O Supervisor escrita por DennyS


Capítulo 3
Capítulo -III-Já não sei o que está acontecendo


Notas iniciais do capítulo

=)Obrigada pelas reviews!
E Boa Leitura!



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~*III*~

Já não sei o que está acontecendo


–Uchiha. – Sasori o cumprimentou com um leve aceno de cabeça. Percebi que seus olhos estavam tão frios quanto os olhos de Sasuke, seu rosto era tão cínico quanto a expressão de tédio do Uchiha. Também notei que ambos não apertaram as mãos como os homens educados geralmente faziam.


Enquanto Sasori me carregava com ele até o Sasuke, este nem sequer olhou na nossa direção. Ele se mantinha da mesma maneira indiferente de quando o percebi naquele salão luxuoso.


Quando nos aproximamos dele, puxei minha mão do poder do Sr. Akasuna e tentei não demonstrar a insegurança e a falta de jeito por encontrá-lo em um lugar tão diferente do nosso ambiente de trabalho.



–Akasuna. – ele pronunciou as palavras entre dentes e isso era mais uma prova de que os dois não eram tão amigos quanto eu pensava.


–Como está? – perguntou Sasori num tom de quem realmente não queria saber.


–Já estive em melhor companhia. – respondeu Sasuke, bebendo o resto do champanhe em sua taça.


–Ah, é mesmo? – desdenhou o ruivo. – Pois eu não poderia estar em melhor companhia do que esta. – ele gesticulou para mim, seus olhos com aquele mesmo brilho intenso que eu vi tantas vezes nos olhos de Sasuke. Porém, tal brilho era mais sombrio, mais insano. – Esta é...


–Sakura Haruno. – Sasuke completou. Pela primeira vez desde que me aproximei, seus olhos me sondaram.


–Então vocês se conhecem? – perguntou Sasori, mostrando-se um tanto incomodado com isso.



Sasuke me fitou nos olhos e alguma coisa prendeu-me em seu olhar. Percebi que o medo de alguma coisa que ele dissesse para me envergonhar na frente do Akasuna, era um sentimento bem distante agora. Na verdade isso não me importava mais. Eu apenas não entendia o que estava me segurando daquela maneira, não sabia como decifrar aquela sensação de fraqueza, como se eu estivesse caindo e não tinha como me segurar.


Tentando acordar dessas emoções tão fortes e desconhecidas, puxei oxigênio para os meus pulmões e desviei os olhos dele.



–O Sr. Uchiha é meu supervisor. – disse ao Sasori depois de limpar a garganta.


–É mesmo? – ele parecia confuso com a minha revelação e um tanto surpreso. Sasuke no entanto, continuava com a expressão indiferente, desviando os olhos de mim para o Sasori.



Percebi que este iria prolongar a conversa entre nós. Eu não agüentava mais ficar ali ao lado do Sr. Uchiha! A presença dele era muito forte para a minha resistência, eu não podia suportá-la!



–Sabe dançar, Sr. Akasuna? – perguntei de repente para encerrar qualquer pensamento que ele estivesse processando sobre o Sasuke ser o meu supervisor. Toquei levemente no braço dele. Sasori olhou para a minha mão abusada e seus olhos ganharam novamente o brilho lascivo de minutos atrás de quando me conheceu.


–Já disse para me chamar de Sasori, querida. E é claro que sei dançar.



Ele pegou na minha mão, conduzindo-me até o salão onde acontecia uma linda apresentação de valsa. Não olhei novamente para o Uchiha antes de sair, assim como o Sasori. Eu não precisava olhar para ele novamente, pois sua imagem ficou registrada em minha mente como se eu possuísse memória fotográfica.


Era muito constrangedor encontrá-lo fora do trabalho, principalmente depois de tudo que ele já me fez. Eu me perguntava se ele tinha consciência do inferno que fazia na minha vida desde que o conheci. Se eu o visse tratando outras pessoas da mesma maneira com que me trata, eu não ficaria tão irritada com isso. Afinal, se ele era desgostoso com a vida eu não podia fazer nada. Porém, eu podia perceber que o problema dele era pessoal.


Uma prova de que ele não era tão psicopata assim, era o modo como ele tratava a Konan. Eles eram realmente amigos e não colegas de trabalho. Quando o marido da Konan visitava a empresa para saber como ela e o bebê estavam ou apenas para levar alguma comida que ela lhe pedisse, eles ficavam bons minutos conversando, até mesmo dando risadas, uma coisa muito difícil de acontecer com o Uchiha.


Era por essa razão que eu não agüentava mais! Eu precisava saber qual era o problema dele! Não era possível ele simplesmente não ter ido com a minha cara, afinal ele nem me conhece!



Sasori apertou-me contra o seu corpo, e rodopiando entramos na pista de dança, valsando entre os outros casais.


Eu não me sentia muito a vontade com Sasori. A maneira como ele me olhava, seus dedos roçando através das alças do vestido tocando minha pele, era um tanto vulgar. Ele me fitava como se eu estivesse nua, ou implorando para que eu retirasse minhas roupas.


Procurei pelo Sasuke rapidamente. Eu tinha que certificar sua ausência. Uma vez me livrado dele, me livraria do Sasori.



–O que vai fazer depois da festa? – perguntou o Sr. Akasuna roçando os lábios no meu ouvido.


–Irei dormir, com certeza. – respondi afastando o rosto dele.


–Não quer companhia? – eu o fitei um tanto sem graça. Na verdade estava irritada. Eu odiava homens como ele, muito mais do que odiava homens como o Sasuke.


–Eu estou com sede, Sasori. Poderia pegar alguma coisa para mim? – perguntei no mesmo tom de quando o chamei para dançar. Isso o faria sair correndo atrás do que eu lhe pedisse.


–Champanhe? – ele sorriu maliciosamente, os olhos estavam estreitos e escuros, a voz rouca.


–Hum... Que tal alguma coisa mais forte? – pisquei devolvendo com o olhar mais sedutor que eu tinha.


–Ótima escolha para começar a noite. – ele sorriu antes de deixar-me sozinha na pista de dança e ir atrás da bebida.



Quando ele desapareceu de vista, fiz o caminho contrário, eu tinha que avisar a Tenten que estava indo embora. Eu me sentia sufocada, confusa e totalmente perdida. Por que o Sasuke estava lá? Por que ele parecia não gostar do Sasori e vice e versa?


Andei pelo salão, mas não pude avistar a minha amiga, que mais tarde eu iria matar por tentar me jogar pra cima daquele mulherengo!


Quando encontrei uma varanda, me pus para dentro dela. Necessitava de um pouco de ar puro ou meus pulmões iriam explodir. Debrucei-me sobre o parapeito e fechei os olhos.



–Que idiota... – murmurei, referindo-me ao Sasori. Era a primeira vez que eu conseguia enganar um homem. Seria exagero me sentir satisfeita com isso? Minha madrasta sempre me chamava de ingênua. Dizia que eu seria escrava de um homem, que eles me enganariam quando crescesse. Até aquele momento eu nunca tinha entendido o que ela queria dizer. Mas foi só enxergar o brilho nos olhos de Sasori que entendi exatamente o que ele queria de mim, e o que eu deveria fazer para estar no controle.


–Se divertindo? – ouvi alguém do meu lado e quase me desequilibrei sobre o salto alto.



Sasuke estava há poucos metros de mim encostado no parapeito. Lá fora na varanda, a única luz presente era a luz do luar. Sasuke estava totalmente vestido de preto, por isso seria difícil vê-lo de imediato.


Ele era o único que não me fazia ter certeza de como poderia estar no controle. Não havia como enganá-lo, pois eu não conseguia decifrar seu olhar. Diferente do Sasori, eu não sabia o que ele queria de mim.



–Já estive em festas melhores. – respondi depois de limpar a garganta. Sorri sem muita vontade e lhe dei as costas, chegando à porta com três passos largos.


–Posso te fazer uma pergunta, Haruno? – a voz dele interrompeu os meus passos, assim como interrompeu minha respiração. Da porta, fitei melhor o seu rosto. Não tive certeza por causa da pouca luz, mas me parecia que ele estava furioso. Sua expressão era sempre severa, cheia de autoridade, mas naquele momento era assustadora, como uma máscara de ódio.



Aproximei-me com um passo, um tanto curiosa. Não poderia estar muito ansiosa para sua pergunta, porque com toda certeza ele iria entrar em algum assunto pendente sobre o meu trabalho mal feito na central de cobranças. Porém, eu não poderia sair de lá sem saber.


Depois que o encorajei a perguntar com um leve aceno de cabeça, ele cruzou os braços e disse:



–Você concorda que para entrar em uma empresa tão grande e importante como a Corporação Global, você deve ter uma boa indicação?



Franzi a testa e dei mais um passo na direção dele. O que aquele assunto tinha a ver comigo ou com o meu trabalho junto dele?



–Sim, acho que sim. – respondi ainda confusa. Sua expressão estava agora cínica, seus olhos sondando-me com aquele brilho de ódio que eu pensei ter visto.



Ele estava me fitando, como se estivesse pensando no que ainda iria me dizer.



–Acha que se alguém seduzir um dos supervisores chefes, conseguirá tal indicação? – ele perguntou depois de um momento, arqueando uma sobrancelha.



Minha mente levou um tempo para processar o que ele acabara de dizer. Mas quando me dei conta de sua insinuação, senti a raiva fluir de dentro de mim em poucos segundos.



–O que está querendo dizer? – perguntei cerrando os punhos. – Você está, você disse... – eu mal conseguia deixar as palavras saírem. – Você está insinuando que EU estou seduzindo o Sr. Akasuna para entrar na empresa? É isso?


–Eu não disse nada, Srta. Haruno. Mas se a carapuça serviu.



Dessa vez eu não pude me segurar. Eu não consegui simplesmente abaixar a cabeça e ouvir aquele crápula me insultar.



–Como você ousa fazer uma insinuação dessas para mim?! A MIM! Uma estranha para você! – eu andei de um lado para o outro tentando me controlar. Minhas mãos foram à cabeça, ao rosto, desceram mais uma vez, depois apontei um dedo para ele. – Eu já engoli muito sapo por VOCÊ, SEU DESGRAÇADO! Minha vontade nesse momento é jogá-lo para fora desse prédio e me deliciar com o seu corpo se espatifando no chão como uma melancia! – Sasuke estava franzindo os lábios como se segurasse o riso, mas isso não me impediu de continuar a desabafar. Voltei a andar de um lado para o outro. – Mesmo que eu fosse esse tipo de pessoa baixa, que tem a coragem de usar outra pessoa para seus próprios interesses, isso não seria da SUA maldita conta! – apontei para ele novamente. – Eu tive que aturar a presença incômoda de Sasori Akasuna porque simplesmente não queria estar perto da SUA presença ainda mais incômoda! – ele arqueou uma sobrancelha, parecendo um tanto surpreso e aliviado com isso, mas novamente não me importei da maneira como ele se sentia. Minha vontade era de matá-lo! – Mas eu não tenho que dar nenhuma explicação a você. Simplesmente vou ignorá-lo!


–Eu só fiquei curioso. – ele respondeu com um olhar de quem estava se divertindo muito. Sua máscara mortal havia caído. Estava se divertindo as minhas custas.


–Eu vou dizer onde você deve enfiar a sua curiosidade! – dessa fez ele não reprimiu o sorriso. Vi seus olhos brilharem quando os lábios se moveram, revelando um sorriso que eu jamais vira no rosto dele.



Eu estava ofegante. Naquele momento, acordei do transe que a raiva fizera a mim.



–Ah, meu Deus! – coloquei a mão sobre a boca. Eu seria demitida! O que foi que deu um mim?


–Arrependida? – ele perguntou ainda sorrindo.



Eu não daria esse gostinho a ele. Eu não iria pedir desculpas!


Bom, pelo menos não ali. Já que estávamos fora do ambiente de trabalho, apenas no ambiente de trabalho eu iria implorar pelo perdão e pelo meu emprego.



–Não! – disse com o queixo levantado, meus olhos o desafiavam. – Você mereceu cada palavra. – dei-lhe as costas e ouvi sua risada quando passei pela porta.



Ao longe avistei Tenten conversando com o seu ex-namorado, eu não poderia interrompê-la. Segui na direção da saída.



Uma vez lá fora, me dei conta do que havia feito.


Na segunda-feira, eu iria até a central de cobranças para assinar a minha demissão e olhar no rosto vitorioso e cínico daquele homem. Depois, com os classificados em mãos, sairia pelas ruas procurando outro emprego.


Maldição...





~*~*~*~




Quando contei tudo o que aconteceu para a Tenten no domingo de manhã, ela não acreditou no início, mas depois me parabenizou pela coragem. Eu estava redondamente arrependida, me sentia tão mal que nem consegui dormi direito. Eu não queria perder o meu emprego e por mais que a Tenten dissesse que daria conta de pagar as contas sozinha, eu não podia fazer isso. Eu tinha que trabalhar.


Pelo menos, uma de nós duas estava se dando bem no início da vida de responsabilidades.

Tenten já trabalhava na Corporação Global de Computação Gráfica, havia esclarecido as coisas com Neji na última noite e estavam noivos. Houve uma falta de comunicação entre eles quando Neji saiu da faculdade, na noite de comemoração da formatura depois de um telefonema. Devido a uma emergência na sua cidade natal, ele precisou sair em plena madrugada sem avisar ninguém. Ou melhor, ele deixou recado com a pessoa errada: uma garota que era apaixonada por ele e que odiava a Tenten. Lembro de essa garota ter dito que Neji estava terminando tudo porque Tenten era uma inútil sem futuro e ele precisava de algo melhor. Claro que nós não acreditamos naquela “periguete”, e tentamos contato com Neji. Porém não conseguimos. Ele simplesmente tinha desaparecido.


Uma semana depois, quando Tenten já havia chorado rio de lágrimas e desistido de correr atrás dele, Neji voltou, mas Tenten não quis saber. Ela nem deixou o coitado se explicar e eu tive que ajudá-la a expulsá-lo da sua casa, ou o pai dela o faria.


Depois disso nos mudamos para a capital e Tenten, embora não admitisse, ainda era loucamente apaixonada por ele. Ela dizia que se esforçaria para entrar na Corporação Global, apenas para mostrar ao Neji que era forte e tinha sobrevivido ao trauma.


Às vezes eu a aconselhava a deixá-lo explicar realmente o que havia acontecido, apenas para essa história maluca fazer sentido. Afinal, eles eram namorados há muito tempo, tinham muitos planos para o futuro. Ela nunca concordou comigo, mas ao que parecia, ela fez exatamente o que eu disse na festa da última noite.



–Ah, Sakura... O pai dele teve um ataque cardíaco, por isso ele saiu apressado naquela noite depois do telefonema! – disse Tenten despejando uma torrente de lágrimas de alegria. – Isso prova como ele é um ótimo filho. Com certeza também será um ótimo pai!



Eu fiquei muito alegre pela felicidade da minha melhor amiga. Era ótimo vê-la tão feliz com o novo rumo da sua vida. Tenten dizia que o mesmo aconteceria comigo, mas naquela manhã precisamente eu não me sentia muito confiante.




Na segunda-feira, quando o sol nem havia aparecido, recebi uma visita muito inesperada. Assim que passei pelo portão do meu prédio, dei de cara com a minha madrasta. Ela saiu de um carro preto, estacionado no canto da rua.



–Meu Deus, como está magra, querida! Você não está comendo?


–É muito bom te ver também, Yuan. – disse depois de me recuperar da surpresa. – Por que se incomodou em me visitar tão cedo?


–Não seja mal criada, menina. Não vai me convidar para entrar?


–Estou atrasada para o trabalho.


Você? Trabalhando?



Antes que eu dissesse alguma coisa indevida, continuei meu caminho pelo calçada, ignorando-a totalmente.



–Sakura! Espere!


–O que é, Yuan? – perguntei de costas para ela. O que ela queria dessa vez? Logo hoje que eu estava tão insegura e receosa para ir trabalhar. Eu estava tentando me preparar psicologicamente para o confronto com o supervisor e um encontro com a minha madrasta só estragaria tudo. – Posso saber o que está fazendo aqui?


–Eu preciso dizer uma coisa a você.


–Veio apenas trazer um recado? Por isso acordou tão cedo para vir aqui? – eu não podia acreditar nela.


–Não é qualquer recado. – ela desfilou até o carro e encostou-se nele, remexendo nos cabelos loiros. – Seu pai está muito doente. Por sua causa.



Eu fiquei em choque. Meu pai doente? Ele era tão saudável quanto um touro! Isso era impossível!



–Por minha causa? – perguntei com um aperto no peito que não pude controlar. Eu nunca suportaria perdê-lo. Quando perdi minha mãe, senti que o mundo tivesse acabado. Se eu perdesse o meu pai, o mundo não só acabaria como nunca mais fosse existir. Eu nunca iria me reerguer.


–Ele ficou muito mal depois que você foi embora. Disse que não imaginava você se tornar uma decepção na vida dele.



As palavras de Yuan sempre me machucavam. Eu nunca me sentia bem ao lado dela. Desde que meu pai se casou, ela sempre era uma barreira entre nós dois.



–Veio até aqui para dizer que o meu pai está morrendo e a culpa é minha? – senti as lágrimas molharem o meu rosto. – Que tipo de monstro é você?


–Você prefere que eu minta?


–Não! Quero que diga que ele deseja me ver novamente e que com isso vai melhorar! – minha voz saiu embargada pelo choro. – Quero ouvir você dizer que ele se arrepende do que disse naquela noite e que eu volte para casa.


–Então, quer que eu minta. – ela disse sem emoção alguma na voz e eu senti-me desmoronar.


–Era só isso, Yuan? Não posso chegar atrasada no trabalho.


Não esperei ela responder. Segui meu caminho enxugando as lágrimas.




~*~*~*~



Para variar, além dessa visita inesperada da minha madrasta piorar o meu estado de espírito, peguei um trânsito horrível e cheguei atrasada no trabalho. Quando estava para entrar no elevador, encontrei com o marido de Konan, um homem ruivo, alto e muito bonito que me pedira para levar um sanduíche de frango que ela esqueceu em casa.


Quando cheguei ao décimo andar, depois de guardar rapidamente as minhas coisas no armário, procurei por Konan na recepção e soube que ela estava na sala do supervisor. Praguejei comigo mesma, porque não queria vê-lo agora. Claro que isso não o impediria de chamar por mim, mas eu queria um tempo para pensar no que dizer a ele sobre a noite de sábado.


Avistei Konan na porta da sala do Sr. Uchiha. Ele estava lendo alguns papéis que ela lhe entregara. Aproximei-me dos dois, sem olhar para o supervisor.



–Com licença. Konan, seu marido me pediu para lhe entregar isso. – eu levei o pacote na direção dela e olhei rapidamente para o Uchiha. Ele ainda lia os papéis em suas mãos.


–Ah, obrigada, querida! Eu estava quase tendo um ataque por ter esquecido. – esperei por um minuto. Eu tinha certeza que ela iria me chamar para conversar em particular. O Sasuke tinha que ter contado sobre as minhas ofensas e ameaças de morte que fiz a ele. – Está tudo bem com você, Sakura? Está pálida. – os olhos de Sasuke se encontraram com os meus.


–Estou? – voltei minha atenção para Konan, embora ele ainda me fitasse.


–Sim, parece fraca. Não se sente bem? É por isso que chegou atrasada?


–Não, cheguei atrasada por causa do trânsito, desculpe. Minha madrasta me fez uma visita e isso ocupou os minutos que eu poderia estar tomando café. Acho que é por isso que pareço pálida.


–Oh, então trate de comer alguma coisa antes de começar. Não quero você indisposta para trabalhar. E não adianta dizer que não. Seu atraso está justificado.



Percebi que o Sr. Uchiha tirou a atenção de mim novamente para ler os papéis. Agradeci a Konan pela gentileza e segui na direção das máquinas de café e bolinhos.



~*~*~*~



Aquele dia de trabalho não foi o melhor dia da minha vida. Eu estava estressada, cansada e minha cabeça estava prestes a explodir. O cliente que eu atendia estava tão estressado quanto eu. E quando ele começou a me xingar, eu vi que o meu dia podia ficar pior.


O sujeito gritava ao telefone, xingando-me de nomes que eu nem sabia que existia.


Como uma das regras mais importante dessa empresa de telemarketing era “nunca desligar na cara do cliente, não importa o que aconteça”, permaneci em silêncio com os olhos fechados, esperando a boa vontade dele.



–Transfira para a minha sala. – despertei ao som da voz do Sr. Uchiha ao meu lado.


–Eu posso resolver, Sr. Uchiha. – respondi depois de pôr a ligação no mudo.


–Não me interessa. Transfira.



Os outros atendentes olhavam na minha direção. Muitos já sabiam o que estava acontecendo. Era o que chamávamos de B.O. da cobrança.


Ignorando o pedido do supervisor, desliguei o mudo.



–O senhor poderia se acalmar, por favor? – perguntei, mas o homem não estava me ouvindo.


–Transfira a ligação, Haruno! – a voz do Uchiha demonstrava a sua falta de paciência, mas não poderia estar mais impaciente que eu.


–Podemos negociar a sua dívida, senhor. – ele continuou xingando, mandado a negociação para aquele lugar, me mandando calar a boca.


–Transfira!



Em um ouvido o Sasuke me mandava transferir, no outro aquela criatura endividada que odiava ser cobrada me mandava calar e algumas outras coisas.


Minha cabeça fervilhou.



–ESTÁ BEM! – gritei para o Sasuke, batendo o punho sobre a mesa.



O silêncio no galpão foi total. Todos pararam o seu trabalho para saber o que estava acontecendo.



Você está gritando comigo, sua... – do outro lado da linha, o cliente ficou ainda mais furioso.


–Não foi com o senhor, desculpe. – ele continuou berrando, xingando e eu percebi que estava perdida. – Vou transferir a ligação para o meu supervisor, Sr. Tamashika. Tenha uma boa tarde!


O silêncio voltou novamente para o meu ouvido, mas eu não estava totalmente em paz naquele minuto.



Sasuke se apoiou com uma mão na minha cadeira e a outra na mesa, aproximando o rosto de mim. Eu o fitei e me arrependi no mesmo instante.



–Se este cliente processar a empresa por sua causa – disse ele naquele tom de ameaça. Seus olhos faiscavam, seu rosto estava sem expressão, o que o deixava ainda mais assustador – você será demitida por justa causa e nenhum outro lugar irá te contratar.



Quando ele saiu pelo corredor, apoiei a cabeça sobre as mãos.



–Meu Deus, Sakura! O que aconteceu com você? – perguntou Ino passando as mãos na minha cabeça.


–Dessa vez ela conseguiu deixá-lo fora de si. – comentou Karin ao meu lado. – Viram a cara dele? Com certeza vai te dar um pé na bunda, Haruno.


–Karin, não piora a situação! – disse Ino. Eu nem me importava com nada que qualquer um deles dissesse. Estava tudo acabado. Eu seria mandada para o olho da rua e sabe-se lá Deus se conseguiria trabalhar em outro lugar.


–Sakura, sala do supervisor. – ouvi alguém dizer e todos a minha volta ficaram em silêncio.



Levantei-me como um robô e não vi rosto nenhum. Não vi ninguém na verdade. Apenas segui meu caminho.



–Boa sorte, amiga. – acho que a Ino me disse isso.


–Coitada! Ainda bem que não sou eu.


–Dessa vez, se ferrou de vez.



Ouvi outros comentários antes de deixar o galpão.



Quando cheguei à porta da sala do Sasuke, tentei me recompor de todas as maneiras, mas não havia saída, não havia no que pensar para dizer a ele. Bati três vezes, já sabendo o que iria ouvir. Estava conformada.


Obedeci o comando entre.



Sasuke estava encostado sobre a sua mesa, os braços cruzados. Não ousei ler a sua expressão. Meus olhos não se atreviam a fitá-lo.



–O que tem a dizer sobre isso? – perguntou ele impassível.


–Nada. – respondi.


–Nada? – ele se desencostou da mesa depois que eu sacudi a cabeça positivamente. Ouvi seus passos sobre o carpete, aproximando-se de mim. Quando pude enxergar seus pés, levantei os olhos e o fitei. Estava a centímetros de mim. – Você por acaso tem consciência do que acabou de fazer? – sua voz era tão dura quanto a sua expressão. – Colocou a reputação de uma empresa séria em risco por causa da sua incompetência!


–Está bem! Eu sou uma inútil, não sei executar uma tarefa simples! – já que eu seria despedida e ele diria tudo o que quisesse, eu também diria tudo o que viesse a cabeça. – VOCÊ TINHA RAZÃO! VOCÊ GANHOU, ESTÁ FELIZ?!



Eu sabia que não precisava gritar, mas não consegui me segurar.



–Agora vou estar livre de você! EU não poderia estar mais feliz que isso! Vou sair com a minha incompetência por essa porta e garanto que nunca mais cruzarei o seu caminho novamente! – quando me virei e pus a mão sobre a maçaneta, senti-me ser virada novamente, depois minhas costas se chocaram na porta.



Sasuke havia me apertado contra ele, seus lábios estavam pressionados contra os meus, seus braços me apertavam. Eu estava em choque, tentando me soltar do seu abraço de urso, meu corpo estava tenso, minhas mãos contra o seu peito se debatiam.


Meu corpo ao sentir o calor que vinha do corpo dele, estremeceu. Quando a pressão de seus braços diminuiu, abri a boca para respirar, mas isso só fez com que ele aprofundasse o beijo. Sua boca tinha um gosto tão inebriante, que meu corpo agiu por vontade própria, entregando-se lentamente.


Seus lábios massageavam os meus delicadamente, sua língua invadiu a minha boca e eu não pude reprimir um gemido. Uma de suas mãos desceu pelas minhas costas, enquanto a outra apertava a minha nuca. Minha mente estava em branco. Parecia que nada mais existia a minha volta, eu estava no meio do nada, como uma página em branco, beijando-o. Só ele estava ali.


Sasuke apertou-me contra o seu corpo e eu subi minhas mãos pelo seu peito, parando no pescoço dele. Senti seu corpo reagir a isso, apertando-me contra si novamente.


Seus lábios abandonaram os meus, descendo molhados pelo meu pescoço.


Eu nunca saberia descrever o sensação daquele momento. Principalmente agora que aos poucos a realidade voltava.


Eu já não sabia o que estava acontecendo.


E gostaria de descobrir o mais rápido possível.



Continua...





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Notas finais do capítulo

Hello, povo!!Espero que estejam curtindo a fic!É isso aí, Sasuke! Me joga na parede e me chama de lagarticha!*-* O que será que se passa na cabeça do Sasuke, hein? o_O Obrigada a todos que estão acompanhando! bjss =Denny