Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 22
22 - golpe baixo - parte 1




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- Vocês deveriam ser mais discretos nas brigas – disse Apolo, com um sorriso travesso.

- O que estão fazendo aqui? – Poseidon perguntou, assustado.

- Athena – disse Afrodite, ignorando Poseidon. – Você pode. Você pode ajudar, você quer. Tem que ajudá-lo.

- Não, não sou obrigada a isso. Não vou intervir por ele!

Athena tentou se esquivar e foi impedida novamente, por Afrodite, que lhe segurou pelos ombros.

- Me deixe sair.

- Não – Afrodite disse, firme. – Não enquanto não me ouvir. Poseidon, será que pode nos dar licensa?

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- Mas o que é que vocês estavam pensando? Dava para ouvir a discussão lá de fora! – Afrodite disse, furiosa. – Ainda bem que Apolo resolveu compôr músicas bem na hora...

- Pelo menos pra isso ele serve – Athena murmurou, entediada.

- Athena, por favor. Você tem que fazer isso!

Os olhos da deusa do amor estavam cheios d’água e desesperados.

E Athena quase caiu. Quase.

- Não. Por que eu tenho que ajudar? Ajude você. Ou melhor, peça ajuda para a mulher por quem ele está apaixonado – ela disse, revirando os olhos. Athena com certeza não estava em um dos seus melhores momentos. E Afrodite sabia disso.

Afrodite franziu os lábios, reprimindo qualquer coisa que quisesse falar.

Athena queria sair dali o mais rápido possível, assim não teria chance de fazer o que a outra queria. Por que ela? Tinham outros deuses ali, também. E Hera? Ela tinha dito que não iria aceitar aquilo, não tinha? Ela tinha ido contra Zeus... E aquilo lhe lembrava o que Poseidon tinha pedido para fazer.

Será que ele estava mesmo falando a verdade? Não era muito seu estilo... Talvez fosse só um truque... Mas ele correria o risco de ficar conhecido como pegador apaixonado? Poseidon ficaria muito bravo se isso acontecesse... Mas ela não queria acreditar.

Não dá. Não pode ser verdade. Poseidon não pode estar apaixonado.

- Athena, olhe... – ela começou, devagar. – Sei que não é normal você interferir nas brigas de Poseidon ou de Zeus, ou ir contra o próprio pai mas, aconteça o que acontecer, eu estarei lá para te apoiar. Eu, Apolo e Poseidon, com certeza. Até Hera se for preciso. Mas, pense no filho que vocês tiveram, o que ele diria se estivesse aqui?

- Se ele estivesse aqui as coisas seriam bem diferentes – Athena falou, começando a se irritar. Será que as pessoas tinham tirado o dia para provocá-la?

- Escute aqui, se não ajudá-lo, faço seus filhos se apaixonarem por pessoas inimagináveis! – Afrodite disse, quase que em desespero, tentando atingi-la.

Mas, para a surpresa dela, nada aconteceu.

- Tanto faz. Annabeth e Perseu estão juntos, qual a diferença? – Athena disse, calmamente, sem se abalar.

A deusa da sabedoria estava tão distraída e entediada que começava a fazer círculos com os dedos no braço da poltrona onde se encontrava.

Afrodite não iria aceitar nunca? Iria ficar ali, pressionando-a? Até que seus miolos explodam e ela faça alguma loucura?

- Queimo sua biblioteca, então.

Por mais que Athena gostasse daquela biblioteca maravilhosa, cheia de livros, pergaminhos, com cheiro de baunilha, não importava muito, já que não faria diferença, no fim.

- Poupe-me Afrodite, nós somos deuses, eu a reconstruiria em segundos – Athena revirou os olhos.

Afrodite se virou para a janela e começou a murmurar coisas sem nexo, como se pensasse em uma solução mais rápido, à qual Athena não poderia se opôr.

Lá fora, trovões começavam a ribombar e uma chuva fina caía, sinal de que Atlântida estava cada vez pior, e o humor de Zeus e Poseidon, também.

- Aha! Já sei! – ela gritou, depois de minutos encarando o vidro.

- O que é? – perguntou Athena, temerosa. Ela sabia muito bem que quando Afrodite ficava daquele jeito era confusão na certa. Pelo menos, confusão para ela.

Afrodite apoiou as mãos sobre a escrivaninha de mogno e encarou Athena nos olhos, sentindo seu medo súbito, um sorriso brincava em seus lábios.

- Ou você ajuda Poseidon... Ou faço você se apaixonar por quem mais admira e ama no mundo... – disse ela, quase que cantando.

- Você não... Não. Você não pode fazer isso! – Athena começou a se desesperar. Ela não poderia... Poderia? Afrodite não tomaria uma medida tão drástica quanto essa para fazê-la ajudar Poseidon, tomaria?

Não tinha como saber. Afinal, era Afrodite. Ela fazia o que queria, sempre que queria. Ninguém poderia pará-la.

- Mas é claro que eu posso – Afrodite sorriu largamente e bateu palmas, sabendo que tinha vencido. – Você é quem escolhe. Prefere se apaixonar pelo próprio pai?

- Isso é golpe baixo – ela disse, assombrada com a falta de ética da outra. – Não vale!

- Athena, querida, isso não é um jogo. Não tem regras, certo? Posso fazer as pessoas se apaixonarem por quem eu quiser, lembra? Eu sou a deusa do amor. E você não pode ir contra isso...

- Você é impossível. Está ficando maluca? O que diriam? O que Hera diria? Você está cavando a própria cova, Afrodite. Se eu me apaixonar por Zeus... Deuses, tem noção do que é isso? Iria ser um caos. Você iria ser caçada pelos dois! E se eu aceitar ficar do lado de Poseidon, quem vai caçar você, sou eu!

Ela bateu palmas ainda mais, dando gritinhos histéricos.

- Vamos, vamos, não temos tempo a perder.

- Você só pode estar brincando. Acredita mesmo que vou com você?

- Minha querida, você não tem escolha. Porque, apesar de quem sair perdendo no fim ser eu, você vai passar a maior vergonha da sua vida. E a toda poderosa deusa da sabedoria não seria insana a ponto de aceitar uma coisa dessa, não é mesmo?

Droga.

Afrodite jogava bem, apesar de tudo. Era a única que conseguia se igualar a Athena. O problema era que Afrodite punia com coisas vergonhosas e cruéis e Athena, com coisas que deixavam bem claro que quem mandava ali era ela.

Pegando Athena pela mão, Afrodite puxou-a para fora daquele lugar abafado.

Eu não acredito.


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