- Bem – disse Athena, constrangida com aquilo tudo. – Eu tenho que tomar um banho, estou morrendo de cansaço.

Poseidon suspirou, assentindo. Havia colocado sua calça de moletom azul.

- Claro. Tem toalhas no armário embaixo da pia.

Athena deu um breve sorriso, levantando-se. Pegou suas roupas – para frustração de Poseidon – e se trancou no banheiro.

- Tá né – murmurou ele, entrando debaixo das cobertas e se recostando na cabeceira da cama.

Ela disse que era só eu querer... Mas não pode ser tão fácil assim retirar a imortalidade de alguém, mesmo que você é quem tenha lhe dado. Como eu faço isso?

Naquele momento, ele escutou o chuveiro sendo ligado.

Como ela pode pensar nessas coisas? Eu não sou mágico, não sei como fazer isso. Provavelmente esse vai ser o único modo de derrotá-la... E a Zeus, a Dóris e a todos os outros. E eu quero que ela perca a imortalidade, pelo menos ela pararia de me encher. Isso já não é o bastante?

Ele precisaria mais do que um ‘É só você querer’ para se convencer.

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Finalmente, pensava Athena sentindo seu corpo relaxar embaixo da água quente, eu estava precisando disso. Aah, por que estou tão dolorida? Devo estar dormindo pouco, e mal... Deve ser o efeito da guerra... Já faz muito tempo que não me sinto tão ansiosa.

A deusa passou as mãos pelos cabelos, começando a tirar seu shampoo.

Mas me sinto aliviada apesar de tudo. Pelo menos Poseidon já sabe sobre o nosso filho. Hm, nosso filho... É estranho chamá-lo assim. É. Mas pelo menos ele compreendeu o meu lado. Aposto como Afrodite deve estar feliz. Quando a guerra terminar, tudo voltará ao normal. Se é que posso chamar nossas vidas de normais. Bom, tirando é claro o fato de eu não poder entrar no Olimpo. Na verdade eu nem sei mais se quero entrar lá, mesmo com Zeus voltando atrás.

Athena fechou o chuveiro, enrolou-se numa toalha e pegou outra para enxugar seu cabelo.

Saiu do box; o ar já estava esfriando novamente. Um arrepio subiu por suas costas.

Depois de se vestir, ela penteou os cabelos e sorriu, com uma sensação de leveza.

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- Aah, oi. Pensei que já estaria dormindo – disse ela quando encontrou Poseidon a encarando, recostado na cabeceira da cama. Suas faces coraram.

- Não – disse ele apenas.

A deusa entrou lentamente debaixo das cobertas, quase que se sentindo intrometida. Afinal, aquilo tudo era dele.

- Você está bem? – Poseidon perguntou, virando-se.

- Claro – a deusa sentiu as pálpebras pesarem. – Só estou cansada.

- Hm, vamos dormir.

Como as luzes já haviam sido apagadas e agora o quarto era só iluminado pelo luar, Poseidon apenas abaixou um pouco seu travesseiro e virou-se para o outro lado. Em outra situação, ele se incomodaria de dar as costas para Athena, mas a deusa já havia caído em sono profundo.

Cansaço, sono, dores... Ela não pode estar bem de verdade. Claro que aconteceram muitas coisas e ela deve estar psicologicamente instável, além de que estamos em guerra, mas isso não pode ser normal.

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A deusa abriu os olhos, piscando-os rapidamente por causa da claridade. Ela esticou os braços, estranhando o tamanho da cama.

Foi quando percebeu que ele não estava ali. E não havia barulho de chuveiro.

Aonde aquele idiota se meteu?

Athena já sentia sua fúria crescendo por dentro quando colocou as pernas para fora da cama. Mas que droga, será que ele não tem um pingo de educação?

Por que mesmo que eu pensei que ele tinha mudado? Aah, como eu fui tão burra! Como eu pude pensar que ele tinha ficado amigável da noite para o dia?

Trincando os dentes, a deusa adentrou o banheiro, praticamente cuspindo fogo; apesar de saber que ele não estava amigável da noite para o dia.

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A água quente do banho a tinha deixado mais tranqüila, mas não totalmente bem. Athena estava com raiva de Poseidon pelo deus não tê-la esperado. Em sua cabeça, o anfitrião da casa – naquele caso, seu suposto marido educado – tinha de ficar a serviço do hóspede.

A deusa sabia muito bem que ele não poderia fazer isso, por motivos mais do que óbvios, mas sua mente cheia de princípios complexos não entenderia isso. Não, até...

- Deuses! – Athena exclamou quando avistou todas aquelas flores. É, flores.

Num minuto elas não estavam ali e em outro estavam?

O quarto estava repleto de pequenos vasinhos de vidro com duas ou três rosas vermelhas em cada um.

Santo Poseidon, isso é tão...

Em cima da cama, porém, havia duas rosas presas por um laço branco, com um pequeno envelope do lado.

Estupefata, Athena se sentou lentamente na cama, cuidando para não pisar em nada. Suas mãos, trêmulas, abriram o envelope.

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Querida Athena,

Eu sei que você deve estar morrendo de raiva de mim por tê-la deixado sozinha, mas foi por um bom motivo. Sebastian me chamou bem cedo pois Delphin queria conversar sobre o que faremos com Dóris. Era urgente.

Você estava tão quietinha, e na noite passada se sentia tão cansada que não tive coragem de acordá-la, por favor, perdoe-me por não ter outro modo de lhe explicar.

Pretendo compensá-la isso.

Quero que jante comigo essa noite, só nós dois, para esquecermos um pouco de toda essa confusão.

Você aceita?

Atenciosamente,

Poseidon.

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- Eu não acredito... – sussurrou ela para o nada, enquanto encarava aquele papel pálido preso precariamente entre seus dedos.

Athena, depois de se recuperar do susto, já tinha esquecido toda a raiva sentida antes pelo deus.

Não acredito que pude desconfiar dele.

A deusa sorriu radiante, procurando algo para se vestir. Colocou uma sapatilha vermelha, um macacão jeans – do tipo que ela costumava usar quando ainda era adolescente e uma camiseta branca com decote em V e mangas até os cotovelos.

Assim que se sentiu satisfeita quando à sua aparência, Athena colocou sua toalha no devido lugar e deu uma arrumada na cama. Depois, ela saiu do quarto.

Ela se sentia tão feliz. Tão eufórica. Não sabia nem porque estava sorrindo como uma criança. Mas, havia um fato. Toda aquela felicidade se dissiparia em questão de minutos.