Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 32
31 - um peso tirado das costas


Notas iniciais do capítulo

Eu só queria pedir pra ninguém se acostumar com essa rapidez em que os capítulos estão sendo postados, porque como eu não tinha o que fazer, eu ficava escrevendo, então consegui adiantar bem, mas minha mãe entrou de férias e agora vai ficar me arrastando pra fora de casa. Além de que eu comecei a tomar anti-alérgico e, pra quem não sabe, isso dá sono que é uma beleza.



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- Lady Athena, se quiser, pode ficar na biblioteca - comentou Katherine, com uma mão em seu ombro, enquanto os tritões retiravam o café.

Athena se levantou e sorriu para a senhora que a olhava meigamente. 

- Eu adoraria, mas preciso falar com Poseidon primeiro.

Aah - ela exclamou, fazendo um gesto com as mãos, como se dispensasse o assunto. - Ele provavelmente estará lá.

Aquilo fez a deusa se surpreender. Tudo bem que eram tempos de guerra, mas Poseidon na biblioteca era teoricamente impossível.

- Como disse?

- Existe uma sala reservada nos fundos da biblioteca. Desde que a guerra começou, Lorde Poseidon não sai mais de lá. A única vez em que entrei naquele lugar, pude perceber que era como um quartel-general, acho que ele planeja as batalhas lá, tem muitos mapas e, bem, você sabe. Lorde Poseidon também ia lá com frequência depois das brigas que tinha com a... rainha.

Katherine desviou o olhar mexendo as mãos nervosamente.

Athena pôde perceber, Anfitrite não era muito querida pelas pessoas que ali viviam. Ah, sejamos diretos, ela definitivamente não é querida. Por ninguém.

- Er... Pelo que percebi, as pessoas daqui não gostam muito dela... - comentou a deusa, um pouco constrangida.

- Ninguém aqui gosta dela, pode ter certeza. E desde que a senhorita chegou, o que não faz nem um dia, a notícia se espalhou como água pelo reino*. Os súditos ficaram sabendo sobre como você é diferente de Anfitrite... eles esperam que Lorde Poseidon a reconheça como rainha e esposa, Lady Athena.

Aquelas palavras fizeram a deusa congelar no lugar. Então era isso o que as pessoas pensavam? Que ela estava ali para se tornar a nova rainha? 

Com certeza Poseidon precisaria de uma rainha depois que a guerra terminasse, mas Athena sabia que não seria ela e que Poseidon poderia muito bem comandar aquele reino sozinho. O que é isso, Athena? Elogiando Poseidon? Argh, pare.

- Aah. M-mas, Kate... Você sabe que... Não é isso que vai acontecer, não é? - ela disse, incerta.

A mulher a olhou tristemente, os lábios se franzindo em um gesto de dúvida.

- Eu não sei. Pelo que já ouvi sobre sua relação com o rei, eu diria ser impossível. Mas muitas coisas podem mudar quando têm chance.

Aquela senhora meiga e que Athena achava que combinava com Sebastian estava fazendo-a ficar mais confusa do que nunca. A deusa mal tinha chegado e já estavam pensando nela como a nova esposa de Poseidon.

Pelos deuses, ela viera só ajudar! E nem estaria ali se seu pai não tivesse tomado medidas extremas.

Athena resolveu afastar esses pensamentos, remoê-los só iria fazê-la se distrair.

Ela pigarreou.

- Hm, Katherine, será que poderia me indicar o caminho até a biblioteca? 

A mulher assentiu, compreendendo a mudança súbita de assunto. Não deveria estar sendo fácil para Athena toda aquela pressão.

As duas caminharam lentamente, a mais velha à frente indicando o caminho, deixando a deusa imersa em pensamentos.

- Aqui está, querida, a biblioteca.

Era uma porta de madeira branca, com detalhes em dourado. 

- Obrigada, Kate, pode deixar que daqui eu me viro.

A senhora um palmo mais baixa que a deusa se afastou com passadas rápidas. Athena ficou olhando-a até que ela desaparecesse no fim do corredor, para depois se virar para aquela porta.

Ela respirou fundo, suas mãos transpiravam. Não sabia o que encontraria do outro lado. Pare com isso, Athena, é uma biblioteca.

Athena colocou a mão na maçaneta enquanto mil coisas passavam por sua cabeça ao mesmo tempo. Por que ela estava tão nervosa?

Assim que abriu a porta, sabia que seus olhos estavam brilhando.

Era um espaço enorme, todo em branco, com o teto alto, janelas que começavam no chão e se seguiam por bons cinco metros. Havia uma área afastada com um balcão e uma máquina de café e refrigerante, além de banquinhos. Várias mesas redondas com cadeiras em volta se espalhavam pelo local. As estantes - ah, as estantes! - a deusa não conseguia descrever o quão maravilhada estava com elas. Eram de madeira e iam, sim, do chão ao teto, lotada de livros dos mais diversos tipos e tamanhos, coloridos.

Ela poderia passar dias ali e nem perceberia. Lendo e observando a linda visão que tinha daquelas janelas. Mas havia algo relativamente menor e mais importante que também lhe chamou atenção.

Era uma porta de madeira escura, gasta, na mesma direção da porta de entrada.

A deusa se adiantou e leu as seguintes inscrições na madeira 'Não perturbe, a não ser que queria ser arremessado ao Olimpo ou ao Mundo Inferior, à gosto'. Athena revirou os olhos, aquilo era como se tivesse escrito 'Poseidon passou por aqui'.

Em uma situação normal, ela entraria sem avisar, inconscientemente querendo irritá-lo. Mas Athena se lembrou que tinha feito isso antes, ela tinha entrado no quarto dele sem permissão e não queria dar outra chance de Poseidon ficar ainda mais fulo. Então, ela bateu.

- Não viu as inscrições? Dê meia volta - ela ouviu sua voz vindo do outro lado da porta. Dava a impressão de ele estar distraído com algo.

- Tente me arremessar ao Olimpo e eu arranco seus olhos! - ela gritou, segurando-se para não rir.

Ele abriu a porta bruscamente, surpreendendo-a.

- Oh, estou morrendo de medo. Se não se lembra, não pode voltar ao Olimpo. Você teria de visitar seu outro tio querido.

- Mais querido do que você - ela murmurou, entrando.

- Ele é casado. Eu estou livre. Ainda o acha mais querido do que eu? - ele a provocou, sorrindo torto e fechando a porta.

- Ha-ha, muito engraçado - a deusa mordeu o lábio inferior prestando atenção nos diversos mapas presos nas paredes, iluminados pela claridade que entrava pela janela. - O que está fazendo?

- Verificando os perímetros, a quantidade de tropas que eu ainda tenho, enfim, você sabe, é a deusa da estratégia em batalha - Poseidon deu de ombros, voltando a examinar alguns papéis sobre a escrivaninha.

- Eu não entendo - Athena murmurou, olhando a paisagem pela janela e cruzando os braços, pensativa.

- O que? O que não entende? - perguntou Poseidon, olhando-a por cima do ombro.

- As pessoas - sussurrou Athena. - Por mais que eu não seja mais uma deusa de verdade... As pessoas ainda me vêem como uma, me tratam como uma... Elas ainda acreditam nos meus poderes.

Athena parecia falar com si mesma, incrédula. Ela não entendia tudo aquilo, nunca imaginara que era tão... querida...

Poseidon a olhava fascinado. Como ela poderia não saber que aquilo aconteceria? Deuses, todos a adoravam! Ok, menos quando ela dava uma de sabe-tudo-superior-e-arrogante.

- Está brincando? - ele disse, colocando a mão nos ombros dela. - Athena, todos adoram você.

A deusa engoliu em seco. Aquele mínimo contato entre eles a incomodava e a deixava desconfortável.

- Poseidon... - ela começou, afastando-se. - Você sabe o que estão dizendo?

Ele desviou seu olhar para os papéis novamente. Athena revirou os olhos.

- Poseidon, estão achando que eu estou aqui para me tornar rainha! Sabe o que é isso?

Ele continuou o que estava fazendo.

- Poseidon!

- Hm? O que?

- Você está ao menos me ouvindo?! - ela revirou os olhos e deu-lhe as costas, fixando seu olhar nos mapas. - Como está a guerra?

- Na mesma - ele disse. - Falando nisso, acho que o jantar não será servido, de novo. Sabe, se quiser, pode pedir. Mas eu vou lutar, não estarei aqui para dar ordens.

- Tudo bem, eu não costumo comer de noite mesmo. - Athena o olhou. O deus continuava observando atentamente o que tinha sobre a madeira. - Poseidon, eu tenho de falar uma coisa.

Athena estava apreensiva, como não costumava ficar há muito tempo. Ela nunca se preocupara muito com o que os outros pensariam quando tinha de dizer algo, afinal, sua vontade era sempre respeitada.

Poseidon a encarou com interesse, apoiando as duas mãos sobre a escrivaninha.

- Fale.

- Bem... Depois que eu fui para o meu quarto, não consegui dormir - ela suspirou, aproximando-se. - Então eu saí pelo palácio.

Ele franziu o cenho, provavelmente estava se perguntando se era só aquilo que a deusa queria lhe dizer.

- Aah, tudo bem, Athena, você mora aqui agora.

- Não, não é isso... - ela olhou em seus olhos e engoliu em seco. - Eu ouvi Anfitrite falando com alguém por uma Mensagem de Íris.

- Mas... O quê? Como assim? - Poseidon endireitou o corpo e a encarou. Athena percebeu cortes ainda se cicatrizando em seus braços, que não tinha notado na noite anterior.

- Ela... Ela estava falando com uma mulher. Era uma voz conhecida, mas eu não consigo me lembrar de onde. Essa pessoa parecia estar tentando fazer algo para ela... Mas disse que achava que não seria possível. Anfitrite disse que ia falar com ela em breve. Não sei, Poseidon... Anfitrite deve ter aliados fora de Atlântida.

O deus não disse nada. Apenas se virou e encarou o tempo lá fora, colocando as mãos nos bolsos. Ele suspirou. Parecia preocupado e ao mesmo tempo, aliviado.

- Eu... - ele começou, com a voz baixa e rouca. O cansaço estava o tomando de novo. - Eu já desconfiava que ela tinha um espião no Olimpo, Athena. Não é algo concreto, mas... Bem, você me entendeu. Só, por favor, esqueça o que eu lhe disse antes, não saia mais por aí, ela pode tentar alguma coisa.

- Tudo bem - a deusa andou um pouco pela sala pequena, massageando seu pescoço que estava dolorido. - Tem algo que eu possa fazer? Não sei, qualquer coisa... Eu não vou conseguir ficar muito tempo parada.

- Por enquanto, não, Athena. Apenas se cuide, pois nem mesmo aqui dentro nós estamos seguros, não é mesmo? - disse Poseidon, ainda de costas.

Ela resolveu deixá-lo em paz.

- E, você, tome cuidado. Ninguém quer um rei limitado.

Ele pareceu sorrir.

- Pode deixar.

Athena se retirou, deixando o deus imerso em seus devaneios.

Ela sabia que ele estava preocupado e cansado e queria poder fazer algo para ajudar, mas conhecia o deus. Ele não aceitaria que ninguém se metesse naquilo, muito menos ela. Mas Athena se sentia aliviada; finalmente tinha tirado aquele peso das costas e agora Poseidon tiraria suas próprias conclusões, o que era algo muito importante, porque mesmo que ela não gostasse de admitir, ele era mais velho e mais experiente quando se tratava de batalhas.

________

*...como água pelo reino: Sintam o duplo sentido. Cara, só fui perceber depois, sofri de rir aqui.


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