Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 39
38 - deus poderoso




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O corpo de Poseidon a pressionava contra o sofá sem restrições.

Seus dedos – que o deus pensava serem inocentes! – trabalhavam em desabotoar a camisa do homem deitado acima de si. Ela não estava pensando muito bem no que fazia, pois sabia que iria estragar tudo, apenas agia e reagia.

As mãos dele – nada inocentes, diga-se de passagem – entravam por baixo do vestido. Poseidon, apesar de descontrolado, ainda tinha medo de que Athena o parasse sem avisar e surtasse, “voltando ao normal”. Mas, fora isso, a deusa não parecia estar dando atenção àquilo, na verdade.

O deus desceu os lábios para o pescoço, deixando-a arfante, e segurou mais fortemente suas pernas torneadas.

Oh sim, aquilo ficaria roxo em pouco tempo.

- Poseidon – ela murmurou segurando seus cabelos, enquanto ele descia os beijos perigosamente para perto do decote.

Em resposta, ele a mordeu. Ela engoliu em seco. Não era culpa da deusa Poseidon ser fraco diante de pele sensualmente exposta.

- Lorde Posei... Oops.

A voz de Sebastian fez Athena congelar e Poseidon quase cair do sofá. Por que ninguém naquele palácio conseguia ter privacidade quando precisava?

Minha reputação está definitivamente destruída, era a única coisa que a deusa conseguia pensar.

Poseidon fechou os olhos durante bons dez segundos, sentindo os olhos de Sebastian atentos a eles. Assim que encarou Athena, que estava com as bochechas um pouco vermelhas, os lábios inchados e o olhava cheia de perguntas, ele franziu os lábios. A pele da deusa ainda estava quente sob suas mãos, e o lugar onde mordera – um pedaço exposto do seio – tinha ficado arroxeado.

Ela vai querer minha cabeça depois dessa.

Lentamente, o deus saiu de cima de Athena. Ela se sentou, arrumando o cabelo e subindo o decote. Poseidon suspirou, então se levantou, caminhando até Sebastian enquanto fechava a camisa novamente.

Se Sebastian não tivesse nos interrompido...

- Eu estou ocupado. – murmurou o deus, assim que chegou perto o suficiente para que Athena não ouvisse.

- Aah. Me desculpe, Lorde Poseidon. Mas o senhor precisa vir comigo.

Sebastian voltou para a porta com o deus em seu encalço.

Assim que já estavam fora da biblioteca, ele o impediu de continuar.

- O que pode ser tão importante assim? – Poseidon franziu os lábios. – Sebastian, se não tiver nada a ver com a guerra, isso pode esperar.

- O ponto não é esse. Não tem nada a ver com a guerra – o deus revirou os olhos, passando a mão pelos cabelos. – Mas é importante e o senhor não vai querer deixar para depois.

- O que foi então? Diga de uma vez.

- Lorde Zeus, meu senhor. Ele está aqui.

- Zeus? Ah, mas era só o que me faltava! O que é que ele quer? – Poseidon perguntou, voltando a caminhar mais rapidamente.

- Eu não sei, ele não disse muita coisa.

---

Não. Não. Não. Isso só pode ter sido um sonho... Não, um pesadelo! O que foi que eu fiz?! Por que não o impedi? Mas que droga! E agora ele vai achar que tem liberdades comigo! Ainda mais que agora somos marido e mulher, teoricamente.

Athena andou de um lado para o outro da biblioteca, nervosamente. Ora passava as mãos pelos cabelos, ora pensava ainda senti-lo em seus lábios.

Eu preciso de terapia urgentemente. Mas, se eu disser isso, Afrodite vai querer ajudar e isso não é legal.

- O que será que houve para ele sair assim? E Sebastian! Meus deuses, ele nunca vai esquecer-se do que viu! – ela sussurrou para si mesma enquanto caía sobre o sofá.

Minha vida acabou. Eu sou uma deusa imortal morta. Morta e sem funções.

Athena suspirou, tentando se conformar. Ela não tinha nada a perder, na verdade.

Não precisaria temer seu pai, depois de tudo o que o próprio fez. Não precisaria temer um juramento falso, nem fofocas. Não precisaria temer que a tirassem do posto de deusa da sabedoria por “perder a razão”. E a imortalidade... Bem, ela só é válida quando se tem algo para fazer e ela era uma deusa sem funções, grande coisa, do que lhe adiantava a imortalidade?

Então, naquele momento ela percebeu algo. E se decidiu.

Eu não tenho nada a perder, nem a temer. Poseidon já mostrou que pode ser alguém decente e eu sou paranóica demais. É melhor deixar isso acontecer. Continuar acontecendo.

---

- Posso saber o que é que está fazendo aqui? – perguntou Poseidon, batendo a porta da Sala do Trono. – Primeiro, se recusa a ajudar e, agora, aparece sem nem ao menos dizer o que quer!

Os dois estavam em tamanhos humanos. Afinal, o palácio de Atlântida – tirando o trono – fora projetado para tamanho humano, já que Poseidon gostava de conviver com os outros normalmente.

Zeus se virou com um sorriso de escárnio nos lábios.

- Eu quero a minha filha, é claro.

- Não sei do que está falando – disse Poseidon, cruzando os braços.

- Ah, você sabe. Eu sei que sabe. Sei que ela está aqui e sei que a está ajudando. Não, Poseidon, não vou deixá-la perto de alguém como você, eu me importo com o bem-estar dela.

O deus dos mares desviou o olhar para as pérolas incrustadas nas paredes, logo em seguida sorrindo friamente.

- Não é o que parece, sabe? Você não se importou muito quando a colocou para fora do Olimpo. Não quis nem ao menos saber para onde ela ia.

Zeus engoliu em seco.

- Mas que droga, Poseidon. Eu estava nervoso. Você não pode me impedir de levá-la comigo. Não a quero perto de você, já disse isso.

- Tanto posso como vou impedi-lo. Além do mais – ele suspirou. – Ela não vai querer ir.

Poseidon colocou as mãos nos bolsos e olhou pela janela.

Meu reino está se acabando. E se ele acabar, eu não vou sobreviver. Um exemplo disso foi a última guerra, se não fosse por Percy... Eu não vou deixá-la ir. Não vou me perdoar se morrer sem dizer a verdade.

- E eu posso saber por quê? – Zeus cruzou os braços.

- Pergunte a ela. Ou melhor, não pergunte, porque ela corre o risco de ser raptada, não é mesmo? Deve ser de família. – o deus dos mares sorriu para si mesmo. – Do que você tem medo, Zeus? Sua filhinha não tem um juramento para quebrar e você sempre soube disso, não foi? E se não sabia, Afrodite deve ter lhe contado, como uma pequena vingança. O que foi então? Tem medo de que ela não resista aos encantos do seu irmão mais velho? Ah, venhamos e convenhamos, não é mesmo, Zeus? Todos sempre soubemos que eu tenho mais charme do que você.

Poseidon se voltou para o irmão. Zeus estava mais pensativo do que jamais vira, parecia em um conflito interno.

- Como soube que ela estava aqui? Uma de suas amiguinhas lhe contou? – perguntou Poseidon, sabendo que tinha pegado em um ponto fraco. E, realmente, Zeus pareceu enrijecer ainda mais, incomodado.

- Eu não quero que você a engravide de novo, Poseidon – disse ele, sério, levantando o olhar. O sorriso de Poseidon foi desaparecendo aos poucos. – E eu não vou deixar isso acontecer. Não, eu não vou. E deixe que eu tome conta de minhas amiguinhas.

 O Senhor dos Céus sorriu friamente.

- O que foi? Ela não contou? – perguntou, com escárnio. – Já era de se esperar. E sabe quem roubou aquele maldito bebê? Foi Anfitrite. Oh sim, sua amada esposa. Claro que eu só fui descobrir depois. Mas, sabe, eu tinha esperança de que você lhe arrancasse isso, e quando o fizesse, assumisse a responsabilidade.

- Vá embora. Agora.

Poseidon estava sussurrando, e tinha voltado a encarar seu reino pela janela, abalado demais para qualquer coisa.

- Você não é bem-vindo aqui, Zeus.

- Eu irei, Poseidon. Mas você vai se arrepender de não tê-la entregado a mim.

Quando sentiu que estava sozinho novamente, o deus dos mares se apoiou na parede e escorregou até o chão. Sua vida estava desabando, pouco a pouco.

Todo aquele tempo. Por todo aquele tempo era de mim que ela falava. Eu sou um dos Três Grandes. Eu era o deus poderoso de quem ela teve um filho.


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Notas finais do capítulo

Whoa. Tenso. Alguém aí arrisca quem foi contar onde Athena estava para Zeus?