~* IX*~

Exatamente como um sonho perfeito

–Eu o amo. – admiti, sentindo um alívio tão profundo quanto o abismo que se formaria se eu não o admitisse de uma vez. – Amo como nunca amei ninguém antes...

Sasuke segurou na minha nuca e tomou os meus lábios. O beijo foi urgente, quente, inundado da paixão que nos consumia. Nossos corpos se apertavam como se desejassem se fundirem em apenas um.

Eu não estava pensando no amanhã. Eu não estava pensando no que era ou não possível naquele momento.

Eu apenas me sentia como se finalmente estivesse atravessando o arco-íris.

–Sakura... – Sasuke afastou os lábios dos meus, seu peito oscilava, seu corpo estava tenso, seus olhos escuros de desejo.

Fiquei na ponta dos pés e cerquei seu pescoço com os braços. No mesmo instante, Sasuke pegou nos meus quadris fazendo-me cercá-lo com as penas pela cintura. Os lábios dele ainda devoravam os meus, fazendo a sanidade fugir de mim, fazendo com que o meu corpo o desejasse mais intensamente. Abri meus olhos e percebi que estávamos dentro de uma bela sala de estar, mas não tive tempo de olhar para os detalhes. Sasuke encostou meu corpo contra a parede, seus lábios percorreram o caminho do meu pescoço até o meu ombro enquanto abaixava a alça do vestido de seda azul que eu usava.

Eu me sentia como se o meu corpo inteiro estivesse em chamas. Nunca havia sentido um desejo tão forte e tão prazeroso antes. A paixão que eu sentia por aquele homem transbordava das minhas veias e eu sabia que Sasuke sentia o mesmo. Eu podia sentir.

Ele sentou-me sobre uma mesa e novamente se afastou de mim por alguns centímetros. Seus olhos estreitos me sondaram e eu retribuí o seu olhar enfeitiçada pela beleza indescritível de seus traços. Sasuke levou suas mãos até as minhas costas e desceu o zíper do vestido. Fiquei constrangida por um momento ao perceber que ficava apenas de roupa íntima diante de seus olhos famintos e desviei o olhar.

–Você é tão linda... – ele sussurrou depois de deixar o vestido cair ao chão. Lentamente, seus dedos percorreram o meu rosto, acariciaram os meus lábios, desceram pelo meu pescoço, pela clavícula e chegaram aos meus seios. Deixei um gemido escapar e isso o instigou a fazer com que a sua boca fizesse o mesmo caminho que suas mãos.

Sasuke retirou a minha peça íntima carinhosamente, beijando os meus seios, sugando-os lentamente como se prolongasse o momento. Eu sabia que ele estava contendo o desejo insano que sentia, percebi como os seus músculos estavam contraídos, seu cabelo estava úmido de suor, sua respiração entrecortada. Eu o abracei mais forte me entregando à sensação maravilhosa de sua boca no meu corpo, meus dedos se entrelaçavam em seus cabelos.

Sasuke levantou-me da mesa sem retirar os lábios dos meus seios e seguimos para outro lugar. Não sabia para onde estávamos indo, até que me vi sentada sobre ele em um enorme sofá vermelho. Seus lábios voltaram para a minha boca e sua língua se entrelaçou a minha lentamente, degustando, apreciando, fazendo-me gemer entre os seus lábios, fazendo-me perder o controle do meu corpo e mexer os quadris contra o seu membro rijo. Isso fez com que Sasuke soltasse um gemido abafado e segurasse no meu bumbum apertando-o contra ele.

–Sasuke... – sussurrei ofegante já não podendo conter o desejo que me inundava. Ele também não podia mais contê-lo, eu podia ouvir seu coração bater exasperado contra o peito, seu corpo estava ainda mais tenso.

Com as mãos firmes nos meus quadris, Sasuke mudou nossas posições e me deitou sobre o sofá. Seus lábios percorreram a minha pele enquanto as mãos retiravam a última peça de roupa que cobria a minha intimidade.

Sasuke me tocou e o meu corpo se contraiu. Não pude impedir que todos os músculos do meu corpo sofressem espasmos tensos e prazerosos, era uma sensação indescritível. Quando Sasuke se posicionou sobre mim, eu não tive medo, nenhum tipo de apreensão me invadiu. Eu tinha plena confiança naquele homem a quem pertencia o meu coração. Eu sabia que era loucura todo aquele sentimento forte que eu possuía por ele, mas eu sentia intensamente e não me importava de não saber o motivo. Eu o queria mais que qualquer coisa no mundo.

Meus dedos tatearam lentamente a bela face que estava a pouquíssimos centímetros do meu rosto. Afastei os fios negros que lhe cobriam os olhos, revelando um olhar tão intenso e sensual como eu nunca vira antes. Estes me sondaram por um breve momento antes que ele sussurrasse o amor que sentia por mim novamente.

Foi o momento mais inesquecível da minha vida. Tudo era tão perfeito que nem podia ser real. Era como um sonho perfeito.

Então me entreguei por completo. Sasuke me penetrou lentamente, fazendo-me gemer e fechar os olhos pelo prazer que invadiu todo o meu corpo. Ele estava ofegante, sua mandíbula pressionada, pois estava contendo o desejo avassalador para não me machucar. Fiquei emocionada ao perceber o quanto ele era carinhoso e cuidadoso, e um tanto envergonhada por ter imaginado que ele era um homem bruto e frígido. Sasuke era muito mais do que os olhos poderiam ver e eu não o vi da maneira correta.

Sasuke acelerou o seu ritmo à medida que a sensação de prazer aumentava. Nossos corpos estavam unidos perfeitamente, como se fossemos feitos exatamente um para o outro. Era como se um pedaço da minha vida estivesse faltando e Sasuke o completasse. Nada mais precisava fazer sentido se eu estivesse ao seu lado.

Sasuke me penetrou mais forte e eu o abracei cravando minhas unhas nas suas costas, gemendo o seu nome, meu corpo se movimentado contra o seu. Estávamos chegando juntos ao clímax. Sasuke levantou a cabeça para me fitar, seus lábios se aproximaram e atingimos o êxtase antes que um beijo fervente e dominador completasse aquele sonho.

~*~*~*~

Senti travesseiros de cetim sob a minha cabeça, lençóis macios e cheirosos sob o meu corpo. Ainda com os olhos fechados, percebi que a luz do sol invadia o quarto. Um leve sorriso se abriu nos meus lábios ao me lembrar do sonho maravilhoso da outra noite. Parecia que eu ainda estava sonhando, afinal eu não tinha travesseiros com fronhas de cetim e com certeza aqueles não eram os meu lençóis. A minha cama não era tão macia e a janela do meu quarto era tão pequena que era impossível estar tão claro daquele jeito.

Eu não desejava acordar. Tinha medo de me esquecer daquela noite maravilhosa. Eu estava até sentindo o cheiro do Sasuke! Eu queria senti-lo para sempre... Eu queria que tudo fosse real, eu queria que...

Abri meus olhos bruscamente, despertando de uma vez ao perceber que estava nua. Eu nunca dormia sem roupa. Claro que tudo aquilo não foi um sonho!

Sentei-me na cama e percorri meus olhos pelo quarto gigantesco onde eu me encontrava. Era do tamanho do apartamento que eu dividia com a Tenten, se não fosse maior. A cama dava três da minha de solteiro e a decoração não podia ser comparada com absolutamente nada do que eu conhecesse. As paredes eram pretas com alguns detalhes em branco. Havia poucos móveis, mas que não empobrecia sua classe. Ao lado esquerdo do quarto, havia uma porta de vidro que ia do teto ao chão, dando acesso à cobertura: uma varanda linda com uma piscina horizonte e vista privilegiada de toda Tóquio.

Levantei-me da cama lentamente, envolvendo-me nos lençóis. Talvez Sasuke estivesse no banheiro da suíte, então me dirigi para lá vagarosamente sentindo meu coração acelerar a cada segundo de expectativa por vê-lo novamente.

Mas ele não estava. Dei uma olhada rápida no espelho e decidi que não sairia pela casa à sua procura enquanto estivesse com o cabelo armado daquela maneira. Tomei um banho quente rapidamente e ainda envolvida nos lençóis, procurei no closet por alguma peça de roupa que me servisse, já que o último lugar onde vi minhas roupas foi na sala de estar bem perto da entrada. O closet do Sasuke era imenso, havia fileiras de paletós, camisas, jaquetas e sapatos. Tentei me apressar, não queria que ele me pegasse ali dentro admirando a organização de suas roupas. Peguei uma camisa branca e a vesti aspirando o seu delicioso perfume, depois retornei ao quarto.

Deixei o lençol sobre a cama e caminhei até as portas de vidro que davam na varanda. Dei uma olhada rápida para fora, mas não havia nenhum sinal do Sasuke.

Resolvi esperá-lo no quarto, eu estava muito ansiosa para encontrá-lo mas não desejava parecer desesperada. Enfim poderíamos esclarecer tudo. Finalmente eu poderia amá-lo sem sentir medo e sem ter dúvidas. Eu poderia desejar sem temer, que Sasuke fizesse parte do meu futuro, que fizesse parte da minha vida para sempre.

Fechei os olhos. Lembrei-me da última noite, lembrei-me de cada detalhe. Lembrei-me dos seus lábios na minha pele, lembrei-me de como o meu corpo o desejava, de como a noite pareceu pequena para o nosso desejo. Começamos a fazer amor na sala e terminamos no quarto. Assim como eu, Sasuke não se saciava e nós só paramos porque o cansaço nos atingiu.

Ao me lembrar disso, percebi que eu estava faminta, meu estômago quase roncou. Abri os olhos e me virei em direção à porta da suíte, encontrando com a figura máscula e viril de Sasuke Uchiha sob a soleira. Um casto sorriso tomava conta dos seus lábios, seus olhos tinham aquele brilho intenso que sempre me hipnotizou. Ele estava usando apenas uma calça moletom, seu peito másculo e perfeito estava a vista pela alegria dos meus olhos.

Pela sua posição ele estava a um bom tempo ali parado, me observando.

Senti meu rosto esquentar ao perceber isso e ao notar seus olhos sondando o meu corpo dos pés a cabeça.

–Bom dia. – disse ele caminhando na minha direção. Senti meu corpo se arrepiar ao ouvir sua voz.

–Bom dia. – respondi um pouco sem fôlego. Sasuke me envolveu pela cintura e abaixou a cabeça até o meu pescoço.

–Me desculpe por deixá-la sozinha. Eu tive que cancelar os meus compromissos de hoje.

Seus braços me apertaram contra si e ele me beijou. Envolvi meus dedos na sua nuca enquanto o beijo se tornava mais urgente. Nos separamos para tomar fôlego, seus lábios escorregaram novamente para o meu pescoço.

–Cancelar? – perguntei a ele ofegante, meu corpo se contorcendo às suas carícias. – Por quê?

–Não quero que nada interrompe o nosso dia. – ele respondeu voltando a me beijar.

Eu o afastei e o fitei um tanto confusa.

–Temos muito o que fazer hoje. – disse ele segurando no meu rosto. Sua expressão era misteriosa e cheia de segundas intenções.

–Por exemplo? – perguntei arqueando uma sobrancelha.

–A primeira delas é tomar café da manhã. Está com fome?

–Estou faminta!

Fomos para a cozinha do seu apartamento e o cheiro maravilhoso de café me inebriou os sentidos, fazendo meu estômago roncar mais uma vez.

–Peguei uma de suas camisas. Não encontrei as minhas roupas. – disse enquanto me sentava à mesa, que a propósito já estava servida com um verdadeiro banquete de frutas e bolinhos, fazendo a minha boca se encher de água.

–Elas estão na lavanderia. – Sasuke se sentou ao meu lado, dizendo que a empregada começava o seu serviço muito cedo, mas que fora dispensada por ele naquele dia. Novamente, ele disse que nada iria atrapalhar o nosso dia e isso dobrou a minha ansiedade.

Ficamos em silêncio por um momento enquanto tomávamos café. Havia muito para ser dito, mas eu não sabia como começar e aparentemente Sasuke também não.

–Sasuke-kun... – tomei coragem depois de um gole de café, uma banda de mamão e alguns bolinhos amanteigados. – Como tudo isso começou? – seus olhos me fitavam intensamente e eu percebi que realmente havia muito para ele me dizer.

–Eu não saberia explicar como, nem porquê... – seu olhar ficou perdido por um momento depois ele se levantou e caminhou até a enorme porta de vidro da cobertura. – Eu não acreditava que coisas tão “prazerosamente inesperadas” pudessem acontecer. Principalmente acontecerem comigo.

Eu o observei por um momento tentando imaginar a sua expressão. Era possível que ele sentisse o mesmo que eu? Eu também não acreditava que um dia iria me apaixonar daquela maneira tão intensa e por alguém que eu mal conhecia. Eu sabia que um amor tão forte assim existia, por causa da Tenten e do Neji. Eles eram apaixonados desde crianças e mesmo com o mal entendido na faculdade, com Neji distante, Tenten nunca deixou de amá-lo. Mas eu não sonhava que fosse possível acontecer comigo.

Levantei-me e me aproximei dele, abraçando-o pelas costas.

–Você não acreditava no amor... – afirmei, e pelo seu silêncio concordara comigo.

–O amor me enganou uma vez, Sakura. – disse ele antes de se virar para mim. Ele me segurou pela cintura e abriu a porta de vidro. Caminhamos para a varanda, ele se sentou sobre um sofá de madeira com almofadas vermelhas e colocou-me em seu colo. – Antes de morrer, meu pai sempre me aconselhava sobre a importância de uma família para um empresário, sobre como era primordial não deixar o nome Uchiha desaparecer. Naquela época eu não dei muita importância para os seus conselhos, eu nunca me imaginava casado. Mesmo quando ele morreu e eu tive que assumir o controle da empresa, não pensava em formar uma família, eu não me sentia tão responsável assim.

–Tsunade me contou que você conseguiu manter tudo em ordem até sua mãe sugerir que você se casasse. – tentei imaginar Sasuke se casando porque não tinha escolha, mas era estranho imaginá-lo sem controle de alguma coisa. Afinal, ele sempre demonstrava segurança em tudo que fosse fazer.

–Sim, mas não me casei porque ela sugeriu. Assim que completei vinte e um anos, todos da minha família só falavam em casamento e nunca dei ouvidos a eles até que... Que cometi um erro.

Eu levantei a cabeça para fitá-lo. Sasuke estava sério, seus olhos perdidos no horizonte.

–Me apaixonei por uma moça bonita que conheci na faculdade e fiquei cego a ponto de não enxergar o seu mau caráter. Fui rápido ao tomar as minhas decisões, acreditando que era melhor obedecer o meu pai ao invés de pensar na minha própria felicidade. Tudo aconteceu tão rápido, que quando percebi já estava casado.

–Foi um casamento muito infeliz?

–Infeliz não seria a palavra certa para descrever.

Sasuke ficou mais um tempo pensativo e eu aguardei em silêncio. Eu tentava imaginá-lo convivendo com uma mulher que o deixasse pior do que infeliz e isso me deixou irritada. Embora eu tenha achado Sasuke insuportável quando o conheci, agora sabendo o quanto ele era carinhoso, eu tinha certeza que ele merecia ser feliz.

–Me arrependi amargamente por ter me casado. – disse ele depois de um longo suspiro. – Sayuri era muito fútil. A única coisa que ela e sua família desejavam de mim era dinheiro. Passávamos metade do dia brigando e a outra metade separados. Naquela época amaldiçoei o casamento.

Lembrei-me das palavras de Tsunade naquele dia em Paris, quando ela me revelou uma boa parte do passado de Sasuke Uchiha.

“Sasuke a conheceu na faculdade e eu percebi que ele era apaixonado por ela. Antes do casamento eles pareciam felizes, mas depois... Sasuke era sempre mal humorado, eu notava que ele não estava satisfeito com o casamento.”

“Além de brigarem muito, Sasuke descobriu que ela o traía.”

–Sasuke... – me levantei para fitar o seu rosto. Sasuke estava sério, percebi que seus músculos estavam tensos. – Eu não posso imaginar o que você sentiu quando descobriu que... – ele me fitou e eu não consegui terminar a frase.

–Descobri que fui traído? – ele perguntou com calma contida. Seus olhos estavam brandos, mas eu podia perceber que um dia arderam de um ódio incontrolável. – Eu não me senti rejeitado, humilhado ou qualquer coisa parecida. De certo modo eu já esperava por isso. Não apenas por Sasori sempre querer competir comigo e tomar tudo o que eu tenho, mas por saber que Sayuri queria o divorcio e sair com metade dos meus bens. O Akasuna a convenceu que se ela se separasse de mim, poderia ter todo o dinheiro que a minha família conseguiu conquistar. E ela acreditou.

–Mas ela não podia?

–Não, a menos que ela tivesse um filho meu.

–Meu Deus! – eu pus as mãos na boca. Novamente a voz de Tsunade ecoou na minha cabeça: “Depois que Sasuke descobriu a traição de sua jovem esposa, ele ficou furioso consigo mesmo. Depois que pediu o divórcio, descobriu que ela estava grávida e mesmo antes do bebê nascer, foi feito um exame de DNA, onde foi comprovado que o pai biológico era o Sr. Akasuna.” – Ela engravidou do Sasori para...

–Exatamente. – Sasuke parecia aliviado por não precisar contar detalhadamente aquela história trágica. – Após alguns meses, recebi a notícia de que Sayuri havia sofrido um acidente de carro depois de tentar um aborto no seu apartamento.

Eu estava tão horrorizada quanto no dia em que Tsunade havia me contado. Horrorizada e furiosa com Sasori Akasuna, afinal tudo isso era culpa dele!

–Há quanto tempo Sasori convive com a sua família?

–Desde os seus dez anos. O pai dele era o melhor amigo do meu pai. Era um doente terminal e para agradá-lo nos seus últimos minutos de vida, meu pai prometeu cuidar de seu filho.

–Sasori conseguiu conquistar a confiança do seu pai, não foi?

Sasuke assentiu.

–Você deve ter percebido que ele adora ser agradável com as pessoas. – Sasuke riu sem humor algum. – Meu pai não acreditava no que as pessoas, inclusive eu dizia sobre o Akasuna. Sasori era como um filho pra ele.

–Mas se o seu pai acreditava tanto no jeito falso do Sasori, por que especificou no testamento que ele perderia seus... “benefícios” se ele se comportasse mal? – novamente me lembrei do que Tsunade me disse quando perguntei o motivo de Sasori Akasuna trabalhar na CGCG mesmo depois do que fizera.

–Meu pai sabia que ele era ambicioso. Talvez ele não tinha total confiança.

Sasuke ficou mais um tempo pensativo, seus olhos estavam perdidos, mas eu sentia seus dedos acariciando a minha nuca.

–Isso é tão injusto! – eu disse fazendo seus olhos voltarem para o meu rosto. – Ele fez uma coisa grave! Eu tenho certeza que Sayuri morreu por causa dele! Sasori deveria estar preso!

–Não havia provas suficientes contra ele. Seus advogados conseguiram mantê-lo com as condições do testamento: um emprego onde ele não tem que fazer absolutamente nada, a não ser expressar a sua estúpida opinião e receber milhões por mês.

–Foi por isso que você se afastou? Para não ter que encontrá-lo na empresa?

Sasuke assentiu com um leve aceno de cabeça.

–Me mudei para a casa de campo da minha mãe. Era aconchegante, mas depois de uma semana pensei que fosse enlouquecer. Eu tinha que fazer alguma coisa, não conseguia ficar descansando como um velho num asilo. Então, eu soube que um amigo havia sofrido um acidente de moto e havia quebrado a perna. Se ele não completasse um ano de trabalho na Central de Cobranças, que afinal faltavam três meses não seria promovido.

”Fiz um acordo com seus superiores e eles concordaram que eu ficasse no lugar de supervisor até que o meu amigo se recuperasse. Nos primeiros dias tudo parecia muito tranqüilo, afinal Tsunade havia conseguido manter a minha imagem oculta dos holofotes. Ninguém sabia quem eu era, mesmo que desconfiassem isso não me preocupava.”

Percebi que ele realmente não gostava de ser o centro das atenções. Sasuke desviou os olhos para o meu rosto novamente, sua expressão era serena e aterrorizadamente sensual, o que me fez perder o fôlego por alguns segundos.

–Tudo ia bem, até que você apareceu... – ele sussurrou fazendo meu coração acelerar.

–Meu primeiro dia não foi muito bom. – revirei os olhos, sentindo minhas bochechas queimarem. – Derramei café em você. – tentei sorrir, mas acho que fiz uma careta.

Sasuke sorriu e me puxou para um abraço. Seus braços me cercaram e ele apoiou o queixo na topo da minha cabeça.

–Naquele dia, eu tinha visto você com os outros novatos na sala de treinamento. – Sasuke fez uma pausa. Ele dizia como tivesse acontecido ontem, como se contasse uma de suas lembranças mais valiosas. – Você estava sempre sorrindo e arrancando gargalhadas dos outros. Parecia a mais empolgada com o trabalho.

–Isso te deixou irritado? – perguntei com receio.

–Sim.

Eu me afastei de seus braços para fitá-lo. Havia uma ruga enorme na minha testa.

–Fiquei irritado por ter visto a criatura mais linda do mundo e ter me encantado por ela.

–Por que ficou irritado consigo mesmo? – perguntei ainda confusa. Pra mim não fazia sentido a sua reação, afinal ele fez da minha vida um inferno naquela empresa e por tanto deveria estar irritado comigo.

–Porque eu sabia no que daria.

Sasuke desviou os olhos de mim novamente.

–Quando consegui substituir meu amigo na Central de Cobranças, eu havia prometido a mim mesmo que não me relacionaria com ninguém, pela minha imagem e minha própria sanidade. Eu não planejava começar um relacionamento agora que ficaria um tempo livre das minhas verdadeiras responsabilidades, nem mesmo um relacionamento de puro prazer como estava fazendo desde que fiquei solteiro. Eu queria curtir a liberdade sozinho.

“Mas quando você apareceu e eu não conseguia tirar os meus olhos de você, tive que lutar com a minha própria vontade. Eu realmente estava muito atraído por você e estava tentando evitar ao máximo ter algum contato, porém quanto mais eu me afastava, mais você estava perto.”

Ele me fitou novamente e eu não sabia o que dizer. Continuei ouvindo atentamente.

–Quando o treinamento acabou e você acabou caindo na minha equipe, eu sabia que estava perdido. Acabaria te chamando para sair e isso estragaria tudo. Me odiei por ser um covarde e ao invés de ceder, fiz o contrário do que achava que faria:

“Fiz de tudo para você me odiar. E com sucesso, acabei conseguindo. Lembra-se de sua primeira ligação em que eu monitorei?”

–Sim, você disse que a minha voz estava fanha e me mandou comprar um remédio nasal. – respondi lembrando-me de como a sua voz era dura e autoritária. Foi a primeira vez que ele me dera uma bronca.

–Eu sinto muito por tê-la tratado assim, Sakura. – ele me apertou em seus braços, seus olhos mostravam total arrependimento, mas aquilo era tão superficial agora. Eu o amava tanto que aquelas lembranças me faziam rir. – Na medida em que o tempo passava, eu me sentia mais atraído por você e a minha intenção era fazê-la desistir do emprego, por isso eu a tratava diferente dos outros e queria que você percebesse.

“Mas ao invés de desistir, parecia que você ficava mais forte. Foi isso que me fez sentir além da atração, a admiração. Quando percebi que por mais que eu a desencorajasse e você subia um degrau, eu estava mais... encantado. Você me intrigava.Tive que pedir a Tsunade para fazer uma pesquisa sobre a sua vida, eu precisava saber mais.”

–O que? – eu perguntei um tanto sem fôlego. – Naquela época você já sabia que...

–Eu já sabia que você tinha abandonado a faculdade, a sua cidade e a sua família para vir a Tóquio. Já sabia que seu pai era dono de uma fábrica de tecidos muito famosa em Konoha e que sua mãe tinha morrido quando você era criança. Eu tinha toda a sua ficha, mas ainda não sabia o motivo de você ter saído de casa.

Eu o fitei de boca aberta. Minha expressão não poderia estar mais surpresa.

–Saber de tudo isso deveria ter feito você desistir de mim. – eu disse desviando os olhos. – Não achou que eu parecia uma adolescente fútil e rebelde?

–Esse era o problema. Não havia possibilidade de julgá-la, Sakura. Você não parecia uma adolescente rebelde e fútil para mim e sim uma mulher linda, responsável e independente. E isso me deixava ainda mais curioso a seu respeito.

Sasuke desviou os olhos, sua expressão estava séria.

–Quando dei alguns detalhes sobre você a Tsunade, afinal eu não havia explicado para ela o que eu pretendia investigando a sua vida, ela disse que eu estava me apaixonando, e mesmo sendo dito de brincadeira, aquilo me assustou. Percebi que ela podia ter razão.

“Então parei de investigá-la e voltei ao meu primeiro plano que era fazer você me odiar. Estava dando certo ao menos para você, porque para mim...”

Sasuke desviou os olhos de mim novamente. Eu segurei em seu rosto e o beijei.

–Eu o odiava até você me beijar dentro da sua sala. – eu disse com um sorriso, eu sentia o meu rosto queimar.

–Naquele dia perdi o controle porque um dia antes você havia me derrotado mais uma vez. – fiquei um tanto confusa no momento, mas logo depois me lembrei do que se tratava. – Aquela maldita festa da CGCG em que eu a encontrei com o Akasuna me fez perder a cabeça. Eu havia me amaldiçoado por ter me deixado enganar por você e fiquei furioso por estar me sentido culpado, afinal eu não podia estar sentindo nada por você, principalmente ciúme.

Percebi como os seus sentimentos estavam confusos naquela época. Sasuke fez um careta de irritação ao se lembrar daquela noite, até que um sorriso invadiu os seus lábios.

–Quando você apareceu na varanda, não pude controlar a raiva que estava sentindo, porém, novamente você ultrapassou as expectativas. Até me ameaçou de morte. – Sasuke sorriu antes de beijar a minha testa enquanto eu corava bruscamente.

–Você não sabe como foi difícil ir trabalhar depois daquele dia. Pensei que eu seria demitida e teria que sair procurando outro emprego.

–Por isso parecia tão mal pela manhã?

–Naquela mesma manhã eu recebi uma visita inesperada que ajudou a piorar o dia. Sem mencionar que um homem muito descontente por eu estar cobrando as suas dívidas estava me xingando tanto que fez você aparecer do nada ao meu lado, me fazendo gritar com ele e com você ao mesmo tempo. Foi um dia horrível... e sem sentido. Afinal você havia me beijado ao invés de me demitir. Eu fiquei muito confusa.

Sasuke riu me apertando em seus braços.

–Nem posso imaginar o que passou pela sua cabeça. Eu fui muito precipitado e descontrolado. A sua fúria me fez agir sem pensar... E aos poucos percebi que não adiantava mais lutar contra o que eu sentia.

Eu segurei em sua nuca e Sasuke me beijou, deitando-me sob ele no sofá. Seus lábios se moviam nos meus lentamente, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar. Lembrei-me que depois do beijo daquele dia em sua sala, a confusão na minha cabeça não me impediu de ter me apaixonado aos poucos por ele também. Eu o via diferente, não sentia mais ódio por ele. Depois daquela tarde na farmácia em que ele fez um curativo no meu joelho, eu sabia que alguma coisa havia mudado dentro de mim, só não sabia que podia ser amor.

–Sasuke... – ele desceu os lábios pelo meu pescoço. – Mas depois que você me encontrou naquele restaurante com o Sasori? – Sasuke parou de me beijar e levantou a cabeça para me fitar nos olhos. Sua expressão era um tanto dura.

–Acho que não dá para descrever quanto ódio eu senti. Eu havia feito uma viagem até a zona norte de Tóquio porque minha mãe não estava se sentindo bem e quando voltei para o centro, você não estava mais lá. Konan havia me dito que você tinha conseguido emprego em outra empresa, mas ela não se lembrava o nome. Eu imaginei que poderia ser a CGCG, mas não tinha certeza.

“E quando decidi que já era hora de voltar a CGCG, pois o meu amigo já havia se recuperado e não fazia sentido continuar lá sem você... eu jamais esperava encontrá-la com ele.

–Me lembro da sua expressão naquele dia... – disse tocando o seu rosto. – Parecia decepcionado, além de furioso. – Sasuke fechou os olhos enquanto meus dedos tateavam o seu rosto alvo.

–Me senti assim até ouvir a sua voz ecoar as minhas costas depois que saí do restaurante. – admitiu roçando seus lábios aos meus. – Você parecia frágil, vulnerável... Eu quis tanto abraçá-la... Foi a partir daquele dia que tudo mudou. Permiti-me ter esperança de que você poderia ser minha, então resolvi agir.

–Mas depois desse dia, você estava me ignorando... Até hoje não entendo o motivo.

–O Akasuna. – Sasuke respondeu sério novamente. – Ele estava desconfiado de que alguma coisa acontecia entre você e eu, e para despistá-lo, eu tive que mantê-la a distância, até ter certeza do que iria fazer.

“Pedi para Tsunade te conhecer melhor e se ela tivesse a mesma percepção que tive de você, ela poderia me dizer o que fazer. Mas no mesmo instante, ela teve uma idéia.”

–Não me diga que foi oferecer a Global S.A. a você?

–Exatamente. Ela disse que era a única maneira de fazer as duas empresas se encontrarem e além do mais, ela já estava querendo vendê-la para a CGCG.

Era incrível como tudo aconteceu tão rápido. Eu nunca imaginava que todo aquele esquema acontecia a minha volta sem que eu soubesse.

–Mas o plano Paris foi um fiasco. – ele completou me fitando nos olhos. – Você interpretou mal as minhas intenções...

–E você não ajudou muito. – sorri antes de nossos lábios se encontrarem de novo.

–Você disse que ia se casar... – ele sussurrou roçando o seu nariz ao meu. – Isso me pegou de surpresa. Percebi que você estava mentindo para me dar um fora e não ferir os meus sentimentos.

–Na verdade... pensei que você só quisesse... – eu não terminei a frase, mas ele pareceu entender. Ele levantou a cabeça para me fitar.

–Por que pensou isso? – ele voltou a beijar o meu rosto, seus lábios descendo para o meu pescoço.

–Porque você é rico e pode ter a mulher que quiser... – fechei os olhos quando senti suas mãos sobre o meu seio. – Mas eu acho que generalizei os homens solteiros e ricos.

–Concordo... – sua mão agora levantava a camisa que eu usava, seus dedos tocando a minha coxa fortemente. Seus lábios se moveram com urgência sobre os meus, depois ele mordeu o meu lábio inferior. – Agora eu percebi que de nada adianta planejar...

–Por quê? – perguntei num sussurro, meu corpo se contorcia aos seus toques.

–Porque você apareceu no apartamento do Neji no instante em que eu não conseguia pensar em nenhum plano. Dessa vez o destino agiu por vontade própria... – Sasuke sentou sobre o sofá, colocando-me sobre ele com as pernas de cada lado da sua cintura.

–Então você acredita em destino? – arqueei uma sobrancelha e ele sorriu de canto, seus olhos estreitos e escuros de desejo.

–Não acreditava até te conhecer... como fui idiota...

Sasuke voltou a me incendiar com seus lábios sobre a minha pele, fazendo-me apertar seus cabelos entre os meus dedos.

–Sasuke, você disse que hoje temos muito que fazer... – lembrei a ele, minha voz saiu por um fio.

–Sim... E uma delas e voltar para a cama.

Continua...