perguntou Lúcio em tom elevado, interrompendo a conversa paralela – Como você pode deixar a vida de minha sobrinha ser tirada dessa maneira?

– Já lhe explicamos o que aconteceu Senhor Mal... – começou Shacklebolt

– Não quero ouvir isso novamente, quero ouvir uma explicação válida de como isso foi acontecer, do porque isso foi acontecer!

– Você sabe por que Lúcio.

– E o que você quer que eu faça agora Potter? Aceite? Não posso Potter, não consigo!

– Porque eu estou aqui? – perguntei levantando a cabeça, Belly tinha razão, aquela poltrona era realmente desconfortável.

– Pensamos que você queria saber e entender o que aconteceu, afinal, vocês tinham um relacionamento, você precisa entender o porquê de...

– Eu presenciei. Eu estava lá. Eu sei o que aconteceu. Preciso mesmo ficar ouvindo isso?

– Teddy você tem que entender que foi uma fatalidade, uma perca na sua idade é...

– Harry, você mais do que ninguém sabe o quanto já me acostumei em perder as pessoas que amo. E não deu muita diferença, Eldred apenas terminou o que você ia começar.

– Teddy, por favor, não se altere.

– Não estou me alterando! – menti, a mudança repentina das cores de meu cabelo me entregava – E daí se eu estiver? O plano foi seu! Você quem convenceu a Belly a aceitar, e todos sabíamos dos riscos!

– Teddy, acalme-se...

– Me acalmar? Se a Gina for assassinada na sua frente você vai continuar calmo? – perguntei jogando os braços para cima – Se me dão licença – falei lançando um último olhar furioso para Harry e anda as cegas pelo castelo escuro.


Um enorme buraco começava aos poucos se formar dentro de meu peito, um buraco escuro e assombroso do qual eu temia que pudesse me consumir por inteiro. Eu prometera a Belly, iria ser forte. Iria aguentar, por mais que doesse eu iria aguentar.

Perdi meus pais, perdi meus avôs, perdi minha melhor amiga e agora eu havia perdido meu amor, minha vida.

O que eu faria de agora para frente? Eu não iria conseguir assistir as aulas sabendo que era pra Belly estar sentada ao meu lado, eu não conseguiria sorrir sabendo que Belly também poderia sorrir, eu não conseguiria viver sabendo que era pra ela estar viva.

AnnaBelly era tão cheia de vida que a idéia de saber que já não habitava esse mundo era insuportável. Mais insuportável ainda pensar que em poucas horas estariam fazendo sua cerimônia, assim como fizeram de Penélope. Iriam pedir para eu falar algo, e todos iriam dizer o quanto ela tinha sido boa e iria fazer falta. Todos chorariam e no fim acabaria. Apenas restaria uma profunda dor e saudade da qual eu serei obrigado a conviver até que um dia eu finalmente possa me juntar a ela.

Quando vi, eu estava novamente caminhando para ala-hospitalar. Belly já não estava lá, onde a deixaram. Me encostei em uma das paredes e senti meu rosto esquentar devido as lágrimas. Droga! Quantas lágrimas uma pessoa pode carregar consigo?

– Você não deveria ficar aqui – uma voz disse atrás de mim me sobressaltando.

– E você o que está fazendo aqui? – perguntei sem me importar com as lágrimas que escorriam como se fosse impossível se manterem quietas em meus olhos.

– O mesmo que você. Não aguentei – respondeu o loiro – você sabia que eu a amava? Eu sempre a vi mais do que amiga... Sempre. Mas ela preferiu você. Pelo menos você a fez feliz de um modo que eu nunca poderia fazer.

– Duelamos por causa disso, ora – falei sem conter um sorriso da lembrança.

– Foi – ele disse sorrindo – não acredito que Eldred fez isso.

– Nem eu. Onde ele está?

– Com Neville e os pais dele – deu de ombros – espero que ele mofe em Askaban.

– Bruxos de menor não podem ser preso.

– Se ele fosse apenas um ano mais velho. Apenas o fato de ser expulso e proibido de usar magia não me contenta – Cory soltou um suspiro e me fitava com seus penetrantes olhos verdes – Não aguentei ficar com Alice... A dor dela... É insuportável de se ver... Eu sei que tenho que ser forte para ajudar ela... Mas não é fácil – confessou ele limpando uma lágrima que escapulira de seus olhos.

– Belly me disse uma vez para não ter vergonha de chorar, pois isso mostra que realmente temos um coração – falei voltando-me para ele – O que vai ser da minha vida sem ela?

– Corner, Lupim, não deviam estar na cama?

– Professora Vector – cumprimentou Cory passando a mão pelos olhos

– Neville nos contou o que aconteceu – disse ela balançando a cabeça – Sinto muito, muito mesmo pela perde de vocês. Mas vocês não podem ficar chorando pelos corredores. Sorriam pelos momentos que tiveram juntos, ora!

Cory olhou incrédulo para a mulher que continuava a falar. Eu o entendia. Como alguém poderia pensar em sorrir depois do que acontecera?

– Vocês tiveram um dia cheio, muito cheio. Vão descansar, sem demora. Amanhã ainda terão muito o que aguentar.


O sol começava a sair no horizonte, da torre de astronomia eu tinha uma visão privilegiada. A torre em que tantas vezes no encontramos. Se não fosse pelo dia que me aguardava, seria lindo de se ver o divino amanhecer. Eu costumava a acreditar em finais felizes. Eu planejara um final feliz.

Talvez o final feliz seja só seguir em frente.


Just another moment in your eyes

Apenas mais outro momento em seus olhos.

I'll see you in another life

Eu verei você em outra vida

In heaven where we never say goodbye

No Céu, onde nunca vamos dizer adeus.


– Você está pronto? – perguntou Leonard terminando de arrumar a gravata.

– Preciso mesmo ir?

– Você perderia o velório dela? Deixaria de prestar uma ultima homenagem?

– Certo, me dê um minuto e eu já desço.

O velório de Belly. Porque isso era tão assustador? Porque isso tinha de doer tanto?

Uma leve batida na porta me tirou do turbilhão de pensamentos em que estava me consumindo, me virei de costas, independente de quem fosse não poderia me ver assim de novo. Eu tinha de ficar forte, eu prometera a Belly que ficaria forte.

– Entre – falei caminhando para de frente a janela, no gramado eu via alguns alunos rindo, conversando, como alguém poderia agir normalmente diante de tamanha perda no mundo?

– Me mandaram vir lhe dar um recado.

O frio na barriga veio sem autorização, assim como o arrepio que se passou por minha nuca.

– Pediram para lhe avisar que a cerimônia foi cancelada.

Minhas pernas estavam mais bambas do que um braço sem osso, não sei como, mas consegui me virar. Havia uma garota com um pequeno e acanhado sorriso a minha frente, usava um belo vestido branco e os cabelos estavam muito bem arrumados com uma trança baixa colocada de lado. Trazia um pequeno e discreto par de brincos banhado em ouro nas orelhas, ao pescoço um pingente prata em forma de coração, esse deixava de se combinar com os brincos de ouro e com o pequeno anel igualmente de ouro em seu dedo anelar. Era portadora de um par de olhos cor safira, suaves e convidativos, capazes de fazer qualquer um se perder e mergulhar em seu meio.

– Céus – tive de me apoiar no parapeito da janela, com toda força que me restava auto me belisquei.

– Por que fez isso? – perguntou ela rindo

– Não estou sonhando. Estou?

– Me responda você. Está?

– Sim... – minha respiração falhava e eu sentia que iria perder os sentidos a qualquer minuto.

– Pareço um sonho? – perguntou ela andando até mim

– Parece – respondi – Mas eu não teria a capacidade de imaginar algo tão perfeito.

– Segundo Harry, se ele lançasse a maldição, eu ficaria algumas horas fora de mim, minha alma sairia de meu corpo, mas sem demora ela voltaria. O problema é que – explicava ela revirando os olhos – pensamos que apenas Harry poderia lançar a maldição. Foi aí que erramos. Não era preciso ser só ele.

– Então não estou sonhando?

– Não – respondeu ela rindo – eu prometi, não prometi? Eu disse que voltaria.

– E como aconteceu?

– Bom... Na verdade foi bem engraçado. Alguns bruxos terminavam de me vestir com esse lindo vestido para meu velório e de repente eu acordei. Meu velório – repetiu ela com um leve e perceptível arrepio – Imagine a cara deles. Draco estava esperando, chamaram-no para me ver, nunca o vi daquele modo, parecia que ia ficar doido, não cabia em si. Mas quase houve um velório mesmo, Alice, Cory e Richard praticamente me esmagaram de tanto abraçar. E a melhor parte – falou ela abrindo aquele seu grande sorriso que eu tanto amava – Estou livre de Riddle!

– Mal consigo acreditar que isso está acontecendo – falei passando a mão por seu rosto, como se tivesse de tocá-la para ter certeza que era sólida e que eu não estava imaginando. Com toda a certeza seria impossível eu imaginar algo tão perfeito, quanto aquele sorriso e aqueles olhos cheios de vida e alegria – Eu não estou sonhando.

– Não – falou ela sorrindo, passei meus braços por ela e a abracei com toda minha força – Teddy!

– Desculpe – afrouxei meus braços e me afastei para que pudesse contemplar seu rosto – Eu jurava que tinha te perdido, e ver você aqui, viva, sorrindo, quente e com seu coração batendo – balancei a cabeça, era impossível descrever com palavras o que eu sentia – Você quase me fez ter um ataque!

– Não queria ter te assustado desse modo.

– Não se preocupe, você vai ter muito tempo para me recompensar por isso.

– E de que forma posso recompensá-lo, senhor Lupim?

– Ainda não tenho certeza, mas pode começar com um beijo, senhorita Marvolo.

Sem pressa nossos lábios se encontraram, um encaixando perfeitamente no outro. Era como se fosse o primeiro beijo, apaixonado, suave, harmonioso e carinhoso. A dor que eu tanto sentira, que tanto me consumira desapareceu como se fosse apenas fruto de minha imaginação, e agora mais do que nunca eu tinha certeza de algo. Não importa que AnnaBelly fosse a herdeira do Lorde, não importa que ela fosse a última herdeira viva de Slytherin. Eu a amava, mais do que tudo nessa vida. Sim, eu simplesmente a amava, do mais puro e sincero modo que se possa existir. E sussurrei isso em seu ouvido por minutos enquanto ela sussurrava vários “também te amo” em resposta.


POV AnnaBelly.

Hoje, alguns anos depois, Riddle já não mais faz parte de mim, os fantasmas de meu passado a muito pararam de me atormentar, eu terminava minha jornada em Hogwarts e logo abandonaria meu sobrenome Lestrange. Sorria contente querendo dividir com mundo minha felicidade por ter amigos maravilhosos, por ter uma família maravilhosa e por ter ele, meu primeiro e único amor.

Muitos ainda me viam como a Herdeira do Lorde, mas o que eu realmente herdara dele?

Desde o começo levei o titulo de herdeira a sério e fiz várias escolhas erradas, mas foram esses erros que me trouxeram a onde estou hoje, foram eles que me fizeram crescer e me fizeram aprender a viver.

E mesmo que eu pudesse, eu não escolheria recomeçar.

Embora ninguém possa voltar e fazer um novo começo, todos podem começar agora e fazer um novo fim.

Here we are, now you're in my arms

Aqui estamos, agora você está em meus braços.

Here we are for a brand new start

Aqui estamos para um novo começo.



The End.


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Notas finais do capítulo

Aí céus acabou ): Primeiro quero agradecer a todos os leitores por estarem sempre ao meu lado, me dando incentivo a continuar com cada review e recomendação, obrigada por me permitirem viajar e mergulhar nesse universo alternativo, ri muito e também chorei escrevendo essa fic, me divertia todos os dias lendo os comentários e ficava toda doida quando recebia uma recomendação. Realmente foi ótimo escrever essa fic, e para mim ela já está fazendo falta. Não sei como criei tais personagens que me envolvi com eles de tal modo que é até difícil de descrever. Eu havia pensado em vários finais, dramáticos principalmente (adoro um drama) mas passei a gostar tanto da AnnaBelly que eu não conseguiria dar um final triste para ela, muito menos ao Teddy (aí Teddy ~suspira~). Enfim, muito obrigada mesmo a cada leitor que acompanhou desde o comecinho, obrigada aqueles que já pegaram no meio, e também aqueles que pegaram no finalzinho e correram para ler tudo. Eu realmente agradeço a vocês. E espero que tenham gostado da fic assim como eu amei escrevê-la, e principalmente gostado do desfecho. Vou sentir muita falta do review de vocês. Através da "herdeira do Lorde" fiz grandes, se posso dizer, amizades. Então devo muito a fiction, e espero ver os reviews de vocês nas minhas outras. Comentem o que acharam do desfecho, da história, enfim de tudo. Obrigada por tudo pessoal. Um beijão a todos. ((2ª temporada já postada))