Obsession escrita por Li_VA, Lyra Black Pevensie


Capítulo 20
Drumming Song


Notas iniciais do capítulo

Viu? Eu disse que não ia deixar vocês com um hiato gigantesco de novo. Esse capítulo foi surpreendentemente fácil de escrever, principalmente pela aparição especial. Vocês vão ver.
Agora, algo importante: Quando eu postei o último capítulo, alguma coisa deu errado, e a história ficou impedida de ser acessada por alguns minutos. Eu já consertei isso, mas se você tentou ler nesse meio tempo e acabou desistindo, passe lá agora. O capítulo vem diretamente antes desse: ''Explode''.
E por último: essa música geralmente é usada com propósitos românticos, mas eu usei ela pensando na intuição de certas pessoas, aquele sexto sentido, por assim dizer. Pensem nisso.
Beijos, e boa leitura.



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Existe um barulho em minha cabeça que me joga no chão
Juro que você poderia ouvir, faz um som tão poderoso
Mais alto que sirenes, mais alto que sinos
Mais doce que o céu, mais quente que o inferno

– Drumming Song, Florence + The Machine

PDV Percy Jackson


– Não, não, pode voltar.


Ryuu olhou para mim, praticamente implorando com os olhos. Ele estava a quase uma hora tentando entrar na água, principalmente porque as náiades ficavam rindo e o chamando para brincar. Ele fez um barulho que soou como um acidente de carro, e eu nem me dei ao trabalho de encolher, apenas olhando para ele.

– Fazer barulho não vai me fazer mudar de idéia.

Ele grunhiu e finalmente se deitou na grama, longe de mim. Revirei os olhos. Um pouquinho de diversão não valia estragar todo o motor dele. Fiz uma nota mental de pedir a Hefesto para consertar isso. Em circunstâncias normais, eu estaria irritado, mas não hoje. Me ajudava a não pensar na conversa que tive com Thalia dois dias atrás.

Não tínhamos conversado desde então, e por mais que eu odiasse, era melhor que continuasse assim. Eu era imortal e ela não – pelo menos, não mais. Desde os doze anos, quando vim para o Acampamento pela primeira vez, eu tinha ouvido campistas falarem sobre como os deuses arruinaram seus pais e sobre como a distância tinha levado os mortais à loucura.

Eu nem sabia o que sentia por Thalia, e não valia a pena arrancar a sanidade dela para descobrir.

Ninguém ficou mais surpreso do que eu quando ela quase me beijou aquele dia, na cabine de Zeus. Afinal de contas, ela era uma Caçadora de Ártemis – uma deusa sobre a qual eu não queria nem pensar no momento, e que devia estar morrendo de vontade de me ferir seriamente.

O som das náiades rindo me tirou de meu estupor. Olhei para minha direita, e vi que Ryuu estava sentado na mesma pedra que elas, muito mais perto da água do que eu gostaria.

– Maldito seja. – resmunguei. – Ryuu, volte aqui, seu dragão imbecil!

– Dia ruim, milorde?

Me virei num pulo, e meu coração parou por um segundo ao vê-la ali, de braços cruzados e um olhar divertido no rosto.

– Rachel!

Ela riu, e antes que eu percebesse, me vi abraçando ela. Eu não precisava nem olhar para saber que ela estava sorrindo: - Senti sua falta também. – murmurou no meu ouvido.

Me afastei o suficiente para olhar ela nos olhos: - O quê você está fazendo aqui? Eu achei que você estivesse estudando!

Ela olhou para baixo e sorriu, estendendo a mão. Franzi o cenho, confuso, mas depois vi que Ryuu estava aos pés dela, olhando para mim com expectativa. Eu não pude deixar de sorrir também, e acenei com a cabeça. Ryuu se comprimiu em sua forma Alfa, e escalou Rachel tão rápido quanto eu teria piscado. Ele se sentou na mão aberta dela e a mordeu suavemente.

– Bem... - começou, respondendo minha pergunta anterior. – Eu estava, mas eu senti um... Chamado.

– Um chamado? – ergui as sobrancelhas.

Ela revirou os olhos para meu ceticismo: - Eu não espero que você entenda, mas eu senti que minha presença aqui era necessária. Então, esperei meus pais viajarem e falei que ia passar uns dias na casa de uma amiga. – ela deu de ombros – Eles não suspeitam de nada.

– E sua escola?

– Para eles, eu estou sofrendo de um caso raríssimo de exaquecas enquanto luto com uma febre de quarenta graus. Atestado de uma semana.

– E como você conseguiu isso? – perguntei, impressionado.

Ela corou: - Apolo talvez tenha me ajudado.

Sorri de lado: - Apolo te ajudou?

Ela bufou: - E isso importa?

– Na verdade não. O que importa é que você está aqui.

Ela me mandou um daqueles sorrisos que quando estávamos namorando, me diziam que eu tinha feito algo certo, e se sentou do meu lado, acenando para as náiades. Elas sorriram de volta.

– Então, o que aconteceu por aqui desde que eu fui embora? – perguntou.

Olhei para baixo, um pouco afetado com a lembrança: - Bem... Já que perguntou, alguns dias atrás, uma campista foi encontrada morta na floresta. Foi provavelmente o que fez você vir.

Rachel me encarou, choque escrito em suas feições: - Morta?? Como isso aconteceu?

– Ainda estamos tentando achar o culpado, mas-

– Culpado? – a voz de Rachel estava mais estridente do que o normal – Ela foi assassinada? Como... Por quê?

Balancei a cabeça: - É isso que todos nós queremos saber. Numa nota ligeiramente menos mórbida, uma garota esteve na enfermaria por uns dois dias; ela saiu ontem. A coisa é que, não sabemos direito o que aconteceu com ela. Parece que ultimamente, coisas tem acontecido e ninguém sabe dizer o porquê.

– O que aconteceu?

Suspirei, passando uma mão pelo meu cabelo: - Ela estava treinando com um garoto, e de repente ela teve um tipo de... Sei lá. Ela caiu no chão gritando como se estivesse morrendo, mas não tinha nenhum arranhão no corpo.

Rachel levantou uma sobrancelha: - Você checou?

Eu bufei: - Muito engraçado, Rach.

Ela riu, se apoiando no meu ombro.

– Mil perdões, milorde.

Revirei os olhos ao termo mas não falei nada. Soava respeitoso, mas não tanto quanto senhor, embora provavelmente fosse mais. Percebi, surpreso, que eu até gostava do título.

– Eu podia até reclamar, mas eu queria que todo mundo me tratasse com o mesmo respeito. – falei. Ela me olhou, sem entender. – Ah, tem um garoto por aí que me irrita até a alma. Eu nem sei explicar, eu só tenho vontade de bater nele quando o vejo, e acho que o sentimento é mútuo.

– Qual o nome dele?

Eu não via como isso era relevante para a conversa, mas respondi mesmo assim: - Damon Stark.

Rachel se levantou imediatamente, sentada rigidamente, sem se apoiar em mim. Franzi o cenho: - O que foi?

Ela ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder, mudando de assunto nada sutilmente.

– Posso fazer uma pergunta?

Dei de ombros.

Ela sorriu: - Como vai Thalia?

Congelei aonde estava: - Eu não- Por que você-

Ela apontou para a cabeça: - Oráculo, lembra?

Suspirei. Claro.

Ela levantou rapidamente, derrubando Ryuu no processo, e me cutucou com o pé quando não fiz o mesmo: - Anda.

Por um segundo, tive medo de que ela fosse me obrigar a falar com Thalia: - ‘’Anda’’? Posso perguntar aonde vamos?

Ela olhou para mim como se a resposta fosse óbvia.

– Você vai me apresentar a esse tal de Damon, lógico.

* * * * *

Andamos calmamente pelo Acampamento, vários campistas nos olhando surpresos. Eu tinha usado meus poderes para localizar Damon, e o encontramos conversando com a indeterminada que ele tinha mandado para a enfermaria. Ele parecia confuso, e ela gesticulava raivosamente.

– Damon! – chamei. Ele me reconheceu e sua expresão caiu.

– O que você quer?

A garota foi mais educada: - Eu- Ah. Senhor. – ela se inclinou levemente.

Fiz um gesto com a mão, e ela se levantou: - Qual seu nome?

Ela pareceu surpresa, mas respondeu rápido: - Lyra. Fortune.

– Vou te fazer um pedido: não me chame de senhor. Faz eu me sentir velho. – brinquei. Ela sorriu um pouco, hesitante, e acenou.

– Use milorde. – acrescentou Rachel. – Ele gosta.

Olhei com uma cara feia para ela, que apenas riu e estendeu a mão para o semideus: - Você é Damon, não é? Percy me contou sobre você.

– Talvez você devesse arrumar outras fontes. – ele falou, apertando a mão de Rachel. Para mim, aquilo soou rude, mas acho que Rachel se divertiu.

– E você... Lyra, certo? Eu sou Rachel.

Lyra estendeu a mão: - Prazer te conhecer.

– Igualmente. – Rachel sorriu, e apertou a mão dela.

Então, seus olhos ficaram vazios enquanto ela caía no chão.

– Rachel! – exclamei, a pegando segundos antes dela bater a cabeça. Os dois campistas apenas olharam em choque, sem saber o que fazer.

Antes que eu pudesse entrar em pânico, Rachel abriu os olhos e minha visão ficou turva. Os olhos dela, antes de um verde opaco, agora brilhavam tanto quando esmeraldas à luz do sol. Acabei ficando feliz quando ela não dirigiu aquele olhar a mim, e sim para a outra garota.

– Fortune, huh? – perguntou, numa voz que mandou calafrios para minha espinha. Ela a voz dela, mas ao mesmo tempo parecia mais... Antiga. Mística. – Sobrenome interessante.

Lyra piscou, surpresa: - Uh. Obrigada?

Finalmente a soltei, hesitante: - Você está bem?

Mas ela me ignorou, completamente focada em Lyra. Ela deu um passo à frente, e a garota automaticamente deu outro para trás. Damon se afastou sutilmente.

– Lyra, passe pelo meu quarto qualquer dia. Eu acho que temos muito o que conversar. – falou, ainda naquela voz hipnótica.

– Claro. – Lyra concordou, não parecendo nem por um segundo que queria conversar com Rachel.

– Rachel, eu acho que... – comecei, mas fui interrompido.

Eu senti o choque de energia antes de ouvir o grito que o acompanhou. Assim como naquele dia, eu me senti compelido a chegar mais perto, descobrir a fonte de tanto poder. Olhando ao redor, vi que não era o único – dezenas de campistas se aproximavam, enfeitiçados, efetivamente me impedindo de ver o que se encontrava no meio da multidão.

Lyra deu um passo à frente, mas logo parou. Damon não teve tanta sorte, e já se encontrava a metros de distância.

– O que... O que é isso?? – perguntou ela, como se fosse difícil falar.

Balancei a cabeça, olhando para Rachel. Ela ainda não tinha voltado ao normal – se tudo, seu olhar era ainda mais brilhante, e uma névoa verde seguia seus movimentos – mas ela não parecia possuída pelo Oráculo, como acontecia logo antes dela recitar uma nova profecia.

Ela parecia ciente do que estava acontecendo. Me puxou suavemente pelo braço, e pela segunda vez aquele dia, disse: - Anda.

– Rachel. O que está acontecendo? – perguntei. Era quase impossível resistir ao impulso de me aproximar agora.

Antes que ela pudesse responder, uma voz ecoou pelo ar. A mesma voz fria e paralizante que eu ouvira no dia que Thalia se machucou, na floresta.

– Boa tarde, Acampamento.

Finalmente, cedi. Corri por entre os semideuses. Minhas pernas apreciavam o movimento, e a cada passo, me sentia mais furioso e disposto a bater em alguém. Quando empurrei o ultimo campista, parei.

Dois adolescentes se encontravam de pé, a vários metros de distância. Nenhum campista se atreveu a chegar mais perto, e eu entendi o porquê. O poder emanando deles formigava pela minha pele, e eu sabia que se eu, um deus, chegasse perto, as consequências não seriam boas. Não conseguia nem imaginar o que aconteceria se um mortal (ou meio mortal) fosse perto demais.

– Vocês querem respostas – o garoto se pronunciou novamente, e tensionei os punhos. – e nós as temos. Primeiramente, podem me chamar de Victor. E ela – apontou para a garota que se apoiava em seu ombro, completamente calma. – responde por Diana.

– O prazer é todo meu. – zombou a garota, abrindo um sorriso.

– E por último, mas não menos importante – o garoto retomou. – Eu sou o responsável por matar Drew Tanaka.



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Notas finais do capítulo

Huh?? Huh? E aí, o que acharam?
Deixem reviews, please.