Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 34
33 - preocupação e tensão


Notas iniciais do capítulo

Talvez seja o último capítulo postado antes que as aulas comecem, porque aí já viu né...



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Houve um estrondo. E depois um zunido alto, que fez com que a deusa se sobressaltasse.

Ela piscou várias vezes, despertando. Pelos deuses, o que tá acontecendo?! Quando tentou se arrumar em uma posição mais confortável, percebeu o erro que cometera.

Athena acabou dormindo demais, assim como Poseidon. Está escuro... Droga, que horas são?

Apesar de toda a confusão que parecia haver lá fora, o deus ainda dormia profundamente em seu colo, com um sorriso singelo, alheio ao mundo. E ela, ainda brincava com suas mechas negras.

Ah Zeus. Isso não podia ter acontecido... Está tarde!

- Ei – ela sussurrou.

Poseidon se remexeu no sofá, mas nem ao menos deu atenção.

- Poseidon... É melhor você acordar... – Athena disse baixo, apertando seu ombro levemente. – Algo está acontecendo lá fora...

Ele novamente se mexeu, resmungou algo indecifrável e voltou a dormir.

A deusa o encarou e sorriu, quase que sem querer, por um momento se esquecendo da confusão que parecia ficar pior do lado de fora das paredes de mármore do palácio. Ele parecia estar dormindo como não fazia há um bom tempo, ou pelo menos era isso que a pele arroxeada abaixo de seus olhos dizia.

Era uma pena ter de acordá-lo. Mas era preciso. A guerra tinha recomeçado; e sem ele.

Ela suspirou, encarando as grandes janelas. O tempo não estava nada legal. Clarões apareciam cada vez mais frequentemente, estrondos mais altos podiam ser ouvidos e vários gritos horrendos de pessoas morrendo. Inocentes estão sendo mortos por causa de uma mulher psicologicamente desequilibrada, que idiotice.

A deusa sabia que podia estar delirando, mas algo no fundo de sua mente dizia que havia magia ali. Feiticeiros, bruxos, mágicos, ilusionistas, qualquer coisa. E aquilo estava ligado diretamente com o que eles conversaram mais cedo.

Dóris, a mãe de Anfitrite, estava participando daquela guerra. Era a única explicação. Como eles fariam para derrotá-la? Eles podiam ser deuses, sim, mas não faziam... magia.

Ficar remoendo isso não vai adiantar.

Athena se debruçou para poder ver o rosto do deus mais claramente. Ela encostou a ponta de seus dedos nos lábios dele, sentindo a textura macia... E, naquela hora, as lembranças inundaram sua mente. O jeito como ele a provocara no cinema... Quando ela pensou que ele iria beijá-la... Como ela se sentiu bem quando ele massageou seus ombros no banho... Depois ele a confortando quando resolveu contar sobre o filho... Ah, o filho. O filho que ela tivera... Que eles tiveram.

A deusa ainda não conseguia entender. Ela se deixara levar... Naquele dia, quando ainda estavam presos... Ela se deixara levar e não tinha como protestar... E fora somente carnal.

Assim como com Anfitrite. Se igualar a ela era algo que lhe dava nojo. E se ele me vê assim como a via?

E depois... Ela arfou só de pensar... Depois ele dizendo que se importava com o que havia acontecido e... E eu o desprezei.

Afastando esses pensamentos da mente, ela se concentrou no deus. Eu tenho prioridades agora. Apesar de tudo o que aconteceu, eu me comprometi a ajudá-lo e ele está me dando um lugar para viver. Não posso quebrar minhas promessas.

- Poseidon – ela sussurrou em seu ouvido. – Vamos, Poseidon, acorde.

- Hmmm... O quê? – ele resmungou, abrindo os olhos preguiçosamente.

- Sua guerra está acontecendo lá fora. E sem você – a deusa franziu os lábios enquanto ele se sentava lentamente, apoiando-se em uma mão. Ela foi obrigada a recuar. – Você tem que ir. Agora.

Poseidon se virou para ela como se tivesse acabado de sair de um transe, fazendo-a revirar os olhos, e só então percebeu que a tinha prendido sem querer contra o sofá.

- Ouviu o que eu disse? – ela lhe perguntou.

O deus não lhe deu ouvidos, parecendo hipnotizado. Ela estava tão perto, tão junto dele... Ela o tinha confortado. Seus olhos cinzentos cheios de preocupação o avaliavam, provavelmente tentando decifrá-lo. Tomara que ela não leia mentes também. Os cabelos dela pareciam brilhar de um jeito surreal naquele breu em que estavam.

- Deuses, você está bem? – Athena insistiu, sem querer fazendo-o desviar sua atenção para seus lábios. Eram tão perfeitos... Tão convidativos... E se ele...

Poseidon se aproximou ainda mais, encostando seus narizes. Ele podia sentir a respiração dela se acelerando... Talvez isso seja um bom sinal. O deus roçou seus lábios nos dela, fazendo-a virar o rosto, assustada.

Droga, o que ele tinha feito?

Instintivamente, Poseidon deslizou o nariz pela curva de seu pescoço, fazendo-a se arrepiar.

- Poseidon. Não. Por favor, não de novo.

O seu mundo parou naquele instante. Ouvi-la dizer para parar não era algo muito legal. Na verdade não era nada legal. Tinha sido como... Se ela tivesse o perfurado com a própria lança.

- O-o que? – foi só o que ele conseguiu dizer.

- Isso já aconteceu. Eu não consegui resistir, mas não vou deixar que se repita. Eu não sou uma das suas ninfas.

A deusa o encarou novamente, com os olhos marejados. Ele parecia... Magoado? Triste? Surpreso? Não dava pra saber. Parecia que suas emoções teimavam em mudar a cada segundo.

Ela engoliu em seco, temendo ter despertado sua fúria.

- Por favor, Poseidon.

O deus se ajeitou e se levantou em silêncio, passando a mão pelos cabelos. Ótimo, idiota, agora você acabou de vez com as chances que tinha com ela, se tinha.

- A guerra recomeçou. Acho melhor ir antes que seja tarde... – ela disse baixinho.

- É... É, eu vou.

Sem olhar para trás, o deus saiu caminhando entre as estantes até a porta, e depois desapareceu no corredor escuro.

Athena despencou no sofá, chorando, sozinha. Abraçou as próprias pernas, como sempre fazia. O que ele estava pensando? Iria se aproveitar de mim? De novo?...

Apesar de tudo, a deusa sabia que bem no fundo torcia para que nada de ruim acontecesse com ele naquela guerra. A desculpa que dava era que “se algo acontecer todos estarão perdidos” mas... Bem, talvez ela soubesse que não era só por aquilo que estava realmente preocupada.


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