Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 4
4 - lágrimas e consolos


Notas iniciais do capítulo

Já que eu fui bem na prova *dança o Rebolation e canta Friday* decidi que vocês mereciam mais um capítulo.



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Depois de muito debater com sua consciência, Athena resolveu que era melhor chamá-lo de uma vez. Não poderia acontecer nada.

O bilhete em cima da mesa da cozinha dizia exatamente o que ela tinha que fazer: Chamá-lo para o jantar. Só.

Ela não sabia porque estava enrolando, era uma coisa tão... Simples de se fazer. Por que esse medo?, ela se perguntava enquanto subia lentamente as escadas.

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Ele estava apoiado em sua sacada, pensativo, observando o mar ao longe, tranquilo, como se nada o pudesse atingir.

Às vezes ria sozinho imaginando o quanto aquela experiência seria... Diferente. Um tanto engraçada, também. Era engraçado provocá-la, ele admitia. E gostava de fazer isso.

Pensou em como Zeus e Apolo, principalmente, estavam se divertindo com tudo aquilo. Ele e Athena atrapalhavam muito as reuniões do conselho com brigas, mas no fim era hilário de se ver os dois quase se pegando (não, não é naquele sentido, bando de mentes poluidas), como cão e gato.

Poseidon ria mais uma vez, mergulhado em pensamentos como “O que ele poderia fazer pra tornar aqueles dias mais interessantes”, quando ouviu leve batidas em sua porta. Ah, o bicho papão veio me pegar.

Não, era só Athena. Que também pode valer como bicho papão.

- Sentiu saudades? – ele perguntou, ainda de costas. Sim, Athena tinha entrado sem ‘permissão’, leia-se tinha invadido o quarto.

- Não seja convencido. No dia que eu sentir saudades suas, Cronos vai dançar o Rebolation e Zeus vai cantar Friday.

- Então o que você quer? – Poseidon perguntou sério de repente, se virando, ainda encostado na barra de aço.

- Jantar. E não me olhe com essa cara, eu fui obrigada a te chamar.

- Claro – ele disse, apenas; com um sorrisinho – Devo agradecer?

- Apenas desça logo – ela respondeu, grossa, revirando os olhos e indo embora.

Não foi tão ruim assim.

Depois de pensar em como seria ótimo vê-la irritada por ele não descer, decidiu que isso seria muita sacanagem, até com Afrodite. Não que ele se importasse, longe disso, ele só estava ansioso para ver o que tinha pra comer. Ou para provocá-la um pouco mais.

- Você vai me servir? – ele perguntou, com uma expressão inocente, quando já estava sentado na outra ponta da mesa, defronte para ela.

- Está brincando, não é? – ela disse, piscando rapidamente, tentando descobrir se era sério ou só brincadeira. Poseidon é imprevisível.

Poseidon deu de ombros, pegando o prato.

Eles comeram a lasanha de queijo em silêncio, o que assustou um pouco a Athena, já que esperava alguma brincadeira sem graça – para ela.

Eles colocaram as louças dentro da pia, esperando alguma mágica maluca de Afrodite, que disse pra não se preocuparem com aquilo. E em questão se segundos, tudo se desintegrou em água e escorreu.

Athena olhou com uma sobrancelha levantada para Poseidon que também estava surpreso.

- O quê? Não tenho nada a ver com isso.

- Tanto faz – ela falou, seguindo para a sala, onde Afrodite já se encontrava sorridente na TV mais uma vez.

“Hello pessoas lindas!” Ela disse, pulando.

- Ah Zeus – Athena falou, escondendo o rosto nas mãos e balançando a cabeça.

- E eu que pensava que ia ter paz até amanhã... – Poseidon murmurou, se jogando no sofá.

“Ei, não fiquem assim... Que tristeza é essa? Eu tenho planos pra animar vocês!”

- Nossa, que coisa maravilhosa vindo de você, Afrodite – Athena disse, irônica. Afrodite mostrou a língua.

“E saiba a senhorita que se continuar se comportando mal eu tiro o seu quarto.”

- Opa, como é que é isso?! – Poseidon se sobressaltou.

- Como assim?

“Punição, Athena! Punição! Se liga, parece até que a burrice de Poseidon te afetou!”

- Ei!

- Cala a boca. Isso não é justo!

“É sim, eu posso fazer com vocês tudo o que vier na minha linda e magnífica mente!”

- Você esqueceu do ‘diabólica’ – falou Poseidon.

- Tudo, tudo, não! Eu tenho restrições e-

“Não tem mais. Athena querida, às vezes você é tão ingênua. Ou você acha que eu não pensei no seu juramento besta? Puf puf, já se esqueceu daquele contrato?”

- Você não... Não... Você não...

“Isso mesmo, maninha. Você concordou em retirar o juramento, não é ótimo?” Afrodite perguntou, com os olhos brilhando. “Se bem que você foi meio que obrigada, mas quem se importa?!”

- Eu me importo! – Athena gritou, possessa – Afrodite, você não tinha o direito! Isso diz respeito apenas a mim. É minha escolha, minha decisão. Você não pode fazer isso – ela tinha lágrimas nos olhos.

“Já fiz.”

- O que Zeus disse sobre isso? – ela perguntou baixinho, se sentando novamente.

Poseidon assistia àquilo meio chocado, meio confuso. Primeiro ele não acreditou que aquilo fosse possível. Depois lhe ocorreu o quão Afrodite podia ser inteligente quando queria. E por último, ele acabou feliz, porque poderia aprontar do jeito que queria.

“No começo ele ficou meio contrariado, porque você é a preferida dele e ele não quer te perder pra outro homem e blábláblá, ele não disse isso, é claro, mas fala sério Athena, todo mundo sabe e vê o quanto ele te preza. Mas enfim, depois ele entendeu que era pelo bem maior.” Ela disse, revirando os olhos e balançando a mão, como se dispensasse o assunto.

- Ele não fez isso, não é? Ele... Ele concordou? – ela perguntou. Parecia que tinha levado um tapa e estava cada vez mais branca.

- Athena, você está bem? – Poseidon perguntou, levemente incomodado.

Ela se virou pra ele com uma expressão amarga que dizia “Como se isso fosse importante pra você”, ele viu Athena começando a respirar com dificuldade, tentando conter as lágrimas e travando o maxilar, provavelmente se xingando por dentro por se mostrar tão frágil.

Ela se levantou num impulso e começou a subir as escadas rapidamente, com uma das mãos em frente a boca.

Afrodite estava chocada, com a boca aberta, assim como Poseidon, que viu um vestígio de culpa passando pelos olhos dela.

“E agora?” Ela perguntou, triste, mas logo sorrindo de novo. “Poseidon, vá consolar ela! Agora!”

- Eu? Por que?!

“Primeiro, porque você é a única pessoa que está aí com ela e segundo, porque eu estou mandando! Contrato, lembra? Agora vai!” E sumiu.

Argh.

- Que ótimo – ele murmurou, subindo as escadas pisando fundo.

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Athena estava sentada e encolhida no chão da sacada, agarrada a um travesseiro já úmido de lágrimas. Ela encarava a Lua e pensava em Ártemis, e em como ela era sortuda por ainda ter o juramento ‘protegendo-a’, enquanto algumas outras lágrimas solitárias escorriam silenciosamente.

Ela tinha total consciência de que nessa hora poderia estar sendo assistida por todo o Olimpo, mas o que ela mais prezava, o que mais importava pra ela, tinha sido arrancado dela a força, sem nem mesmo ela saber, e agora não importava se a vissem nesse estado ou não, nada mais importava pra ela.

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Poseidon parou na porta, indeciso e temeroso, não sabia o que estava por vir, não sabia como ela iria reagir. No fim, acabou batendo na porta.

- Vai embora – ele escutou a voz abafada e embargada de Athena do outro lado e revirou os olhos. Ele não iria embora. E se ela não o deixasse entrar, ele entraria assim mesmo (sem sentido isso).

Entrou silenciosamente no quarto, tomando cuidado pra não derrubar nada, e viu os cabelos dela balançando com o vento, na sacada. Sem saber o que fazer, andou devagar, tocando levemente seus dedos em seu ombro. Ela se virou automaticamente.

Athena desviou os olhos para baixo, murmurando algo como “Você não deveria estar aqui”. Suas bochechas se tingiram num tom de rosa claro. Ela está com vergonha, ele percebeu.

E se assustou ao notar que os cabelos dela estavam castanhos escuros, e não loiros, e ondulados, ao invés de cacheados, em camadas. Meio incerto, ele passou os braços por suas costas, deixando-a chorar em seu ombro, encolhida. E percebeu que ela tinha se acalmado, porque seus cabelos se tornaram castanhos mel, e as pontas ficaram claras.

Ele sentia as mãos pequeninas dela se agarrando a sua camisa. Pelo menos ela preferiu a mim do que a um travesseiro.

Ela estava com sono, ele via. Seus olhos se fechavam com mais frequência e seu corpo estava mais mole.

- Você precisa ir pra cama – ele sussurrou, encarando o mar lá embaixo.

- Eu sei – ela disse, saindo do abraço, os olhos ainda vermelhos, assim como seu nariz.

- Mas se quer ficar abraçada comigo, eu não me importo.

- Besta – ela murmurou, mas sorria. O efeito que ele queria.

- Quer ajuda pra se trocar?

‘Vá embora’, ela sibilou, embora um sorriso ainda brincasse em seus lábios.

- Como queira, madame – ele disse, parando no corredor, antes de fechar a porta – Qualquer coisa estou no quarto da frente.

Ele fechou a porta, e Athena ainda encarava o lugar por onde ele saiu.

Devagar e meio desconcertada, ela abriu a porta de novo, abrindo uma fresta da de Poseidon.

- Poseidon? – ela sussurrou.

- Sim? – ele perguntou, tirando a camisa.

- Obrigada.

- Disponha.

Enquanto ele se deitava, pensava em o quanto ela ficava manhosa quando triste.

Enquanto ela se deitava, pensava – com um pouco de culpa – em como ele sabia acalmar as pessoas tão bem.


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