O Supervisor escrita por DennyS


Capítulo 4
Capítulo -IV-Eu não esperava ser tão covarde


Notas iniciais do capítulo

Capítulo super recheado!
Boa Leitura!=D



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~*IV*~

Eu não esperava ser tão covarde



Sasuke se afastou de mim sobressaltado. Com mais de três meses trabalhando ao seu lado, eu nunca o vira tão perturbado.


Ele se afastou de mim, os olhos perdidos como se estivesse perguntando-se o que acabara de fazer. Eu permaneci quieta encostada na porta. Meus olhos estavam confusos, minha mente um turbilhão de dúvidas. Na verdade eu não acreditava no que acabara de acontecer.



–Desculpe. – disse ele sem me fitar. Passou a mão pela cabeça e coçou a nuca, sua pose era tensa. – Queria fazer você se calar e agi por impulso. – agora, ele fitou-me com sua expressão indiferente tão familiar.


–Jeito estranho de fazer alguém se calar. – comentei com um sorriso sem humor algum.


–O cliente não irá processar a empresa. – disse ignorando o meu comentário. Ele se mantinha afastado, estava atrás da mesa como se quisesse pôr uma barreira entre nós. Percebi certa preocupação no seu rosto. Ele tentava decifrar a minha expressão. Queria saber o que eu estava pensando. – Você não será demitida. Deve apenas tomar cuidado para não cometer esse erro novamente.


–Ok. – respondi desnorteada, olhando nos seus olhos. Eu mal entendia o que ele estava dizendo.


–Pode ir agora. Volte ao trabalho.




Volte ao trabalho? Era só isso? Nada de explicações? Como ele podia tratar uma funcionária daquela maneira? Maltratar-me, dizer que sou inútil, insinuar absurdos, depois me beijar e dizer para voltar ao trabalho?


Eu queria dizer umas boas verdades para ele! Eu queria muito perguntar qual era o problema dele! Ele por acaso era maluco?



Mas não pude dizer nenhuma palavra. Obriguei-me a dizer alguma coisa. Cheguei a abrir a boca, mas nada saiu.


Sasuke fitou-me com o cenho franzido por um instante, observando-me parada como uma idiota na frente da porta. Dei-lhe as costas e abri a porta. Antes que eu a fechasse, o vi suspirar como se estivesse muito arrependido do que fizera.



Voltei para o galpão, passando pelos corredores como o robô de quando fiz o caminho contrário.


Ao passar pela Ino, não olhei para o seu rosto, mas escutei a confusão em sua voz.



–Sakura, o que aconteceu? – sentei-me como se não existisse ninguém a minha volta. A voz dela estava distante. Minha mente girava tanto que eu me senti num carrossel. – Ele mandou você embora?


–Quem?


–Ora, essa! O Sr. Uchiha!


–Não.


–Ele não te demitiu?!


–Não. Não demitiu.


–Então por que está agindo como se o mundo tivesse acabado pra você? Você está bem?


–Eu não sei dizer.



Eu estava parecendo um zumbi, eu sabia. Mas no momento, meu corpo não tinha outra reação. Que diabo estava acontecendo? O que foi aquele beijo ardente cheio de paixão? Por que tive aquelas sensações tão fortes? Por que parecia que eu tinha... GOSTADO?


Sim, eu tinha correspondido aquele beijo à altura! No início eu tentei tirá-lo de cima de mim, mas depois... Depois eu me entreguei! Como eu pude ser tão fraca? Eu sempre o considerei um homem bonito. Talvez o mais bonito que eu já vira, mas ele me odiava, tanto quanto eu o odiava. Nós dois nunca poderíamos nos dar bem. Não existia nenhuma possibilidade de gostar daquela criatura que adorava me atazanar. Eu poderia concordar que sentir atração por ele era normal, visando que qualquer mulher daquele prédio sentia atração por ele, porém...


Não! Mas o que eu estava pensando?! Eu também não poderia sentir atração por ele porque o odeio!


Nada mais estava fazendo sentido. Minha cabeça estava sobrecarregada, eu havia chegado no meu limite.


Será que eu deveria contar a alguém sobre aquele beijo? Talvez eu pudesse processá-lo por abuso moral e assédio sexual.


Mesmo que no fundo eu não quisesse fazer isso, alguma outra coisa deveria ser feita. Eu tinha que entender o que se passava na cabeça do supervisor Sasuke Uchiha. Eu tinha que descobrir seus motivos para me tratar tão mal e depois me beijar.



Decidida a procurar as respostas, voltei ao trabalho, tentando ao máximo esvaziar a minha cabeça. Pelo menos até dar o meu horário.





~*~*~*~



Aquela semana se passou mais rápida do que eu esperava.


Os dias eram tão tranqüilos que por um momento me esqueci que estava trabalhando na central de cobranças. O motivo? Bom, o motivo era obvio. O supervisor não estava pegando no meu pé. Na verdade, o Sr. Uchiha mal se dirigia a mim.


Desde a segunda-feira, o dia daquele beijo que não me deixava dormir, nós trocávamos olhares rápidos, mas que eram suficientes para fazer meu coração acelerar e meu estômago se contorcer. Eu não entendia essa minha reação. Na verdade, eu me considerava uma perfeita covarde.


Naquele dia eu me decidi a encontrar as respostas para a confusão na minha cabeça desaparecer, e o único jeito de descobrir tudo de uma vez, era perguntando diretamente ao Sasuke o que estava acontecendo. Mas eu não tinha coragem.


Quando eu via uma chance de me aproximar e conversar com ele, eu fugia com o rabo entre as pernas. Foi assim durante toda a semana.


Naquela mesma manhã, quando cheguei ao prédio da central de cobranças, eu só percebi que ele estava dentro do elevador, quando este ficou vazio no quinto andar. Estávamos sozinhos dentro daquela caixa de metal e eu me acovardei mais uma vez.


Percebi que quando o cumprimentei, desejando um bom dia, Sasuke me pareceu confuso, como se esperasse que eu o ignorasse. Seus olhos se mantinham estreitos, sua expressão era severa e autoritária como sempre.


Claro que o clima entre a gente estava estranho. Antes daquela cena dentro da sua sala, eu não me sentia tão sem jeito ao lado dele. Eu não me sentia nervosa ao vê-lo se aproximar, minhas mãos não suavam, meu estômago não se contorcia. Era uma agonia tão estúpida que eu me sentia mais estúpida ainda. O que estava acontecendo comigo? Essas reações só pioravam no decorrer dos dias e as minhas noites de sono eram ainda piores.


Eu tinha certeza de que essa confusão na minha cabeça só desapareceria de vez quando eu descobrisse o que ele queria de fato.


Nos últimos dias ponderei a idéia de Sasuke Uchiha ser exatamente como o galanteador Sasori Akasuna. A única diferença entre eles, era que o Sasuke não precisava correr descaradamente atrás das mulheres como o Sasori fazia. Ele era como um imã para o sexo oposto. As mulheres se sentiam tão atraídas pela sua presença intensa e prepotente que ele não precisava fazer muito esforço para levá-las para cama. E a minha única conclusão, a melhor que tive até agora, foi o seu ego ferido. Acreditei na hipótese de que como eu não demonstrei tanto interesse como as outras mulheres no seu perfil irresistível, ele se sentiu obrigado a provar a ele próprio que eu o desejava, forçando-me a beijá-lo.


Quando esse pensamento fez sentido, fiquei um tanto arrasada com isso. Eu nunca gostei de ser usada por alguém, principalmente por alguém tão egoísta como ele.


E como não tinha coragem suficiente para perguntar a ele se estava certa, tentei o método mais fácil, porém não tão seguro: a fofoca.


Puxei conversa com Ino, como quem não quer nada, falando sobre os novos boatos, se eles tinham confirmação. Porém, nem a Ino, nem mesmo a Karin sabiam de nada. Pelo menos nada de novo, só o de sempre: ele era solteiro, sem filhos e estava com o cargo temporário de supervisor. Nada se sabia sobre a Corporação Global de Computação Gráfica. Na minha pequena pesquisa, descobri que essa empresa não tinha apenas um dono e não encontrei nada que falasse sobre um Uchiha no meio deles.


Sasuke era um mistério e isso me deixava derrotada.




Ao completar aquele dia de trabalho, estava a caminho da parada de ônibus; minha cabeça cheia me impedia de olhar o caminho. Eu me sentia tão absorta, que quando tropecei na calçada depois de alguém se esbarrar em mim, já era tarde. Eu estava deitada de barriga no chão, o número enorme de pessoas que passavam pela calçada naquele horário de pico era intenso e faltava muito pouco para eles pisarem em mim.


Quando me pareceu uma eternidade para alguém me ajudar a levantar, senti duas mãos segurarem firmes na minha cintura, pondo-me de pé em questão de milésimos de segundos.



–Nossa! Obrigada, eu... – congelei quando vi aquele rosto.



Sasuke. Ele me segurava contra o seu corpo, seus olhos pareciam preocupados e irritados. Meu coração acelerou e alguma coisa desceu e subiu pelo meu esôfago.



–Você está sangrando. – disse-me ele sério, sua mão ainda tateando minha cintura.


Só entendi o que ele disse, quando senti uma ardência no joelho e o sangue escorrendo pela minha perna.


–Oh, droga! – olhei para a minha perna e fiz uma careta. Essa era a desvantagem de ir trabalhar de saia social e salto alto. – Que falta de sorte.


–Tem uma farmácia na esquina. – disse Sasuke um pouco sem jeito, embora isso fosse bem difícil de enxergar naqueles olhos negros. Parecia que ele queria perguntar se ele poderia me acompanhar até lá.


–É mesmo? – eu fiquei corada. E se tivesse interpretado mal a sua intenção?



Ignorando as pessoas que trombavam em nós dois no meio da calçada, Sasuke me fitou por um momento e se decidiu. Ele segurou levemente no meu braço. Atravessamos a avenida e segui mancando ao lado dele até a esquina.


Quando chegamos à farmácia, Sasuke foi direto ao balcão e pediu um kit completo de primeiros socorros. Ainda sem me dizer nada, ele levou-me até um canto inutilizável da farmácia, abaixou-se diante de mim, abriu o kit de primeiros socorros e deu-me para segurar.



–Sr. Uchiha, o senhor não precisa...


–Me dê uma gaze. – disse ele em tom autoritário. Sem discutir, porque eu sabia que não daria em nada, obedeci.



Senti os dedos dele, roçarem na pele da minha perna. Arrepiei-me. Era como um choque, mas um choque bom. Era a primeira vez que nossas peles se encontravam assim, de maneira tão inusitada. Sasuke segurou na parte de trás de meu joelho e limpou o sangue que escorrera pela minha perna.



–Outro. – ele estendeu a mão para mim. Eu entreguei outra gaze, tentando enxergar sua expressão, mas não pude. Era como se a minha visão estivesse embaçada. Eu estava muito constrangida com aquela cena. Olhei a minha volta e percebi que ninguém estava interessado no casal que estava ocupado com um curativo num canto da farmácia.


No entanto, eu não estava envergonhada com as outras pessoas, concluí. Era constrangimento por causa dele. Será que Sasuke sentiu como eu tremia?



–Ai! – ele limpou o ferimento com alguma coisa que ardeu mais do que eu poderia imaginar.


Como eu não esperava que ele fosse assoprar, fiquei ainda mais sem jeito com a situação. Senti seu hálito soprar levemente sobre a ferida.


Sasuke Uchiha me fazendo um curativo, dentro de uma farmácia onde poderíamos encontrar muitos dos nossos colegas de trabalho? Eu não podia acreditar que isso estivesse acontecendo. Era tão improvável que eu não tinha certeza se estava mesmo acontecendo.



–Vai ficar uma cicatriz horrível. – me permiti dizer, enquanto ele cobria a ferida com gaze e esparadrapo.


–Apesar de ter sido profundo, foi apenas um arranhão. Não é nada que irá interferir na sua beleza. – Sasuke se levantou e agora pude ver seus olhos.



Mas espera aí! Aquilo foi um elogio? Sasuke Uchiha me elogiando?


E-Ele... Ele me acha bonita?



EU?


–Obrigada, Sr. Uchiha. – disse sem fitá-lo. Eu não tinha coragem. – Não precisava se incomodar. – me amaldiçoei por ter sido tão fraca. Onde estava aquele ódio que eu deveria demonstrar na minha voz?


–Por nada. – seus olhos encontraram os meus e por um momento, senti o impacto daquele olhar. Um olhar que queria dizer muita coisa, mas que eu não conseguia interpretar.



Lembrei-me que eu tinha assuntos pendentes a tratar com ele, mas perdi a chance. Eu não conseguiria.


Covarde! Covarde!! Covarde!!!


Saímos da farmácia e nos despedimos. Eu estava tão confusa com aquele turbilhão de sentimentos dentro de mim, que não conseguia pensar em alguma coisa concreta, alguma teoria que poderia fazer sentido para o que acabara de acontecer.


Seguimos por caminhos contrários na calçada e quando me virei para vê-lo, foi ao mesmo tempo em que ele também se virou.


Nossos olharem se cruzaram apenas por alguns segundos, mas que para mim durou uma eternidade.


Continuei pisando firme pela calçada e quando Sasuke desapareceu de vez pela multidão que transitava naquele momento, suspirei.



O que estava acontecendo comigo?




~*~*~*~



Quando cheguei em casa naquela noite, a primeira coisa que fiz foi me jogar sobre o sofá. Fechei meus olhos e mais uma vez, perguntei-me o que estava acontecendo comigo. A confusão dentro da minha cabeça impedia-me de raciocinar direto.



–Sakura! – a voz da Tenten me assustou. Eu não esperava encontrá-la em casa. Ela se sentou toda empolgada ao meu lado. – Você não acredita no que... O que aconteceu?



Claro que ela repararia na minha cara. Eu estava tão sobrecarregada que a minha cabeça doía e era difícil disfarçar aquele incômodo.



–Não aconteceu nada. Só estou cansada. – eu não queria que ela soubesse o que estava acontecendo. Como eu a conhecia muito bem, eu sabia que Tenten colocaria mais coisas na minha cabeça e isso com certeza não seria bom.


Tecnicamente eu não estava mentindo. Realmente eu estava cansada. Não só cansada fisicamente, mas psicologicamente também. Eu não agüentava mais aquela pressão no trabalho, aqueles problemas na minha família, eu estava muito preocupada com o meu pai, queria muito vê-lo mas tinha medo de ir até ele. Medo de não ser recebida por ter saído de casa sem a sua autorização. Eu queria tanto jogar tudo pro alto, mas como nunca fui de desistir, não seria agora que eu daria o braço a torcer.



–Coitada da minha amiga... – disse ela me abraçando. – Eu queria tanto que você estivesse feliz como eu estou.


–Eu estou feliz, Tenten. – disse sem acreditar muito nisso. – É que às vezes eu penso que... Talvez tenha sido um erro... – eu não completei a frase. Jurara a mim mesma que nunca diria aquilo, mas esse pensamento sempre me rodeou.


–Um erro ter saído da casa do seu pai? – ela completou. – Não pensa isso. Eu tenho certeza que teria sido muito pior continuar naquela casa com “A Bruxa Loira”! Como eu disse a você, tudo tem o seu tempo. A felicidade pode estar mais perto do que você imagina.



Eu sempre seria grata a Tenten por ela nunca dizer palavras para me desanimar. Muito pelo contrário, ela sempre me animava, sempre fora otimista e sonhadora. Porém naquele momento, mesmo sendo ela dizendo que tudo iria melhorar, eu não me sentia tanto otimista assim.



–Vamos esquecer tudo o que já passou, porque eu tenho uma notícia que vai fazer você pular desse sofá, subir na mesa e começar a rebolar! – com um pulo, Tenten estava na minha frente, a expressão tão empolgada que eu quase me assustei.


–Mas que notícia é essa?


–Você não acredita, garota! Não acredita!


–Mas pode dizer assim mesmo.


–Adivinha quem ligou pra você esta tarde! – eu abri a boca pra dizer o primeiro nome que me veio a cabeça, mas mordi a língua. Por que pensei no Sasuke?


–Meu Deus! – passei a mão na cabeça e fechei os olhos. Sasuke estava dentro da minha cabeça como um vírus de computador, como se ele interferisse em tudo que eu fosse dizer ou fazer.


–Não, não foi Deus que te ligou.


–Tenten, diga de uma vez. – pedi a ela com os olhos fechados, o dedo indicador e polegar na ponte do nariz.


–Ligaram da Global S.A. – eu abri os olhos como se tivesse levado um choque. Nem me lembrava que eu deixara um currículo nessa empresa. – Marcaram uma entrevista pra você amanhã! – Tenten começou a pular na minha frente e eu fiquei processando as informações. – O que foi? Não ficou feliz com a notícia?



Naquele momento eu não tinha certeza do que sentir. Estava realmente surpresa. A Global S.A. era concorrente da Corporação Global de Computação Gráfica e inferior a ela. Na época em que estava atirando para todos os lados, deixei meus currículos em várias empresas, esse pequeno detalhe de que a Global S.A. era inferior não me preocupou nenhum pouquinho.


Mas espera aí! Uma entrevista? Isso queria dizer que eu daria adeus para o telemarketing! Claro, se eu passasse na entrevista.

Mas, uma entrevista era tudo o que eu queria! E tudo o que eu precisava! Eu deixaria a central de cobranças, ficaria longe de Sasuke Uchiha!


Ah. Meu. Deus.


Finalmente a minha vida parecia estar se movendo dos eixos. Eu estava saindo da mesmice, virando a página, subindo de estágio! Era tudo o que eu desejava, era tudo o que eu precisava para me sentir melhor comigo mesma!



Levantei-me de um pulo e abracei a minha amiga.



–Ah meu Deus! Ah meu Deus! – gritei junto com ela ignorando a minha dor de cabeça, a minha dor de estômago e a minha dor no joelho. – Eu não acredito!


–Agora sim! Essa é a Sakura que eu conheço!


–Mas como? Por que só agora eles leram o meu currículo?


–Antes tarde do que nunca, você não concorda? Ah, vamos comemorar! Vou pedir uma pizza e...


–Tenten, eu ainda não passei na entrevista. Ela só foi marcada, esqueceu?


–Mas com toda certeza você vai passar, querida. Amanhã faremos outra comemoração!




Com toda empolgação que Tenten Mitsashi possuía, ela me ajudou a escolher uma roupa adequada para a entrevista depois de termos comemorado com pizza e coca-cola. Naquela noite consegui dormir rapidamente por causa do cansaço e da massagem que Tenten insistiu em fazer em mim por causa da tensão nos meus ombros.


Permiti-me não pensar em Sasuke Uchiha e em nada que o envolvesse, principalmente nos últimos dias que ficamos mais íntimos do que eu um dia poderia imaginar. Minha mente estava totalmente voltada para a entrevista de emprego na manhã seguinte.


Logo cedo, me dirigi ao endereço que Tenten anotara para mim, embora eu já soubesse mais ou menos onde o prédio ficava. Era na mesma rua da Corporação Global, no centro de empresas da Capital Tóquio.


Durante a entrevista, tentei parecer tranqüila, espantando todo pensamento que não fosse necessário para o momento. A supervisora que fazia a entrevista era até simpática. Não parecia um demônio encarnado para infernizar a vida dos funcionários.


O cargo que era oferecido na empresa, não era um cargo muito alto. Mas em comparação com a central de cobranças era o emprego dos sonhos.


Depois de responder as perguntas, que não me pareceram um bicho de sete cabeças, aguardei em uma salinha próxima à recepção. Meia hora depois, fui chamada de volta ao escritório da supervisora.


Sua expressão não era insana nem irônica, então fiquei tranqüila e quando ela me perguntou se eu já podia começar na próxima segunda-feira, me segurei para não pular e gritar de alegria.


Saí do prédio tão contente que não me lembrei de um pequeno detalhe. Se eu tivesse que começar no dia seguinte, naquele mesmo instante eu deveria seguir na direção do prédio da central de cobranças e pedir as minhas contas. Ou seja, eu enfrentaria o supervisor.


Claro que eu iria sair de lá com a cabeça erguida. Afinal, eu não estava saindo para ficar desempregada e sim para um emprego muito melhor.


Com esse pensamento, peguei o metrô e cheguei na central de cobranças em dez minutos. Cheguei ao décimo andar como se fosse procurada pela polícia. Olhava para todos os lados à procura de um único sinal do Sr. Uchiha. Será que ele sentira a minha falta naquela manhã? Eu não havia telefonado para justificar o meu atraso, por isso imaginava o que ele estaria pensando sobre a minha ausência.



Mas por que eu estava preocupada com isso? Por que eu me perguntava se ele estaria ou não sentindo a minha falta? Esse pensamento era tão estranho que eu tentei não dar mais corda. Nesses últimos dias eu não podia mais confiar nos meus próprios pensamentos.


Ao lado do balcão da recepção estava Konan. Logo que me viu ela se aproximou.



–Meu Deus, Sakura! Você está bem?


–Ah... Estou. Por quê? – será que a minha ansiedade receosa de encontrar com o Sasuke estava tão evidente assim?


–Pelo seu atraso, é claro! Desde que trabalha aqui, você nunca ficou uma manhã inteira sem aparecer!


–Ah, desculpe por não telefonar, Konan. Hoje eu fiz uma entrevista na Global S.A. e...


–Global S.A.? Então você vai nos deixar?



Eu não poderia responder “infelizmente sim”, senão estaria mentindo. Então apenas confirmei balançando a cabeça e tentando mostrar a minha expressão mais triste.



Konan levou-me até a sua sala para acertar as contas.



–Hoje a central está uma loucura. – disse ela enquanto digitava alguma coisa no computador. – Sem o Sasuke-san aqui, é como se a empresa estivesse sobre as costas de uma só pessoa.


–O Sasu... O Sr Uchiha não veio hoje? – perguntei um tanto surpresa. Não, muito surpresa. Konan me fitou com um olhar confuso e eu tratei de disfarçar a minha ansiedade. – Quero dizer, ele nunca falta. É sempre pontual.


–É verdade, mas hoje ele tinha alguns assuntos de família para tratar.



Por um momento imaginei Sasuke Uchiha resolvendo seus problemas como qualquer outra pessoa normal resolve. Era estranho. Ele tinha a presença de alguém perfeito. Alguém que não se preocupa com as contas a pagar no final do mês, com alguém que não tem família, que não tem parentes para perder a cabeça de vez em quando. Era difícil imaginá-lo casado, discutindo com a esposa sobre as dívidas e a educação dos filhos.


Por que eu sempre tinha essa imagem dele? Alguém perfeito e autoritário como um rei? Na verdade, eu não o conhecia. Eu poderia estar errada em tanta coisa a seu respeito, que era estupidez acreditar no que eu pensava saber sobre ele. Eu tinha que ter uma certeza, eu tinha que saber mais sobre Sasuke Uchiha ou não viveria em paz. Literalmente, eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Essas dúvidas me tiravam a paciência.



–Ele ficará decepcionado. – disse Konan com os olhos vidrados na tela do computador. Eu estava tão absorta que perdi o fio da conversa.


–Quem?


–O Sasuke-san. Ele te considera uma ótima funcionária. – as palavras de Konan me pegaram de surpresa no primeiro instante, mas depois quase me fizeram rir.


–É mesmo? – Konan me fitou rapidamente com seus lindos olhos violeta. Ela ouviu o ceticismo na minha voz.


–Você não deve ter notado, mas o Sasuke-san tem um jeito, digamos, um tanto diferente para demonstrar como se sente a respeito das pessoas. Pode não parecer, mas ele é um pouco tímido para o lado sentimental. Ele pega no pé de muitos funcionários, mas são poucos os que têm o seu reconhecimento.




Eu fiquei perplexa. Konan estava dizendo a verdade? Ou era só uma história inventada pelos supervisores para acalentar o operador de telemarketing que deixa o campo?


Essa teoria não fazia sentido, eu sabia. Nada estava fazendo sentido, na verdade. Sasuke Uchiha me infernizou desde que pisei os pés naquele lugar e agora que estou prestes a sair, fico sabendo que ele me considerava uma ótima funcionária? Onde está o sentido nisto?


Eu poderia entender por um lado, que ele não saiba se expressar e que aquela pose destemida não é nada mais que isso, uma pose, uma aparência.


Porém, eu ainda não conseguia me convencer apenas com esse argumento. Havia outra coisa por trás dessa história e eu tinha que descobrir.





~*~*~*~




Cinco dias. Durante cinco, apenas cinco dias, senti o impacto do rumo diferente que a minha vida tomou.


Depois de dizer a Konan que foi uma honra trabalhar ao lado dela, que aqueles cinco meses foram uma lição para a minha vida, senti que a mudança estava bem perto.


Para chegar até a Global S.A. eu não precisava acordar tão cedo. Com isso, não enfrentava ônibus, metrô e o trem lotados para chegar a tempo. Esta foi a primeira mudança.


Na Global S.A. a minha supervisora era a mesma que fez a entrevista, a Shizune. Ela era tão amigável, que logo no primeiro dia almoçávamos juntas. Felizmente nos identificamos. Esta foi a segunda mudança.


O meu cargo não era tão importante. Eu nem chegava perto de um computador como deveria. O que eu fazia nem tinha nome, mas era alguma coisa. Alguns funcionários me chamavam de “garota correio”, pois eu fazia entregas e postagens, além de auxiliar em muitos outros serviços. Era uma espécie de quebra galho. Porém, mesmo não sendo tão importante, eu acreditava na possibilidade de crescer. Fazia o meu trabalho com dedicação e isso era importante.


Eu estava muito animada, não havia tanta cobrança em cima de mim, então esta era mais uma mudança. A terceira para ser mais exata.


Eu gostaria muito de terminar a minha história, dizendo que fiquei feliz por ter me livrado dos outros problemas e ter conseguido seguir em frente, subindo um degrau de cada vez, acreditando em um futuro próspero que me pertencia. Porém a situação era outra.


Sasuke Uchiha.


Eu sabia que tinha proposto a mim mesma que descobriria o que se passava na cabeça dele para entender tudo o que aconteceu. Quando comecei a trabalhar na Global S.A. imaginei que essa estupidez desapareceria e que eu ficaria em paz, nunca mais o veria novamente e tudo se resolveria como eu planejava.


Que nada.


Sasuke Uchiha estava na minha cabeça quando eu acordava, quando eu ia dormir, quando eu tentava não pensar nele, quando eu pensava que não pensaria mais nele, quando eu desistia de pensar em outra coisa para pensar nele. Era uma bagunça imensa.


Muitas vezes fiquei propensa a pedir uma opinião a Tenten para entender melhor o que estava acontecendo comigo, mas não tive coragem. Talvez ela dissesse que eu estava gostando dele e eu não queria alimentar essa teoria. Eu não podia estar gostando dele, porque já me apaixonei outras vezes e não foi bem assim que me senti. Pelo Sasuke eu estava sentindo outra coisa, uma coisa que eu não sabia decifrar e que estava me deixando louca. A minha única explicação para isso, era a minha curiosidade. Sim, eu era muito curiosa e Sasuke Uchiha era um enigma. Quando eu o entendesse, eu tinha certeza que toda essa confusão na minha cabeça acabaria.



Era horário de almoço. UMA HORA E MEIA DE ALMOÇO! Eu não poderia estar mais feliz, pra quem comia em vinte minutos, porque dez minutos era só pra chegar até a lanchonete. Shizune me convidou para acompanhá-la mais uma vez. Mas naquele dia ela queria me levar até o restaurante italiano do outro lado da avenida, bem próximo a empresa concorrente: a Corporação Global de Computação Gráfica.


Ela disse que a comida era ótima então, para desfrutar daquele horário delicioso eu disse que sim.



Quando chegamos ao restaurante, percebi que muitos funcionários, tanto da Global S.A. quanto da Corporação Global freqüentavam aquele lugar. Shizune me contou que era praticamente um ponto de encontro entre as duas empresas e que uma vez rolou uma briga entre dois funcionários.



–O problema – dizia ela – é a maneira como os funcionários da Corporação Global são convencidos. Eles acham que estão acima de nós.



Eu achava tudo isso um absurdo e admirava a coragem de Shizune para não sentir medo de ir até o restaurante por isso. Esse era um ponto vital do qual eu me identificara com ela: a coragem.



Conseguimos uma mesa de dois lugares e nos acomodamos.



–Passaram-se cinco dias e eu não te fiz uma pergunta importante. – comentou Shizune enquanto almoçávamos.


–Qual pergunta? – indaguei distraidamente enquanto mastigava um ravióli.


–Você tem namorado? Marido? Amante...? – Shizune riu. – Quero dizer se é comprometida com alguém.


–Não. – eu sorri pela maneira como ela falou. – E você?


–Eu era. Meus relacionamentos não duram muito tempo.


–Por quê?


–Na verdade, meu último relacionamento foi um erro. Me envolvi com um canalha. – percebi que Shizune ficara triste com o último comentário. – E nesse tipo de empresa, tem aos montes. O que não falta é canalha.


–Ele é da Global S.A.? – perguntei sentindo uma raiva imensa do sujeito que a magoou.


–Pior ainda. É da CGCG. Ele não parecia se incomodar com o fato das empresas serem concorrentes, me dizia que achava tão estúpido a maneira como as pessoas se odiavam por uma coisa tão fútil. – Shizune desviou o olhar e pude ver o desgosto em seu rosto. – Eu fui muito idiota por acreditar nele. Levei muito tempo para perceber que tudo o que ele dizia era pra me convencer a ir pra cama com ele.


–Shizune... Eu tenho certeza que nada de bom acontece com uma pessoa assim. Ele terá o que merece.


–Sim, eu posso até acreditar na condenação divina, só não tenho paciência. A minha raiva é tanta, que quando eu o vejo eu sinto vontade de... – ela se interrompeu abruptadamente, seu rosto ficou pálido, suas mãos congelaram no ar.


–Shizune? – ela soltou um palavrão e isso me pegou desprevenida.


–Falando no diabo! Mas que droga!


–Ele está aqui? – eu olhei para trás. – Qual deles?


–O ruivo de preto. – a voz da Shizune era um misto de sentimentos. Tinha raiva, medo e apreensão. Procurei o ruivo que ela descreveu e quando o encontrei, tive certeza que fiquei branca.


–O Sasori Akasuna? – me virei para ela e Shizune estava ainda mais branca que eu.


–Você o conhece? – ela tinha os olhos arregalados.


–Eu o conheci na festa de aniversário da Corporação Global. Fui com uma amiga que trabalha lá. – Percebi que Shizune parecia atordoada. – Então foi ele quem...


–Parece que ele te reconheceu. Está vindo pra cá! – Shizune se levantou, seus olhos mudando de mim para o homem que se aproximava.


–E daí? Você vai fugir porque ele está aqui?


–Vou ao toalete. Livre-se dele!




Shizune desapareceu no meio das outras pessoas e isso só fez com que a minha raiva pelo Akasuna aumentasse. Ela não tinha que fugir dele daquela maneira. Tudo bem, ele se aproveitou da ingenuidade dela, Shizune se sentiu e ainda se sente humilhada por isso, mas deveria ter orgulho próprio e mostrar àquele crápula que o que ele fez não a afeta mais.



–Boa tarde. – em alguns segundos, depois que Shizune desapareceu de vista, Sasori apareceu na minha frente e se sentou no lugar de Shizune. – É impossível não reconhecê-la, Srta. Haruno. Você tem uma beleza exótica inesquecível.


–Como vai, Sr. Akasuna? – eu esperava, e muito, que ele tivesse percebido a frieza na minha voz.


–Bem melhor agora que a reencontrei. – aquele olhar intenso, todo galanteador não fazia mais efeito em mim. Não agora que eu tinha certeza do tipo de homem que ele era. – Você mora por aqui ou...


–Estou no meu horário de almoço, que aliás – olhei para o relógio no meu pulso. – vai acabar em poucos minutos. – peguei minha bolsa e dentro dela a carteira para pagar o almoço. Eu queria ser curta e grossa. Ele deveria desconfiar que não estava disponível para conversar com ele.


–Horário de almoço? – antes que eu pudesse impedi-lo, Sasori pegou descaradamente o meu crachá da Global S.A. que acabara de cair da minha bolsa. – Há quanto tempo trabalha na Global S.A.? – perguntou ele com um tom de cinismo na voz que meu deu vontade de calar a sua boca com um soco.


–Estou no meu quinto dia, não que isso seja da sua conta.


–Quinto dia de trabalho? – ele arregalou os olhos. – Quer dizer que você estava desempregada quando nos conhecemos?


–Não. Eu não estava desempregada. – estendi minha mão para ele entregar o crachá, mas ele não o fez.


–Estava à procura de uma coisa melhor e encontrou a Global S.A.? – ele fez uma careta de escárnio ao pronunciar o nome da empresa.


–Sr. Akasuna...


–Era tão simples me pedir uma indicação, Srta. Haruno. Em questão de minutos você estaria empregada na CGCG. Bastaria apenas aceitar as minhas condições.


–Suas condições? – estreitei os olhos. – Tipo quais?


–Você já deve imaginar. – ele tentou me incendiar com aqueles olhos cheios de segundas intenções, mas o que conseguiu foi uma coisa bem diferente. Senti meu rosto esquentar de raiva.


–E você acha que eu seria estúpida à ponto de conseguir um emprego de uma maneira tão baixa, tão repugnante como essa? Hurg! Você não tem classe e com certeza não tem um pingo de ética.


–Você foi realmente estúpida por se rebaixar a esse nível, querida. – disse ele com um olhar de gelo. – A Global S.A. é uma imitação da CGCG. Uma empresa que não tem futuro. – aproximou o rosto de mim. – Igualmente a você.


–Escuta aqui, seu...


–Uchiha?


–Não, eu ia dizer...


–Que surpresa.



Eu estava tão cega pela raiva que não percebi Sasori se dirigindo a outra pessoa. Se dirigindo ao Sasuke! Ele estava de pé ao lado da mesa, as mãos nos bolsos, a expressão séria e indiferente.


Eu o fitei e me amaldiçoei por ficar muda. Seus olhos me fitavam intensamente, mas não eram nenhum pouco amigáveis. Não havia aquela coisa diferente que eu detectei no dia em que ele me fez um curativo no joelho.



–Vejo que resolveu se juntar a companhia novamente. Assumir suas responsabilidades. – a voz de Sasori estava distante agora, mas eu ainda me queimava de fúria por ouvi-la. Como eu queria fazê-lo se calar.


–Minhas responsabilidades, como você já deve saber, Akasuna, se diz respeito somente a mim. – a voz dele fez meu coração acelerar. Seus olhos estavam sobre o Sasori e eu fiquei feliz por isso. Não queria que ele me visse tão atordoada por reencontrá-lo.


–Fiquei apenas surpreso, Uchiha. – murmurou Sasori e ele sorria cinicamente, como muitas vezes o Sasuke fazia.


–Srta. Haruno. – meu coração deu outro pulo quando ele se dirigiu a mim. Meus olhos foram de encontro aos seus e mais uma vez me senti uma covarde por não conseguir enfrentá-lo da maneira como deveria. – Meus parabéns por conseguir o que queria. – sua expressão era irônica. – Provou que realmente é... capaz.



Com um aceno de cabeça mal intencionado, Sasuke se despediu de Sasori e lançou-me um último olhar antes de virar as costas e seguir na direção da saída do restaurante.

Senti uma dor agonizante quando constatei o que ele queria dizer com aquelas últimas palavras.



–Onde estávamos, querida? – Sasori segurou em minhas mãos e eu as libertei no mesmo instante.


–Tira a mão de mim! – levantei-me, deixando minha bolsa, carteira, crachá e o meu casaco para trás.


Eu tinha que esclarecer ao Uchiha que o que ele viu não era nada do que com certeza estava pensando. Eu agi por impulso e só me dei conta do que havia feito, quando estava do lado de fora do restaurante, chamando por ele.



–Sasuke! – ele parou no meio da calçada, as costas viradas para mim. – Quero dizer, Sr. Uchiha.



Lentamente ele se virou para mim.


Como o inverno estava a caminho, os dias eram demasiadamente frios. O vento batia nos seus cabelos, moviam o seu sobretudo, deixavam seus olhos estreitos. Eu fiquei perplexa com sua beleza. Nunca o vi tão lindo como naquela tarde. Era como se o dia cinzento combinasse com ele.


Eu me aproximei, encolhendo-me por causa do frio.



–Algum problema, Haruno? – ele perguntou, fitando-me nos olhos, deixando-me à beira da impotência.


–Sim. – eu estava quase me acovardando, mas tentei juntar forças para fazer o que era necessário. – Por favor, diga-me no que está pensando.



Sasuke estudou-me por um instante. Seus olhos ponderando o meu rosto, como se tentasse ler a minha expressão.



–Se você quer mesmo saber, Haruno, eu estava me perguntando como pude ser tão idiota para deixar ser enganado. – sua expressão era tão insana, que eu pensei duas vezes antes de dar um passo para mais perto dele. – É impressionante como eu realmente acreditei na sua representação naquela noite. Eu me convenci de que você ficou ofendida com a minha insinuação. – ele riu sem humor algum. – Você atua muito bem.


–Você está enganado novamente. – eu disse olhando com firmeza em seus olhos.


–E por que se daria ao trabalho de vir até aqui se explicar?


–Porque não quero que tenha uma má impressão de mim. A sua insinuação foi, e ainda é muito grave para eu suportar. Não sou esse tipo de pessoa.



Sasuke estudou-me por um instante. Sua expressão aos poucos suavizou-se para eu poder continuar.



–Eu nunca me envolveria com alguém por interesse, para conseguir algo em troca. Fui criada dessa maneira. – Sasuke ainda me fitava nos olhos e eu aproveitei o seu silêncio para me aproximar com mais um passo. – Eu não consegui o que queria, como você disse. Não fui admitida pela Corporação Global e sim pela concorrência.



Sasuke arqueou uma sobrancelha.



–Global S.A.? – ele adivinhou.


–Sim. Eles me ligaram há cinco dias, mas fazia meses desde que mandei meu currículo. No entanto, eu não podia desperdiçar essa chance. Melhor dar um passo de cada vez.



Sasuke parecia menos tenso, se eu estava interpretando bem as suas reações. Seus olhos ainda estavam sobre mim.



–Por isso, o que você acabou de ver foi... Uma coincidência desnecessária. Se eu pudesse, nunca mais encontraria com Sasori Akasuna novamente. Ele tem uma opinião muito estúpida sobre a Global S.A.


–O que foi que ele disse? – perguntou com os olhos estreitos. Notei que ele estava mesmo interessado na opinião do Akasuna.


–Ele me chamou de estúpida por me rebaixar ao nível da Global S.A. – respondi, demonstrando que não ligava nem um pouco para as ofensas dele. – Mas isso não tem importância. Eu só queria esclarecer de uma vez esse mal entendido. E... – eu desviei os olhos. – como eu não tive a chance de encontrá-lo no dia em que deixei a central de cobranças, eu queria me despedir formalmente. – o fitei novamente. Seus olhos me sondavam tão intensamente que quase não pude suportar. – Apesar de tudo, foi uma boa experiência trabalhar com o senhor. – eu estendi a minha mão até ele. Poderia parecer exagero ou uma idiotice, mas eu deveria acabar de uma vez com aquela conversa.



Sasuke olhou para a minha mão estendida e depois de um momento ele retirou as mãos dos bolsos do sobretudo coberta por luvas negras e apertou a minha.



–Adeus, Sr. Uchiha. – eu disse e no mesmo instante me virei e caminhei de volta para o restaurante.



Parei às portas de vidro e vi o seu reflexo. Ele ainda estava lá parado no meio da calçada fitando-me.



Eu respirei fundo e forcei-me a entrar sem olhar para trás.



Continua...









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Notas finais do capítulo

Muito obrigada pelos reviws, pessoal! XDAgradeço especialmente a "uchihazinha" por recomendar a fic! E a todos que estão acompanhando!!bjss=Denny