Eu queria poder te tocar de novo,

Eu queria poder te chamar de amigo.

Eu daria qualquer coisa... 

- Who Knew, P!nk

PDV Perseu Jackson

Saí do banho, com uma toalha enrolada na cintura. Estava acabando de vestir a calça quando ouvi alguém bater na porta.

- Pode entrar! – gritei.

A porta se abriu e Thalia entrou. Parecia furiosa, mas quando me viu seu rosto tomou um tom avermelhado, e ela ficou sem graça.

- Eu posso voltar depois... – falou.

Dei de ombros. Eu não ligava dela ficar ali. O que quer que fosse que ela ia falar, era melhor falar logo.

- Hã... Então, Pers... O que foi aquilo mais cedo?

- Aquilo o quê?

- Você sabe o quê. Você quase matando o garoto. Pelo amor de Zeus, Annabeth veio falar comigo, como se eu devesse saber justificar os seus atos.

- Sei. Me diga uma coisa, eu fico melhor de preto ou vermelho?

- Percy!

- Ah, desculpa, preto é melhor, né? Onde eu estava com a cabeça, vermelho... – murmurei.

- Percy! – ela gritou de novo.

- Quê?

- Pare de desviar o assunto, me responda. – ela falou. Seu olhar desceu por um segundo, e eu sorri maliciosamente.

- Não sou eu quem estou desviando o assunto. – falei. Ela ficou ainda mais vermelha.

- Só me responda logo.

- Ei, eu só... Perdi o controle, ok? Ele não devia ter me irritado tanto. Mas não vai acontecer de novo. – falei, materializando uma camiseta preta em minhas mãos.

Ela me analisou. Subitamente, parecia que era Annabeth, e não ela. Annabeth que parecia ler minha mente quando me encarava, não Thalia.

- Promete?

Não.

- Claro. – dei um sorriso tranquilizador. Ela me olhou por mais um segundo, e suspirou, aparentemente convencida.

- Tudo bem. Te espero no jantar. – falou. Acenei. – Tchau, Percy.

Ela estava saindo, quando tropeçou em alguma coisa que eu devia ter jogado por ali. Ela teria batido a cara no chão se eu não a tivesse segurado. Puxei-a pela cintura e a botei de pé.

- Ei, você está bem? – perguntei.

Ela sorriu meio nervosa: - Acho que estou meio estabanada hoje. Muitas coisas na minha cabeça. Hã, Percy, você pode me soltar agora.

Até ela falar, eu não tinha percebido como estávamos próximos. Olhei em seus olhos azuis, percebendo pela primeira vez como eram bonitos. Baixei meu olhar para a boca dela, pego com o desejo de beijá-la, de sentir seu gosto e sentir sua pele sob a minha...

- Percy, eu preciso... Estou interrompendo agluma coisa?

Eu não sei o que teria feito se a voz de Annabeth não tivesse me tirado do transe. Dei um pulo ao mesmo tempo que Thalia se afastou de mim.

- N-não, nada. – falei. Ela ergueu uma sobrancelha, e eu percebi que ainda não tinha vestido a camiseta.

- Eu... Hã... Tchau, Percy. – disse Thalia, saindo do chalé. – E não se esqueça... Hmm.. Da promessa.

- Tchau, Thalia.

Ela parou em frente à porta, e depois de uma leve hesitação me chamou.

- Pers?

- Hm?

- Vermelho. – disse simplesmente.

Um sorriso se formou lentamente no meu rosto, enquanto eu observava a porta sendo fechada. Sacudi a cabeça e me virei para Annabeth, minha voz se tornando mais fria sem eu sequer pensar sobre isso.

- O que foi?

- Promessa? – perguntou, a sobrancelha ainda erguida.

- É. Uma promessa de que eu não ia mais tentar matar o garoto... Jim. Que é claro, eu não vou cumprir. – falei, vestindo uma camiseta vermelha. – Foi muito divertido acabar com ele mais cedo.

- Jonas.

- Tanto faz.

- Justamente sobre isso que eu queria falar com você. O que em Hades deu em você pra fazer aquilo?

- Porque te interessa? Você largou ele, lembra? Exatamente como fez comigo. Já arrumou outro, Annabeth? – perguntei rudemente.

- Olha, eu não vim aqui pra brigar, eu só quero saber seus motivos. Por acaso estava com ciúmes?

Eu ri: - Bem que você queria, não é? Não, Annabeth, eu só estava com raiva. Você devia estar muito ocupada com seu namorado novo para ver, mas ELE veio pra cima de mim dizendo besteiras sobre minha mãe. O que eu devia ter feito?

- Eu sei o que você não devia ter feito.

Bufei: - Annabeth, sinceramente, eu não dou a mínima. Posso ir agora? Eu quero jantar.

- Claro. Vai se encontrar com Thalia. – murmurou, revirando os olhos.

- O quê, está com ciúmes?

- Preciso estar?

A lembrança de nossos rostos tão próximos me fez vacilar. Precisava?

- Não, porque você não se importa comigo. – disse. Ela suspirou.

- Percy, você sabe porque eu terminei com Jonas? - perguntou

- Não me interessa. – respondi.

- Eu terminei com ele porque.. Porque... – gaguejou. Arqueei uma sobrancelha e aguardei. Ela não disse nada.

Suspirei: - Eu tenho que ir. Não vou perder meu tempo com você. – disse, meu ombro batendo no dela quando fui até a porta.

- Eu te amo! Eu terminei com ele porque te amo, Percy, e aquele foi o maior erro da minha vida!

Ela me amava? Foi isso mesmo que ela disse? Depois daquilo? Ela continuou falando, as palavras saindo como um jorro.

- Eu errei aquele dia, eu não devia ter feito aquilo... Eu sinto muito, muito mesmo, eu peço perdão quantas vezes quiser, só... Por favor, Percy. Me perdoe. – sussurrou.

- Você me ama? – perguntei.

- Sim.

- De verdade, do fundo do coração?

- Sim.

- Você daria tudo para poder ficar comigo de novo?

- Com certeza. Tudo que tenho. – falou, quase desesperada.

Fechei os olhos por um segundo.

- Sabe qual o problema da expressão ‘’me perdoe’’? – e me virei para ela. - Dá às pessoas a falsa impressão de que tudo pode ser consertado com um pedido de desculpas.

- Eu não estou só pedindo desculpas, Percy. Eu te amo, você não ouviu? Eu te amo! – gritou.

- Isso não muda nada. – falei, saindo do chalé.