Obsession escrita por Li_VA, Lyra Black Pevensie


Capítulo 17
Untitled


Notas iniciais do capítulo

Ei pessoas! Bem mais rápido do que a última vez, não?? Eu tentie postar desde anteontem, mas minha net deu pau e eu quase me matei, enfim, detalhes.
Eu tô tentando escrever alguma coisa aqui, mas eu só tô conseguindo formar as frases em inglês, então deixa quieto. Espero que gostem!



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Eu cometi meus erros,

Não tenho para onde correr,

A noite continua, a medida que desapareço.

- Untitled, Simple Plan

               PDV Damon Stark

     Eu estava fudido.

     Eu já tinha estado nessa mesma situação por incontáveis vezes. Um intermediário chega e diz: ‘’Fulano quer falar com você.’’ Você vai até fulano, e fulano te dá uma bronca.

     Pior quando fulano é seu pai.

     E seu pai é um deus.

     Mas eu não ia fugir nem evitar, eu ia falar com ele. Se fosse pra levar uma bronca, que fosse logo. Eu respirei fundo antes de entrar na sala dele, e ser envolvido pelo cheiro de vinho.

     - Você queria falar comigo? – mantive minha voz estável.

     - Sim, eu queria. – ele falou. Ele apoiou na mesa, abriu a boca, mas a fechou de novo. E depois começou a falar, como se não fosse grande coisa. Admito que eu tinha esperanças. – Eu te chamo aqui. Te dou uma arma. Você reclama da arma, mas mal sai e já usa ela. Depois vai para a Arena. E usa um poder que eu te avisei pra não usar. E deixa uma garota doida. Então, eu queria perguntar... QUAL O SEU PROBLEMA?

     - Eu sou uma pessoa... Impulsiva.

     - Impulsiva? IMPULSIVA? Eu sou impulsivo, mas não pulei no seu pescoço nesse exato momento. Eu estou aqui. Me controlando. Você não poderia ter feito isso??

     - Eu... Eu não, não foi, eu... – gaguejei e bati na minha cabeça mentalmente, por ser tão idiota. Engoli em seco. - Não foi culpa minha!

     - Jura? Porque a arma era sua, e parece que foi um pouquinho culpa sua.

     - Eu não fiz nada! Eu só estava lutando e de repente aconteceu! Não consegui controlar, eu nem percebi o que tinha acontecido! – preferi não mencionar o sentimento de que eu podia fazer tudo para ganhar dela na luta.

     Ele não falou nada, apenas se sentou e ficou lá. Eu bati os dedos na mesa, impaciente. Se fosse me castigar, porque não fazia isso logo? E que tipo de ‘’castigos’’ eles tinham nesse lugar?

     Quando ele levantou a cabeça, estava recomposto: - Me dê o tirso.

     - O... Ah, o pau de macumba?

     - Não brinque comigo, Damon. Não agora. – ele falou, e eu acho que ouvi um rosnado algum lugar perto dele.

     Eu peguei a pulseira e olhei para ela. Era até maneirinha. Mas eu arranquei e botei à frente dele.

     - O que eu fiz foi um erro. Você vai até a Arena, e vai arrumar uma arma para você. Uma espada. Uma faca. Algo normal. Não era o que você queria? E espero que consiga lidar com as consequências de seus atos – vai ter que lidar com muito mais do que só o castigo.

     - Olhares tortos, e sussurros às costas? Consigo lidar com isso.

     - Só tome cuidado quando for treinar. – ele falou, e não parecia nem um pouco que queria que eu tivesse cuidado. – Agora saia. E eu sugiro que visite Lyra na enfermaria. Ver o que você fez.

     - Beleza. – falei. Sai da sala. Correu muito melhor do que eu esperava. Decidi o que fazer depois: Eu ia ver Lyra.

     Fui até a enfermaria, e percebi do canto do olho que todos me lançavam olhares assustados, ou raivosos. Eu não liguei para nenhum deles.

     Abri a porta da enfermaria sem fazer barulho, mas não tinham muitas pessoas dormindo. Haviam uns três garotos sendo enfaixados, ferimentos pequenos, e apenas uma pessoa deitada no último leito. Andei até lá, convencido de que era ela.

     - Você não pode chegar perto dela... – falou uma mulher do meu lado.

     Eu ignorei ela e continuei andando.

     - Menino, você não me ouviu? Você não...

     - Me poupe. – interrompi. Sentei na cama ao lado dela, e a observei. Ela dormia, completamente pacífica. Eu imaginei porque eu não podia chegar perto. Toquei gentilmente o braço dela e olhei para a enfermeira.

    - Ela vai ficar bem, não é?

     Ela me encarou: - Você foi quem a deixou assim. Porque você se importa?

     - Eu não posso ter outra morte na minha consciência. – falei, antes que pudesse me segurar.

     Ela arregalou os olhos e se afastou de mim. Eu me amaldiçoei mentalmente por ter falado mais do que devia. Lyra grunhiu em seu sono.

     - Saia. – a enfermeira falou. Eu pensei em como tentar me desculpar, em como consertar aquilo. – Agora.

     - Não, olha, eu não quis dizer isso...  – eu comecei a ficar nervoso, mas tentei não demonstrar. Lyra grunhiu de novo e se remexeu.

     - Não, saia daqui agora. Você está agitando ela.

    - Eu... – olhei para baixo e ela ainda parecia completamente em paz pra mim. Não foi até que ela começou a tremer que eu percebi que eu realmente tinha que ir.

     Saí de lá antes que a enfermeira tivesse chance de dizer mais alguma coisa. Olhei ao redor e vi que todos olhavam para mim. Não me senti forte ou poderoso, como teria sido normalmente. De repente eu só me sentia cansado. Até eles, que eram diferentes, que eram apenas metade humanos, tinham encontrado um lugar seguro, um lugar em comum. Normalidade.

     Será que eu algum dia ia encontrar isso?

     Suspirei.

     Fui andando lentamente por entre as árvores. Só queria ficar sozinho. Na verdade eu só queria bater em alguém, mas não ia me arriscar depois do que aconteceu hoje. Parei em frente à uma árvore, encarando-a. Depois dei um soco nela. A madeira quebrou um pouco e meu punho imediatamente começou a ficar roxo. Sacudi a mão e suspirei novamente.

     Dei mais um soco. E outro. E outro. E continuei batendo na árvore até achar que minha mão ia quebrar. Mas pelo menos funcionou, eu tinha me distraído um pouco, e tinah liberado um pouco da raiva.

     Porque eu? Foi tudo que eu consegui me perguntar. Porque tinha que ter sido eu? Eu nunca tinha feito mal a ninguém, nunca tinha feito nada de errado, sempre fui o garoto de ouro, o filho perfeito, o namorado perfeito-

     Estremeci. Aparentemente não, pensei.

     Eu não pertenço a lugar nenhum, pensei. Eu nunca pertenci, e nunca vou pertencer.

     Me permiti viajar até aquela época de novo, a época onde tudo na minha vida era supostamente perfeito.

     Só que nunca foi.

     Eu era o filho que todo pai queria ter. Fazia o dever de casa, tirava notas boas, nunca peguei detenção um dia da minha vida. Era educado com os adultos, ajudava nas tarefas em casa, fazia minha cama depois de levantar.... Também era o namorado que todo mundo queria ter. E eu digo todo mundo porque alguns meninos tinham quedas em mim, mas tanto faz. Isso não é importante. Enfim, eu era perfeito. Nunca tratei as meninas mal, porque minha mãe me ensinara melhor. Era gentil, realmente me importava com elas, e nunca as pressionei demais na coisa de sexo.

     Mas isso tudo era só uma fachada.

     Por dentro, eu era um adolescente mal-humorado, que não ligava pra ninguém nem pra nada. Por mim, eu nem ia pra escola, vivia sozinho com meu iPod com rock pesado, e mandava todo mundo se fuder quando chegassem perto.

     Mas meus pais me seguravam.

     Eu me importava demais com eles para decepcioná-los. Eles sempre me deram tudo do bom e do melhor, quase nunca brigavam comigo, e não eram os pais controladores e chatos dos quais eu ouvia meus amigos reclamarem todo dia. Eles confiavam em mim, e eu confiava neles.

     Então, toda vez que eu entrava numa sala de aula e me preparava para uma hora chata de física, ou matemática, ou história, eu pensava neles, e em como eles queriam que eu fosse alguém na vida, e imaginava o rosto deles se enchendo de orgulho, contando aos amigos ‘’Meu filho entrou na faculdade. Ele vai ser um engenheiro dos melhores.’’

     Eu suportava isso por eles.

     Eu vivia essa mentira todo dia, por eles.

     E toda vez que eles recebiam meu boletim e sorriam pra mim, valia a pena.

     E eu comecei a me acostumar com a idéia de entrar para a faculdade para passar o resto da minha vida fazendo algo que eu não quero fazer – porque eu não queria fazer nada -, só para agradar meus pais. Eu comecei a virar o garoto perfeitinho, e por um tempo, tudo ficou bem.

     Até o dia em que eu conheci Lyra.

     - Damon? Damon, é você??

     Me virei, assustado, com os punhos na frente do peito. Era só aquela garota, a que eu tinha visto chorando na praia outro dia.

     - Ah, é você. – falei. Fiquei sem saber o que eu devia fazer. Ir embora? Falar com ela? Perguntar como ia o namorado?

     - O que você está fazendo aqui? – ela perguntou.

     - Eu podia te perguntar a mesma coisa.

     Ela franziu, pensativa. Senti uma vontade de perguntar o que tinha acontecido. E depois senti uma vontade de socar a árvore de novo, por me importar com ela em primeiro lugar.

     - Você viu Drew?

     Foi minha vez de franzir: - Quem?

     - A líder do chalé de Afrodite. Um garoto chegou mais cedo, quando estávamos conversando, e foi tão... Estranho. Ele-

     - O que te faz pensar que eu me importo?

     Ela se virou pra mim, irritada: - Hã, não sei, você perguntando?

     - Bem, você está errada. – ignorei o que ela disse. – Eu não me importo com nada disso, nem com você. – eu falei mais pra convencer a mim mesmo, mas ela não pareceu notar.

     Ela se virou para sair, mas mudou de idéia.

     - Sabe, qual é seu problema? Porque você tem que ser tão amargo, com essa sua atitude de ‘’eu não ligo pra nada’’?? É muito irritante!

     - Eu tenho meus motivos. E eles não interessam a você.

     - Bem, eu gostaria de saber porquê! – ela gritava agora, a raiva aumentando a cada segundo. Eu não sabia se queria socá-la por ser tão irritante, ou abraçá-la por se importar comigo.

     Você não pertence a lugar nenhum. Nunca pertenceu e nunca vai pertencer, me lembrei.

     - Nesse caso sinto muito. – falei, antes de ir andando mais para o fundo da floresta.


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Notas finais do capítulo

E aí?? No próximo capítulo, PERCALIA. Hm, de novo, as frases na minha cabeça tão todas em inglês. Tradução comofaz.
AH, e queria recomendar que escutassem Panic! At the Disco. Eu ando meio viciada neles, e foram eles que me seguraram nesse perído de abstinência.
Beijos!