Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 31
30 - uma manhã normal


Notas iniciais do capítulo

Ok, antes que eu me esqueça, o casamento da Rachel com a capa é dia 50 de agosto -q Todos convidados!



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Athena fitou o teto. Não conseguira dormir muito; ficara pensando sobre a conversa super suspeita que ouvira enquanto vagava pelo palácio.

Sua cabeça pesava e parecia prestes a explodir. O sono estava começando a fazer efeito e logo ela teria de descansar - apesar de se recusar a fazer tal coisa enquanto poderia ser útil.

A deusa se levantou, escolheu uma roupa simples - camisa azul de botões, jeans e botas pretas* - parecida com a que usou enquanto estava presa naquela casa demoníaca com Poseidon.

Ela tomou um banho e arrumou seus cabelos em uma trança embutida que caía por seu ombro direito. Após se vestir e arrumar a cama - porque ela não sabia se alguém iria fazê-lo, saiu do quarto - permitindo-se um breve olhar à porta do quarto de Poseidon - e rezou (talvez à Hera ou Afrodite) para conseguir achar o caminho até a sala de jantar, onde provavelmente iria ser servido o café.

---

A deusa suspirou aliviada quando encontrou a sala de jantar, com Poseidon e Sebastian - que mesmo sendo um mordomo, sentaria com eles porque não havia nenhuma regra imposta por Poseidon contra isso, o que era mais uma prova de que o deus não ligava para certos caprichos reais* - que sorriu quando a viu.

- Lady Athena! Dormiu bem? - ele perguntou, animado.

- Na verdade, eu mal dormi - ela murmurou, sentando-se de frente para ele, já que Poseidon estava sentado na ponta.

- Oh, deve ser porque a senhorita não está acostumada com a mudança, certo? - Sebastian comentou, logo em seguida encarando algo às costas de Athena e deixando seus olhos perderem o brilho.

- Bom, também, mas-

- Ah, você está aqui! Era só o que me faltava! - aquela voz irritante cortou a deusa, fazendo Athena colocar a mão na cabeça, que voltava a doer.

Poseidon passou a mão pelo cabelo, fechando os olhos brevemente enquanto Anfitrite se sentava na outra ponta da mesa.

O deus tocou a outra mão de Athena e perguntou:

- Está tudo bem?

Aquele simples gesto surpreendeu a deusa, que não esperava por nenhuma reação de sua parte. Pelo menos, nada relacionado àquilo.

- Sim, é minha cabeça. Está doendo, mas já vai passar - ela engoliu em seco, não acreditando que Anfitrite fosse capaz daquele desaforo, depois de tudo o que fez.

- Deve ser Zeus se vingando, você causa dor à ele desde antes de nascer! - exclamou Anfitrite.

Athena travou o maxilar, tentando ao máximo se controlar. Por que todos insistiam em colocar seu pai na conversa? Como ela poderia dizer o que tinha ouvido à Poseidon com Anfitrite bem ali do lado?

Ela olhou para Sebastian, que estava de cabeça baixa, envergonhado e triste. O coitado presenciava as brigas de Poseidon e Anfitrite desde que se entendia por gente, e agora que tinha conhecido Athena - aquela deusa simpática e bonita de lindos olhos cinzas azulados - ficava se perguntando porque seu patrão escolhera justo aquela mulher arrogante para rainha com tantas outras no mundo.

Por que ele não tornou Lady Athena a nossa rainha?, ele perguntava-se.

Athena relanceou um olhar à Poseidon, que estava tenso.

Podia ver o deus lutando para controlar sua personalidade impulsiva, para não piorar a situação na qual se encontrava e nem forçar Sebastian e Athena à ouvir algo tão feio como as discussões que aqueles dois costumavam ter. Eram quase piores das que ele tinha com Athena, porque Anfitrite era tão baixa que tentava usar qualquer coisa à seu favor. E, diferentemente dela, Athena não partia para a sedução. Sim, porque era isso que Anfitrite tentava fazer quando via que ela estava perdendo, ela tentava seduzi-lo; mas de tão enjoado, ele aprendeu a reconhecê-la como uma mulher mal amada e não merecedora de sua atenção.

- Bom - disse ele. Sua voz estava baixa e contida - Katherine, por favor.

Uma senhora que estava parada à porta sorriu e entrou na cozinha, para depois aparecer seguida de dois tritões que colocaram várias bandejas com as mais diversas coisas - queijo, pão, manteiga, suco, leite, café, frutas, bolo, bolachas e por aí vai.

- Obrigado, Kate - disse Sebastian, sorrindo novamente.

Eles até que dão um casal... Ah, mas o que eu estou pensando? Estou convivendo demais com Afrodite, é isso.

- Perdoe-me, meu senhor, mas quem é essa linda mulher? - Katherine perguntou para Poseidon, baixinho. - Ela não seria...?

- Essa é Lady Athena, Kate - disse Sebastian, esquecendo-se completamente da presença de Anfitrite. - Eu não lhe disse? O rei estava certo quando a descreveu como a mais bela mulher!

Ah. Meus. Deuses.

Athena corou na mesma hora. Não era possível que Poseidon havia lhe descrito assim, não era. E o que Sebastian estava pensando? Anfitrite estava ali! Ao seu lado!

- Prazer, querida. Eu sou Katherine - disse a mulher, baixinho.

- Prazer - Athena disse, ainda vermelha.

Poseidon encarava Sebastian com uma mistura de diversão e ressentimento, talvez pelo outro ter revelado algo tão constrangedor na frente de todos. Mas ele parecia achar algo engraçado, talvez a cara de poucos amigos que Anfitrite fez.

- Eu não acredito! Katherine, saia já daqui! Mas será possível? Por que todos parecem ficar encantados com essa mulher? Ela é uma sem sal, idiota! E o que essas pessoas pensam que estão fazendo? Eles são empregados.

- Cale a boca, Anfitrite - disse Poseidon, duro. Os olhos verdes escurecendo rapidamente. - Essas pessoas são as que estão ao meu lado há séculos e para o seu governo, são as melhores pessoas que conheci. Você não tem o direito de falar assim. Eu não vou permitir. E quanto a Athena, ela é uma mulher maravilhosa, simpática e com muito mais conteúdo que você.

Poseidon se arrependeu na mesma hora de ter falado aquilo na frente de Athena, mas Anfitrite tinha merecido.

Athena parecia querer se esconder de tão envergonhada. Ela sabia que Poseidon estava certo em mandar Anfitrite ficar quieta, mas a deusa não sabia que ele iria defendê-la. Não daquela maneira.

Ela olhou para Kate, que ainda estava ali, aflita, e pegou sua mão discretamente, chamando sua atenção.

- Não ligue para o que ela fala, Poseidon está certo, vocês são ótimos - Athena sussurrou, fazendo os olhos da mulher brilharem.

- Obrigada, minha lady - ela fez uma reverência. - Eu tenho que me retirar. Bom apetite - ela sorriu e se afastou.

- O que é isso Poseidon? Está apaixonado por ela, é isso? Desde quando a defende? Ela é sua inimiga! - Anfitrite gritou, levantando-se.

- Eu não preciso estar apaixonado para dizer a verdade! E minha única inimiga aqui é você! Você não pode julgar o que não conhece, Anfitrite, eu e Athena temos um passado juntos!

Athena arregalou os olhos com aquelas palavras. Ela sabia que era verdade, mas do jeito como Poseidon falava fazia parecer que eles tinham sido namorados! E eles nunca tiveram nenhuma relação parecida, tirando certos incidentes que aconteceram em momentos... estranhos, anormais, digamos assim.

Poseidon havia se levantado. Anfitrite estava quase pulando no pescoço dos dois. Sebastian assistia à tudo com um medo e uma diversão estampada que chegava a ser questionadora.

Athena se levantou.

- Vocês podem, por favor, se controlar?! Parem de se provocar e tentem ser civilizados! Mas que droga - ela disse, sabendo que era em vão. Anfitrite nunca iria ser civilizada com ela ali. Athena despertava uma fúria em seu interior que era surreal.

Anfitrite via Athena como amante, destruidora de lares e uma vadia que enganava à todos. E ela própria não sabia o porquê de pensar aquilo. Talvez porque uma vez encontrara um álbum de fotos deles juntos.

O mesmo álbum que Afrodite mandara para eles, naquela casa - fato totalmente desconhecido por Anfitrite.

- Quem você pensa que é? Não pode nem ser considerada uma deusa! Não ouse levantar a voz para mim, fique sabendo que está em meus domínios - disse Anfitrite.

- Seus o caramba! Eu sou o rei de Atlântida e você não é mais rainha e sabe disso. Athena agora está aqui e está sob a minha proteção e você não é digna do trono e nem do respeito dos outros - Poseidon falou, cerrando os punhos.

- Ei, está tudo bem - Athena sussurrou para ele, pegando sua mão. Instantaneamente ele relaxou, olhando-a. - Não perca seu tempo com ela.

- Não vou.

Poseidon pegou uma caneca com café puro que tinha as inscrições 'Para o meu titio preferido, por Apolo' e saiu.

Athena suspirou e se sentou frustrada. Anfitrite seguiu o exemplo de Poseidon e se retirou, bufando.

Sebastian encarou Athena, deu de ombros e começou a comer como se dissesse 'Uma manhã normal, fazer o quê?' e a deusa se obrigou a tomar café puro - como Poseidon - para conseguir se manter acordada pelo resto do dia.

Nota mental: Procurar Poseidon e lhe dizer o que vi ontem à noite, ou melhor, de madrugada.

________

*botas pretas: Não estranhem se botas aparecerem com frequência na história, porque eu simplesmente adoro. E não, issonão foi culpa da Alice.

*caprichos reais: Bom, vocês sabem, aquelas normas antigas super rígidas que diziam que nobres não podem se misturar com os outros, enfim.


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