Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 21
21 - problemas




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Poseidon suspirou, largando-se numa poltrona.

- Athena – disse ele, levantando os olhos. – Preciso que você me ajude.

O mundo dela pareceu parar por um momento. Vê-lo daquele jeito, desamparado, tão mal a ponto de pedir ajuda – ainda mais a ela – fê-la se perguntar se não estava sonhando.

- Como disse? – conseguiu falar.

Ele se empertigou, demonstrando o nervosismo, e desviou o olhar, incerto. Tinha sido de fato uma boa ideia falar com ela?

- Poseidon – ela o chamou.

- Eu não posso me casar, Athena. E a única maneira de fazer Zeus desistir dessa besteira é perdendo o seu apoio.

- E por que espera que eu o ajude?

- Porque... – ele fez uma pausa, lamentando em silêncio. – Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço e a única capaz de entender o meu lado, capaz de me ouvir.

- Não vou ceder a bajulações.

- Sei disso – ele revirou os olhos. – Mas, se eu me casar, vou acabar com a minha vida.

- Podemos pular a parte dramática, por favor? – Athena lhe implorou, um pouco entediada, mas atenta ao assunto.

- Não estou fazendo drama – ele falou, mudando de humor repentinamente.

- Você é bipolar – ela murmurou.

- Você tem a quem puxar, então.

Athena fechou a cara, cruzando os braços.

- E você não merece a minha atenção.

Ela revirou os olhos e se virou para ir embora.

Quando sua mão já estava apoiada na maçaneta, ouviu o som de algo se quebrando e, após isso, seu braço estava sendo segurado por alguém mais forte.

- Athena. Espere. Eu não posso me casar... Não posso me casar porque estou apaixonado por outra pessoa.

Poseidon a soltou lentamente, virando-se e respirando fundo, passando a mão pelos cabelos negros.

- Está feliz, agora? Vai me ouvir? – perguntou ele.

As pernas dela ficaram bambas. Um nó se formou em sua garganta, sua voz travou.

- Muito engraçado, Poseidon, realmente – disse ela, ficando brava, ainda bem abalada. - Quando parar com essas brincadeiras, nós nos falamos.

Athena tentou sair mais uma vez, sendo impedida por um Poseidon desesperado entrando na frente.

Tinha ido até aquele ponto e não iria desperdiçar seu esforço.

- Não, Athena! Por favor, é a verdade.

- Impossível – ela murmurou, afastando-se.

Não, não pode ser verdade. Ele está brincando comigo.

- Eu não acredito.

- Eu sei – disse ele, em voz baixa. – Também não acreditei no início, fiquei assim quando percebi que os sinais dos quais Afrodite falou eram verdadeiros.

- Deveria pedir ajuda a ela, então.

- Ao contrário de você, ela começaria a tagarelar sobre casamento e eu já estou bem encrencado para isso.

Poseidon se sentou novamente, num sofá preto.

Ela se virou. Ainda não conseguia acreditar.

Sua consciência insistia que era uma mentira, ela não deveria acreditar.

Mas não era só aquilo... Ela... Também não queria acreditar...

Ele a pegara desprevinida – e ela nunca iria admitir que tinha ficado incomodada com o que ouvira.

- Não poderei me separar de novo... Porque o reino vai ficar instável... Zeus nunca permitiria. Então, serei obrigado a conviver longe de quem amo. Você entende isso?

- Aah... – ela começou, não tinha ideia do que dizer. – Por mais que minha mente insista em dizer para não acreditar em você... Bom, Poseidon, Hera disse que não vai abençoar seu casamento com Anfitrite e Afrodite provavelmente não deixará que se case de novo, a não ser que seja com quem você...

Ela respirou fundo, deixando a frase incompleta. Tinha medo que doesse dizer aquilo, inconscientemente.

- Você está bem? – ele perguntou, visivelmente preocupado.

- Sim. Claro que sim.

Após se sentar também, ela o encarou.

- O que espera de mim?

- Preciso que fique a meu favor.

- Poseidon, isso é impossível. Eu nunca fui contra Zeus antes, ele espera que eu não faça isso e...

- E nada. Athena, por favor, olhe a que ponto eu cheguei, ajude-me.

- Eu nunca o desobedeci. Bom, talvez umas duas vezes, mas foram coisas bobas! O que está pedindo é inaceitável, tem noção disso? Tem muita coisa em jogo. Eu nunca intervi por ninguém e, fazer isso, por você... Ele diria que eu enlouqueci. E... Eu não acredito em você – disse ela, olhando para o outro lado.

- O que quer que eu faça, então? Beije o chão que você pisa?

- Você está me pedindo ajuda, não teste minha paciência. Talvez... Talvez se casar com ela não seja tão mal, sabe... Talvez... Argh, esqueça, eu odeio aquela mulher! – ela tapou o rosto com as mãos, furiosa.

Poseidon pegou suas mãos nas suas, divertindo-se.

- Olha só, temos uma coisa em comum.

Ela sorriu, tímida.

- E provavelmente somos bipolares.

Ela abaixou a cabeça, encarando seus dedos entrelaçados com os dele.

Por mais que aquilo lhe doesse – por mais que não admitisse – ela o ajudaria, pelo filho deles.

Aquela lembrança fez seus olhos marejarem. Sua vida parecia mesmo estar indo de mal a pior. Primeiro, ela desenterra aquela história. Depois, Atlântida é atacada, deixando todos nervosos. Afrodite acaba revelando coisas que ela nunca imaginou e, agora, Poseidon estava apaixonado, o que era algo bem irônico, tanto para a situação quanto para ele mesmo.

- Ei, o que foi? – perguntou ele, enxugando as lágrimas que escorriam.

‘Cause I can see you need someone to trust

You can trust in me.

- Nada, não foi nada.

- Não, claro que não, eu que estou ficando louco e vendo coisas.

- Vai saber... – ela riu.

- Então, vai me ajudar? – ele pressionou, tentando mudar de assunto, mas ainda assim, preocupado.

I consider it a challenge before

The whole human race and I ain’t gonna lose.

- Eu… Eu não sei, Poseidon. Você pode estar falando a verdade, mas eu ainda não fiquei insana, não posso me deixar levar.

- Então o que você estava fazendo no meu reino hoje de manhã? Passeando, é?

- As coisas não são tão fáceis, Poseidon! – ela exclamou. – Não posso sair por ai te apoiando de uma hora pra outra.

- É claro que pode. Não sabia que você se importava com o que os outros pensavam – naquela altura ele já estava em pé.

- E não me importo, mas...

- Mas o quê?

- Mas meu pai é tão insistente nessa história de brigar com você que ele poderia fazer loucuras por isso! – ela também se levantou, esquecendo momentaneamente com quem estava falando. – Eu tenho os meus próprios problemas, Poseidon! Não posso ficar comprando brigas, principalmente uma briga sem sentido.

- Você tem problemas?! E eu posso saber que tipo de problemas são esses que poderiam fazer Zeus surtar de uma hora pra outra? – disse ele, aumentando o tom de voz.

- Em primeiro lugar, tem o meu filho morto! Afrodite acabou de me contar quem era o deus e que meu pai sabia disso o tempo todo! Ele pode me punir, Poseidon. Pode tirar meus títulos, meus poderes. Poseidon, ele pode me expulsar do Olimpo!

- E você acha que os seus problemas são maiores que os meus? Pelos deuses, Athena! Você está cega! Não consegue ver as coisas que estão na sua frente? Você é a favorita dele! Zeus nunca seria louco de te colocar para fora do Olimpo.

- Não vamos discutir quem está cego aqui... Se ao menos você soubesse...

- Do quê? Soubesse do quê? Não se tem nada para saber!

- Então, fique aí, sozinho, remoendo esse seu amor por uma mulher que não o ama, porque eu não irei ajudar!

- Como sabe? Como sabe disso?

- Se ela o amasse, estaria lutando por você agora – Athena disse, amarga, antes de abrir a porta e dar de cara com Apolo e Afrodite.

I want to let you know that you don’t have to go

Don’t wonder no more what I think about you.


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Notas finais do capítulo

Geeeeeeeeeente, eu estou necessitando de uma recomendação para me animar aqui, me sinto tão mal, puf puf.