Beautiful & Dirty Rich escrita por Abbey B


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito tempo parada, finalmente voltei com uma fic novinha para vocês =D enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/133380/chapter/1

 "Nunca deixei que a escola interferisse na minha educação".

  (Mark Twain)


I. Nunca julgue um internato pelos filmes que você assiste.


  O Bentley preto de vidros igualmente escuros parou em frente à escadaria de mármore creme, por onde subiam vários adolescentes sorridentes, excitados com o início de outro ano letivo no magnífico internato misto Maryon Mount. Nikki lançou um olhar entediado para o prédio de tijolos marrons, com janelões brancos e um notável ar aristocrático.

  Nikki pensou no que estava abandonando: sua casa, sua família, seus amigos, sua cidade. Respirou fundo. Não podia se arrepender. Não quando ela estava prestes à entrar pelas portas do internato Maryon Mount para começar tudo de novo.

  O motorista abriu a porta para Nikki, que viera sozinha de Nova York até a Nova Inglaterra, e desceu do carro, xingando baixinho ao ver que suas Ugg's de estimação seriam sujas pela terra e pelo gramado molhados pela chuva que nem parecia ter caído há pouco, já que o Sol brilhava com força no céu. Nikki arrumou os shorts esfarrapados e desfiados, ajeitou os cabelos castanhos e tirou os óculos de sol Ray Ban, exibindo olhos castanhos bem escuros delicadamente delineados de preto. Notou que alguns poucos olhares curiosos a seguiam, mas preferiu ignorá-los. Nikki sabia que devia ser coisa da sua cabeça, mas ela podia ouvir alguns cochichos como “é a filha de Catherine Hastings” e “Robert Hastings é o pai dela”. Ela escolhera justamente um colégio afastado de Nova York para evitar boatos e fofocas sobre ela – corrigindo, sobre seus pais. Mas estava bem óbvio que todos ali liam a Page Six ou a HS Gossip. Sua transferência para um internato no interior na Nova Inglaterra ganhou uma pequena nota no HSG - que tratava unicamente dos podres e fofocas da alta sociedade.

  Ah, como a vida teria sido mais fácil se ela se mudasse para o Brooklyn para viver com o irmão mais velho, Eric, que vivia muito feliz com a namorada, bem longe dos holofotes que os pais atraíam. A mãe, Catherine Hastings era apresentadora do US Daily, um programa de variedades que era bem conhecido pelo país. E seu pai era Rob Hastings, dono da grife de moda masculina Emporuim R.

  É. No Brooklyn, definitivamente teria sido mais fácil. Mas ela ainda estaria próxima demais de seus problemas. E ela queria fugir deles para o mais longe possível – mas não em outro país ou continente. Se mudar de estado já foi doloroso para sua melhor amiga, Zoey McConaugh, se Nikki fosse para Inglaterra ou a Suíça seria o fim.

  Conforme subia as escadas claras e largas, indo em direção à recepção para fazer seu check-list, Nikki sonhava em chegar a seu dormitório logo, para ter no mínimo, duas horinhas de sono para repor a noite terrível e insone que tivera.

  Nikki atravessou o portal que dava para a recepção, dando para uma sala extremamente clara, aquecida e de aparência bem confortável. Havia um garoto junto ao balcão de madeira pesada, sendo atendido por uma senhora que digitava rapidamente em um computador branco da Apple. Ela era alta, grisalha e tinha um forte sotaque britânico. Em seu uniforme, havia um pequeno crachá dourado com seu nome, Sra. Whitess, que dirigiu à Nikki um olhar desaprovador ao ver suas roupas. Nikki deu de ombros e esperou o garoto. Ela ouviu Sra. Whitess entregar uma pequena pasta com o brasão do colégio ao garoto, que agradeceu e se virou para ir embora. Assim que o balcão foi liberado, Nikki sorriu e se aproximou.

- Hastings, Nicole Williams - ela disse à senhora.

  A mulher digitou seu nome com uma rapidez impressionante, deu alguns cliques e se abaixou para pegar algo que estava em algum lugar, provavelmente numa prateleira ou gaveta.

- Seja bem-vinda ao Maryon Mount, Srta. Hastings - falou a senhora, entregando uma pasta igual a que tinha entregado ao garoto.

- Obrigada - Nikki agradeceu e girou nos calcanhares, abrindo a pasta. Lá tinha um pequeno mapa do campus, um quadro com todas as duas aulas, número do dormitório e de seu armário, além de um pequeno calendário com todas as datas e festas importantes que ocorriam ao longo do ano letivo no Maryon e um pequeno manual de regras e de comportamento. Claro que esse último citado foi o primeiro que Nikki atirou na primeira lata de lixo que viu enquanto fazia seu percurso até o prédio Rosenhill, onde ficava o seu dormitório.

 No total, eram dois prédios com dormitórios, Rosenhill, para as garotas, e Longbourn, dos garotos. Além desses, tinha o prédio principal, que tinha quatro andares contendo as salas de aula e o salão de jantar. E do lado contrário ao prédio principal, havia um último prédio que completava o quadrado que os prédios maiores formavam, onde ficavam o auditório e salas importantes, como a diretoria, a secretaria e a recepção.

  Mas também havia a piscina, o campo gramado com uma pista de corrida ao redor e duas longas arquibancadas de cada lado, o ginásio e o lago Tyeels, que, cercado de árvores douradas, dava um ótimo cenário para um filme de comédia romântica com Reese Whinterspoon ou alguém do tipo.

  Nikki precisava atravessar parte do gramado central para chegar até o Rosenhill - seu quarto era o número 211. Voltou a colocar os óculos por causa do sol e também pela incrível quantidade de caras gostosos zanzando com seus grupinhos de amigos. Alguns conversando, outros jogando futebol. As lentes ocultariam seu olhar “não-estou-devorando-os-com-os-olhos”.

  Assim que entrou no Rosenhill, Nikki passou por um corredor largo e bem iluminado que dava para uma grande sala de estar, com uma lareira, janelas altas com pesadas cortinas vermelhas, um lustre de cristal que pendia elegantemente do teto bem alto. Havia duas garotas dividindo um dos três espaçosos sofás, que cochichavam discretamente. Nikki jogou a maxibolsa no ombro e subiu as escadas até os quartos - isso a fez se sentir dentro de Harry Potter, dada à semelhança das cores escolhidas na decoração da sala de estar. Rindo dos próprios pensamentos, bateu duas vezes na porta do quarto número 211 antes de entrar.

  Apesar de não fazer idéia do que encontraria ao abrir a porta de seu dormitório, a visão não a desagradou. O quarto tinha quatro camas impecavelmente arrumadas com cobertores de aparência bem aconchegante e quente, uma janela comprida projetada alguns centímetros além da parede, e, nesse espaço, estava acomodado um pequeno chaise de uma cor escura indefinida. Havia também quatro elegantes cômodas de madeira escura e ao lado de cada cama, uma mesinha-de-cabeceira. Também havia um grande espelho oval preso em uma das paredes, que deixou Nikki feliz, pois oferecia um reflexo de corpo todo.

  Suas malas Louis Vuitton já estavam lá, e seu uniforme também: uma saia na altura dos joelhos azul-marinho com um xadrez vermelho e branco (as cores da escola), uma camisa de mangas 3/4, gravata vermelha e um terninho azul marinho com o brasão do Maryon Mount. Eca.

  Nikki escolheu a cama mais próxima da janela e jogou sua bolsa sobre ela, procurando seu celular Side Stick. Abriu-o e bufou ao ver na tela a mensagem "sem rede". Não teve tempo de andar pelo quarto à procura de sinal, pois ouviu algumas batidas da porta antes de uma garota ruiva e magrinha entrar carregando duas enormes bolsas de viagem Gucci. Nikki foi com a sua cara, então ofereceu ajuda.

- Obrigada - a ruiva agradeceu, jogando sua mala na cama ao lado da de Nikki - Sou Noah Lindstein - se apresentou.

- Nikki Hastings - Nikki sorriu educadamente. Noah empurrou o aro dos enormes óculos de grau Tom Ford e ajeitou a franja reta. Ela era muito magra e alta - um perfeito estereótipo de modelo - e tinha cabelos muito ruivos e ondulados, que alcançavam sem nenhum esforço os seus cotovelos.

- Olá - sorriu Noah.

  O celular de Nikki apitou e ela tossiu alto para disfarçar o barulho. Celulares não eram permitidos dentro do campus, assim como qualquer outro tipo de aparelho eletrônico. Para Nikki, aquela era a melhor maneira de matá-la lentamente de tédio e depressão.

- De onde você é? - Noah perguntou, simpática.

- Nova York - murmurou Nikki, enquanto remexia dentro de uma das malas. Precisava encontrar a roupa perfeita para usar no jantar de Boas Vindas. Não que seria um grande evento nem nada, mas o jantar era a última oportunidade que os alunos tinham para usar roupas normais. No dia seguinte, o uso do uniforme seria obrigatório, e todos aqueles que desobedecessem a regra, levariam uma advertência.

- Legal - fez Noah, que também parecia procurar algumas peças de roupas para substituírem a dupla básica de jeans-e-regata que usava com um maxicardigã creme de ótimo gosto por cima, além de uma sobreposição de colares e uma bota estilo country meio texano que era um charme.

- E você? - Nikki perguntou, tentando ser cortês.

- Boston - Noah bufou, enquanto puxava do fundo da mala Gucci calças jeans bem escuras.

- Legal - sorriu - É veterana? - Nikki perguntou, interessada. Seria uma ótima se ela tivesse companheiras de quarto veteranas, pois seria bom para os negócios.

- Não.

   Nikki iria soltar um "aah" quando a porta foi aberta e uma garota bem morena e de cabelos cacheados e volumosos entrou, carregando uma bolsa L.L. Bean. Logo atrás, um ajudante da escola carregava um enorme baú cor-de-rosa. Parecia que o prêmio de maior bagagem de todo o internato já tinha dona. A garota olhou para as colegas de quarto e sorriu, os dentes absurdamente brancos se destacando na pele morena.

- Olá - Noah foi a primeira a falar, Nikki a imitou.

- Oi - respondeu a recém-chegada - Kayla Benson - se apresentou.

- Sou Nikki.

- Noah - acenou a ruiva – É nova por aqui também?

- Hum... Não. Estudo aqui já há algum tempo - Kayla respondeu, em seguida, agradeceu o pobre coitado que despachou sua enorme bagagem ao lado da cama que escolhera, à frente da cama de Nikki.

- Legal – fez Noah.

   Pouco tempo depois, uma mulher baixinha e carrancuda - a sra. Leeve, a governanta do Rosenhill - abriu a porta logo após bater três vezes sem qualquer delicadeza. Com uma voz esganada e nada simpática, a mulher grasnou o seguinte aviso:

- O jantar será servido às sete em ponto. Mas todos os alunos devem se reunir no salão principal para o discurso de boas-vindas da diretora Redford às seis e meia. Não se atrasem, senhoritas - e fechou a porta, partindo para a invasão em outro dormitório.

   Todas tinham três horas até a hora do tal discurso. Apesar de louca para cair na cama, Nikki preferiu organizar suas roupas e os mais de quinze pares de sapatos que trouxera consigo. O regulamento dizia que o uso do uniforme era obrigatório, mas não dizia nada sobre sapatos, casacos e acessórios. Logo, todo o espaço sob sua cama estava cheio de sapatos - cada um igualmente amado como um filho.

  Noah resolveu imitar a colega e ajeitou todas as suas coisas. Já Kayla achou melhor tirar as calças e se encolher sob as cobertas para tirar uma soneca, já que a viagem tinha sido longa da Califórnia até a Nova Inglaterra.

*

   O prédio dos garotos estava barulhento como de costume, Blake largou a mochila de couro sobre sua cama e se deitou. Enfim, faltava só mais um ano para ele sair daquele lugar, que ele carinhosamente chamava de purgatório. E de alguma forma bem irônica, era mais ou menos isso. Já que seus pais o mandaram para aquele lugar depois que aprontara horrores em seu antigo colégio, Saint Charles.

  Seu histórico era longo: Invasões e acesso às respostas de provas, aulas e mais aulas cabuladas, suspensões por conta de bebidas e cigarros confiscados em sua mochila, além de dois vídeos que alguém fizera dele e da Caroline Farrell no banheiro feminino durante o Baile de Inverno do primeiro ano, que rodaram de celular em celular até chegar às mãos do diretor Gordon. Mas a maior merda que ele fez, que o mandou direto para o Maryon Mount, foi o de aceitar esconder cocaína para seu colega de classe, Giles. Um inspetor o pegou escondendo o saquinho no meio da bagunça de seu armário, entre uma aula e outra. Claro que o mandaram direto para a diretoria. A confusão fez seus pais acharem que ele era viciado, e deram a ele duas opções: ou Blake ia para uma clínica de reabilitação, ou parava com o “vício” e se mandava para um colégio interno.

  E ali estava ele.

  Heath, seu colega de quarto desde sempre, entrou no quarto, com uma toalha enrolada na cintura, pois tinha acabado de sair do banho. Sem se importar em estar molhado, ele se deitou na cama e perguntou para Blake:

- Trouxe cigarros?

  Blake tirou o maço de cigarros do bolso e jogou para o amigo, que pegou um e colocou-o entre os lábios, jogando o maço de volta. Ainda com o cigarro na boca, falou:

- O pessoal está pensando em se reunir no velho estábulo hoje à noite.

   Blake arqueou as sobrancelhas, murmurando um interessado "humm". Em seguida, sorriu e disse:

- Bom, eu estou entediado, então... Estou dentro. Só não espere que eu vá bater de porta em porta pra chamar todo mundo, cara.

- Claro que não. É o esquema de sempre: boca fechada não leva um murro - Heath levantou o punho no ar.

   Os dois riram e Heath mudou de assunto.

- Cara, você tinha que ver as novatas gostosas que estavam passeando pelo prédio das garotas; eu fui lá visitar a Alison e quase me esqueci do que ia fazer - riu. Depois de uma curta pausa, Heath continuou: - Fiquei sabendo que uma riquinha de Nova York se transferiu para cá.

- Riquinha? Como assim?

- Ah, você sabe. Ela é tipo você, que tem pais famosos e essa baboseira toda – Heath bufou os olhos.

  Blake ficou curioso para conhecer a garota. Além de serem de Nova York, eles  também eram considerados parte da baboseira da “alta sociedade”.

- Você fofoca feito uma mulher velha – Blake reclamou, atirando o travesseiro em Heath.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

gostaram? qualquer coisa, posto o segundo capítulo ainda hoje =D xoxo :*