XIV. A guerra está declarada, senhora e senhores.

  O sinal para o almoço soou e Nikki deixou sua aula de Latim arrependida de ter escolhido a língua como a segunda opção. Seria melhor ficar com o Espanhol. Mas as turmas da Sra. Gutierrez já estavam fechadas.

  Sentiu uma aproximação e tentou não sentir o perfume masculino irresistível preencher o ar ao seu redor. Alguma coisa dentro dela sabia quem era, e estava certa.

- Não te vi durante o fim-de-semana. Comecei a achar que está me evitando – Blake disse, com a voz rouca e divertida, mas ainda assim incrivelmente sexy. Nikki respirou fundo e lhe deu uma olhada blasé. Blake estava com o cabelo meio amassado, bagunçado, como se tivesse acordado e já colocado o uniforme – a camisa por fora das calças e o colete por cima, aberto, eram desleixados, mas nele, ficavam incríveis.

- Sentiu a minha falta? – ela tentou soar o mais sarcástica possível.

- Um pouco – Blake sussurrou próximo ao seu ouvido. O hálito quente e com cheiro de menta de Blake atingiu Nikki como um soco. Ela parou com um solavanco, como se seus pés tivessem criado raízes no chão de mármore. Para disfarçar, sorriu inocentemente e disse:

- Mesmo? Uau, agora eu não vou conseguir dormir pensando nisso.

  Blake riu.

- Vamos mesmo continuar com isso? – ele enfiou as mãos nos bolsos e olhou Nikki através dos cílios fartos e curvados.

- Isso o quê? – Nikki arregalou os olhos numa falsa inocência – Não estou fazendo nada, Blake – explicou. Ajeitou os cabelos e sorriu, voltando a caminhar – Adeus.

  E deixou Blake parado no meio do corredor, olhando para o chão. Ele pensava, tentava adivinhar o que Nikki estava pensando, o que ela queria. Uma idéia lhe ocorreu e ele correu atrás da garota, que balançava os cabelos castanhos e ondulados conforme andava, e se assustou quando Blake segurou seu braço.

- É por causa da Lauren?

  Nikki não teve qualquer reação. Isso deixou Blake meio confuso, mas ele continuou firme.

- Não sei do que você está falando, B. – Nikki frisou bem o “B.”, e fez Blake estremecer levemente.

  Por Deus, que garota era aquela e porque ela o fazia se sentir daquela maneira?

- Está blefando – as palavras voaram de sua boca.

- Talvez. Mas aí isso é problema seu, eu acho – ela sorriu, pondo-se a andar.

  Blake voltou a correr atrás dela, mas, dessa vez, parou na sua frente, bloqueando seu caminho, ficando propositalmente a alguns míseros centímetros de distancia de Nikki. Ela ofegou um pouco, fazendo um sorrisinho nascer no canto dos lábios finos de Blake.

- Então é assim que prefere? Guerra? – ele arqueou as sobrancelhas perfeitas.

  Nikki o olhou de maneira sexy e desafiadora, e aproximou seu rosto lentamente do de Blake, ficando tão próxima que ele sentia o cheiro de baunilha de seu brilho labial. Por um momento, ele teve a certeza de que teria que trocar de calças.

- Eu não disse nada – ela sussurrou – Mas já que você sugeriu.

  Todos que passavam pelo corredor estavam quase certos de que os dois estavam prestes e se beijar. Fanny Richter, de boca aberta, pegou o celular de dentro da bolsa e ligou a câmera, acionando o zoom. Depois de tirar uma foto dos pombinhos, enviou para Lauren.

  Precisamos agir rápido, escreveu na mensagem.

  Blake precisou fazer alguma força para se manter firme, sorriu de leve e falou com a voz mais rouca e sexy que conseguiu. Ele era muito bom nesse tipo de voz, modéstia à parte.

- Então, Nicole – frisou bem cada sílaba do nome de Nikki – Eu acho, que acabamos de declarar guerra.

  E então Nikki apelou, pondo-se nas pontas dos pés e roçou de leve os lábios nos de Blake, que jurou sentir o gosto de seu brilho de baunilha. Ela deu um suspiro e sussurrou:

- Até a próxima batalha, Blake.

  Dito isso, girou nos calcanhares, jogando os cabelos no rosto de Blake e saiu andando, sem ver que Blake tentava disfarçar que uma coisa estava crescendo dentro de suas calças.

- Merda – sussurrou, quase correndo para o banheiro masculino mais próximo. Entrou apressado e correu para frente do espelho, a respiração difícil.

– Ela é melhor do que eu pensava. Merda.