Beautiful & Dirty Rich escrita por Abbey B


Capítulo 26
Capítulo 5.


Notas iniciais do capítulo

Ai, me apaixonei perdidamente pelo Blake depois desse capítulo, rs.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/133380/chapter/26

  5. Adolescentes ricos escondem grandes problemas familiares.

  Blake bateu três vezes na porta antes de ouvir a voz de seu pai do outro lado pedir para entrar.

- O senhor quer falar comigo, pai?

  Vincent Blakeney estava sentado atrás de sua pomposa escrivaninha, envolto em sua nuvem de fumaça rotineira. Ele descansou o charuto em um cinzeiro e cruzou os dedos na altura do queixo. Blake se aproximou e se sentou de frente para o pai, sem conseguir tirar os olhos do retrato que Vincent mantinha do seu lado esquerdo. Blake respirou fundo, tentando espantar aquela sensação incômoda do peito que surgia toda vez que ele encarava aquela foto de seu irmão sorrindo para ele.

- Bom – Vincent começou – Você sabe que a noite de hoje é muito importante para nós, Blake.

- Nós? Até parece...

  Vincent ignorou o comentário sarcástico.

- Algumas vagas para estágios no escritório do governador serão abertas no próximo mês e eu comentei sobre nosso interesse em uma vaga.

- Seu interesse, o senhor quis dizer.

- Então, por favor, Blake, não estrague nada – Vincent continuou, como se Blake não tivesse dito nada.

  Blake bufou, impaciente. Seu pai insistia em tratá-lo como se fosse uma criança e não ele gostava quando Blake expressava alguma opinião. Blake praticamente vivia em uma ditadura dentro de casa. Esse foi um dos principais motivos que o fizeram mudar para um colégio interno. O outro foi a parada da cocaína, coisa que Blake preferia esquecer.

- Então é isso? – Blake perguntou – Fingir ser o filho perfeito para não estragar seus negócios?

- Não, Blake. Você irá se comportar para que eu possa garantir seu futuro.

- E se eu não quiser o futuro que você está escolhendo para mim? – Blake se levantou, curvando-se ameaçadoramente sobre a escrivaninha – Você já considerou essa hipótese?

- Você é ainda é jovem, Blake. Mais para frente, você irá me agradecer por isso.

- Eu não quero isso!

- E o que você quer, Blake? – Vincent se exaltou, levantando-se com violência, fazendo as coisas sobre a escrivaninha tremerem – Festejar? Beber? Se drogar? A vida não será uma festa para sempre, Blake, aprenda isso! Vire um homem!

- E eu só serei um homem se eu seguir essa carreira estúpida na política?

- Estúpida? Mais de cinco gerações dessa família trabalharam na política, lutando por um país melhor e você diz que é estupidez?

- Para o inferno a tradição de família! Eu não quero isso!

- Blake! Blake, volte aqui!

  Blake bateu a porta com força, fulo da vida. Sua mãe estava parada no corredor, com lágrimas nos olhos.

- Quando vocês vão parar com isso, Blake? – perguntou Regina.

- Quando o papai aprender que eu não sou o Mason – disse Blake, falando de seu irmão mais velho.

- Aonde você vai, querido? – Regina seguiu o filho, que descia as escadas apressado.

- Pra qualquer lugar bem longe daqui.

*

 - O que você acha de preto? – Nikki saiu do provador, vestindo um Marchesa estilo babydoll, delicado e sexy ao mesmo tempo.

- Eu adorei esse. Mostra bem seu colo – disse Zoey. Ela deu um sorriso malicioso e arqueou as sobrancelhas – É para alguém especial, é?

  Nikki bateu-lhe com a bolsa-carteira. Zoey gargalhou e entrou no provador.

- Eu vou levar esse azul, e você?

  Nikki se olhou no espelho.

- Gostei desse aqui. E está num preço legal. Eu vou levar.

  Zoey bateu palmas.

- Você com esse vestido, minha querida, vai fazer o Blake se perguntar “Por que eu estou namorando de mentira com essa gostosa”?

- Cala a boca – disse Nikki. Ela sentiu seu celular vibrar no bolso da calça e riu ao ler o nome na tela – E por falar no diabo – atendeu – Olá namorado número 1.

- Olá querida – Blake respondeu, divertido – Já chegou em Nova York?

- Há algumas horas. Por quê?

- Nada.

- Ahã. Sei... – Nikki fez propositalmente – Bom, amor, eu estou ocupada. Nos falamos mais tarde.

- O que você está fazendo de tão importante que não te dá tempo para falar com seu namorado mais incrível do mundo?

  Nikki revirou os olhos.

- Adeus, Blake.

*

  Fanny caminhou apressada pelo corredor do Rosenhill e bateu na porta do 211. A amiga ruiva e alta da Nikki antendeu. Fanny quase não a reconheceu sem os óculos Tom Ford e, apesar de não gostar de admitir aquilo, ela era bem bonita. E tinha uma altura boa para ser modelo.

- Sim? – fez a ruiva, nada simpática.

- A Nikki está aí?

- Não – ela cruzou os braços – Ela não está. Qual o assunto?

- Treino extra amanhã à tarde. Pode avisar para ela?

- Ahã. Mas ela foi pra Nova York com o Blake e só volta amanhã à noite.

  De toda a frase, Fanny só conseguiu prestar atenção em uma coisa:

- Blake? Ela foi com o Blake?

- Sim. Por quê?

  Ok, ela até podia ser bonita, mas não era nada simpática.

- Nada. Obrigada.

- Não tem de quê – devolveu a ruiva, batendo a porta em sua cara. Fanny deu meia volta e marchou para seu dormitório.

- Vadia – sussurrou.

  Dentro do 211, Noah se acomodava em sua cama. Lançou um olhar para porta e murmurou com deprezo:

- Vadia.

*

  Nikki chegou no apartamento de sua mãe cantarolando. Cumprimentou as empregadas e foi para seu quarto, se jogando na cama. Deus, ela sentia falta até do cheiro de seu quarto. Acariciou os lençóis de algodão egípcio de 900 fios e abraçou o travesseiro de penas de ganso. Sentia falta do luxo, não podia negar.

  Brigitte apareceu na porta de seu quarto.

- Olá Srta. Nikki.

- Bri! – Nikki correu para abraçar a empregada. Deu vários beijos na bochecha rosada na mulher e a apertou – Senti tanta saudade!

- Fico feliz em saber disso, Srta.

- Onde está a minha mãe? – perguntou Nikki, estranhando. Não era do feitio de sua mãe não estar em casa para recebê-la.

- A sra. Catherine foi ao esteticista e ao salão.

- Claro. Um grande evento desses pede uma produção especial – Nikki bufou – Brigitte, minha querida. Lave o vestido? A seco. Preciso usá-lo hoje à noite – ela entregou a sacola.

- Sim. Mais alguma coisa?

- Hm... Sim. Por favor, um dos seus sanduíches maravilhosos de tomate e peru! – Nikki juntou as mãos como se rezasse. Brigitte riu e Nikki a acompanhou escada a baixo.

- Nikki!

 Não precisou de mais que um segundo para reconhecer Adam, o namorado de sua mãe. Ele parecia ainda mais lindo e bronzeado que nunca, mas o sorriso que ele deu causou calafrios em Nikki. Ela desceu os degraus restantes e Brigitte correu para a cozinha, deixando-os sozinhos.

  Porcaria.

- Oi Adam – ela gaguejou.

- Olá, bonita – ele cumprimentou.

- O que está fazendo aqui? – Nikki se afastou, apoiando-se na coluna que enfeitava o final do corrimão da escadaria e ela não pode deixar de notar que Adam se aproximou ao mesmo tempo.

- Eu moro aqui agora. Sua mãe não te contou?

  Nikki negou com a cabeça.

- Achei que só iria vê-la no Natal.

- Eu vou acompanhar minha mãe no jantar...

- Ah, o tal jantar do governador? Legal.

  Nikki deu um sorriso amarelo e os dois permaneceram naquele silêncio incômodo.

- Bom, eu preciso ir – disse Nikki, tentando se esquivar de Adam – Prometi à Brigitte que ajudaria a fazer meu sanduíche...

- Espere – ele segurou seu braço.

  Essa não, foi tudo o que Nikki teve tempo de pensar.

*

  Havia poucas coisas que Blake apreciava na alta sociedade, mas tinha que admitir que tinha alguma vantagem em todo mundo saber da vida de todo mundo. Foi preciso apenas de uma ligação para sua mãe para ele descobrir onde ficava o apartamento de Catherine Hastings. Ele precisava sair de casa e até que a idéia de infernizar um pouco a tarde de Nikki o agradava. Blake adorava ver Nikki reagir à sua presença, sua aproximação. Ele precisava se distrair, parar de pensar em seu pai e em sua loucura.

  Já no hall do edifício na Park Avenue, Blake se aproximou de um recepcionista para perguntar o andar onde ficava o apartamento.

- O apartamento da sra. Hastings fica no décimo quinto andar. Devo ligar para anunciá-lo, senhor?

- Não. Já sabem que estou aqui.

- Tudo bem. Tenha uma boa tarde, senhor.

- Valeu.

  Blake entrou no elevador e apertou o botão, uma campainha aguda tocou quando as portas se fecharam. Ele acompanhou os números acendendo no painel conforme passavam os andares. Outro “plim” tocou quando as portas se abriram e ele deu de cara com um hall muito bem decorado e iluminado. Entrou sem cerimônia e chegou onde provavelmente era a sala de estar. Era quase tão espaçosa quanto a de sua casa e tinha uma decoração moderna.

  Ele também não demorou a ver, no pé da escadaria, duas figuras. A mais alta era de um cara com pinta de ator de Hollywood pegador e a outra era Nikki. Blake não se importaria muito com a cena se o cara não tivesse segurando o braço de uma Nikki apavorada.

- Nikki? – ele chamou.

  Nunca Blake imaginou que um dia ele veria Nikki daquela maneira, assustada, frágil. Ela quase desmaiou de alívio ao vê-lo parado no final do corredor que dava para a sala e suspirou um:

- Blake.

  Ela se livrou do aperto do cara e correu em sua direção, com uma expressão de choro. Nikki se atirou contra ele e o abraçou com força, como se buscasse proteção. Blake a abraçou. Era impossível ficar indiferente ao estado de Nikki. Ele beijou o topo de sua cabeça, sentindo o perfume suave de seus cabelos que ele já estava tão acostumado a sentir.

  Nikki parecia querer engolir o choro a todo custo.

- Você está bem? – ele perguntou baixinho, sem querer assustá-la mais ainda.

  Ao invés de Nikki, foi o cara que falou, com desprezo:

- Quem é você.

- Sou o namorado da Nikki – Blake disse, nada simpático e fazendo questão de soar o mais possessivo o possível. De repente, ele sentiu uma vontade enorme de quebrar a cara daquele homem – Você?

- Adam. Noivo de Catherine – ele frisou bem a palavra noivo, mas Blake teve a impressão de que não fora para ele. Ele sentiu Nikki enrijecer e virar-se para Adam.

- Noivo?

- Exatamente, bonita – ele deu um sorrisinho de lado que fez Blake ferver de raiva. De punhos cerrados, Blake continuou em silêncio, esperando por uma desculpa para acertar um soco em Adam – Sua mãe iria te contar hoje à noite.

  Nikki deu um passo para trás, se aproximando de Blake.

- Você não vai casar com a minha mãe – Nikki murmurou de dentes trincados.

- Bom. Não é você que decide isso, bonita, e sim sua mãe – Adam deu uma piscadela e deu meia-volta, desaparecendo pelo corredor oposto ao que Blake tinha vindo.

  Blake deu um passo pra frente, pronto para avançar naquele cara. Alguma coisa dentro de Blake dizia que ele era um idiota. Mas não um idiota tipo Heath. Um idiota canalha ainda pior que seu amigo.

  Se Nikki não tivesse o segurado pelos dois braços, Blake teria matado sua vontade.

- Blake, não – ela disse.

  Blake bufou, precisando de alguns segundos para se acalmar.

- O que você está fazendo aqui? – Nikki perguntou.

- Fugindo de casa – ele respondeu.

- É... Parece uma boa idéia – Nikki murmurou pensativa – Vem – ela pegou sua mão – Vamos dar o fora.

- Você ainda não me contou o que aconteceu... – ele insistiu,.

- Vamos embora, Blake – Nikki o cortou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E no final das contas os dois estão "amolecendo" ao mesmo tempo, hein? Mas aí a Nikki insiste em ter que quebrar o clima.