O Supervisor escrita por DennyS


Capítulo 8
Capítulo -VIII-Fim do Arco-íris




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/133368/chapter/8

~* VIII*~

Fim do Arco-íris

Os lábios sedentos de Sasuke traçavam linhas de fogo sobre a pele do meu pescoço. A realidade ainda estava distante para ambos, mas eu sabia que deveria acabar com aquele contato antes que fosse tarde demais.



–Sasuke... – sussurrei em meio a um suspiro e ele pareceu não me ouvir. – Pare... – seus lábios voltaram de encontro aos meus.

–Impossível... – ele murmurou entre os meus lábios, nossos corpos tão próximos que faltava muito pouco para se fundirem em um só.

–Eu não posso... – disse entre suspiros novamente, mas dizia mais para mim mesma que certamente para ele. Eu não podia me entregar, não podia me iludir com algo impossível. Sasuke era impossível e eu tinha certeza que nunca poderíamos ficar juntos. Eu não suportaria viver em uma ilusão! Eu não era uma garotinha ingênua, apaixonada por um príncipe encantado acreditando que ele pudesse me amar e viveríamos felizes para sempre! Eu tinha que agir!



Com esse pensamento, eu o afastei de mim. Não da maneira como eu gostaria, pois ele ainda continuava muito perto, seus braços ao meu redor, seu rosto há poucos centímetros do meu.



–Não faça isso. – pedi lutando contra a minha própria força de vontade. Seus olhos estavam escuros de desejo, cada traço da sua expressão revelava o quanto ele tentava se controlar.

–Por que mentiu pra mim, Sakura? – eu não podia mais agüentar aquela aproximação. Meu corpo ainda estava totalmente inerte ao beijo, inteiramente sensível a ele.

–Do que está falando? – meus olhos fugiram do seu rosto. Eu tinha que me recompor para raciocinar direito.

–Você não vai se casar. – ele afirmou com os olhos semicerrados, um brilho intenso que me fez corar.



Eu me soltei de seu abraço. Meu pulso ainda estava acelerado, minha cabeça girava. Eu quase havia me esquecido daquela mentira estúpida sobre casamento e ele parecia estar muito convencido de que isso realmente era mentira.

Olhei em seus olhos e tive certeza. Ele sabia que eu havia mentido.



–Por que você mentiu? – ele perguntou novamente e eu não tive outra alternativa senão contar a verdade.

–Menti porque... – eu o fitei apreensiva, mas logo depois percebi que não precisava ter medo de responder. Eu estava me defendendo, me protegendo de sair decepcionada, de ter um coração partido. Eu ergui meu rosto e nunca na minha vida me senti tão confiante. – Quero que você se afaste. Quero que saia da minha vida. Eu não posso permitir que faça isso comigo.



Sasuke ficou confuso, seus olhos sondaram o meu rosto por um momento depois ele se afastou e caminhou rapidamente de um lado para o outro.



–Se queria que eu me afastasse – ele se virou para mim, seus olhos agora estavam furiosos. – era só me dizer!

–Acabei de dizer! – retruquei, começando a ficar irritada também. – Eu não via um modo melhor de fazer você entender que não quero ser uma das conquistas do grande Sasuke Uchiha!



O rosto dele ficou ainda mais enrugado, um pouco de fúria e confusão.



–Mas do que você está...



O elevador daquele corredor se abriu e duas pessoas muito barulhentas saíram dele, o interrompendo.



–Sakura! Você acabou de chegar?! – Tsunade não parecia exatamente surpresa, mas pelo modo como ela caminhava pendurada no braço de um homem que era duas cabeças mais alto que ela, dava para perceber que estava bêbada. – Pelos céus! Você saiu da festa no começo da noite!

–Paramos em um restaurante, Tsunade. – respondi depois de dar uma olhada rápida na direção do Sasuke. Ele estava pensativo, sua expressão dura ignorando os recém chegados.

–Deixe a garota, Tsunade! E apresente seu marido a ela. – o homem que a segurava pelo braço era enorme como um urso. Trajava um smoking branco e gravata borboleta preta. Seu sorriso era grande e brilhante como se estivesse se divertindo como nunca.

–Seu velho atrevido! Nem mesmo cumprimenta o meu sobrinho! – disse Tsunade gesticulando para o Sasuke.

–Ah, eu não o havia reconhecido, Sasuke! Como vai? – o marido de Tsunade se aproximou de nós e apertou a mão do Uchiha.

–Olá, Jiraya. – disse ele ainda conturbado. Seus olhos passavam longe de mim, seus ombros estavam tensos. Percebi que os olhos do Sr. Jiraya foram de mim para o Sasuke e uma expressão confusa tomou conta do seu rosto.

–Nós não queríamos atrapalhar. Podemos... – Jiraya piscou para Tsunade, seu rosto cheio de segundas intenções.

–Imagina, Sr. Jiraya! – eu o interrompi, me virando para abrir a porta da suíte. – O Sr. Uchiha me acompanhou até o meu quarto e já estava de saída e eu estou muito cansada. Desejo a todos uma boa noite.



Entrei na suíte, fechei a porta e me encostei nela. Não tive coragem de reparar na expressão do Sasuke antes de entrar, por isso tentei ouvir através da porta o que eles diziam.

Tsunade parecia cantarolar, o seu marido questionou ao Sasuke porque eu estava com tanta pressa e ele nada disse. Apenas se despediu e depois disso não ouvi mais a sua voz.



Desencostei o ouvido da porta e caminhei até o banheiro. Num gesto impaciente, retirei o vestido caríssimo que ganhara de Tsunade e me acomodei em um roupão macio e felpudo. Liguei a torneira da banheira e fui até mesa de cabeceira guardar os brincos e o colar que estava usando.

Sentei na cama e suspirei.

Meu esforço para não fazer da noite um fracasso foi inútil. Eu não queria ter aquela lembrança na minha vida. Tudo antes daquela maldita mentira de casamento, antes até mesmo do beijo foi perfeito! Eu jamais me imaginaria jantando em um restaurante romântico em Paris com Sasuke Uchiha, o homem do qual eu estava perdidamente apaixonada, mas realmente aconteceu! Conversamos sobre trivialidades, sobre assuntos que eu jamais sonharia conversar com ele e tudo estava ocorrendo bem! Por que ele tinha que me beijar?

Por que os meus pensamentos tinham que me lembrar que aquela relação não era possivelmente real?



Por que eu estava apaixonada?

Por que por ele?

Era um sentimento que eu não desejava, eu tinha muitos outros problemas para resolver! Eu não tinha tempo para perder com isso!

Estar apaixonada e saber que era pela pessoa errada, era a pior coisa que alguém poderia sentir! Era como se o meu coração estivesse doendo, era como se ele só batesse para me permitir ficar viva até estar com o Sasuke. E se eu não conseguisse, ele pararia.

Peguei o telefone e disquei o numero da Tenten. Eu tinha que falar com alguém. Pelo menos a minha melhor amiga saberia me dizer o que fazer para me sentir melhor.

Tenten não atendeu o telefone e eu liguei outra vez.




Depois de cinco chamadas, ouvi a voz sonolenta da minha amiga.



–Alô?

–Tenten, eu preciso...

–Sakura? Pelo amor de Deus! São cinco da manhã. Da manhã de domingo! Eu sei que você está em Paris, está muito empolgada, mas...

Ele me beijou de novo... – minha voz estava embargada e eu só percebi que chorava quando a minha visão embaçou.

–Quem?! Sasuke, o supervisor?! – ouvi um barulho do outro lado da linha. Pelo jeito Tenten havia caído da cama. – Meu Deus! Mas por que você está chorando?

–Eu não sei... Eu... Eu estava no restaurante e eu disse que ia me casar, mas depois ele me beijou e... eu disse pra ele se afastar e desaparecer da minha vida...



Tenten ficou muda por um momento.



–Você disse que ia se casar?! Por que disse isso?

–Tenten, me ajuda! Eu não quero estar apaixonada, eu quero ter a minha vida de antes, eu quero voltar pra Konoha e ajudar o meu pai na administração da fábrica, posso até fazer as pazes com a minha madrasta e ser feliz longe de empresários de corporações de computação gráfica! Foi um erro ter fugido! Se soubesse como estou arrependida de tentar a vida na capital, eu...

Sakura... Sakura, acalme-se! O amor acontece. Foi o seu coração que se apaixonou, quem pode controlar esse sentimento? Mesmo que você diga a si mesma que não quer estar apaixonada, o que o seu coração diz? Ele atenderá o desejo que está bem no fundo... e eu tenho certeza que bem no fundo, você deseja esse amor.

–Não diga isso, Tenten!

–Não minta pra você mesma...

–Eu já te expliquei porque acredito que nunca serei feliz com ele, você sabe muito bem que é impossível!

–E como você pode ter certeza? O Uchiha já te disse o que sente?

–Não, mas eu sei que...

–Você já parou pra pensar que pode existir uma possibilidade, sei lá, muito GRANDE de você estar ERRADA?!

–Tenten...

–Sakura, tente não pensar no que aconteceu e espere. Só o tempo dirá a você o que realmente está sentindo. Se for passageiro, irá embora tão rápido quanto apareceu.

Fiquei muda. Depois de algumas broncas, Tenten exigiu saber cada detalhe daquela noite e eu contei a ela sentindo tudo de mais intenso ao relembrar os momentos com Sasuke.

Depois do banho, fui para a cama e pensei no que Tenten havia me aconselhado. Segundo ela eu deveria limpar a mente e ter uma boa noite de sono. Mas claro que para ela era muito fácil falar.

A noite foi horrível e eu acordei com uma dor de cabeça desgraçada! Resultado das duas taças de vinho branco da noite anterior.



Encontrei Tsunade no restaurante do hotel junto com seu marido. Ela também estava de ressaca e seu humor não estava o dos melhores. Assim que me viu, perguntou-me se já estava com as malas prontas, pois partiríamos naquela tarde de volta para Tóquio.

Dessa vez já que não estava bêbada, ela me apresentou formalmente para o Sr. Jiraya que tinha uma expressão bem animada.



–Então, Sakura-chan, me pergunto o que você fez para deixar o Sasuke tão conturbado ontem a noite. Eu o encontrei hoje de manhã e ele ainda não parecia muito bem.



Eu fiquei muda. O que eu poderia responder? Eu disse apenas para ele se afastar de mim e me deixar em paz. Acho eu, que um homem pode muito bem se dar com isso. Ele logo se recuperaria da rejeição nos braços de outra mulher. Mesmo que essa idéia fosse dolorosa para eu imaginar, era a verdade.



–Na verdade, acho que o motivo dele ter ficado daquele jeito foi não ter conseguido entrar no seu quarto. – Jiraya estava fazendo uma piada, mas eu não pude deixar de ficar ruborizada.

–Jiraya, pelo amor de Deus! – disse Tsunade batendo o punho na mesa. – Você acabou de conhecer a moça! Tenha mais educação!



Agradeci Tsunade mentalmente. Jiraya pareceu não se importar com a reprimenda, mas ele não tocou novamente no assunto.




Durante as horas que se seguiram antes de partirmos para Tóquio, tentei ao máximo não pensar em Sasuke Uchiha. Graças a todos os deuses, não nos encontramos com ele na hora do almoço ou na hora em que fizemos um tour por Paris.



Quando partimos, por mais que eu me esforçasse, não pude deixar de me lembrar da última noite. Enquanto fitava as nuvens do outro lado da janela do avião, lembrei-me de quando estava em seus braços sendo beijada por seus lábios provocantes que me tiravam os sentidos. Lembrei-me de como me sentia reconfortante e segura envolvida por seu corpo, de como o contato de sua pele com a minha fazia o meu sangue ferver.

Fiquei durante horas presa nesse sonho. Imaginar o quanto eu deveria esperar para esse sentimento desaparecer, me fez estremecer. Eu tinha medo do sofrimento. Qualquer tipo de sofrimento é ruim, mas sofrer por amor era ainda pior.

Enxuguei uma lágrima que se formou no cantinho do olho e tentei me conformar. Se apenas o tempo poderia me fazer esquecê-lo, então eu iria esperar.



~*~*~*~



Os dias foram se passando e o sentimento ainda estava muito forte dentro de mim. Depois da primeira semana, eu já conseguia me concentrar melhor em outras coisas, mas sempre que ouvia as palavras Kong e Paris eu me esquecia do resto e pensava nele. Era como se as pessoas fizessem isso de propósito! Ás vezes até mesmo Tenten que se dizia minha amiga, comentava alguma coisa a respeito do seu chefe e tudo que me fazia lembrar dele.

Esse foi um dos motivos por eu ter pedido demissão da empresa. Claro que Shizune e alguns colegas ficaram muito tristes e me questionaram essa decisão, mas eu não tinha como voltar atrás. Eu não podia continuar me iludindo. Se eu queria esquecê-lo, então eu também deveria me afastar.

Quando Tsunade soube da minha demissão, ela me telefonou e me convidou para tomar uma bebida numa tarde de sábado. Claro que eu sabia que ela me perguntaria tudo sobre o meu inesperado pedido de demissão, mas eu não podia recusar o seu pedido.

Encontrei-me com ela no restaurante onde marcamos. Eu esperava encontrá-la irritada comigo, mas ela estava como sempre desde que a conheci: radiante e enigmática.




–Não está sentindo falta de administrar uma grande corporação, Tsunade? – perguntei com um sorriso depois de fazer o pedido ao garçom.

–Nenhum pouco. Agora que tenho passagens para o Havaí, percebi que nunca tive vocação para cuidar de empresas grandes. Serei apenas uma investidora. Estou de olho em empresas pequenas mais interessantes que computação gráfica.




Percebi que Tsunade estava realmente feliz com a decisão de ter vendido a Global S.A. Era como se ela tivesse retirado um peso das costas.

O garçom voltou com as bebidas e pela expressão de Tsunade, agora seria o momento do assunto pelo qual ela me fizera o convite.



–Fiquei surpresa quando soube que havia pedido demissão. Você nem mesmo chegou a assinar o contrato com a CGCG. – disse ela bebericando o seu drinque.

–Foi uma decisão de última hora. – respondi sugando meu chá gelado pelo canudinho. Eu sabia que ela me perguntaria todos os detalhes.

–Não foi uma decisão precipitada?

–Na verdade não, eu preciso ir até Konoha resolver alguns problemas. – ela não parecia muito convencida com a minha resposta. – Na verdade, acho que como você, eu não tenho vocação para trabalhar na área da computação gráfica.

–Que bobagem! – ela retrucou balançando a taça entre os seus dedos. – Você nasceu para isso. Não precisa ser modesta.

–Não estou sendo modesta, Tsunade, eu...

–Sei que é por causa do Sasuke. – ela me interrompeu, seu olhar era estreito, como se estivesse me pressionando a contar a verdade.



Fiquei muda por um momento, tamanha era a surpresa por tal afirmação. Ela estava muita segura do que acabara de dizer.



–E não sei do que está falando. – disse sem fitá-la nos olhos.

–Não insulte a minha inteligência, Sakura. Eu sei que está apaixonada e está tentando fugir desse sentimento.

–Tsunade! – eu quase me levantei – Como você pode afirmar uma coisa dessas?! Você...

–Eu a levei até Paris porque Sasuke me pediu.

–O que?! – dessa vez não me segurei na cadeira. Eu estava atônita, uma irritação enorme crescia dentro de mim. – Ele pediu a você que me levasse a Paris? Então eu não fui escolhida pela minha competência, pela minha...

–Me deixe terminar, Sakura!

–Como você pôde Tsunade?! – eu estava me sentindo como uma idiota. Eu não conseguia acreditar no que acabara de ouvir! Tsunade estava conspirando contra mim, ajudando o Sasuke em uma conquista estúpida! Eu não podia acreditar que ela poderia ser tão falsa dessa maneira. Lembrei-me das perguntas que ela me fez sobre a minha família, toda a história dramática que envolvia a morte da minha mãe, o casamento do meu pai e a minha fuga de casa. Todo o relatório passado para o Sr. Uchiha.

Senti minhas pernas fraquejarem e me encostei na mesa.



–Eu só fiz o que ele me pediu, porque a conheci melhor e percebi que ele tinha razão ao seu respeito! – Tsunade também se levantou, debruçando-se sobre a mesa na minha direção. Seus olhos faiscavam assim como os meus, mas não tão irritados.

–Eu não sou ingênua, Tsunade! – eu a fitei nos olhos. Tsunade estava com uma expressão que demonstrava ter muito a dizer, mas eu não conseguia deixá-la falar. – Posso parecer, mas não sou. Ainda tenho muito para aprender, mas eu sei que não devo e não vou viver uma ilusão. Não serei uma conquista de um empresário milionário, eu sei me valorizar!



Peguei a minha bolsa e dei as costas à Tsunade antes que ela visse os meus olhos despejarem um rio de lágrimas. Segui para a saída do restaurante rapidamente, ignorando os gritos dela chamando por mim.






~*~*~*~



Quando cheguei em casa, encontrei Tenten na sala de estar com os braços cruzados batendo o pé no chão. Só de encontrar o seu olhar insano eu fiquei pálida. Havia me esquecido que naquela noite tínhamos marcado de jantar no apartamento do seu noivo. Eles planejaram comemorar o noivado com um jantar simples, apenas com os padrinhos de casamento.



–Desculpe, Tenten. Me esqueci completamente. – fechei a porta e me joguei no sofá.

–Aconteceu alguma coisa? – Tenten se aproximou de mim, mas eu não a incomodei com os meus problemas. Aquela noite ela iria comemorar o seu noivado e com certeza eu nunca desejaria que algo atrapalhasse.

–Nada demais. Não se preocupe.

–Então o que está esperando para ir se aprontar? – ela me puxou do sofá me arrastou até o meu quarto. – Você não vai fazer essa desfeita comigo, Haruno! Você sabe muito bem que é a minha madrinha e não pode faltar! Anda logo que já estamos atrasadas!




Eu não estava no clima de sair de casa, mas fiz um esforço. Tenten era a minha melhor amiga e merecia ser muito feliz. Ela havia sofrido muito pelo Neji no passado, e agora estava prestes a se casar com ele. Enfim ela havia atravessado o arco-íris e encontrado o pote de ouro do outro lado. Parecia irônico o modo como o destino agia na sua vida; era como se ela tivesse que sofrer por amor antes de ser feliz pelo mesmo amor.

Tentei imaginar se no futuro eu encontraria o pote de ouro no fim do arco-íris, mas tratei logo de afugentar esses pensamentos. Eu sabia que qualquer caminho que eu tivesse que percorrer, teria esperança de que desse até o Sasuke. Mas por mais tortuoso que esse caminho fosse, eu sabia que jamais o encontraria.

Eu devia de uma maneira ou de outra me conformar.





~*~*~*~



–Meu Deus! – quando descemos do taxi, meu queixo havia caído. – É aqui que o Neji mora?



Estávamos paradas na entrada de um luxuoso edifício em um bairro nobre da capital.



–Amiga! Esqueceu que o Neji é um executivo? Não apenas um executivo, mas “O” executivo da CGCG? – Tenten agarrou-se ao meu braço e seguimos para os portões do prédio.

–Se deu bem. – tentei fazer uma piada, mas o meu humor não estava muito bom naquela noite.

–Há, há! Muito engraçado! – Tenten me mostrou a língua. – Você sabe muito bem que eu amava o Neji antes do coitado ter até mesmo um emprego.

–E sabemos agora que de coitado ele não tem nada.




O segurança nos conduziu até os elevadores e subimos até o nono andar onde o Neji morava. Quando o elevador se abriu, ele já nos esperava à porta do apartamento. Em questão de segundos, Tenten estava aos seus braços arrancando-lhe um beijo que a fez se esquecer de mim. Ou melhor, se esquecer de tudo.

Tive que pigarrear algumas vezes.



–Sakura, como vai? – Neji se aproximou de mim e me cumprimentou com um beijo no rosto. Tenten estava vermelha e pela sua expressão estava sem ar também. – Quando a vi pela última vez, você usava aparelho e tinha o rosto cheio de espinhas.

–Não traga essas lembranças numa noite tão bonita. – Neji sorriu. Seu rosto era exatamente do jeito que eu me lembrava. Os olhos perolados eram desafiantes e sérios, mas nada que o deixava arrogante, frio e calculista. Ele estava maior e viril, não era mais um universitário lindo de sorriso jovial que enlouquecia as colegas de classe, era um homem lindo, com semblante responsável e autoritário. – Estou muito feliz por vocês. Principalmente por Tenten não ficar mordendo os travesseiros sentindo sua falta.

–Sakura! – Tenten abriu a boca, seu rosto ficou vermelho e Neji abriu um sorriso do tamanho do céu.

–Ela ainda faz isso quando está nervosa? – perguntou Neji enquanto a abraçava e lhe dava um beijo na testa.

–Ah, faz sim. Você devia ver como as penas dos travesseiros ficam presas nos seus dentes, parece que ela comeu uma galinha viva. – eu ri junto com o Hyuuga e Tenten levantou os punhos para mim.

–Sakura, você está pedindo pra apanhar!

–Não comecem a brigar aqui, os vizinhos são muito chatos e podem chamar a polícia.



Neji nos levou para dentro do apartamento dizendo que o jantar estava quase pronto. Percebi que ele gostava de arte moderna pela decoração, em minha opinião, de muito bom gosto. Era um lugar bem aconchegante e luxuoso, assim como a bela sala de jantar interligada com a sala de estar.

Uma mesa redonda estava decorada com taças cristalinas, pratos de porcelana e talheres de prata. Ao centro se encontrava um simples, mas exuberante arranjo de peônias, as flores preferidas de Tenten.



–Você está mesmo fazendo o jantar? – perguntei ao Neji sentindo o cheiro de algum assado de carne. Só naquele momento percebi que ele estava com um pano de prato sobre o ombro e as magas da camisa estavam levantadas até os cotovelos.

–Não se preocupe – disse uma voz desconhecida – já experimentei a comida do Neji-san e não é tão ruim quanto o macarrão instantâneo do China In Box.

–Puxa, muito obrigado, meu amigo. – Neji fingiu uma expressão irônica depois sorriu. – Este é o meu amigo Lee, Sakura. Infelizmente.

–Amigo e padrinho de casamento. – Lee se levantou do sofá e se aproximou de mim com um sorriso. – Muito prazer, meu nome é Rock Lee.

–Sakura Haruno. – apertei sua mão, mas ele praticamente avançou sobre mim e me deu um beijo no rosto. Ele não era o mais bonito dos homens que eu já tinha visto, seu jeito denunciava que ele era um pouco desastrado, seu corte de cabelo não combinava com o seu rosto, mas seu sorriso era muito simpático.

–Podem ficar à vontade, darei uma olhada no jantar. – disse Neji gesticulando para o sofá de couro ao seu lado.

–Eu vou com você, meu amor. – Tenten o abraçou pela cintura e os dois seguiram juntos para a cozinha. E isso, claro, depois de se beijarem.



Sentei-me ao lado do Lee procurando alguma coisa dentro da minha cabeça para dizer. Eu estava tentando me distrair com pensamentos diferentes, tentando não pensar no que Tsunade havia me dito naquela tarde, mas era difícil ignorar a maneira como a minha cabeça fervilhava. Acho que Tenten havia percebido que alguma coisa de errado estava acontecendo comigo ou ela teria me puxado para o canto e me ameaçado de morte pelas piadinhas que fiz sobre ela para o Neji.

O padrinho de casamento do Neji abriu a boca para dizer alguma coisa, quando a campanhinha soou pelo apartamento. Continuei sentada, afinal o dono da casa era o Neji, mas ele parecia estar muito ocupado com Tenten na cozinha.



–Hamm... Pode deixar que eu atendo. – gritei para o casal que havia ficado surdo de repente quando os sinos da campanhinha tocaram novamente.

–Dar uma olhada no jantar, uma ova. – murmurou Lee me dando uma piscada.



Segui para a porta do apartamento ainda sorrindo para o Lee do outro lado da sala, mas ao me deparar com a pessoa do lado de fora meu sorriso se desfez no mesmo instante. Meus olhos se arregalaram e a minha voz havia fugido.

Sasuke Uchiha estava do outro lado da porta. Antes que esta fosse aberta, por alguns segundos, vi como ele estava sério, com a expressão de tédio, seus olhos mal encaravam a porta. Mas agora ele compartilhava da mesma surpresa que eu. Imaginei o seu queixo caindo assim como o meu estava prestes a cair.



–Sasuke?! – perguntei tentando disfarçar a cara de susto que eu fazia.



Ele usava uma camisa preta, uma gravata vermelha estava frouxa sobre os ombros, o paletó dobrado sobre o seu braço. Seus cabelos estavam bem penteados, a barba feita. Ele estava chegando de um lugar muito importante ou indo para um?

Percebi que seus olhos também me tateavam. Seus pensamentos também procuravam por explicações. Abri a boca para perguntar o que ele fazia ali, mas fui interrompida.



–Sasuke-san! – Neji surgiu ao meu lado estendendo a mão para o moreno que ainda não havia desviado os olhos de mim. – Não pensei que estaria desocupado esta noite.



Eu desviei meu olhar de surpresa de sua figura. Tenten já estava ao meu lado, seu rosto tão surpreso quanto o meu.



–Eu vim apenas lhe entregar isto. Não posso ficar para o jantar. – Sasuke entregou uma garrafa de champanhe ao Neji.

–Muito obrigado, Sasuke-san. Sabe que não precisava. – disse Neji. – Bom a minha noiva você já conhece, deixe-me apresentar...

–Eu já a conheço. – Sasuke o interrompeu e o meu coração subiu pelo esôfago quando seus olhos novamente me incendiaram.



Neji ficou um pouco confuso, seus olhos perguntaram silenciosamente para sua noiva o que estava acontecendo. Eu devia dizer alguma coisa antes que a situação ficasse estranha, mas quando abri a boca para dizer a primeira coisa que me veio à cabeça, senti o Rock Lee esbarrar-se no meu ombro.



–Sasuke-sama! Como vai o senhor? – ele faltou me empurrar antes de colocar um pé para fora do apartamento e apertar a mão do patrão. – É uma honra recebê-lo! Você jantará conosco?

–O Sasuke-san está muito ocupado, Lee. – disse Neji um pouco irritado com a atitude exagerada do amigo.

–Tem certeza de que não pode ficar, Sr. Uchiha? – meus olhos seguiram na direção da Tenten rapidamente quando ouvi sua voz e entendi as palavras. Ela estava só querendo ser gentil ou estava REALMENTE fazendo um convite a ele? – Ficaríamos muito felizes se pudesse ficar. – seus olhos passaram do Sasuke para mim e eu entendi aquilo como se o NÓS significasse apenas EU.

Ah, como eu queria voar no pescoço da Tenten!



–E não terá problema se ficar muito tarde, afinal para o senhor ir embora terá que apenas subir alguns andares. – por que a Tenten continuava falando?E que história era essa de subir alguns andares? Ele morava naquele prédio? No mesmo prédio do Neji?!

–A Tenten tem razão, Sasuke-san. Se não estiver muito ocupado. – e Neji piorou a situação. Eu estava quase tendo um ataque.



Até o Lee começou a insistir e Sasuke não pôde fazer outra coisa senão aceitar, é obvio. Eu estava à beira de um ataque e Tenten percebeu, me arrastando para a cozinha com a desculpa de ajudá-la com o champanhe.



–Você ficou maluca, Mitsashi?! “Tem certeza de que não pode ficar, Sr. Uchiha?” – minha voz era um sussurro ameaçador quando chegamos a cozinha. – Eu vou te estrangular! Por que diabo você fez isso?!

–Você não percebeu que a carinha dele dizia com todas as palavras que queria ficar? – Tenten tinha a voz mais calma do mundo, me fazendo ficar ainda mais furiosa. – Estava só esperando um convite. Ele não é do tipo que se oferece, você sabe...

–Ah, agora você é especialista em interpretar a expressão das pessoas?

–Se ele não quisesse, não teria aceitado.

–Com três puxa sacos insistindo tanto é um pouco difícil recusar, não acha? – eu coloquei as mãos na cabeça e suspirei de olhos fechados. Aquilo não podia estar acontecendo!

–Como assim? Você mesma não disse que Sasuke Uchiha é tão arrogante e pretensioso que nunca vai pela cabeça das pessoas e sempre faz o que quer?



Tenten conseguiu me deixar muda. Não só por eu estar errada, mas porque estava faltando ar nos meus pulmões.



–Será que você esqueceu de tudo o que eu te contei sobre Paris? – eu me encostei na bancada de mármore ainda com as mãos na cabeça. – Se esqueceu que eu preciso me distanciar desse homem?

–Sakura, tenta se acalmar. – minha amiga se aproximou de mim, abaixando as minhas mãos. – Respire fundo... Isso...

–Você sabia que ele morava nesse prédio!

–Neji comentou comigo uma vez que ele morava aqui na cobertura, mas que aparecia só uma vez, no máximo duas vezes por mês. Não imaginava que ele fosse aparecer no jantar, por isso não disse nada...

– O que eu vou fazer agora? Você viu como eu fico perto dele? – tentei respirar fundo novamente, mas o oxigênio havia desaparecido.

–Você se sairá muito bem, amiga. Tente agir naturalmente, não precisa conversar com ele. Puxa conversa com o Lee e se o Sasuke te fizer alguma pergunta, responda como se ele não te afetasse em nada.



Fechei os olhos e tentei me controlar. Podia parecer exagero, mas eu simplesmente não conseguia ficar calma. Eu odiava a maneira como Sasuke Uchiha aparecia repentinamente na minha vida. Ele sempre me pegava de surpresa, era como se fosse impossível evitar sua existência.

Eu sabia que estava perdida. Eu não podia simplesmente sair pela porta e dizer “valeu pelo convite, Neji, mas infelizmente não poderei ficar graças ao seu patrão-vizinho. Nós temos assuntos pendentes a resolver e eu não quero resolve-los, principalmente na noite do seu jantar de noivado. Falou e boa noite! Aproveitem o rango!” Por mais que eu quisesse me teletransportar daquele prédio apenas para evitá-lo, eu tinha um pacto de amizade com a Tenten muito forte. Lembro-me de ter prometido a ela que estaria ao seu lado na sua festa de noivado com o Neji, assim como estaria ao seu lado no dia do casamento. Eu odiava quebrar promessas e com certeza não quebraria uma por causa de Sasuke Uchiha!

Juntei um pouco de coragem que me restava e tentei me acalmar. Tenten estava ansiosa ao meu lado, não parecia nenhum pouco arrependida de ter praticamente convidado o Sasuke e nenhum tiquinho preocupada comigo.



–Você está se vingando pela piada da galinha viva, não é?



Tenten riu e me abraçou.



–Eu não faria nada que pudesse te afetar, amiga.

Ela disse isso simplesmente, como se quisesse dizer que estava fazendo aquilo para me fazer bem, como se estivesse me ajudando! Que absurdo...

–Agora, pegue essas taças de champanhe e siga para aquela sala de jantar com a cabeça erguida! E pode rebolar um pouquinho, porque esse vestido e o salto alto deixam o seu bumbum bem arrebitado.

–Isso não tem graça! – segui com uma careta para a sala de estar enquanto Tenten ria da minha cara.



Ela seguiu atrás de mim com a garrafa de champanhe dentro de um balde de gelo.

Enquanto organizava as taças sobre uma mesinha ao lado da mesa de jantar, eu podia sentir os olhos do Sasuke sobre mim, embora em nenhum momento eu tenha olhado na sua direção desde que saí da cozinha. Neji e Lee comentavam com ele alguma coisa sobre um jogo de futebol e não sei por qual motivo, me vi ansiosa em ouvir a sua voz.

–O que você acha, Sasuke-sama? – perguntou Lee sobre alguma coisa que eu havia perdido. A menção à sua pessoa fez os meus olhos agirem por impulso. Encontrei um par de olhos negros, sem intenção nenhuma de disfarçar que estava me fitando intensamente. Senti meu coração acelerar.

–Eu sabia que aquele filho da mãe não faria nenhum gol. – disse ele desviando os olhos rapidamente para o seu funcionário de cabelo lambido, o Rock Lee, que parecia muito animado pela conversa, mas que não tinha a mesma consideração retribuída. Senti uma raiva repentina ao me lembrar da indiferença daquela homem pelas pessoas. – Mas mesmo assim, apostei muito alto pelo time, apenas porque Neji insistiu.

–Não venha me culpar agora. Até parece que coloquei uma arma na sua cabeça e mandei você apostar. – disse Neji se levantando e seguindo para a cozinha.



Lancei um último olhar na direção do Sasuke, depois fingi que arrumava o arranjo de peônias no meio da mesa quando nossos olhares se cruzaram mais uma vez.

Neji pediu para que todos se sentassem, pois o jantar já seria servido. Dei graças a Deus. Quanto antes fosse o jantar, mais cedo eu poderia ir embora daquele pesadelo.

Escolhi o meu lugar à mesa e me arrependi de ter sido tão apressada. Sasuke escolheu o lugar á minha frente e Lee ao meu lado direito. Neji se sentou á esquerda do Sasuke, enquanto Tenten ficou ao seu lado e à minha esquerda.

Não sei se seria pior tê-lo ao meu lado ou a minha frente, onde o alcance dos seus olhos não tinha nenhuma interferência. Eu estava nesse lema, assistindo Tenten servir o vinho e o champanhe, enquanto ouvia a voz grave e aveludada do Uchiha. Ele estava falando alguma coisa sobre trabalho para o Neji.



–Já que estamos falando de trabalho. – disse Lee olhando pra mim. Eu estava no meio de um gole de champanhe. – Eu soube que está desempregada, Sakura.




Me engasguei. Comecei a tossir descontroladamente, enquanto Tenten dava tapinhas nas minhas costas. Eu não podia acreditar na minha sorte! Como aquele sujeito que eu nunca vi na minha vida SABIA que eu estava desempregada?!



–Acho que entrou no lugar errado. – disse Tenten com uma expressão preocupada. – Tudo bem amiga? – eu a fitei e ela parecia pedir desculpas silenciosamente. Com certeza ela havia comentado sobre a minha demissão para o Neji e ele, quem sabe talvez, tenha comentado com o seu amigo.

–Você soube?! – perguntei um pouco sem fôlego. Mesmo que Neji tivesse comentado inocentemente sobre isso com o seu amigo, isso não era assunto para se discutir na frente do Sasuke, meu Deus!

–Sendo a melhor amiga da Tenten que trabalha na CGCG e cujo noivo é um dos executivos mais influentes da empresa, eu não posso imaginá-la sem emprego. – disse Lee me fitando e colocando sua mão sobre a minha. – Mas não me entenda mal, Sakura. Eu tenho certeza de que você é muito competente e conseguiria o emprego sem fazer nenhum esforço.



Retirei a mão debaixo da sua mão suada, tentando não parecer ofendida com o seu comentário. Meus olhos foram de encontro até o Sasuke do outro lado da mesa e ele estava com uma expressão, digamos nenhum pouco amigável na direção do Lee. Até Neji parecia um pouco irritado com o amigo.



–Na verdade, Lee – comecei a dizer antes que Sasuke ou eu mesma enfiasse a cabeça do Lee dentro do balde de gelo – Eu estava trabalhando na antiga Global S.A. e pedi demissão porque preciso voltar para Konoha.

–Vai ajudar o seu pai na fábrica de tecidos, Sakura? – perguntou Neji. Ele parecia aliviado pelo assunto ter tomado outro rumo, mas eu não estava. Era informação demais para certa pessoa que agora me fitava muito interessada. – Ele ainda tem aquela fábrica?

–Nossa, meu amor! Você pensou que os Haruno tinham ido à falência? – indagou Tenten depois de engolir um pedaço de bolo de carne.

–Bom, como o Sr. Haruno não construiu outra fábrica fora de Konoha, eu pensei que...

–Ele aumentou a antiga fábrica e comprou uma imobiliária. – informou Tenten. – É dono de várias residências da região.



Mentalmente, eu implorava para que aquele assunto não se estendesse e que Tenten calasse a boca!



–Tem algum conhecimento em administração, Srta. Haruno? – a voz do Sasuke ecoou na minha mente fazendo o meu coração disparar como um carro de corrida. Aquele tom de autoridade, aquele jeito forte de pronunciar as palavras, me fizeram lembrar de quando eu era apenas uma atendente de telemarketing e ele era o meu supervisor.

–Ainda não. – respondi depois de empinar o queixo. Ele achava que conseguiria me intimidar?

–Mas por que veio para a capital ao invés de ficar em Konoha e cuidar dos negócios da família? Se me permite perguntar... – indagou Lee e novamente eu quis atentar contra sua vida.

–É um pouco... complicado. – respondi meio sem jeito. Eu não começaria a contar a minha história dramática no meio daquele jantar. A noite já estava muito ruim.

–Será que você adivinha, Rock Lee? – perguntou Sasuke antes de levar a taça de vinho aos lábios. Seus olhos estavam em mim, estreitos e provocantes.

E era exatamente isso que ele queria fazer: me provocar.



–Já que perguntou, Sasuke-sama, eu estava imaginando um motivo, mas acho que...

–Não seja bobo. Diga o que pensou. – Sasuke não parecia nenhum pouco envergonhado em demonstrar sua falta de educação na frente do Neji e da Tenten. O tom da sua voz era indiferente, fria. Sua expressão uma máscara de cinismo e provocação. – A Srta. Haruno tem muito senso de humor.

Ah não! Ele queria me provocar e sair ileso?




–Uma coisa que falta muito em você, não é mesmo? Não entendo como ainda existam pessoas que possam te suportar. – eu disse sem me controlar, porém o meu tom de voz era tão suave e a expressão tão cínica quanto à dele. Tenten me fitava atônita, o queixo estava caído, Neji estava confuso, olhava de mim para o Sasuke e Lee estava com os olhos arregalados. – Não preciso ter medo de dizer isso, afinal vocês três é que trabalham para ele. – eu ri forçando um pouco de humor. Levantei a minha taça como se estivesse brindando e bebi com um gole só todo o champanhe. – Mas diz aí, Lee. O que você pensou?



Sasuke tinha um sorriso torto nos lábios e estava bem relaxado sobre a cadeira.

Mas que ódio! Ele tinha feito aquilo de propósito? Ele queria me ver explodir como um vulcão por SUA causa?



–É... Eu...

–Aposto que adivinho! – eu o interrompi. – Você acha que eu sou uma adolescente rebelde e fugi de casa pra deixar o meu pai BEM zangado até provar para mim mesma que tenho responsabilidade, não foi?

–Não, eu...

–Ah, ou melhor! Você pensou que o meu pai é daqueles pais antigos que conseguem um casamento arranjado para a filha e eu como sou uma jovem sonhadora fugi de casa para não ter essa infelicidade, foi isso? – o Lee continuava com os olhos arregalados sem saber o que estava acontecendo e eu não pude me controlar. Há dias minha cabeça estava fervendo como uma panela de pressão, há dias eu queria desabafar tudo que estava preso dentro de mim. - Será que você pode esclarecer de uma vez o que pensou a respeito do enigma que envolve a minha vida estúpida, Lee? Porque aparentemente, a sua opinião INTERESSA MUITO AO SR. UCHIHA!

–Sakura... – Tenten segurou no meu braço tentando me virar na sua direção, mas os meus olhos não desviavam do Sasuke.

Eu estava ofegante, meus punhos cerrados. Eu havia me descontrolado totalmente e a culpa era toda dele.

–Com licença, vou pegar... a sobremesa. – me levantei e caminhei rapidamente para a cozinha ignorando as vozes da Tenten chamando por mim e dizendo que ainda estava cedo para a sobremesa.



Apoiei as mãos no balcão e fechei os olhos.



–Mas por que diabo ele tinha que aparecer aqui? – perguntei depois de um longo suspiro.

–Estou tão surpreso de encontrá-la aqui quanto você. – a voz do Sasuke soou atrás de mim, fazendo-me virar no mesmo instante. Ele estava parado no meio da cozinha, as mãos nos bolsos, a expressão séria.

–É mesmo? – perguntei indignada. – E como posso acreditar em você? Como não vou saber se não é mais de um dos seus planos para me encontrar? Quem é o seu novo cúmplice agora? O Neji?

–Do que está falando? – ele perguntou calmamente, mas o seu rosto sério tinha um traço de irritação.

–Vai negar que pediu à Tsunade para ela me levar até Paris apenas para me encontrar com você? – ele ficou confuso por um momento, depois sua expressão estava séria novamente.

–Não. Não vou negar. – respondeu ele depois de alguns segundos.



Eu comecei a ofegar novamente. Pensar que eu estava sendo enganada todo aquele tempo fazia o meu sangue ferver. Eu tinha vontade de bater naquele rosto cínico que ele tinha, me vingar por ter me magoado, por me fazer chorar por ele.

Eu o amava, meu coração se derramava de tanto amor, um amor que eu não podia ter, um amor que doía tanto no meu peito e eu não merecia esse sofrimento por alguém tão egoísta como ele! Sasuke não iria se aproveitar dos meus sentimentos! Não iria me usar como um objeto apenas para satisfazer o seu ego!



–Não se aproxime de mim! – eu disse quando ele andou na minha direção, mas seus passos continuaram. – Você é tão sujo e desprezível quanto Sasori Akasuna!



Sasuke ficou aturdido com as minhas palavras, mas no momento seguinte estava furioso. Suas mãos seguraram firmes nos meus braços.



–É isso que pensa de mim? – ele perguntou entre dentes. – Como tem coragem de me comparar a ele?

–Então me explique o que está acontecendo! Por que está me perseguindo? Por que não se afasta de mim de uma vez? Por que não me deixa em paz? POR QUÊ?



As mãos dele continuavam apertando os meus braços.

–Por que eu te amo, droga!



Seu rosto contorcido pela raiva, seu corpo tenso, suas mãos rígidas apertando os meus braços, seus dentes trincados, sua respiração ofegante... todas essas reações não me deixaram assustada. Mas ouvir aquelas palavras, fez o meu coração parar.

Os olhos negros que tanto vagavam nos meus sonhos fitavam dentro dos meus olhos como se desejassem enxergar a minha alma.

Eu estremeci ainda em contato com suas mãos, sem saber o que dizer, muito menos o que pensar.

Sasuke finalmente me libertou do contato intenso de seus olhos, desviando-os para os lados como se houvesse revelado um segredo muito valioso, como se estivesse extremamente arrependido do que disse.

Seus dedos deixaram a minha pele. Ele ficou parado por um instante a minha frente, respirou fundo, me fitou uma última vez, me deu as costas e saiu da cozinha. Logo depois ouvi o barulho de uma porta sendo fechada bruscamente.



Os segundos se passavam e eu continuava como uma estátua encostada na bancada de mármore. Eu não podia ter ouvido o que havia ouvido. Não saindo da boca de Sasuke Uchiha!

Ele não podia me amar! Ele era um rico egoísta, conquistador de um ego enorme! Talvez não fosse pior que Sasori Akasuna, mas era tudo da mesma laia! Ele estava tentando me enganar. Com certeza era isso. Não era possível que Sasuke Uchiha pudesse estar falando a verdade... Ele... Ele era um mentiroso! Teve coragem de pedir a Tsunade que me levasse a Paris!

Ele não era o exemplo de homem que uma vez eu imaginei... Não podia ser!

Minhas mãos desabaram. Eu havia desistido. Eu mal o conhecia. Na verdade, eu não o conhecia. Eu passei todo esse tempo montado um tipo de personalidade naquele homem que era um estranho para mim! Eu estava me sentindo como a personagem de Jane Austin. Me deixei levar pelo preconceito, pela aparência arrogante do Sasuke e não permiti que ele deixasse com que eu o conhecesse. Que eu pelo menos pudesse decifrar seus sentimentos.

Um barulho vindo da sala me chamou a atenção e voltei para a Terra. O JANTAR DA TENTEN!

Peguei uma torta dentro da geladeira e seguir para a sala de jantar. Será que eles haviam escutado a minha conversa com o Sasuke?



–Nossa, Neji! Você também fez essa torta? Parece deliciosa!



Neji me fitava com uma cara muito confusa, Tenten tinha um sorriso de orelha a orelha e Lee parecia um tanto preocupado. Confirmando a minha dúvida: eles haviam escutado a minha conversa com o Sasuke.

–Não... Eu... É... É uma torta de padaria. – desengasgou Neji, depois o vi coçar a nuca.

–Vá atrás dele, Sakura! – disse Tenten se levantado. – É só você pegar o elevador para o último andar!

–Tenten, o que você... – comecei a dizer sem acreditar no tipo de encorajamento que a minha melhor amiga estava me dando.

–Não perca essa chance, Sakura... – ela me interrompeu, segurando-me pelos ombros. – Não a perca, porque depois pode ser tarde.

–Mas que droga! – ouvi a voz do Lee, mas nem sequer olhei para ele. Meus pensamentos viajam com as palavras da Tenten. – Se eu soubesse que o Sasuke gostava da Sakura, eu não ficaria dando em cima dela. Acha que eu serei despedido, Neji?

–Cale a boca, Lee. – Neji estava prestando atenção em mim, atento a minha resposta.



Eu estava com medo. Eu queria muito ir atrás dele, mas não havia coragem suficiente.



–Eu não tenho coragem, Tenten. – admiti sentindo o meu estômago embrulhar. – O que eu vou dizer pra ele?

–Vai dizer o que você sente. – ela sorriu, vi seus olhos lacrimejarem. – Diga que o ama.



Tenten me levou até a porta e eu não pude acreditar que as minhas pernas haviam saído do lugar.

Quando me dei conta já estava dentro do elevador. Meu coração estava à mil, minhas mãos tremiam e suavam. Mas que diabos eu estava fazendo?

Cheguei ao último andar. As portas do elevador se abriram e eu pensei mais um pouco antes de dar um passo para fora. Percebi que o meu coração batia mais forte como nunca antes, minhas pernas tremiam.

Eu estava sendo tão estúpida! Do que afinal eu tinha medo? O máximo que Sasuke poderia fazer era bater a porta na minha cara, não é mesmo?



Não... Talvez fizesse algo pior.



Impedi que as portas do elevador se fechassem e dei um passo para fora dele. Eu não podia ser tão covarde assim. Eu tinha que acabar com aquela história de uma vez por todas! Eu tinha que entender o que estava acontecendo, eu tinha que saber se o que Sasuke dissera era verdade.

Atravessei o pequeno corredor e parei em frente a uma enorme porta de madeira.

Bati três vezes.

A expectativa de encontrá-lo estava no ápice, me torturando imensamente. Tentei ouvir algum barulho do lado de dentro, mas não havia nada. Talvez, Sasuke não estivesse em casa, afinal de contas. Eu perdera a chance como havia dito a Tenten.

Me virei para ir embora, quando ouvi a porta se abrir com força.



–Sakura? – mesmo sem vê-lo, imaginei como estaria a sua expressão: tão surpresa quanto a sua voz.



Meu corpo deu meia volta lentamente e nossos olhos se encontraram, confirmando o que eu imaginava. Eu era a última pessoa que ele esperava encontrar batendo a sua porta.



Meus olhos se atreveram a deixar o seu rosto. Sasuke estava sem camisa, os músculos bem definidos e fortes disponíveis para os meus olhos; seus cabelos não estavam mais tão bem penteados e sim soltos e desalinhados. Estava descalço e sua calça preta estava com o cinto desafivelado. Senti meu rosto esquentar quando ele percebeu que eu o tateava com os olhos.



–O que está fazendo aqui? – ele perguntou arqueando uma sobrancelha.



Tentei ignorar as diversas reações que o meu corpo sofria apenas por imaginá-lo retirando as roupas minutos antes que eu batesse à sua porta.



–Bem, eu... – meus olhos fitaram o chão e eu tentei juntar toda coragem que me restava para encará-lo bem nos olhos. – Só queria me desculpar pelo que disse.



Ele continuava parado à soleira da porta, seus olhos estreitos e sérios me sondavam.



–Eu estou tão confusa que não calculei bem as palavras, eu nunca desejei compará-lo ao Sasori. – senti meus olhos lacrimejarem, mas eu faria tudo que pudesse para não chorar na frente dele. Eu nunca havia chorado na sua frente e com certeza não iria em um momento como aquele. – Eu acabei me descontrolando, dizendo o que não devia, quando o que eu queria realmente era dizer que te amo, por isso sinto muito. Eu...

–O que? – em questão de poucos segundos, Sasuke estava bem a minha frente, suas mãos seguravam meus braços. – O que você disse?



As lágrimas desceram pelo meu rosto antes que eu pudesse impedi-las.



–Eu sinto muito... – Sasuke me puxou para perto do seu corpo. Ele segurou no meu queixo e levantou o meu rosto.

–Não... – ele encostou sua testa a minha. – Você me ama?



Percebi que meu corpo começou a tremer quando minha pele entrou em contato com a sua. Eu não sentia meu coração bater, pois sua velocidade era inacreditável.

Os olhos dele me incendiavam ansiosos para ouvir minha resposta e eu não pude prolongá-la.



–Eu o amo. – admiti, sentindo um alívio tão profundo quanto o abismo que se formaria se eu não o admitisse de uma vez. – Amo como nunca amei ninguém antes...



Sasuke segurou na minha nuca e tomou os meus lábios. O beijo foi urgente, quente, inundado da paixão que nos consumia. Nossos corpos se apertavam como se desejassem se fundirem em apenas um.

Eu não estava pensando no amanhã. Eu não estava pensando no que era ou não possível naquele momento.

Eu apenas me sentia como se finalmente estivesse atravessando o arco-íris.




Continua...






Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Fugindo dos tiros!* =XPodem ficar calmos que o hentai é no próximo cap! ^^================================================Hello, galera! >.< Muita saudade de vocês!Peço desculpas pela demora na atualização. Eu me mudei de bairro e fiquei uma eternidade sem internet, vocês não têm ideia do sofrimento! x.x Fiquei acessando o Nyah do meu trabalho e do meu celular pra melhorar a abstinência... heheheTive algumas desavenças aqui no site pela minha demora na atualização, mas não vamos perder tempo falando nisso. Já passou! XDFelizmente já estou de volta, espero que vocês tenham curtido o capítulo. Eu sei que muita gente esperava o hentai nesse cap, mas vai ficar para o próximo. Agora que a Sakura sabe que o seu ex-supervisor a ama ardentemente, nada vai segurar essa garota! He laiá!Agradeço ao carinho de todos e especialmente a sasusakulove, AkinoJ,Estrelinhakat, gessica, MarySakura-chan, Elizabeth, Baarbara_Gz e agdachan por recomendarem a fic! XD Valeu mesmo, meninas! Adorei cada palavra! Até o próximo cap!bjss=Denny