O Supervisor escrita por DennyS


Capítulo 5
Capítulo -V- Uma Parte do Enigma




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/133368/chapter/5

~* V*~

Uma parte do enigma

Eu o fitava.

Dentro de mim, existia um oceano de sensações. Era como estar se afogando por dentro, ao mesmo tempo em que estava se incendiando. Isto não fazia sentido, mas era a melhor maneira de explicar aqueles sentimentos.

Sasuke Uchiha estava do outro lado do amplo salão do restaurante italiano. Havia se tornado rotina encontrá-lo nas tardes em que eu saía para almoçar com Shizune. Agora era obvio que ele não trabalhava mais na central de cobranças devido à distância e ao tempo. Além de vê-lo sempre muito bem vestido, com uma pinta de bacana que eu nunca havia reparado antes.

Duas semanas se passaram desde o nosso último contato. E três dias se passaram desde que fiz uma descoberta que era inacreditavelmente verdadeira, embora eu me odiasse por admiti-la.

Tal descoberta me incomodava de uma maneira que eu não podia suportar. Sasuke Uchiha deveria ter deixado de ser o centro principal dos meus problemas, afinal ele não era mais o meu supervisor, eu estava livre! Nada de broncas, nada de insinuações nem estresse ou sapo entalado na garganta. Ele deveria estar em outro plano, longe da minha cabeça, longe das minhas preocupações. Mas infelizmente a história era outra. Ao invés de Sasuke Uchiha desaparecer da minha lista de problemas, ele havia subido outro nível. Estava agora no topo.

Ele não era a mesma pessoa. Não da forma como eu sempre o conheci, com arrogância, cinismo e egoísmo. Ele estava ainda pior.

Durante essas duas semanas, ele nem sequer olhou para mim. Não que isso me incomodasse (durantes essas duas semanas), mas aquilo era o cúmulo! Como ele tinha a cara de pau de me ignorar? Tudo bem que ele me odiava na central de cobranças, me achava uma inútil e mais um monte de coisas, embora Konan tenha me dito que ele me admirava como uma boa funcionária. Eu até que acreditei nela naquele dia, mas agora eu tinha certeza que Konan estava viajando ou disse aquilo para que a minha saída da empresa fosse sem ressentimentos. Eu podia entender que Sasuke Uchiha tinha alguma coisa contra mim, mas eu tive muita coragem para apertar a sua mão e dizer que foi UMA BOA EXPERIÊNCIA trabalhar ao lado dele apesar de tudo. Como ele tinha coragem de me ignorar depois dessa minha atitude?

O que mais me doía e não entendia o porquê (há três dias atrás), era vê-lo sempre acompanhado de belas mulheres durante o horário de almoço. Vê-lo sendo paparicado e acariciado por aquelas beldades sem cérebros, acabava com o meu apetite. Eu estava num estado de espírito horrível.

–O que você tanto olha, mocinha? – perguntou Shizune, enquanto folheava uma revista e bebericava o seu suco.

–Nada. – eu me ajeitei na cadeira, beliscando a comida fria no meu prato. Dei uma olhada na loira que colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha do Uchiha.

–Você anda muito distraída. – eu sabia que Shizune reparara em mim. Ela era muito observadora, mas a minha sorte era que ela não insistia muito como a Tenten.

–Estou pensando muito ultimamente. – respondi distraída, sabendo inteiramente do motivo desses pensamentos.

–Não é arrependimento pelo Sasori Akasuna, é?

–Não, claro que não.

Os lábios de Shizune se alargaram em um belo sorriso, depois ela começou a rir descontroladamente ao se lembrar do meu primeiro dia no restaurante italiano.

Naquela tarde, depois que deixei Sasuke na calçada, voltei à mesa onde Sasori inacreditavelmente me esperava.

–Sakura, não sabia que tinha assuntos pendentes a tratar com Sasuke Uchiha. – ele tinha aquela expressão cínica que eu adoraria retirar com o meu punho.

Sem dizer nada, eu puxei o meu crachá de suas mãos, peguei minha bolsa depois de retirar o dinheiro para pagar a conta e me dirigi a ele.

–Eu já disse para largar do pé da minha amiga! – disse alto chamando atenção para a nossa direção. Avistei Shizune saindo do toalete.

–Mas o que você...

–Será que é difícil entender que foi apenas uma noite? Ela não quer um homem crescido como você ligando às três da madrugada para pedi-la em casamento como um adolescente apaixonado! Ela já está em outra, Sr. Akasuna. – os olhos do ruivo circulavam nervosos pelo restaurante. Muita gente já prestava atenção em nós. Até os garçons pararam com as bandejas nas mãos. – Por isso eu o aconselho a fazer o mesmo e encontrar uma mulher que se conforme com... o tamanho da sua ferramentinha. – ouvi um garçom cair na gargalhada as minhas costas. – Porque a Shizune não achou nada de mais. Ou melhor nada de nada...

–Sakura! – Sasori se levantou, decidindo se me mandava calar a boca ou ele mesmo me calava.

–Fará um favor para você mesmo, Sr. Akasuna. Lembre-se disso e tente se conformar.

Shizune já estava ao meu lado, seu rosto pálido, surpreso. Muitos funcionários caíram na gargalhada, zombando do Sasori, enquanto este estava meio que zangado e constrangido.

Lancei um olhar de pena para ele antes de pegar no braço de Shizune e sair do restaurante. Na rua ela não acreditava no que eu havia feito, mas ria tanto que foi preciso se encostar em mim para ficar de pé.

Depois daquela cena no restaurante, não vimos mais o ruivo charmoso. Na primeira semana não se comentava outra coisa nas duas empresas, segundo os boatos que circulavam. Shizune era parabenizada por ter dado o troco no canalha do Sasori, por todas as mulheres que ele havia enganado. Ela me agradecia pela brilhante ideia todos os dias quando se lembrava.

–Já que não está arrependida, está preocupada com o trabalho? – perguntou ela depois de conseguir parar de rir.

–Não, o trabalho está ótimo. Tenho alguns problemas de família e outras coisas mal resolvidas que me enchem a cabeça. Não é nada que se deva preocupar.

–Eu te entendo. – disse ela. – Todo mundo tem um dia de preocupação, um dia ruim ou um dia tenso. É bem normal.

O tempo havia acabado. Nós nos levantamos, pagamos a conta e seguimos na direção da saída. Meus olhos foram de encontro ao meu ex-supervisor. Ele estava sério, o rosto apoiado nas mãos como uma estátua perfeita.

Desviei os olhos e segui com Shizune para fora.

Eu até poderia concordar com ela que ter um dia ruim era normal, mas no meu caso eram todos os dias. E isso não era nenhum pouco normal. Até quando Sasuke Uchiha seria uma interferência na minha vida?

~*~*~*~

Quando cheguei em casa naquela noite, Tenten estava na sala, sentada no tapete e com as mãos e os pés afundados numa bacia. Depois que tomei um banho quente e pus o pijama, me acomodei no sofá e tentei relaxar um pouco.

Tenten me perguntava as novidades, mas eu devolvi a pergunta e ela começou a contar sobre as fofocas da Corporação Global de Computação Gráfica.

Enquanto ela falava, eu pensava na minha descoberta secreta. Eu tinha que dividi-la com alguém ou enlouqueceria. Existia ainda tanta confusão dentro da minha cabeça que se eu não esclarecesse, minha mente pifaria.

–Tenten? – eu a chamei quando ela fez uma pausa no seu discurso. Ela pareceu não me escutar. Continuava tagarelando enquanto pintava as unhas.

Apoiei a cabeça no braço do sofá e fechei os olhos.

–Tenten?

–Você tem que me explicar que história foi essa que rolou com o Sasori Akasuna, porque não se fala em outra coisa naquela empresa e eu soube que a mulher que o acusou de ter um pênis pequeno, foi uma mulher de cabelos róseos que trabalha na Global S.A. e não existem muitas mulheres de cabelos róseos trabalhando na Global S.A., na verdade você é a única!

–Tenten?!

–Você pode me explicar? Porque eu preciso...

Estou apaixonada. – revelei e senti meu coração disparar.

Tenten ficou muda no mesmo instante. Abri meus olhos e vi seu rosto empalidecer, seus dedos estavam borrados de esmalte, seu corpo paralisado.

–Descobri há três dias. – disse como se aquilo fosse uma idiotice imensa da minha parte, porque afinal era assim que eu me sentia.

Há três dias percebi o quanto me incomodava o fato de Sasuke Uchiha me ignorar. Percebi o quanto me incomodava sentir esquecida por ele depois de tantos meses trabalhando juntos. Percebi o quanto me incomodava vê-lo acompanhado de outras mulheres. Vi-me com ciúme e aquilo foi a chave para abrir a porta de muitas das minhas dúvidas.

Eu estava completamente apaixonada por Sasuke Uchiha, o meu ex-supervisor.

Não havia outra resposta lógica para o que eu sentia desde o dia em que ele me beijou. Eu pensava saber o que era o amor, o que era estar apaixonada de verdade, mas não sabia, porque nunca antes eu havia me apaixonado daquela maneira tão intensa.

–Você está... VOCÊ está apaixonada? – Tenten perguntou com um fio de voz.

Eu sacudi a cabeça afirmativamente e fechei os olhos.

–Ah, meu Deus! – ela ficou de joelhos na minha frente, o corpo tenso de empolgação. – Sakura! Isso é tão perfeito! Isso é tão... É tão... Mas por que você está com essa cara de enterro?

Eu abri os olhos.

–Porque é pela pessoa errada.

–E como você pode saber? – Tenten parecia indignada. – O coração é quem escolhe e...

–Não, Tenten! Eu sei que é pela pessoa errada, porque não serei correspondida.

–Espera um instante. – ela me levantou do braço do sofá e se sentou ao meu lado, cruzando as pernas e colocando-me de frente para ela. – Não faz nem um mês que você está na Global S.A. e já está apaixonada por alguém, então...

–Não é ninguém da Global S.A.

–Não? Então quem é?

Fechei os olhos novamente e respirei fundo.

–Sasuke. – dizer aquele nome nunca foi tão difícil. Tenten arregalou os olhos e seu queixo caiu.

–Aquele supervisor que infernizava a sua vida?! Eu não posso acreditar! – Tenten começou a ofegar e eu fiquei ainda mais constrangida. Nunca existiram segredos entre a gente, mas naquele instante era como se eu revelasse um dos segredos mais secretos que já tive. – Não posso acreditar! – ela repetiu balançando a cabeça para os lados, os olhos esbugalhados. – E quando começou isso?

–Eu não tenho certeza, mas eu sei que depois que ele me beijou eu comecei a...

–Beijou?! Ele beijou você? – o queixo dela caiu mais um centímetro e só então me lembrei de que não havia contado esse pequeno detalhe a ela.

–Sim, você se lembra que eu te contei sobre a visita da Yuan e que isso acabou estragando todo o resto do meu dia? Eu tive uma ligação horrível e acabei gritando com o supervisor, então ele me chamou na sua sala e foi aí que... Foi aí que aconteceu. – Tenten havia se levantado. Sua expressão agora não era de surpresa e sim de raiva.

–Sakura! Estou passada! Você é uma amiga horrível! Por que não me contou? Você é assediada no seu local de trabalho e agarra o seu chefe numa salinha de escritório, o que é muito sexy, eu concordo, mas isso não vem ao caso... Eu sou sua melhor amiga! Como você...

–Tenten! Me deixa explicar! – eu a puxei de volta ao sofá. – Eu fiquei muito confusa depois daquele beijo e pensei que esqueceria, pensei que não afetaria na minha rotina e se contasse para alguém, eu me lembraria todos os dias. Eu não imaginava que eu... Que eu fosse me apaixonar. Estou me sentindo tão ridícula! Eu não sei como aconteceu, eu não sei por que aconteceu... Eu ainda estou muito confusa! – eu coloquei as mãos na cabeça e fechei os olhos. – Eu preciso de você agora mais do que nunca.

Abri os olhos e Tenten não parecia mais irritada. Ela me pediu para contar tudo o que aconteceu entre mim e o Sasuke desde o beijo.

Eu contei tudo, sem esquecer nenhum detalhe. Disse exatamente como foi o beijo e Tenten suspirava como se assistisse à cena. Contei como me sentia e ela confirmou a minha descoberta. Eu realmente estava apaixonada. E apaixonada há muito tempo mas não sabia.

–Ele só me beijou para alimentar o seu ego masculino, Tenten. – afirmei sentindo um aperto forte no peito. – Só isso explica essa sua mudança de comportamento. Não significou nada pra ele.

–Você não pode saber disso. – disse Tenten, deitando minha cabeça no seu ombro. – Eu concordo que os homens são uns canalhas orgulhosos, mas tem alguma coisa estranha nesse supervisor.

–Estranha? Ele é muito misterioso! Eu não consigo descobrir nada sobre ele!

–Você já tentou perguntar pra alguém?

–Sigilosamente, sim.

–Pois agora tente perguntar na cara de pau mesmo, amiga. Não perde tempo, não.

Tive uma longa conversa com Tenten naquela noite. Algumas das minhas dúvidas foram esclarecidas, mas ainda existia um ponto de interrogação enorme sobre a minha cabeça. Não havia nada a ser feito. Não enquanto eu ainda estivesse apaixonada por ele. Talvez com o tempo eu me conformasse e o esquecesse, mas nada era garantido.

~*~*~*~

No dia seguinte, eu tentava ao máximo ocupar a minha mente totalmente com o meu trabalho. Fiz postagens, ajudei na organização de arquivos e mais uma centena de outras coisas.

A Global S.A. estava à todo vapor naquele dia. Ouvi alguns funcionários comentarem que a Corporação Global de Computação Gráfica estava querendo comprar a Global S.A. E que inacreditavelmente, os donos haviam aceitado a oferta. Não se comentava outra coisa naquele lugar. Alguns funcionários pareciam felizes com a notícia, outros achavam um absurdo, outros pensavam que seriam demitidos quando o novo dono assumisse.

Como existiam outras preocupações na minha mente, eu não sabia exatamente o que pensar sobre esse acontecimento inesperado. Para mim dava na mesma, contando que eu não perdesse o meu emprego.

Quando deu meu horário de almoço, resolvi fazer um lanche na cafeteria da empresa. Eu não estava com pique para ir até aquele maldito restaurante italiano só para vê-lo. Eu sabia que perderia o apetite quando o visse entrando pela porta e acabaria pagando por um prato caríssimo que não havia consumido.

Depois de fazer um lanche rápido, uma das recepcionistas me chamou até o balcão. Ela disse que a executiva-chefe, a dona da Global S.A. chamou-me com urgência até a sua sala.

Eu me apavorei! O que essa mulher queria comigo? Desde que comecei a trabalhar eu nunca havia visto nenhum dos donos da Global S.A., eu só sabia que a esposa do Sr. Jiraiya, dono legítimo da Global S.A. era muito exigente. Shizune a conhecia melhor do que ninguém porque ela já fora a sua assistente, antes de ser promovida a supervisora-chefe.

Entrei no elevador apreensiva e quando cheguei à porta do escritório, demorei alguns minutos para bater. Quando percebi que minhas pernas estavam tremendo, tentei me acalmar, respirando fundo. Então bati.

Entrei quando ouvi o comando “entre”.

Vi-me dentro de uma sala enorme decorada em tons de branco e dourado. Uma mulher loira e muito bonita estava sentada atrás de uma mesa imensa de marfim. Ela escrevia rapidamente em um bloco de notas, os olhos estreitos e centrados no que estava fazendo. Shizune estava ao seu lado segurando uma pilha de papéis, sorrindo enquanto me fitava.

–Boa tarde, Sra. Tsunade. – eu disse enquanto perguntava meio que silenciosamente a Shizune o que estava acontecendo.

–Não me chame de senhora. – ordenou ela sem me fitar. Sua voz era firme, o que me levava a lembrar daquela autoridade forte de Sasuke Uchiha. – Me sinto realmente assim quando as pessoas me chamam de senhora, uma velha.

Shizune me fitou confortavelmente como se pedisse para eu me acalmar.

–Então é ela, Shizune? – Tsunade levantou os olhos para me fitar.

–Sim, Tsunade. É ela.

Eu estava confusa, mas não podia disfarçar o medo. Será que eu havia feito alguma coisa errada?

Tsunade se levantou da cadeira mostrando as curvas bem feitas de seu corpo, contornados pelo vestido de seda azul que ela usava.

–Diz na sua ficha que você, Srta. Haruno, tem um certificado de francês. É verdade?

–Ah... Sim, senhora. – ela fez uma expressão carrancuda e só então me lembrei de que não deveria falar o senhora.

–A minha assistente pegou uma virose horrível e está internada e eu preciso de alguém para me acompanhar até Paris neste final de semana. Você é a única que está ao meu alcance, já que Shizune está muito ocupada para substituí-la.

–Eu? Substituir a sua assistente? Mas eu sou apenas a garota-correio... – eu não acreditava no que acabara de escutar. Era difícil uma coisa assim acontecer em uma empresa em que você acabou de entrar! Seria mesmo possível?

–Está dizendo que não vai aceitar? – perguntou Tsunade com os olhos estreitos.

–É claro que ela vai aceitar, Tsunade. – Shizune se aproximou de mim sorridente. – Ela apenas não sabe como uma assistente trabalha, mas Sakura tem uma perspectiva muito acelerada. Ela aprende muito rápido. Você só deve marcar os compromissos da Tsunade nessa agenda eletrônica e anotar os recados. – ela me entregou a agenda e um celular de tecnologia mais avançada que o meu cérebro.

–Você tem passaporte? – perguntou Tsunade voltando a sua mesa. – Ah, não se preocupe. Posso conseguir um visto em vinte e quatro horas. Passe o seu endereço para a Shizune que um carro irá buscá-la na sua casa amanhã bem cedo para levá-la até o aeroporto. Esteja pronta.

Com essas últimas palavras, Tsunade nos dispensou e eu ainda estava em estado de mudez. Eu não sabia o que dizer. Uma viagem a Paris? Shizune me explicou que haveria uma reunião e uma festa formal para fechar a venda da Global S.A. Era tudo o que eu precisava para me distrair. Eu estava quase dando pulos de alegria.

Quando dei a notícia a Tenten naquela mesma tarde ela estava tão eufórica quanto eu poderia estar. Ela me ajudou a fazer a mala e me emprestou alguns blazer para o look perfeito de uma assistente.

Na manhã seguinte um Linux preto me esperava na porta do meu prédio para me levar até o aeroporto. Quando cheguei, Tsunade já esperava por mim com o meu passaporte no seu jatinho particular.

Eu a cumprimentei um pouco receosa. Ela tinha uma expressão tão séria que até o piloto a tratava com meias palavras.

Decolamos.

Tsunade estava sentada bem distante de mim, com um notebook no seu colo.

–Venha aqui, menina. Eu não mordo.

Me senti tão ridícula com a minha timidez, que fiz o que ela pediu ainda em silêncio.

–O que está achando da Global S.A.? – perguntou a loira séria, os olhos bem concentrados no notebook.

–Estou adorando, senhora... Quer dizer, Tsunade. – ela continuava com os olhos na tela do computador, seu rosto inexpressivo. – Não me entenda mal, não estou tentando puxar o saco, mas estou sendo sincera. É o meu segundo emprego e depois de ter trabalhado de telemarketing no setor de cobranças, o cargo que tenho na Global S.A. é o emprego dos sonhos.

Pela primeira vez, ela sorriu.

–Acha que a Global S.A. é bem administrada?

–Sim, é claro. É difícil uma empresa manter a estabilidade durante tantos anos e ainda ser forte na concorrência.

–Então você entende de negócios? – ela arqueou uma sobrancelha, seus olhos me sondaram. – Com a idade que tem, não a imagino lendo revistas sobre administração e negócios.

–Mas era o que eu mais lia há alguns anos, porque o meu pai é empresário.

–É mesmo? – ela parecia realmente surpresa.

–Ele tem uma fábrica de tecidos. Era do meu avô.

–Então por que motivo não está com ele neste exato momento para ajudá-lo? Se ele tem uma empresa, com certeza planeja deixar para seus filhos, não?

Percebi que ela estava muito curiosa sobre mim. Como eu poderia explicar resumidamente os motivos de não estar ajudando o meu pai?

–Bom, é uma longa história, senho... Tsunade.

–Nós temos muito tempo, caso não notou. A viagem ficará muito chata se ficarmos em silêncio.

Eu a fitei um pouco sem jeito. Eu tinha medo do que ela acharia quando soubesse que eu saí de casa sem permissão como uma adolescente rebelde. Eu deveria escolher muito bem as palavras.

–Meu pai se casou depois que a minha mãe morreu. Eu tinha onze anos. – ela voltou sua atenção para o computador, mas eu sabia que estava ouvindo cada palavra minha. – No começo a minha madrasta me tratava muito bem, ela estava substituindo a atenção da minha mãe. Era carinhosa, amorosa... Estava literalmente me ajudando a superar. Mas depois de dois ou três anos, ela mudou o seu relacionamento comigo e eu acabei me afastando do meu pai. Eu achava que estava me afastando por ciúme, mas percebi que não era nada disso. A minha madrasta estava fazendo com que eu me sentisse sozinha.

–Acha que ela estava querendo aplicar o golpe do baú?

–Qualquer um que vê-la pode achar isso. Ela tem idade para ser a minha irmã mais velha. Mas, às vezes ela parecia muito apaixonada pelo meu pai. Ela o fazia feliz. – eu me lembrei das noites em que saíamos juntos e meu pai se divertia tanto que eu me sentia feliz por ela alegrá-lo.

–Então, depois que você se afastou de seu pai, decidiu sair de casa?

Me lembrei da noite em que ele brigou comigo. A noite em que vi Yuan fazer um saque muito gordo da conta da empresa e eu contei a ele. Meu pai ficou tão irritado com a minha insinuação que ele não conseguiu se controlar. Disse coisas horríveis a mim, coisas que fiz questão de esquecer cada palavra.

Contei a Tsunade sobre isso e ela me pareceu muito comovida. Pelo contrário do que eu imaginava, ela não achou errado eu ter saído de casa, mas me aconselhou a procurar o meu pai e tentar conversar.

Depois de algumas horas conversando com Tsunade, percebi que ela era uma mulher sensível e muito delicada. Apenas a sua aparência era arrogante e fria. Era como se fosse necessário a sua personalidade parecer assim, por causa da importância como pessoa na sociedade..

Ela me contou sobre os seus dois casamentos, sobre os seus filhos que estudavam na Europa, sobre tudo que eu nunca imaginaria conversar com ela. Era difícil vê-la como um livro aberto, pois seus olhos eram cheios de segredos, mas ela estava realmente se abrindo comigo.

Quando chegamos em Paris, depois de muitas horas de conversa, eu já me sentia muito íntima da minha chefe. Agora era difícil sentir receio ou vergonha ao lado dela. Percebi que Tsunade tratava as outras pessoas muito bem, ela não era nenhum pouquinho esnobe.

Um helicóptero nos levou até o edifício onde aconteceria a primeira reunião. Pelo caminho, Tsunade me pediu para mandar um recado ao seu marido que estava em Nova York e não poderia comparecer àquela reunião tão importante, dizendo que já havia chegado em segurança em Paris.

O helicóptero pousou no terraço. Descemos pelo elevador até o décimo quinto andar, onde aconteceria a reunião. Tsunade foi até o banheiro para retocar a maquiagem, enquanto eu checava os compromissos na sua agenda.

Essa agenda era imensa! Enquanto checava os horários que eu deveria passar a ela, esbarrei em alguém.

Je suisdésolé, monsieur. Je ne suis pas... – me desculpei em francês, mas quando meus olhos encontraram aquele rosto, eu fiquei muda. Eu já não sabia qual língua deveria falar.

Outra vez. Era como se ele me perseguisse.

Meu coração saltou do peito. Senti meu corpo gelar, minhas mãos suarem, minha cabeça girar e o meu estômago se contorcer.

Sasuke Uchiha estava parado na minha frente. Seus olhos me sondando. Aquele olhar intenso que nunca saía das minhas lembranças, mas que fazia muito tempo que eu não sentia, estava apresente naquele momento.

Prendi minha respiração. Ele estava todo de preto. Assim como a camisa, a gravata e o terno. Seus cabelos bem penteados, a barba feita. Seus lábios eram avermelhados, fazendo-me ficar tempo demais os observando.

–Sasuke-kun, meu querido! – Tsunade surgiu de trás de mim e o abraçou depois de beijá-lo no rosto.

–Como foi a viagem? – ele perguntou com um meio sorriso. Aproveitei sua distração para me recompor do choque.

–Seria mais cansativa se não tivesse companhia. – Tsunade virou-se para mim com um sorriso, sua mão tocou o meu ombro. – Esta é Sakura Haruno, está substituindo a minha assistente.

–Como vai, Sr. Uchiha? – respirei fundo antes de dizer qualquer palavra a ele.

–Bem, obrigado. – disse ele formalmente, seus olhos penetrantes na minha direção. Parecia que não interessava a ele mostrar a Tsunade que nós já nos conhecíamos. – A reunião foi adiada. – ele se dirigiu novamente para Tsunade.

–O que? Eu não acredito! – a expressão de fúria invadiu o rosto da minha chefe.

–Um dos meus assessores perdeu o voo e só chegará amanhã.

–Era só o que me faltava. – ela bufou revirando os olhos. – Pelo menos terei mais tempo para descansar da viagem.

Com mais um abraço, Tsunade se despediu do Uchiha. Nós duas seguimos na direção do elevador e eu lancei um último olhar para ele.

~*~*~*~

Quando entramos no elevador, ignorei a presença da Tsunade, meio que inconscientemente, encostei as costas na parede do elevador, fechei os olhos e respirei fundo.

Mas o que ele está fazendo aqui? – perguntei como num sussurro, mas Tsunade escutou.

–Está tudo bem, Sakura? Qual é o problema?

–Não é nada, acho que a viagem foi muito longa e estou estranhando o fuso horário.

–Você mente muito mal. – disse ela se aproximando de mim. – Por que a presença de Sasuke Uchiha a incomoda?

As portas do elevador se abriram e eu fiquei apreensiva novamente. Como eu iria dizer a ela os meus motivos? Como explicar para uma pessoa que detecta a mentira das pessoas? Eu poderia até mentir com uma representação perfeita, mas eu estava muito nervosa. Meu coração ainda batia exasperado.

–O Sr. Uchiha era meu supervisor na central de cobranças e estou surpresa com a sua presença aqui, porque ele conseguiu um cargo muito importante numa empresa multinacional em tão pouco tempo. – isso era verdade, mas haviam mais informações ocultas.

–Cargo importante? – Tsunade arqueou uma sobrancelha. – Você não sabia que Sasuke Uchiha é dono da CGCG?

–O que?

Eu perdi o chão. Era como receber a notícia de morte de algum ator que você adora.

–Dono? – Tsunade interrompeu seus passos quando eu travei no lugar. – Ele é dono da Corporação Global de Computação Gráfica?

–Sim. – a expressão dela era como se me perguntasse: “Eu estou falando grego, retardada?”

–Isso não faz sentido, Tsunade! Ele era apenas um supervisor! Um supervisor numa empresa medíocre de telemarketing! Dois salários mínimos por mês. Estamos falando da mesma pessoa?

–Ah, é isso que confunde você? – ela se aproximou de mim e me puxou pelo braço. – Vamos para o hotel e lá poderemos conversar. Felizmente temos tempo de sobra. É uma longa história...

~*~*~*~

Tsunade havia feito reservas no Novotel Paris Tour Eiffel, um hotel muito luxuoso de Paris. Depois de nos acomodarmos nas suítes, a minha no mesmo corredor que a suíte dela, fomos para o SPA do hotel.

Eu ainda estava em choque pela surpresa. Não podia suportar a curiosidade e ansiedade de saber um pouco mais sobre o Sasuke. Finalmente eu encontrara alguém que o conhecia e que poderia esclarecer muita das minhas dúvidas, já que depois de descobrir que ele era dono de uma multinacional elas se multiplicaram.

Tsunade optou por começar com a limpeza de pele e logo em seguida a massagem. Ela parecia tão tranquila que por um momento eu pensei que ela tivesse esquecido sobre a nossa conversa.

Quando descansávamos a mascara de pêssego no rosto e os pepinos nos olhos eu tive que tomar uma iniciativa.

–Tsunade...

–Sim, não se afobe, menina. Eu já vou te contar o que quer saber.

Tsunade me pedia para perguntar em francês às massagistas sobre um monte de coisas que eu nem prestava atenção. Eu não conseguia relaxar. Só depois de alguns minutos, depois que eu não consegui manter aquelas rodelas de pepinos nos olhos, Tsunade resolveu me dar atenção.

–Por que tanta curiosidade a respeito de Sasuke Uchiha? – indagou com uma voz de quem estava prestes a cochilar.

–Bom, eu já disse. Não entendo o fato de Sasuke Uchiha ser dono de uma empresa e ao mesmo tempo trabalhar de supervisor em outra.

–Pois bem, você deve se questionar o motivo de eu conhecê-lo intimamente, já que sou dona da empresa que é a minha concorrente. – havia tantas perguntas na minha cabeça, e essa era uma das principais.

Eu estava sentada, sem os pepinos nos olhos, mas fui obrigada a me deitar e tentar relaxar. Minha expectativa era tanta que fiquei como uma pedra sobre a cama.

–Para que você entenda melhor, devo começar do início. – Tsunade fez uma pausa de segundos, mas que para mim pareceu uma eternidade. – Sasuke Uchiha herdou a empresa de seu pai. Fugaku Uchiha fundou a CGCG depois de terminar a faculdade. Eles nem sempre foram ricos. Na mesma época, seu irmão, Madara Uchiha, meu falecido marido, surgiu com uma empresa parecida com a do irmão, porém eles nunca foram de competir, nunca existiu rivalidade entre eles. A competição árdua entre essas duas empresas de computação gráfica surgiu depois de muitos anos entre os funcionários.

“Fugaku morreu há quatro anos depois de um ataque cardíaco. Sasuke ficou decepcionado. Ele venerava o pai. E apesar de saber que seria herdeiro e que tomaria o lugar do pai na administração dos negócios em Tóquio, a morte de Fugaku o pegou de surpresa.”

Eu ouvia tudo atentamente, imaginando cada detalhe que Tsunade passava para mim. Sem aguentar aqueles pepinos nos olhos, retirei novamente.

–A sede que se localiza em Nova York ficou por conta do irmão mais velho de Sasuke, Itachi Uchiha.

“Depois de algum tempo, Sasuke conseguiu manter tudo em ordem até que sua mãe sugeriu que ele devesse se casar. Lembro-me que ela o aconselhava sobre a ajuda que uma esposa poderia oferecer ao marido que tinha um trabalho tão importante como o dele. Eu não estava de acordo, porque Sasuke, embora não demonstrasse estava sob muita pressão. Ele ainda era jovem para suportar tanta responsabilidade, mas como sempre foi um filho obediente, ele aceitou o conselho de sua mãe.

–Ele se casou?! – eu perguntei sentando-me na cama.

–Sim, mas antes não tivera casado. Ele cometeu um erro terrível. Casou-se com uma garota que era influenciada pela família sangue suga. Uma família que não tinha uma boa índole, só tinha segundas intenções. Sasuke a conheceu na faculdade e eu percebi que ele era apaixonado por ela. Antes do casamentos eles pareciam felizes, mas depois... Sasuke era sempre mal humorado, eu notava que ele não estava satisfeito com o casamento.

“Além de brigarem muito, Sasuke descobriu que ela o traía.”

Eu me levantei e me aproximei da cama onde Tsunade estava.

–Ela... o traía? – perguntei perplexa. Imaginei como Sasuke havia ficado decepcionado com isso. Nenhum homem deseja de ser traído.

–A traição foi maior do que alguém poderia imaginar, porque foi com o homem que era praticamente da família. Alguém que foi criado junto do Sasuke, pois Fugaku Uchiha tinha muita afeição por ele.

–Quem era ele?

–Talvez você já tenha ouvido falar de Sasori Akasuna.

Depois de ouvir esse nome eu tive que segurar na cama.

–Sasori Akasuna? – existia uma ruga enorme na minha testa. – Mas Sasori Akasuna trabalha na Corporação Global. Se Sasuke foi traído por ele, por que ainda permite que ele fique lá?

Tsunade se sentou na cama depois de retirar os pepinos dos olhos. Ela notou a confusão que estava dentro de mim.

–Como eu disse, Fugaku Uchiha tinha muito afeto por Sasori Akasuna. Ele era o melhor amigo de seu pai. Em seu testamento, Fugaku deixou como ordem que Sasori tivesse um cargo muito importante na empresa e que ninguém poderia retirá-lo de lá, a menos que Sasori fizesse algo muito grave.

–O que é mais grave que uma traição? – indaguei perplexa.

–Fugaku deixou bem claro as suas exigências no testamento. E como Sasuke sempre cumpria as vontades do pai, ele viu-se obrigado a fazê-lo.

–Então, nessas exigências incluem alguma gravidade que Sasori poderia cometer dentro da empresa?

–Talvez. Eu não faço ideia do que Fugaku especificou no testamento, mas se Sasuke não o demitiu é porque uma traição como aquela não estava inclusa. – Tsunade ficou interpretando a minha expressão. – Eu sei no que está pensando. Acha que Sasuke é muito forte pra suportar tudo isso, não é?

Muito mais do que forte. Ele era muito ético para não dar uma bofetada no Sasori toda vez que o visse. Eu me senti muito comovida com a história de Sasuke Uchiha. Eu não conseguia imaginar os seus sentimentos, eu não fazia ideia de como era ruim se sentir como ele se sentia.

–Depois que Sasuke descobriu a traição de sua jovem esposa, ele ficou furioso consigo mesmo. Depois que pediu o divórcio, descobriu que ela estava grávida e mesmo antes do bebê nascer, foi feito um exame de DNA, onde foi comprovado que o pai biológico era o Sr. Akasuna.

“Após alguns meses, quando Sasuke estava quase se recuperando, recebeu a notícia que sua ex-esposa havia morrido em um acidente de carro. Ao que pareceu, Sasori Akasuna não quis assumir o filho e ela ficou tão decepcionada que tentou fazer um aborto no próprio banheiro.”

Meu Deus! Eu fiquei tão horrorizada que não tive palavras. Um ódio mortal crescia dentro de mim por Sasori Akasuna! Quem iria imaginar que um rosto tão elegante, um homem tão simpático poderia ter um monstro dentro de si?

–Mas... – minha voz saiu por um fio. – Você não disse que ela morreu em um acidente de carro?

–Como o aborto deu errado, ela tentou dirigir até o hospital.

Tsunade não precisava dizer mais nada. As imagens em minha cabeça eram assustadoras como um filme de terror. Meus olhos ardiam pelas lágrimas que eu tentava segurar.

Eu nunca imaginava que haveria uma história tão trágica na vida de Sasuke Uchiha. Era por isso que ele era um enigma. Era por isso que ele não demonstrava seus sentimentos, ele sempre fora reservado, porque não queria que ninguém soubesse do sofrimento que ele escondia.

–Agora, a parte que te interessa. – disse Tsunade se sentando na cama. – Por que o dono legítimo de uma empresa multinacional era supervisor em uma empresa de telemarketing? – eu nem me lembrava mais desse detalhe. Eu estava tão envolvida no passado trágico de Sasuke, que eu não tinha mais certeza se queria saber o motivo dele trabalhar em uma empresa abaixo do seu nível. – Ele estava fazendo um favor a um amigo.

–Um favor?

–Na verdade, era mais que isso. Meu sobrinho queria dar um tempo para si mesmo, se afastar da CGCG para esfriar a mente. Porém ele não consegue ficar sem fazer nada. Ele tentou se hospedar uma semana no chalé que sua mãe tem no campo, e não permaneceu nem dois dias. – Tsunade desceu da cama e seguiu para a sala onde receberia a massagem. Eu a segui. – Quando conversava com um amigo, o verdadeiro supervisor da central de cobranças, ele disse que precisava de alguém para substituí-lo por um mês, por motivos que eu desconheço. É claro que Sasuke se ofereceu, sem entender muito bem o que estava fazendo. Ele procurou a mim e perguntou se era uma boa ideia. Eu não achei nada demais, contanto que ninguém ficasse sabendo disso.

Lembrei-me da surpresa e confusão que Sasori fizera naquela noite na festa de aniversário da CGCG quando eu lhe disse que Sasuke era o meu supervisor. Lembrei-me que eu nunca dissera o sobrenome do Sasuke para a Tenten e ela nunca o vira. Com certeza se eu dissesse Uchiha, ela iria me questionar sobre esse supervisor que tinha o mesmo sobrenome do dono da empresa onde ela trabalhava.

–Então, você usou os seus contatos? – eu perguntei meio que adivinhando e ela sorriu.

–Sim, eu cuidei para que nenhum lugar, como sites, revistas ou jornais revelassem detalhes sobre a família dele ou o seu passado. Mas ao que parece, não adiantou muita coisa. Sasuke sempre me contava sobre as fofocas que circulavam na central de cobranças sobre ele, pessoas desconfiadas. Tinha muita gente tentando conhecê-lo um pouco mais.

É claro que eu me lembrava das fofocas. As mulheres daquele lugar não sabiam comentar outra coisa que não fosse o lindo e sexy supervisor Sasuke Uchiha.

–Uma coisa não faz sentido. – eu disse com a testa franzida.

–E o que seria? – Tsunade soltou um gemido quando a massagista causou um estalo nos ossos de suas costas.

–Você disse que o amigo dele precisava de alguém para substituí-lo por um mês. Sasuke ficou na central de cobranças por quase quatro meses! Por quê?

Tsunade levantou a cabeça pra me fitar. Seus olhos estreitos continham segredos que ela jamais revelaria a mim.

–Essa pergunta você terá que fazer ao próprio Sasuke Uchiha.

~*~*~*~

Eu avistava a Torre Eiffel da janela do meu quarto. Eu estava esperando por Tsunade, ela ainda não estava pronta para a reunião daquela manhã. Eu havia passado a noite em branco, pois aquela história sobre o passado do Uchiha não saía da minha cabeça.

Por um lado eu entendia os sentimentos dele a respeito da sua personalidade forte, da sua autoridade, de sua pose viril e assustadora. Poderia ser herança de família ou ele havia se tornado assim depois de tantas decepções na sua vida.

Porém o que me deixava mais triste era comprovar que eu estava certa a respeito daquele beijo ardente dentro de sua sala. Sasuke foi muito humilhado depois de ser traído pela mulher que amava. É claro que todas as mulheres se tornaram descartáveis para ele. Tsunade havia me dito que ele tinha uma mulher diferente para cada terno em seu closet. Ele era um conquistador, só que não tão cafajeste quanto o Sasori Akasuna.

Bom, era o que eu esperava.

Apesar de estar comovida com o passado triste que ele tinha, eu não deveria me iludir. Eu conhecia a sua história, mas não o conhecia. Sasuke e eu estávamos em mundos muito diferentes.

Eu estaria em sua companhia pelos próximos três dias. Eu não sabia como seria reencontrá-lo agora que sabia de tudo o que ele havia passado. Eu não podia negar que estava muito ansiosa. Será que eu olharia para ele de uma maneira diferente por ter desvendado um pouco do enigma? Será que ele notaria isso?

Tsunade bateu à porta.

A realidade estava me chamando. Algumas perguntas seriam respondidas.

Respirei fundo e tentei seguir em frente, encarar o que estava por vir. Enfrentar o que fosse necessário enfrentar.

Mesmo que fosse preciso enfrentar os meus próprios sentimentos, eu enfrentaria.

Continua....


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hello, pessoas!=)Me desculpem pela demora, eu estava sem internet e como precisava fazer algumas pesquisas para esse capítulo, eu fiquei impossibilitada de escrever até que o tecnico viesse resolver o problema. Mas agora tudo voltou ao normal, e eu voltarei a atualizar aos domingos. Nesse capítulo, vimos um lado do Sasuke, meio que resumido, mas que deu pra esclarecer algumas dúvidas. Algumas pessoas me pediram pra fazer um capítulo com o ponto de vista do Sasuke, mas infelizmente essa fic será totalmente no ponto de vista da Sakura; Só entenderemos os sentimentos do Sasuke quando ele se abrir com a Cerejeira, o que será muito em breve eu espero. Até lá, nós teremos que segurar a curiosidade junto da Sakura e ficar confusa junto com ela, para aos poucos entendermos qual é a do moreno do Uchiha! Espero que estejam gostando da fic e aviso que o próximo capítulo está capotante! *-* Agradeço as lindas palavras nas recomendações de *Danny Uchiha, saku e Sandrinhahp* Muito obrigada pelo carinho! ♥ Peço desculpas se deixei algum erro de digitação ou português por aí, porque betei em partes e sempre alguma coisa fica pra tras. bjs e até domingo! XD=Denny