Obsession escrita por Li_VA, Lyra Black Pevensie


Capítulo 22
Pandora


Notas iniciais do capítulo

Hello, everybody! Finalmente eu voltei, com mais um capítulo pra vocês - e bem mais longo do que os que eu geralmente escrevo. Considerem um presentinho pra compensar a demora que sempre me acompanha. -.-

(Não, eu não ~escolhi~ demorar mais para escrever um capítulo maior, eu simplesmente escrevi o que eu queria até uma hora boa para cortar, e rolou a coincidência dele ser mais comprido. Don't hate.)

Enfim, eu entrei de férias essa semana (Aleluia, Senhor!) e com sorte, vou conseguir escrever um pouco mais e adiantar os próximos capítulos. Não prometo nada, mas vou tentar. Até lá, espero que gostem desse!



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                       PDV Perseu Jackson

     Um silêncio chocado encheu a sala.

     - O que você quer dizer com ''Pandora''? – eu praticamente rosnei. Eu sabia que a culpa não era dela, mas a raiva que eu vinha sentindo à muito tempo estava finalmente se expressando.

     Rachel me encarou de queixo erguido e olhar penetrante, e eu lembrei porque gostava tanto dela. Ela podia ser a garota mais doce do universo, mas não aceitaria desrespeito de ninguém – nem mesmo de um deus. Eu não me senti ofendido. Pelo contrário, só fez minha apreciação por ela aumentar.

     - Eu quero dizer, - falou tão acidamente quanto eu – Exatamente o que eu disse. Pandora. ''A que tudo tem''. É quem está por trás disso.

     Antes que eu pudesse responder, Annabeth disse: - Você está dizendo que aquela garota era Pandora? Se era ela, quem era o garoto?

     Rachel deu de ombros, e sentou em sua cadeira novamente: - Não foi isso que eu disse. Mas, me parece uma linha de pensamento válida. A coisa toda de a vida ser uma caixinha de surpresas? Acredite, depois de alguns meses sendo o Oráculo, você aprende a ler as entrelinhas.

     Annabeth murmurou alguma coisa, evidentemente decepcionada com o fato de Rachel ter feito a conexão antes dela.

     - E se for realmente Pandora? O que isso significa? Se não era ela, onde ela está? – Nico perguntou.

     - Campistas. – Quíron disse, num tom baixo. Imediatamente, todos nos voltamos para ele. – Percy. Talvez, estejamos nos precipitando. Não há nenhuma prova de que os dois jovens estão relacionados com Pandora. Não há nenhuma prova de que Pandora ainda exista no mundo moderno. – Eu suspirei.

     - Quíron, sem ofensa, mas eu acho que você já deveria ter percebido que quando se trata de nós, todos os mitos são verdade.

     Alguns conselheiros olharam para mim de um modo meio amargo, como se achassem que eu tinha dito isso com o propósito de repreender Quíron, quando eu estava simplesmente apontando um fato. Revirei os olhos.

     - O importante, é que nós precisamos decidir logo o que fazer sobre isso. – disse Will.

     - Simples. – respondeu Clarisse. – Nós quebramos a cara desses imbecis. – ela sorriu friamente.

     - Ótimo plano, Clarisse. Muito articulado. – Thalia bufou.

     Eu falei antes que Clarisse começasse uma briga: - Bem, eu acho que eu falo por todos nós quando digo que o mais óbvio, seria organizarmos uma missão.

     - E ir para onde? Com que propósito? Não sabemos nada, não temos nem certeza de que Pandora está involvida nisso. – observou Lou, conselheira da cabine de Hécate. Ela estalou os dedos, e uma pequena faísca roxa apareceu na ponta de seus dedos, desaparecendo alguns segundos depois.

     - Mas não podemos simplesmente sentar aqui e esperar que isso se resolva por si só. – eu argumentei. Ela deu de ombros e desviou o olhar.

     - Eu não quero saber quando nem como, mas se tiver uma missão, eu vou.

     Eu me virei, encarando os olhos eletrizantes de Thalia.

     - Como é?

     Ela me olhou, mantendo seu rosto cuidadosamente inexpressivo: - Eu disse que se realmente organizarmos uma missão, eu vou. E não adianta tentar me fazer mudar de idéia. – ela me interrompeu antes mesmo que eu falasse. – Eu já me decidi.

     - Você poderia se ferir seriamen-

     - Bem, não é sua decisão para tomar, não é? – ela rebateu.

     - Thalia, você não é obrigada a ir só porque eles implicaram.

     - Percy! – ela praticamente gritou, sobressaltando a maioria dos campistas, que assistiam a discussão, atentos. – Eu não quero ir porque me sinto obrigada. Eu vou porque eu quero.

     Algo dentro de mim arrebentou, e eu cerrei os punhos: - Você não entende? Isso é sério! Não vai ser fácil que nem passear com um bando de imortais pelo meio do mato!

     Eu pude ver que eu tinha tocado em um assunto sensível. Uma corrente elétrica passou pela mão dela, e explodiu na mesa, deixando uma pequena marca de queimado. Ela respirou fundo.

     - Você acha que eu não sei disso? Pare de me dizer o que fazer, Percy.

     Uma parte de mim me lembrou que quanto mais eu objetasse, mais ela insistiria em ir, por pura teimosia. Mas a outra parte, que queria proteger ela irracionalmente, estava no controle.

     - Deuses, Thalia! Você poderia morrer!

     Vinte semideuses pararam de respirar. Quíron me olhou, preocupado, e eu ouvi um trovão distante. Thalia me encarava com a mesma expressão vazia de antes, e eu resisti ao impulso de dar um tapa em minha testa. Eu tinha tentado evitar a palavra ‘’morrer’’, mas parece que não tentei o suficiente. E o pior, agora parecia que eu não ligava se qualquer um deles morresse, apenas Thalia.

     Parabéns, Perseu. Pensei, amargo.

     Thalia simplesmente deu de ombros: - Risco ocupacional.

     Eu arquejei. Eu não conseguia acreditar que ela estava fazendo tão pouco de si mesma. Subitamente tomado de raiva, fechei meu rosto numa expressão estóica, espelhando a dela, e retornei minha atenção aos outros campistas.

     Meus braços tremiam com ira mal contida: - Tanto faz. – grunhi, percebendo como resolver o problema. Não era minha primeira escolha, mas era próximo o suficiente. Não me preocupei em compartilhar minha solução, só iria começar outra briga. – Precisamos de mais dois campistas para acompanhar Thalia.

     Nico levantou: - Eu.

     Clarisse ergueu as sobrancelhas: - Você, punk? Tem certeza?

     Ele mandou um olhar gélido na direção dela. Ela bufou, mas olhou para outro lugar.

     - Sim, eu tenho certeza. Eu sinto falta da ação. Além do mais... – ele sorriu, zombeteiro  – Eu sou o único que consegue aturar Thalia por mais que dez minutos.

     Todos riram, e Thalia franziu a testa: - Ha, ha. Muito engraçado, Esqueleto.

     - Muito bem, Nico e Thalia. Alguém mais quer se voluntariar, ou... – deixei a frase inacabada. Ninguém se moveu, trocando olhares nervosos. Eu não podia culpá-los. Sair em missões era ruim o suficiente, e não saber para onde íamos só piorava. Pra ser sincero, eu acho que as únicas pessoas que iam em missões por pura vontade éramos eu, Thalia, Nico, e Annabeth.

     Annabeth. Por que ela não se pronunciou?

     Meus olhos correram pela sala, encontrando Annabeth franzindo para Quíron. Ela mexeu a cabeça sutilmente, como quem pergunta o que aconteceu. Ele olhou preocupado para ela e moveu a boca, sem som. Eu não consegui discernir as palavras.

     Fiz uma nota mental de o questionar sobre isso depois.

     Eu suspirei: - Bem, já que ninguém quer ir, teremos que-

     - Eu vou.

     Sobressaltado, eu procurei a dona da voz. Parada na porta, puxando a beirada da blusa ansiosamente, se encontrava Lyra Fortune. Meu queixo caiu. Os campistas pareciam tão surpresos quanto eu. Que eu me lembrasse, ela não era conselheira de sua cabine.

     Rachel se virou para Lyra, e seus olhos brilharam quando ela percebeu quem era. Ela deu um sorriso estranho, quase macabro, e inclinou a cabeça levemente para o lado.

     - Lyra. – cumprimentou, num tom reverente. Lyra olhou de relance para ela, mas logo desviou o olhar.

     (Não posso dizer que a culpo. Eu também teria ignorado o Oráculo que de repente decidiu ter uma obsessão comigo e cuspir fumaça toda vez que me via.)

     - O quê você está fazendo?! – Travis e Connor gritaram, provavelmente preocupados com o fato de que uma garota sob supervisão deles estivesse espionando conversas privadas.

     - Eu... Uh. – ela engoliu em seco. – Estava ouvindo a conversa de vocês?

     - Como você entrou aqui? – perguntei, abobalhado com a audácia da garota.

     Ela olhou para mim como se eu fosse um idiota: - Vocês deixaram a porta aberta.

     Eu só fiquei parado lá, olhando para ela.

     - A porta estava aberta porque espera-se que os campistas tenham educação! – Annabeth disse, em um tom afiado.

     Lyra bufou: - Bem, eu também achei que você tinha educação, mas as vezes a gente se surpreende.

     O que soou como uma risada veio da direção geral em que estavam Thalia e Rachel. Ambas tapavam a boca com a mão, então não pude descobrir quem era culpada.

     - Garota, você devia ter mais respeito. Annabeth está aqui a muito mais tempo que você. – Thalia avisou. Eu teria deduzido que Rachel foi quem riu, mas pude ver que Thalia lutava para manter seu rosto sério.

     - Você não devia estar aqui. – Eu falei. – Quíron, você...? – eu não sabia o que falar sem parecer rude, então esperei que ele entendesse o que eu queria.

     Ele assentiu, se aproximando da garota: - Lyra, vamos. Eu preciso conversar com você, e nós temos que-

     - Eu não vou a lugar nenhum. – ela falou, e foi surpreendentemente convincente. Quíron parou na metade do caminho e olhou para ela.

     - Lyra. – eu suspirei. – Ignorando o fato de que você estava espionando a nossa conversa, e nós vamos falar disso depois... Você não pode ir nessa missão. Vai ser muito perigoso, e você... Bem, você não tem tanto treinamento quanto alguns campistas.

     Ela corou: - Eu estive treinando por semanas. E ouvi dizer que você foi na sua primeira missão só alguns dias depois de chegar no acampamento. Com doze anos. – ela ergueu as sobrancelhas.

     Abri a boca para argumentar, e percebi que não tinha nada. Ela fez um ótimo ponto. Droga.

     - O que ela disse faz sentido. – Nico falou, com um ar de desinteresse.

     Todos se voltaram para ele – Lyra inclusive, com um sorriso de mil quilowatts no rosto. Ele levantou a cabeça e deu de ombros: - Que foi? É a verdade.

     - Olha, eu quero ir. – ela falou, parecendo muito vulnerável. – Não só isso, eu preciso ir. Aquela garota, Diana, ela especificamente falou comigo. Me pedir pra ignorar é como pedir pra alguém enfiar uma espada no próprio pescoço.

     - Lyra, você não pode fazer isso, é uma novata, sem experiência! Vai acabar se machucando e atrapalhando a missão. - Annabeth disse no seu tom mais razoável.

     - Não me trate como se fosse uma inútil, eu sei me cuidar. E se eu reparei bem... - Lyra virou seus olhos multicoloridos para Annabeth - Não me lembro de ver você se oferecer para a missão, Gênia.

     Metade dos campistas seguraram risadas, e a outra metade encarou Lyra em choque. Clarisse tinha um olhar estranhamente satisfeito no rosto, e Connor murmurou: - Doeu em mim.

     - Olha aqui, pirralha... – Annabeth avançou lentamente, sua mão cada vez mais próxima de sua faca.

     - Ei, ei, então, Annabeth... – eu chamei a atenção dela. Ela se virou para mim. – Que tal você, sabe, ir dar uma volta, ou...?

     - Você está brincando.

     Eu franzi o cenho e balancei a cabeça: - Na verdade, eu estou falando bem sério.

     - Percy! Ela nem devia estar aqui! Você está me tirando da sala? Eu? Eu sou a conselheira da cabine de Atena, pelos deuses!

     Eu dei alguns passos na direção dela e falei num tom baixo, que só ela ouviu: - Eu sei, Annabeth. Mas convenhamos, é mais fácil você sair do que ela. Se tem uma coisa que eu posso dizer sobre essa garota, é que ela é teimosa.

     Ela continuou me encarando.

     - Você vai mesmo continuar com isso? Eu achei que você fosse mais inteligente do que ela, mas pelo jeito... – suspirei falsamente.

     Os olhos dela cintilaram. Ela murmurou algumas palavras em grego e saiu da sala, não sem antes mandar um olhar raivoso para Lyra. Lyra não se mexeu, mas eu vi que ela girou uma pulseira em seu pulso de maneira ansiosa.

     - Minha criança, eu lamento, mas não permitirei que você vá nessa missão. Sinto muito, mas isso é final. – Quíron disse seriamente.

     - Parem de falar isso!

     - Lyra, escute... – eu comecei, mas ela me interrompeu.

     - Não, Perseu, escute você. A missão precisa de um terceiro membro, e eu estou disposta a ir. Por que vocês simplesmente não aceitam minha ajuda?

     - Lyra, você não tem expêriencia suficiente! E pare pra pensar, se Thalia e Nico quisessem sua companhia, eles teriam te defendido. – apontei. Ela fez um som que soou muito como um rosnado.

     - Eu. Não. Ligo! Estou cansada de ficar sentada na minha cama, feito uma inválida! Essa missão também é minha, e eu me recuso a ser deixada para trás. Não me interessa se vocês concordam com minha decisão, muito menos se vocês me querem lá. Eu vou, nem que tenha que arrastar seus cadáveres pelo caminho.

     Silêncio.

     Foi preciso muito auto-controle da minha parte para não pulverizar a garota ali mesmo. Eu não achava que meu ego fosse tão inflado quanto o dos Olimpianos, mas ninguém ameaçava meu Acampamento e saía impune. Mas eu não era o único que tinha o impulso de proteger o lugar que tinha sido uma casa para mim, então não entendi porque todos simplesmente se calaram, sem abordar a óbvia ameaça da indeterminada.

    Furioso, olhei para Lyra, e me surpreendi. Sua aura, antes quase inexistente, agora brilhava em um branco estonteante. Em questão de segundos, a garota simpática e doce que eu conhecera não existia mais. Tudo nela, desde sua expressão até sua postura, me lembrava de um predador. Ela parecia uma tigresa pronta para dar o bote.

     Eu tentei me mover, mas parei o movimento antes mesmo de começar. Olhando para suas feições determinadas, vi que seus olhos não eram mais coloridos, e sim brancos.

     Prestando atenção nos detalhes, percebi que seus olhos não estavam brancos exatamente. Não, as cores de suas íris burbulhavam e giravam entre si tão rapidamente que davam a ilusão de terem se mesclado em branco, em um tipo de efeito cor-luz. Eu me lembrei vagamente de Annabeth me dizendo que branco não era realmente uma cor, pois as outras cores na verdade se originavam da dispersão da luz branca. Eu nunca tinha realmente entendido o conceito, mas naquele momento, encarando os olhos de Lyra, eu finalmente compreendi o que ela me explicara.

     Tão rápido quanto começou, acabou. Lyra piscou, e de repente tudo voltou ao normal. Os campistas estavam sentados lá como se nada tivesse acontecido. Como eles podiam agir normalmente depois daquilo?

     - Bem, então está decidido. – Quíron falou. – Agora só precisamos descobrir para onde-

     - Como assim está decidido? O que está decidido?? – eu gritei.

     Quíron olhou para mim, confuso: - Os heróis que irão na missão, Perseu. – minha expressão deve ter falado por mim, porque ele continuou logo em seguida. – Thalia, Nico e Lyra.

     Meu queixo caiu. Eu encarei os conselheiros, chocado. Ninguém objetou. Ninguém argumentou. Eles simplesmente concordaram.

     Lyra parecia tão surpresa quanto eu.

     - Então  vocês vão... Me deixar ir? – ela perguntou.

     Quíron coçou seu queixo: - Sim, sim, claro.

     - O quê?! Não! – eu exclamei. – Vocês esqueceram de como nenhum de vocês queria que ela fosse? O que aconteceu- O que você fez com eles? – eu perguntei a Lyra.

     Ela gaguejou: - Eu não- eu não sei, nada, eu- Desculpe...

     - Vocês esqueceram o que aconteceu a cinco minutos atrás? Como nenhum de nós queria permitir a ida dela? – eu rugi.

     Thalia franziu o cenho: - Eu não esqueci, mas... Só não parece fazer sentido. Eu quero dizer... Quer saber, deixa pra lá. – ela desistiu.

     - Não, não, não vamos deixar pra lá! – eu insisti.

     Lyra falou mais alto do que eu: - Ótimo! – gritou, num tom agudo. Seu cenho estava franzido, mas ela tentava sorrir. Parecia tão confusa quanto eu, mas suponho que não fosse o suficiente para que não aproveitasse a situação. – Agora nós só precisamos descobrir pra onde ir, e pronto! Onde conseguimos isso?

     - Você tem que estar brincando. – eu comentei.

     - Perseu, a garota foi escolhida para ir. – Quíron me lembrou. – Deixe-a ir.

     Ela não foi escolhida!, eu queria gritar. Mas sabia que ninguém ia me ouvir. Essa reunião ficava pior a cada segundo.

     - Tá. Tanto faz. – engoli minhas opiniões pela segunda vez. – Deem uma profecia para a garota, ponham o futuro de todo o Acampamento nas mãos da novata. Quem liga se todos nós morrermos por causa disso.

     - Uma profecia! Isso! – disse, subitamente animada. – Ok, como eu...? – ela deixou a pergunta se perder no vazio.

     Rachel sorriu com facilidade, levantando-se, e eu me peguei boquiaberto com a ridicularidade da situação mais uma vez. Como Lyra conseguiu ser aceita tão facilmente?

     - Acho que agora é minha hora de brilhar. – brincou. Lyra de repente parecia muito propensa a desistir de toda a missão, mas deu alguns passos para a frente, e encarou Rachel em silêncio.

     - Bem? – perguntou Nico. – Vamos logo com isso.

     Lyra ficou vermelha: - Eu não sei- O que eu tenho que fazer?

     Eu suspirei, mas Rachel respondeu como quem fala com uma criança: - Pergunte alguma coisa do tipo ''Oráculo, qual é meu destino'', ou ''Me dê uma profecia''. Não precisa ser muito específica, na verdade.

     Lyra franziu a testa, mas seguiu as ordens de Rachel: - Oráculo, mostre-me o meu destino. – ordenou.

     O olhar de Rachel se tornou vidrado, como se ela não estivesse mais ali. Lyra mexeu nervosamente em sua pulseira, e a sala inteira pareceu congelar em antecipação.

     E nada aconteceu.

     Rachel continuou encarando o nada, e todos nós encarávamos Rachel. Depois de algum tempo, Lyra se inclinou levemente e tocou Rachel no ombro.

     - Tudo bem?

     Rachel não respondeu por alguns segundos, mas então um calafrio percorreu seu corpo e ela sacudiu os braços: - O que eu disse?

     - Bem, nada. – falou Thalia, parecendo confusa. – Você não falou nada.

     - Nada? – Rachel arregalou os olhos. – Nenhuma palavra?

     - É... Não. – concluiu Clarisse, parecendo mais entediada que antes.

     - Mas... Mas eu não estava aqui. Eu não lembro de nada.

     - Provavelmente um sinal de que nós deveríamos cancelar a coisa toda. – eu falei, esperando que alguém concordasse comigo. Eu não acho que eles ao menos me ouviram.

     Lyra mexeu no cabelo, mortificada: - Eu devo ter feito alguma coisa errada-

     Rachel se virou, e seu olhar me disse que havia uma tempestade de raiva se formando dentro dela: - Algo errado? Acho pouco provável que você consiga errar algo tão simples quanto dizer ''Qual é meu destino?'', Lyra. – A novata gaguejou com a intensidade da fala. Rachel suspirou e fechou os olhos. – Desculpa. Por que você não tenta de novo?

     - Tá. Uh. Oráculo, qual é o meu destino? – ela falou devagar, enunciando cada palavra cuidadosamente.

     Dessa vez, Rachel nem pareceu ser afetada. Ela fechou os olhos por um instante, e os abriu novamente, grunhindo em frustração.

     - Isso é ridículo! Eu nem senti o Oráculo ocupando minha mente!

     - E se eu e Nico tentarmos? – Thalia sugeriu. Rachel acenou.

     Então eles tentaram. Mas não adiantou. Rachel continuou completamente normal, completamente presente, e nós não ganhamos nenhuma profecia. Os conselheiros murmuravam entre si, tentando descobrir o que isso significava.

     - Isso é provavelmente um sinal de que nós não devíamos apostar nessa missão. – eu tentei de novo. Clarisse se exaltou.

     - Você já deixou claro que não quer que essa missão aconteça, mas isso não significa que-

     - Não, ele está certo. – Rachel disse. Todos os olhares se voltaram para ela. – Não podemos mandar campistas para fora do Acampamento às cegas. Eu... Eu preciso falar com Apolo. Eu vou para o Olimpo imediatamente, e até lá... Mantenham tudo o mais normal possível por aqui.

     Os conselheiros acenaram enfaticamente, e Quíron bateu seu casco no chão: - Então está decidido. A senhorita Dare vai para o Olimpo, e quando ela voltar, decidiremos o que será dessa missão. Eu me encarrego de informar Annabeth sobre as decisões dessa reunião. Conselho dispensado.

     Enquanto todos se levantavam para ir embora, a voz de Rachel cortou o silêncio mais uma vez: - Ah, e pessoal... Acho bom lembrar que tudo que aconteceu aqui hoje deve ficar apenas entre nós, certo? Afinal de contas, o que nós sabemos só vai assustar ainda mais os campistas.

     Fora da Casa Grande, os campistas se dispersaram rapidamente, mas eu consegui alcançá-la antes que ela sumisse de vista. Agarrei-a pelo pulso e a forcei a olhar para mim. Encarando seu olhar surpreso, eu praticamente rosnei:

     - Agora, me explique exatamente o que, em nome de Hades, aconteceu lá dentro, Lyra Fortune.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?? Por favor, deixem sua opinião. Aliás, alguns de vocês já me elogiaram pelo tamanho dos meus capítulos, que ''não eram nem muito pequenos nem muito compridos'', então eu também gostaria de saber o que vocês acharam desse. Honestidade, por favor!

Beijos, Lii..