Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 26
25 - inesperado




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A noite já havia caído e o Olimpo estava sendo iluminado apenas pelas estrelas e pela Lua quando Athena sentiu uma mão pousar em seu ombro.

Mesmo antes de se levantar e se virar, ela sabia quem era.

- Como está indo? – ela perguntou, olhando nos olhos verdes que, ao invés de diversão, agora transmitiam tristeza.

Poseidon chegou a fazer um carinho mínimo em sua pele macia antes de abaixar a mão.

- Está perguntando sobre mim ou sobre Atlântida? – perguntou ele, tentando sorrir.

- Você representa o que seu reino é. O que houve? – perguntou ela.

- Nós discutimos, mais uma vez. Ela não vai recuar – ele disse, antes de suspirar. – Temo que tenha perdido meu reino para sempre, Athena. E seu pai vai gostar de saber disso.

- Sim – disse ela, lamentando. – Sim, ele vai.

Ela desviou o olhar. Era tudo tão inesperado. A verdade que ela nunca quis enxergar vindo à tona... Era surreal.

Quando ela imaginaria aquilo? Em circunstâncias normais ela estaria apoiando cegamente seu pai e brigando com Poseidon.

Mas, aquela não era uma circunstância normal.

Parecia impossível.

- Ei... Você está distante. Aconteceu alguma coisa enquanto estive fora? – ele perguntou, tirando-a do transe. Parecia preocupado.

- Não, não é nada... Apenas... Bem, deixe pra lá. O que está fazendo aqui?

Em outra situação ele teria se irritado, tanto pela mudança de assunto quanto pela suposta ‘falta de educação’, mas ela sabia que ele não voltaria se não fosse importante. E ele estava consciente disso.

- Zeus está chamando. Pelo visto, está na hora de saber se ele realmente se importa conosco.

- Acho melhor irmos andando, então. Não queremos irritá-lo ainda mais.

- Tem certeza?

Por uma fração de segundo, ela pensou ter visto aquele velho Poseidon de volta, mas então sua expressão se tornou cansada novamente.

- Sim – ela deu um pequeno sorriso. – Tenho certeza.

Dando de ombros, Poseidon começou a caminhar até a Sala dos Tronos. Não era uma grande distância.

Afrodite não estava com eles, porque tinha dito que iria resolver algumas coisas com Apolo.

Eles andaram lado a lado, em silêncio. Não precisariam falar nada naquela hora, teriam muito o que conversar depois da decisão.

Assim que adentraram o palácio, o olhar de Hera recaiu em Athena, expressando algo como desculpas e tristeza. Aliás, geralmente, todos pareciam tristes... todos estavam sendo afetados.

Tirando Zeus, é claro. Se ele desse uma festa, eu não estranharia.

- Bem – diss ele. Sua voz grave sobressaía entre os murmúrios. – Vocês sabem o motivo de estarmos aqui. Da última vez, Athena mudou de lado e acabou defendendo meu irmão, Poseidon. Convoquei o conselho novamente para anunciar minha decisão para com a situação.

Athena se empertigou em seu trono.

- Zeus... – começou Hera.

- Não, Hera. Já está feito. Não irei voltar atrás – respirando fundo, ele disse, firme: - Quero que saibam que o que aconteceu não mudou meu ponto de vista e nada poderão fazer para isso acontecer. Portanto, minha decisão não mudou. Poseidon ainda deve se casar com Anfitrite para impedir um conflito maior.

- Isso é um desastre! – explodiu Athena. – Está nos condenando!

- Abaixe o tom, Athena. Ainda sou a autoridade aqui. Você não tem o direito de falar assim comigo. – dessa vez, foi o tom dele que abaixou perigosamente, enchendo-a de ódio.

- E o que vai fazer? Se esconder atrás de regras e clichês?

- Cuidado com o que fala. Sabe que tenho motivos mais do que suficientes para tirá-la do posto de sabedoria, o qual você provou não ser digna ao se juntar àquele homem – ele apontou para Poseidon. – Você me traiu. Se juntou ao inimigo. Se não acatar minha decisão, não será mais reconhecida como minha filha, nem como olimpiana.

- Vai me expulsar? – ela perguntou, semicerrando os olhos.

- Com você ao lado de Poseidon e com a profecia que caminha ao lado da minha linhagem, não posso permitir que fique. É muito perigoso para o Olimpo.

- Quer dizer que é muito perigoso para você.

Athena se levantou bruscamente, parando apenas quando ouviu a voz de seu pai soar novamente:

- Saiba que se sair por essa porta, estará tudo acabado, Palas Athena. O Olimpo não será mais seu lugar e você não será mais bem-vinda.

- Ótimo, por que não aproveita e me substitui por Anfitrite também? – disse ela amargamente, deliciando-se ao ver os olhos azuis faiscarem e sua mão apertar Raios mais fortemente, causando trovões.

- À partir de agora, você está oficialmente expulsa e deposta. Saia daqui.

Athena engoliu em seco e lançando um último olhar ao pai, saiu pela porta.

- Saiba que ela sempre terá um lugar no Olimpo enquanto eu estiver aqui, Zeus. Só para constar. – foi possível ouvir a voz de Hera.

- Você e suas ambições. Olhe a que ponto chegou... – Athena se surpreendeu ao perceber que era Ares quem murmurava.

Está tudo acabado. Tudo acabado. Como ele pôde?!

Tirando os sapatos, Athena saiu correndo, ignorando os chamados de Afrodite, até se encontrar na beira de um pequeno laguinho rodeado por algumas flores prateadas.

Ela se sentou na grama e ficou olhando o reflexo da Lua na água. Era reconfortante.

Suas lágrimas caíam sem permissão. Por tristeza, sim, mas o que ela mais sentia naquele momento era angústia, raiva, e principalmente, ódio. Ódio de Zeus, de suas regras e suas idiotices.

Ela nunca pensara que isso aconteceria.

Se alguém lhe dissesse que Zeus a expulsaria, a trataria mal, que ela o odiaria... Athena com certeza riria.

Parece um pesadelo. Isso é ridículo.

- Tenha fé, Athena. Nem tudo está perdido.

Aquela voz a sobressaltou. Não podia ser possível.

Será que... estou tendo alucinações?

Uma mulher surgiu na outra margem do lago. Athena sentia que a conhecia, já tinha sentido aquela presença antes.

A mulher brilhava com um tom prateado, surreal. Ela vestia um longo vestido branco com detalhes azuis e estava descalça.

Seu sorriso era reconfortante, os olhos cinzentos transmitiam carinho e os cabelos dourados caíam-lhe pelos ombros.

- Afrodite falou comigo. – sua voz tinha um tom musical, fazendo parecer que ela tinha todo o tempo do mundo.

- Quem é você? – Athena perguntou, com uma felicidade repentina. Ela deveria se afastar, mas não, se sentia segura ali.

- Esperei tanto tempo por isso, Palas. Você cresceu. Se tornou uma grande mulher... E espero que não siga os passos de seu pai – seu sorriso vacilou.

- Mãe? – Athena sussurrou.


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Notas finais do capítulo

Uhul, chegamos na parte que eu queria *--*