Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 29
28 - atlântida


Notas iniciais do capítulo

Agradecendo à annie_jackson pela recomendação :3



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Elas apareceram em Atlântida um segundo depois, sendo recepcionadas por um velhinho de olhos atenciosos*.

O reino não mudara muito desde que Athena estivera ali pela última vez, que não fazia tanto tempo. Mas mesmo assim Anfitrite parecia continuar brigando por Atlântida, como Poseidon havia dito, ela não iria recuar.

Mas as muralhas continuavam queimando e caindo, o chão parecia se desfazer e a água estava se escurecendo rapidamente. Como antes, ela teve de se esforçar para respirar. Ao seu lado, Afrodite fazia o mesmo.

- Lorde Poseidon está ocupado na batalha, mas se as senhoritas quiserem esperar, ele disse que volta logo - o velhinho sorriu, fazendo com que ruguinhas aparecessem em volta dos seus olhos azuis-celestes. - Aah. Eu sou Sebastian*.

- Prazer - falei, apertando sua mão. - Eu sou Athena.

Seu sorriso se alargou.

- É tão bonita quanto ele a descreveu - Sebastian disse, parecendo animado.

Athena corou e ficou desconfortável, como de costume.

Como assim "quanto ele a descreveu"? Ele falou sobre mim? Sobre minha aparência?

Afrodite revirou os olhos e também cumprimentou o velhinho simpático.

- Eu não posso ficar. Gostaria muito de esperá-lo aqui com você, Athena, querida, mas tenho ocupações. Tenho certeza que estará segura e em boa companhia.

- Com certeza, madame - disse Sebastian. - Acho melhor entrarmos, aqui não é muito agradável em tempos de guerra, se é que me entendem.

- Até mais, querida. Cuide-se - Afrodite apertou a mão de Athena com lágrimas nos olhos e novamente se desfez em névoa rosa, sorrindo.

-  Não acredito que daria para lhe mostrar o palácio em um dia e em uma visita... Até pessoas como eu, que estão aqui há muito tempo, se perdem às vezes. O ideal seria que a senhorita morasse aqui para conhecer melhor.

Athena corou mais uma vez, incomodada. Não queria pensar na ideia de viver ali, longe de tudo e de todos. Ela sabia que era para o seu próprio bem, mas ainda não tinha se acostumado.

- Aah. Há quantos anos o senhor vive aqui? - ela perguntou, tentando mudar o rumo da conversa.

Àquela altura eles já tinham subido as escadas e adentrado um enorme salão que não tinha notado da última vez e virando um corredor à esquerda, seguindo Sebastian.

- Não é certo perguntar essas coisas, sabia? - ele comentou, pouco se importando para o fato de ela ser uma deusa.

Ele e Poseidon bem que se combinam.

Mas ela se sentiu envergonhada.

- Aah. Me desculpe, não foi minha intenção.

Ele parou e se virou, encarando-a. Um sorriso divertido se abriu em seus lábios.

Por Zeus! Se ela não tivesse certeza de que Poseidon era filho de Cronos, acharia que Sebastian tinha se encarregado do cargo.

- Exatamente como ele disse - Sebastian murmurou, parecendo falar consigo mesmo.

- C-como? - perguntou Athena, sentindo suas mãos transpirarem.

- Lorde Poseidon. Pensei que estivesse brincando quando disse que a senhorita ficava corada por qualquer coisa. Se bem que ele não faz piadas há muito tempo...

- Ele disse? - ela perguntou, ficando aflita. O que mais será que ele falou? Deuses, por que ele tem que ser tão indiscreto?

- Disse - ele sorriu ainda mais. - Eu não deveria estar falando sobre isso. Venha, vou te levar até seu quarto.

Então voltou a andar calmamente, como se aquela breve conversa não havia acontecido e ele não tivesse revelado nada sobre a descrição que Poseidon fez de Athena.

- N-não, ei! - ela saiu correndo atrás dele.

Ele parou de repente, fazendo ela parar bruscamente e quase cair.

- Alguém já disse que você e Poseidon são idênticos quando se trata de rir à custo dos outros? - Athena disse, vermelha, colocando as mãos na cintura.

Sebastian riu ainda mais, fazendo-a revirar os olhos. 

- Desculpe. É que... Bem, eu não esperava que a descrição que ele fez fosse tão fiel.

- Vai me dizer qual é? - Athena perguntou, já andando novamente ao seu lado. Sebastian tinha conseguido conter o riso.

- Acho que ele não ficaria muito animado se eu contasse... - ele disse, mas ao ver o olhar indignado de Athena, continuou: - Sabe que ele não ficaria.

Ela revirou os olhos, o que o fez sorrir. De novo.

- Ele nem vai saber.

- Muito bem - ele deu um longo suspiro antes de continuar. - Ele a descreveu como teimosa... - Athena fez uma careta.

- Ele também é!

- Disse que ficava corada facilmente... Que era mimada, orgulhosa e tem um ego maior que si.

- Ele também tem - ela murmurou, indignada.

Ele parou e Athena percebeu que haviam chegado a um corredor afastado, aonde tinham apenas cinco portas.

Duas à direita, duas à esquerda e uma bem maior no fim.

Sebastian abriu a segunda porta à direita.

- Por que tem apenas cinco quartos aqui? - ela perguntou, curiosa.

- Bem, aquele ali é o de Lorde Poseidon - ele apontou para a porta enorme no fim do corredor. Athena estranhou o fato de o dele ficar perto de outros que não tinham importância. - Esses outros quatro servem para hóspedes mais singulares... Como deuses.

Athena continuou estranhando o fato de Poseidon dormir no mesmo lugar que os outros, mesmo sendo outros "singulares".

- Mas aqui parece tão vazio.

- É porque você não viu o palácio em dia de comemorações. É realmente uma pena. É sempre cheio de pessoas felizes rindo e conversando. Fica todo decorado e iluminado... animado... - sua voz foi perdendo a animação e Athena sabia o porquê. 

Aqueles seriam os dias definitivos para Atlântida. Talvez não tivesse mais comemorações. E nem risos.

- Talvez com sua ajuda, esses dias voltem, Lady Athena - Sebastian comentou, distraído.

- Er... Eu pretendo fazer tudo o que estiver ao meu alcance, Sebastian... 

Athena estava ficando constrangida. De novo. Apesar de ser durona e orgulhosa, o que poucos sabiam era que existia uma menininha tímida e modesta em seu interior.

- A senhorita é a deusa da sabedoria, certo? - ele sorriu. - Sua ajuda deve ser bastante valiosa.

- Aah... Sabe... - ela começou, entristecendo-se. - Eu não sou mais a deusa da sabedoria, Sebastian. Agora sou só uma imortal sem função e sem objetivos, não sou tão valiosa assim. Nem uma deusa menor eu chego a ser.

- Zeus pode ter lhe tirado o título, Lady Athena. Lorde Poseidon comentou isso comigo. Mas se tem algo que sei é que sabedoria é uma das poucas coisas que, depois que se adquire, nunca mais se perde. Por isso é um tesouro. Podem tentar substituí-la por quem for, mas nenhum deus menor vai ser bom o suficiente para o cargo. Nenhum deles é sábio. Pode ser astuto, esperto e até inteligente, mas a sabedoria é algo que poucos possuem. Lembre-se disso, querida, ninguém pode tirar-lhe o que se tem aqui dentro - ele apontou para o coração de Athena. - Você ée sempre vai ser única.

- Aah - ela murmurou, com lágrimas nos olhos. - Obrigada, Sebastian. Obrigada mesmo.

- Ei, não chore, por favor, eu disse apenas a verdade. E uma moça bonita como você não deveria chorar, ouvi dizer que não faz bem para a pele - ele disse, sorrindo.

Athena soltou uma gargalhada.

- Ok. Não vou chorar - ela enxugou calmamente as lágrimas que teimaram em escapar.

- Bem, Lady Athena, não acredito que Lorde Poseidon vá querer que sirvam o jantar, então eu a aconselharia a dormir. Amanhã vocês poderão conversar com mais calma.

- Aah. Claro. Tudo bem, Sebastian. Obrigada.

Athena sorriu e entrou no quarto, mas algo a fez voltar. Sebastian já estava no fim do corredor, voltando para a área mais movimentada do palácio quando ela o chamou.

Ele virou, sorrindo.

- Sim?

- Poseidon é mesmo tão preocupado assim? Sabe, quando nós convivíamos nós brigávamos demais, e acredito que isso não vá mudar muito, e por isso nunca conversamos sobre esse tipo de coisa.

Ela franziu o cenho. Os olhos azuis-celestes brilhando com mais intensidade.

- Digamos que Lorde Poseidon é um dos homens mais honrados que eu já tive o prazer de conhecer. Todo o reino o adora. Todos se sentem seguros e acolhidos aqui. 

- Quer dizer então que Poseidon é uma boa pessoa...? - ela murmurou, um pouco confusa e surpresa.

- Minha querida, não quero que pense que estou colocando-o num altar apenas porque é meu patrão. Estou dizendo isso porque é assim que todos pensam. Mas, conviva com ele e poderá tirar suas próprias conclusões, se assim preferir.

- Aah. Está bem, eu acho. Obrigada, Sebastian... er... Mais uma vez.

O velhinho acenou com a cabeça e se foi, deixando-a só naquele corredor silencioso.

Por que será que todos gostam tanto dele... Poseidon nunca foi uma das pessoas mais respeitáveis...

Ela deu de ombros, fechando sua porta.

Que seja, eu não ligo para isso. Apenas se ele continuar sendo educado o bastante para eu o suportar e nós podemos conviver. Não sei o que Afrodite tem na cabeça. Que ideia, nós nunca vamos conseguir parar de brigar!

A decoração do quarto era a mesma da parte do palácio que ela tinha conseguido ver. Antiga e com um ar medieval. As paredes eram feitas de pedra acinzentada, mas não dava uma impressão mórbida. Havia uma cama de casal e um imenso guarda-roupa. Candelabros, tapetes persas e detalhes - arabescos e desenhos - em ferro entalhados em cada canto que era possível. Era tudo de uma meticulosidade que assustou a deusa.

Desde quando Poseidon tem bom gosto?

Logo à sua frente havia uma sacada e ao seu lado, um banheiro estilo hotel cinco estrelas. 

Ela arqueou as sobrancelhas. Até que um banho para relaxar cairia bem depois daquele dia cansativo e tenso.

A deusa encontrou suas malas colocadas ao lado da cama. Pegou uma troca de roupa e foi ao banheiro, planejando arrumar suas coisas depois e deitar um pouco.

________

*...velhinho de olhos atenciosos: Desculpe Maeve, se você se sentiu copiada por isso, mas eu já tinha em mente fazer ele. Na verdade, me inspirei no meu avô.

*Sebastian: Bom, novamente, Maeve, eu vou me explicar. Como eu disse antes, eu me inspirei no meu avô para fazer o personagem, e o meu avô se chama Sebastian. Aí eu me lembrei de A Pequena Sereia... E, bem, vocês já devem saber onde isso vai dar. O fato é que A Pequena Sereia fez parte da minha infância. Então, não pensem que eu copiei isso tudo, por favor.


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