II. E importante prestar atenção no que a garota diz antes de beijá-la.

  O sino do final da última aula do tocou e todos os alunos recolheram suas coisas. Nikki guardava as suas coisas no armário quando viu a aproximação de uma figura conhecida. Blake a abraçou por trás e apoiou o queixo no seu ombro. Quem não sabia da história – leia-se todas as pessoas ao redor, exceto por Noah – pensava que os dois fossem um lindo e perfeito casal, dignos de fazer parte de um ensaio para Calvin Klein Jeans ou algo que valha.

- Olá minha namorada querida – Blake cumprimentou, irônico.

- O que você quer? – Nikki foi direta.

- Parece que tem alguém aqui de mau-humor – observou Blake – O que aconteceu?

- Nada demais – Nikki fechou seu armário – Mal me agüento de ansiedade para o tal jantar do governador - ela revirou os olhos.

- Olhe pelo lado bom… Eu estarei do seu lado para tornar aquele lugar um pouco mais suportável, querida – Blake aveludou a voz, mas sua expressão ainda era de deboche.

- Olha, se você soubesse do quanto eu me arrependo de não ter te dado um murro quando você pediu para me beijar... - disse Nikki, se referindo ao amasso que eles tinham dado na festa de Heath no domingo pós-Batalha, quando deram início ao namoro falso, tudo parte do plano de vingança da Nikki contra Lauren. Ela só iria terminar quando Lauren desistisse do posto de capitã e pedisse desculpas a Scott pela ameaça mentirosa de que iria dizer à diretora que ele e Nikki estavam tendo um caso.

- Não ia não – Blake a contradisse – Você não iria conseguir resistir a minha incrível perícia em beijo.

- Com certeza sua idiotice falaria mais alto.

  Blake a encarou, tentantou não rir.

- Para de deixar de bom humor, imagine, querida… Imagine a cara da Lauren ao ler a Page Six e encontrar uma foto nossa – ele disse baixinho, bem próximo de Nikki para que ninguém ouvisse. Nikki engoliu seco, ainda não acostumada com a freqüência com que Blake ficava perigosamente próximo dela. E algo dizia a ela que não iria se acostumar tão cedo. Não enquanto Blake fosse ridiculamente lindo e sarado e tudo de bom.

- Odeio quando você tem razão – Nikki reclamou, colocando sua bolsa sobre o ombro – Você viu a Noah? – mudou de assusto drasticamente, para tentar desmanchar o sorriso matador de Blake.

  Blake olhou ao redor.

- Não... Não a vejo desde o café-da-manhã.

  Nikki bufou.

- Tudo bem. Eu pego ela por aí, mas agora eu tenho que treinar – disse.

  O rosto de Blake se iluminou com um sorriso.

- Garotas praticando esportes na lama. Sexy – ele fingiu um suspiro – Eu posso assistir?

- Você pode parar de ser um idiota – Nikki sorriu - Adeus Blake.

   Blake se curvou e deu um selinho em Nikki, que sem hesitar deu-lhe um empurrão. Fraco, mas para deixar bem claro que ele não podia beijá-la sem autorização. Blake sorriu, parecendo gostar cada vez mais daquela coisa de tapas e beijos. Ele sorriu com malícia e pegou o rosto de Nikki entre as mãos, que já estava sem forças para protestar antes mesmo que os lábios de Blake enconstassem nos dela.

*

  Cam andava de um lado para o outro enquanto esperava o professor liberar a turma de Francês. Ele estava um tanto impaciente naquele dia, desde que decidira que iria falar com Noah. Ele já tinha dado tempo o suficiente para ela pensar no beijo que ele tinha dado nela há mais de uma semana e com certeza ela já devia ter decidido o que seria dos dois. Se eles continuassem a ser amigos ou se transformavam aquilo em algo mais sério. Cam, mesmo sem querer admitir isso para si mesmo, torcia pela segunda opção. 

  Era mesmo incrível como ele tinha ficado completamente encantado por Noah em menos de um mês. Mas quem em sã conciência não ficaria? Noah era linda e meiga e inteligente. Só um cara muito idiota para não gostar dela.

  Os alunos de Francês do segundo ano começaram a sair e Cam, tentando parecer casual e despreocupado, olhou para os lados, com as mãos nos bolsos, fingindo não sentir seu coração acelerado e as palmas das mãos suando frio.

  - Cam? - Noah se aproximou, abraçada aos cadernos - O que está fazendo aqui? Esse é o andar do segundo ano.

- Eu queria falar com você.

- Fale - Noah deu um meio-sorriso.

- Bom. É sobre... Sobre nosso beijo.

  Noah arregalou os olhos e começou a corar.

- Eu - Cam continuou, atropelando as palavras e gaguejando - Eu não consigo parar de pensar naquela noite, Noah. E... Queria dizer que eu, eu... Eu gosto muito de você. De verdade. E... - as palavras fugiam do cérebro de Cam - Queria saber se... Se... Se aquele foi o nosso... Primeiro e último beijo, sabe...

  Noah parecia dez vezes mais nervosa, o que fez Cam se sentir um pouco melhor por não ser o único que tremia mais que vara verde.

- Bom, Cam, eu...

- Sim?

  Noah começou a andar, apressada.

- Eu preciso ir - disse.

- Hey - Cam correu atrás dela e tentou ser o mais gentil o possível quando segurou sua mão, para impedí-la de continuar se afastando - Você não vai dizer nada?

  De repente, Cam se sentiu um completo idiota e nem sabia ao certo por quê. Só sabia que não era uma sensação boa.

- Não, é que... - Noah olhava para baixo. Cam então pegou gentilmente seu queixo entre o polegar e o indicador e levantou o rosto dela, obrigando-a a olhar em seus olhos.

  E então pela primeira vez ele percebeu como Noah tinha olhos incríveis. Eram do verde mais claro que ele já vira e, perto da pupila, o verde se transformava em um tom dourado, meio mel. Era maravilhoso.

  De tão hipnotizado que estava, quase não conseguiu prestar atenção no que Noah dizia.

- Cam, eu... Eu gosto de você. Sério, mas...

  Surdo ao restante da frase de Noah, Cam sorriu e, sem hesitar, curvou-se para beijar Noah, que permaneceu parada e rígida. Noah se afastou.

- Eu disse que não quero estragar nada indo rápido demais, caramba! 

- Me desculpe, eu... - Cam tentou explicar, mas Noah já tinha lhe dado as costas e partido, apressada.

  É, difinitivamente, ele era um idiota.