Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 15
15 - tudo parece voltar ao normal


Notas iniciais do capítulo

Parece.



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Hermes tinha ido buscar os dois no início da noite, alegando que estava muito ocupado e não podia se dar ao luxo de ficar pra lá e pra cá, coisa que não era novidade para ninguém, muito menos para os dois, que conviviam com ele.

Athena e Poseidon foram, escoltados por Hermes, para o Olimpo o mais rápido que suas forças de vontade permitiram, ou seja, num piscar de olhos – literalmente.

Eles não se falavam. Em parte porque sabiam que brigariam, e, talvez, por cada um estar imerso em seus próprios pensamentos.

Ela, pensava no que poderia estar acontecendo. Não que não estivesse feliz por sair daquele confinamento e se sentir livre novamente, longe disso, mas, se até Afrodite ela tinha percebido que estava triste, algo realmente importante tinha acontecido e, com toda aquela vontade de saber que tinha, Athena sentia necessidade de descobrir e ajudar no que precisasse.

Ele, pensava em como contornar a situação. Nunca pensara que algo assim poderia acontecer, em hipótese alguma. Quando se separou, ele queria paz, apenas paz. E justo a separação estava lhe causando problemas. Quando? Quando ele poderia ser deixado? Quando poderia fazer o que quisesse, relaxar, mesmo que fosse algo meio que obrigado por uma certa deusa maluca do amor, sem ninguém para atrapalhar seus planos?

Eles entraram lado a lado na Sala dos Tronos, chamando a atenção dos outros. Não que nunca chamavam atenção, mas o motivo daquele momento era outro. Poseidon por estar sério e abatido. Athena por estar com aquelas roupas dignas de Afrodite que fizeram Zeus se empertigar no trono.

Os dois se encaminharam para os próprios tronos sem trocar uma palavra, ainda sendo observados em silêncio. Athena cruzou as pernas. Poseidon recostou a cabeça e suspirou.

- Hm, bem, Athena, querida, por que está vestido isso? – Zeus perguntou, receoso, fazendo Poseidon sorrir debochado com o ‘querida’.

- Bom te ver também. – ela revirou os olhos. – Pergunte à Afrodite.

- Af, sua sem graça. – Afrodite bufou e se enterrou no trono, entediada.

- Não vão começar, estamos aqui para resolver outra coisa. – disse Hera.

- Resolver? Está brincando, estamos. Estamos o caramba, eu estou. – falou Poseidon, quase rosnando.

- O que pretende fazer? – perguntou Zeus.

- Não sei. Expulsá-la de lá, talvez. Começar uma guerra, brigar, ameaçar matar Tritão...

O que é que está havendo?, pensava Athena, eu tenho o direito de saber.

- O que houve? – ela sussurrou para Afrodite. – Por que ele mudou? Sobre o que estamos falando, afinal?

Afrodite suspirou enquanto ouvia Zeus começar a brigar com Poseidon. Típico.

- Anfitrite.

Athena assentiu, sabendo que Anfitrite havia deixado Poseidon alguns tempos atrás, mas ainda não compreendia a verdadeira preocupação dos outros deuses. O que Anfitrite tinha a ver, mesmo?

Ela, sei lá, poderia ter voltado para tentar reconquistar o deus? Mas não seria algo para tanta afobação, certo?

Athena fechou os olhos por breves segundos, ouvindo a voz forte do pai ecoando pelo salão, como sempre, discutindo com seu tio.

Ela tentou prestar atenção na conversa/briga deles, mas, apesar de toda a dedicação para tentar compreender, Athena ainda não entendera muita coisa. Ou melhor, ela não havia entendido nada.

Só que tinha algo a ver com a ex de Poseidon.

O que poderia ser, então?

Ela olhava para os outros, caçando alguma pista do assunto, mas eles estavam mais tensos do que o normal.

Ares e Hefesto não estavam tentando se matar, nem Apolo – que estava sério – e Ártemis.

Afrodite parecia triste e Hera queria conter o marido antes que o mesmo fizesse besteira.

Dionísio não estava ali, mas com certeza sabia o que estava acontecendo muito melhor que ela.

Hades estava sentado em seu trono novo que havia sido feito há pouco tempo depois da guerra e tinha o semblante fechado e sombrio, como sempre.

Héstia estava próxima da lareira, sentada no mármore, mas nem ela tinha mais seu sorriso simpático e reconfortante.

Só ela, Athena, a deusa da sabedoria, que estava no escuro, pois todos pareciam saber, por suas expressões, o que se passava.

Mas, se era algo a ver com Poseidon, por que ela, que estivera com ele nos últimos três dias, não sabia ou não poderia saber?

- Eu não quero, não quero, Zeus! E não vou.

- Poseidon, essa é a única saída. Por que você tem que ser tão cabeça-dura? Se isso continuar, você está perdido.

- E desde quando se importa?

- Se você estiver perdido, nós também estamos. Será que você não entende? É para o bem de todos!

- Zeus – Poseidon se levantou; mau sinal. – Se fosse você no meu lugar, você faria? Justo você, o mais orgulhoso, que pensa que pode resolver tudo, mas que diz que ninguém manda em você, faria?

- Eu... Eu... Isso nada tem a ver com o que eu faria ou deixaria de fazer, Poseidon. O assunto aqui é você.

- Você não faria, não é? Nunca que você se sacrificaria por isso. Eu conheço você, Zeus, não pode mentir para mim. E não pode me obrigar a algo que você mesmo não estaria disposto a fazer.

Zeus cerrou os punhos, pronto para um confronto maior. Afinal, seu orgulho havia sido ferido, mais uma vez, por seu irmão. Aquilo nunca iria acabar, eles sempre viveriam em constantes discussões.

Poseidon olhou para trás e percorreu todos os rostos, parando por alguns segundos a mais em Athena, que lutava para saber o que ele estava fazendo.

Se controlando, o deus dos mares respirou fundo e desapareceu em névoa verde azulada, deixando o cheiro de brisa marinha para trás.

Por impressão ou não, parecia que eles tinham voltado a respirar. Como se a tensão tivesse se dissipado.


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