Beautiful & Dirty Rich escrita por Abbey B


Capítulo 36
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Vocês me desculpam pela demora? É que eu fui obrigada a passar uma semana no interior com meus parentes e lá a internet era péssima e eu nunca tinha tempo - ou privacidade - pra escrever e postar. Infelizmente, só poderei postar na próxima terça. Foi mal, de verdade.



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XV. Meninos também fazem planos malignos. Ou nem tanto.

   Brendon se sentou em um dos largos e macios sofás de camurça desgastados da biblioteca, segurando uma caneca térmica com o brasão de Maryon estampado cheia de cappuccino. Ajeitou os óculos e deixou a caneca sobre a mesinha de centro comprida que havia entre os dois sofás. Olhou ao redor, levemente nervoso, à espera de Nikki para a sua primeira aula juntos.

  Ela não demorou muito pra aparecer, usando shorts – apesar do frio outonal que fazia lá fora – um suéter preto que era alguns números maior que o seu, que poderia deixar uma garota com aparência desleixada, mas não a Nikki. Ela tinha o dom de deixar qualquer roupa descolada.

  Nikki lhe deu um simpático sorriso e ocupou o lugar vago ao lado de Brendon.

- E aí, parceiro? – brincou.

- E aí... – ele respondeu, sem saber realmente o que falar. Para sua sorte, Nikki não parecia ter a mesma dificuldade que ele para preencher silêncio.

- Tudo bem? Você parece preocupado...

  Merda, pensou Brendon, sou tão óbvio assim? Bem que o Hayden disse que só faltava escrever “nervoso” na minha testa. Tentando disfarçar, ele pegou sua mochila e tirou seu caderno de dentro.

- Então – gaguejou – Quer café? Acho que ele mudaram a marca do cappuccino pois esse está mais fort...

- Brendon – ela o interrompeu, risonha – Essa foi a pior tentativa de distração do mundo.

  Ele a encarou por alguns segundos antes de baixar os ombros.

- É, você tem razão – concordou. Nikki riu baixinho enquanto tirava um caderno de dentro de sua bolsa de grife. Ela folheou o caderno por algum tempo antes de parar em uma folha cheia de cálculos monstruosos. Física. Matéria na qual Brendon era bom, mas sem ser um grande nerd. Para ele, era muito mais fácil lidar com cálculos, lógica e raciocínio do que as próprias emoções.

- Vamos começar com Física? Eu sou péssima – ela riu de si mesma.

- C-Claro – Brendon se aproximou para olhar melhor o caderno de Nikki. Sem querer, seu peito encostou no ombro dela. Os dois se entreolharam e Brendon se afastou, tenso:

- Me desculpe – murmurou.

- Relaxa – ela riu. Mas o sorriso desapareceu de seus lábios e ela perguntou, depois de um intervalo silencioso – É por causa do Blake, não é?

  Brendon pensou em negar e inventar uma desculpa qualquer, mas havia uma preocupação tão sincera nos olhos de Nikki que ele não conseguiu mentir.

- Mais ou menos. Ele te contou a história? – quis saber.

  Nikki deu um suspiro de frustração.

- Não. Só me disse que vocês eram muito amigos e brigaram há alguns anos atrás.

  Brendon suspirou internamente, aliviado. Pelo menos Blake ainda tinha algum bom-senso.

- É – ele disse, por fim – Pode-se dizer que foi mais ou menos isso.

- Ah – ela fez.

  Os dois se entreolharam e Brendon viu em Nikki um ar tão absurdamente familiar que o fez se perguntar como não tinha notado antes. Aquele jeito descolado, despreocupado, seguro e brincalhão. O comportamento “filhinha de papai meio rebelde” que era um tanto charmoso. Era tão parecido com ela.

  Addison.

  Era quase um absurdo que duas garotas podiam ser tão parecidas.

  Aquela saudade dolorida latejou no peito de Brendon. Ele sentia tanta falta dela.

  Brendon se sentiu mais à vontade quase que instantaneamente, pensando em como foi idiotice não querer estudar com Nikki só por causa de Blake. Além de não conhecê-la direito, ele estava a julgando ser igual ao Blake. Mas ela não era. Não podia ser.

  E então ele engoliu seco. Nikki era tão parecida com Addison a ponto de cometer o mesmo erro que a irmã mais nova e namorar Blake. Ele não podia deixar Nikki continuar com aquilo. Brendon precisava deixá-la longe de Blake. Mas... Como?

  Seu cérebro trabalhava febrilmente a procura de uma solução – ou seria uma salvação? – para Nikki. E quando seu olhar pousou no brasão do Maryon estampado na caneca, ele teve sua epifania.

  Se Nikki conhecesse um cara consideravelmente melhor que o Blake, talvez ela o esquecesse. E ele conhecia o cara perfeito para aquilo.

  Hayden.

  O Hayden era um tipo de ímã de garotas. Não só por ser bonitão, filho da diretora e popular. Hayden também era daquele tipo meio sem-jeito com as garotas, atrapalhado e brincalhão que elas tanto achavam “fofo”. Não tinha como não dar certo. Ele só precisava convencer seu melhor amigo, o que não seria muito difícil. Era só oferecer uma dose de uísque caro e um baseado que Hayden toparia até escalar a Estátua da Liberdade fantasiado de Naked Cowboy.

  E a festa de Halloween seria dali a duas semanas. Era a oportunidade perfeita.

*

  Alison ajeitou a pilha de papéis e entregou-a para Scott. Ela havia cumprido a promessa de voltar para ajudá-lo. Mas Scott a fez prometer que não iria matar aulas, claro. Scott pegou os papéis que ela lhe entregara e os colocou dentro de uma pasta.

- Tem certeza de que você realmente quer continuar fazendo isso? – Scott perguntou, arqueando uma sobrancelha.

- Claro – Alison se apressou em responder. Pegou outra pilha de papéis e começou a analisar, pois todas as fichas datadas de 2005 para trás iam direto para a máquina de picar papel – Não estou perdendo nada de interessante.

- E as suas amigas?

  Alison sentiu uma sensação incômoda se instalar na boca do estômago. Como ela explicaria para o Scott que desde que Kayla foi embora, ela não tinha nenhuma amiga? Como explicar que as garotas com quem andava durante as aulas eram apenas... Colegas?

- Minhas amigas são bem ocupadas. Nem sentem a minha falta – Alison forçou uma risada. Ela notou que Scott a examinava com aqueles olhos profundamente azuis e baixou os olhos, checando as datas das fichas que estavam sobre seu colo.

- Certeza? – ele perguntou.

  Alison se limitou a balançar a cabeça afirmativamente.

  Scott se espreguiçou em sua cadeira e foi até uma grande e velha estante onde um rádio antigo chiava uma música péssima. Ele trocou de estações até parar em uma onde tocava uma música que Alison reconheceu, ele mudou para a próxima estação, mas Alison pediu:

- Volte, por favor.

  Scott voltou as estações e deixou na música, que Alison particularmente adorava. Ela ficou cantarolando baixinho até que Scott perguntou.

- Gosta dessa música?

- Muito. Eu fui criada ouvindo músicas antigas. Britney Spears e Rihanna não entravam lá em casa, sabe... – riu.

- É muito difícil ter pais professores e, agora, uma mãe diretora? – Scott voltou para sua cadeira, estalando as juntas dos dedos.

- No começo era um pesadelo. Eu passava noites e noites sem dormir, estudando para conseguir notas altas. Eu era a nerd e o Hayden o cara dos esportes. Até hoje é assim.

  Alison entregou duas pilhas de fichas que havia separado e Scott mandou uma das pilhas para a máquina de cortar papel. Os dois ficaram em silêncio por algum tempo até que Alison resolveu perguntar alguma coisa:

- E você? Seus pais pegavam muito no seu pé?

  Scott hesitou um pouco antes de responder.

- Minha mãe nunca se importou muito comigo. Mas meu pai fazia a cobrança de sempre: boas notas, não se meta em confusão, não brigue na escola... – Alison teve a impressão de que o sorriso de lado que estampava o rosto de Scott estava ali com muito esforço, mas não teve coragem de perguntar. Ela havia acabado de separar outra pilha de fichas para serem picotadas e entregou para Scott.

  O professor esticou o braço e, sem desviar os olhos de uma ficha que estava lendo, pegou a pilha que Alison estendia, sua mão pousando exatamente sobre a mão da garota. Os dois encararam ao mesmo tempo as mãos sobrepostas e não se moveram um centímetro. Alison então foi antingida por aqueles olhos incrivelmente azuis e ofegou.

  Scott tirou sua mão com delicadeza e pigarreou.

- Me desculpe – murmurou de olhos baixos e retirando a mão rapidamente.

- Sem problema – Alison deu um sorriso fraco. Scott juntou todos os papéis em uma pilha e disse, passando as mãos nos jeans.

- Ah, está quase na hora do jantar. Eu acho melhor eu continuar com isso uma outra hora.

  Alison concordou e se levantou, ajeitando o uniforme. Scott contornou a mesa e foi até a velha estante desligar o rádio.

- Tudo bem eu voltar amanhã pra te ajudar? – ela perguntou.

  Scott abriu a boca para dizer alguma coisa, mas voltou a fechá-la. Alison encarou aquilo como um bom sinal. Não era um não, apesar de também não ser um sim. Deu um suspiro e se aproximou do professor.

- Até mais, Scott – ela se despediu, pondo-se nas pontas dos pés e beijando delicadamente o rosto de Scott. Alison sorriu e deixou a sala com o coração acelerado.


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Notas finais do capítulo

Hhhhhmmm.... Está oficialmente lançada a primeira dica sobre o mistério Brendon/Blake! Quem arrisca um palpite? Ai, ai, Alison já está começando a botar as asinhas de fora, como diz a minha mãe. Beijo.



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