Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 44
43 - sem permissão, resistência ou preocupação




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Poseidon estacou. Continuava segurando ela em seu colo, sentado no meio da cama, mas algo dentro dele havia congelado.

O deus encarou a mulher em seus braços. Estava ressonando como se nada tivesse acontecido, e ele desconfiava de que ela nem tinha noção do que havia acabado de dizer.

Ela pode muito bem estar sonhando... Eu não sabia que ela falava dormindo.

Poseidon pensou em diversas possibilidades, com medo de ficar com falsas esperanças. E se o deus acreditasse com todas as forças que aquela frase fora direcionada a ele e depois algo acontecesse e acabasse com seus sonhos? Ele não poderia conviver com o choque. Mas, em seu interior, ele sabia. Sabia que estava rezando à Afrodite para que estivesse certo.

Tentando se manter firme, o deus suspirou e se acomodou entre os travesseiros. Queria aproveitar aquele momento ao máximo, nem que fosse para acabar poucos minutos depois.

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A porta do quarto se abriu. Kate e Sebastian entraram sorridentes, cada um com uma bandeja com canecas cheias de café e bolinhos do lado. Como Poseidon havia pedido, ele e Athena iriam fazer a refeição na cama. Segundo sua consciência preocupada, ela não estava em condições de descer para a sala de jantar novamente.

Assim que os dois saíram, Athena piscou. Provavelmente o barulho da porta se fechando a tinha acordado, e Poseidon se sentia agradecido por não ter de fazer aquilo ele mesmo afinal “Ela fica tão bonitinha dormindo, chega até a fazer as pessoas acreditarem que é uma menininha frágil e inocente, hum”.

Ela passou os olhos por todo o lugar, assustando-se com a proximidade do deus. Athena estava encolhida no peito de Poseidon, preguiçosa.

- Então, você vai comer ou não vai? – disse ele, querendo evitar o assunto ‘choro suspeito na sala de jantar’.

- Hmmm – disse Athena, não saindo do lugar.

Poseidon a encarou risonho. A deusa escondeu seu rosto na camisa dele. Ele, divertindo-se com a situação, trouxe-a mais para perto, rendido.

- Ok – suspirou ele. Poseidon se debruçou e pegou um bolinho.

- O que você está fazendo? – murmurou ela roucamente quando viu o que ele faria em seguida.

- Hmm, apenas o que você está com preguiça de fazer.

O deus encostou o bolinho nos lábios da mulher, que sorriu manhosamente.

Deuses, não acredito que a mulher que está aqui é a mesma que eu xingava todos os dias.

Athena mordeu um pedaço de seu café da manhã, fazendo-o sorrir também. Poseidon bebeu uma parte do líquido de sua caneca.

- Quer conversar sobre o que aconteceu? – perguntou ele enquanto Athena criava coragem e pegava a própria caneca.

Ela suspirou.

- Não, mas tenho – ela o olhou. – Eu não queria me lembrar, mas vou falar os fatos principais. Bem. Anfitrite tem um caso com meu pai.

- Sabíamos que isso era bem possível, Athena.

- Ariana é meia-irmã dela por parte mortal e por isso não me deixou lutar. Elas estão do mesmo lado – Athena desviou o olhar para a sacada. – Deve ter sido por isso que você a encontrou. Ariana não era totalmente humana, Poseidon.

O deus não demonstrou nenhuma reação.

- Não posso dizer que esperava por isso, mas faz sentido – disse ele. – Mas não podemos ficar refletindo o assunto, certo? Além do mais, Ariana era uma boa pessoa. Acredito que ela esteja fazendo isso mais obrigada do que por pura e espontânea vontade. Anfitrite deve ter algo a ver com a rebelião contra Valentino. Os pontos estão ligados. O quebra-cabeça está ficando claro, Athena.

A deusa assentiu enquanto mastigava.

- Eu quero lutar – disse ela, depois de um tempo. – Eu preciso, Poseidon. Não vou conseguir ficar parada por mais tempo.

Ele respirou fundo e a abraçou, apoiando os lábios na testa da deusa.

- Vamos resolver isso juntos – disse Poseidon. – Você pode lutar se quiser. Não fico feliz com isso, pode acontecer algo, ainda mais com Zeus lutando agora. Mas pode ser uma vantagem. Você decide, Athena, não vou opinar nisso.

Athena suspirou e enlaçou a cintura do deus com os braços, fechando os olhos.

- Obrigada – sussurrou ela. – Você vai lutar hoje?

- Não – disse ele simplesmente.

- Por que? – Athena abriu os olhos e levantou a cabeça, olhando-o com uma curiosidade lívida.

- Anfitrite não vai lutar hoje à noite, o exército ainda está se recuperando da perda de Dóris. E Zeus está com ela – Poseidon respirou fundo. – Acho que eles vão encontrar algo para passarem o tempo.

Saber que aquela vadia dormiu com meu pai me dá ainda mais vontade de cortá-la em pedacinhos, ah. Mas como Poseidon disse, isso era bem possível. Como eu pude ser tão ingênua a ponto de pensar que Zeus não se aproveitaria da situação?

- Além de que – ele sorriu. – eu tenho um compromisso com uma linda mulher de cabelos loiros. Ela tem um sorriso que me conquistou.

Silêncio.

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O mundo de Athena caiu. Era como se alguém estivesse dando facadas em seu peito. Seu sorrio congelou e foi se desfazendo aos poucos.

A deusa engoliu em seco, sentindo a garganta se fechar. Suas mãos começaram a tremer.

Mas, para sua sorte ou não, Poseidon não havia percebido a mudança no seu humor.

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- O que? – perguntou ela, num fio de voz.

O deus franziu o cenho, sorrindo de nervoso.

- É, Athena. O bilhete; você não recebeu?

Uma onda de alívio e vergonha a atingiu.

- Aah, sim. Mas... E-eu ainda não aceitei – murmurou Athena, deixando que ele acreditasse que ela tinha ficado assim por um motivo totalmente diferente.

- Qual é Athena, eu só perguntei por educação. Nós não temos nada para fazer e eu não estou com saco para ficar planejando batalhas... – sua frase pairou no ar. Poseidon pôde sentir o desespero o tomando. – Você vai, não vai?

Athena o encarou por longos segundos, e depois riu, quebrando toda a tensão da conversa anterior.

- É claro, seu bobo! – disse ela, apertando a bochecha do deus.

Poseidon riu.

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Eles pararam de rir subitamente e se encararam. Athena franziu os lábios quando o viu a poucos centímetros. Não era há pouco tempo que ela estava sentindo a mão do deus segurar sua cintura.

Os olhos dela despertavam seu interesse. Cinza azulado. Verde-mar. Não era possível se desviar daquela prisão.

Ele passou os dedos ásperos pelo pescoço da deusa. Um arrepio percorreu seu corpo. Sua respiração acelerou conforme o espaço entre seus rostos diminuía.

Athena deixou seus dedos enroscarem nos fios negros. Poseidon apertou sua cintura.

Não poderiam esperar mais. Sem permissão, seus lábios se encaixaram. A deusa não apresentou resistência. Poseidon não se preocupou em ir devagar.


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