Castlecalibur ou Soulvania (reeditado) escrita por TriceSorel


Capítulo 6
PARTE 6: a ameaça Bernhard




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         Eram quase seis horas da tarde quando Amy finalmente saiu do seu quarto. Foi atrás de Jean-Eugène, encontrando-o limpando o teto do saguão.

         - Jean-Eugène, meu pai ainda não chegou?

         - Não, ele saiu com o monsieur Belmont e o monsieur Schtauffen.

         - Ah, sim... que milagre ele sair de dia. Ele tem evitado o sol ultimamente...

         - Mas o caminho por dentro da floresta é sempre noturno, esqueceu?

         - Ah, é...

         Nesse momento, Walter entrou no saguão.

         - Monsieur Bernhard, o monsieur perdeu o café da manhã. – comentou Jean-Eugène. – E o almoço, e o chá das cinco... mas se quiser esperar, o jantar fica pronto dentro de duas horas.

         - Não quero. – respondeu Walter grossa e mal educadamente, subindo as escadarias flutuando.

         - Cara estranho... – comentou Amy, mascando um chiclete.

         Walter foi direto para o escritório-laboratório-seja-lá-o-que-for de Mathias. Abriu a porta sem bater, como era de costume, e encontrou o rapaz debruçado sobre a mesa, dormindo. Aproximou-se e viu os pergaminhos, livros e até a mesa manchada de tinta. “Ele deve ter ficado estudando até meio-dia, aposto!”, pensou Walter consigo.

         Aproximou-se do rapaz e pegou-o nos braços com muito cuidado para não acordá-lo. Levou-o até o quarto do mesmo e depositou-o na cama. Fechou as cortinas da janela, que Mathias sempre mantinha fechada, mesmo sabendo que nenhum raio de sol passaria por ali naquela hora do dia, ainda mais aquele lado do quarto dando para a floreta Noite Eterna.

         Não satisfeito, tapou Mathias até o queixo e fechou as cortinas da cama, deixando apenas um lado descoberto. Sentou na beirada desse lado e fitou o belo rosto de seu colega de imortalidade. Lembrou dos primeiros dias de vampirismo de Mathias, quando ele havia abandonado o exército e dedicado sua vida a viver sem regras, e de como os dois se divertiam juntos, aproveitando cada dia de sua vida imortal como se fosse o último! É claro que ele nunca deixara os estudos de lado, mas os livros ocupavam bem menos espaço em sua vida do que nos últimos dias.

         Foi assim até Leon retornar vitorioso das cruzadas, e voltar ao convívio de Mathias sem suspeitar de sua atual situação. Leon, com seu coração sempre justo e pensando nos inocentes, pobres, desprotegidos, criancinhas órfãs e velhinhos de muleta, contagiou Mathias com aqueles sentimentos altruístas que Walter achava tão indignos! E Mathias passou a buscar uma solução para obter a vida eterna sem precisar matar ou sugar o sangue de ninguém. Para isso recorria à alquimia, testando uma maneira de juntar a Pedra Filosofal com uma das outras pedras alquimísticas que possuía.

         - Mathias Cronqvist... ou Lorde Drácula, como o chamam nas cidades dos arredores... por que você não volta a ser o vampiro sanguinário e impiedoso que você era outrora? – lamentou Walter, segurando a mão de Mathias.

         Foi quando a ponte levadiça caiu com um estrondoso pif.

         - Droga, eles já voltaram... – chateou-se Walter, saindo do quarto de Mathias.

         Rafael, Leon e Siegfried entraram no saguão do castelo.

         - Com meu chicote mágico e a sua espada espiritual, eu e você, senhor Schumacher, vamos acabar com o Lorde Drácula e todos os vampiros que assolam Valáquia... e o mundo! – exclamou Leon empolgado.

         - Sim!!! Você vem junto, Rafael? – perguntou Siegfried.

         - Ná... cansa demais... – e Rafael adentrou o castelo.

         - Estou com fome, e você? – perguntou Leon.

         - Também! Estou com vontade de comer apfelstrudel com suflê de chucrute! – respondeu Siegfried. – Vamos ver se o jantar já está servido...

         Os dois foram até a cozinha, onde Jean-Eugène preparava o jantar.

         - Quando estiver pronto, eu chamo! – disse Jean-Eugène.

         Mais tarde, Mathias acordou e percebeu que estava no seu quarto. Sabia que Walter o havia levado até lá. Levantou-se e foi procurar o ruivo vampiro pelo castelo.

         Ao descer para a ala alimentícia (onde ficavam as salas de almoço, jantar, chá das cinco, dispensa, cozinha, adega e tudo mais), percebeu que o jantar já estava servido. Leon, Siegfried, Rafael, Amy e Jean-Eugène estavam sentados à mesa, comendo e conversando e rindo.

         - Ei, Mat! Vem comer com a gente! – chamou Leon, servindo-se de suflê de chucrute.

         - Depois... – respondeu Mathias, sem prestar muita atenção e dirigiu-se para a cozinha.

         Lá estava Walter encostado no balcão da pia, bebendo uma taça de sangue do bom.

         - Ah, acordou, Mat! Venha, guardei um pouco de sangue pra você!

         - Walter, você sabe que eu não bebo mais sangue! – reclamou Mathias, indo para o outro lado da cozinha.

         - Mas assim você vai ficar com a aparência muito pior e logo vão deduzir que você é um vampiro. E se o ex-barão descobrir isso e souber que você escondeu esse terrível segredo dele, ele vai...

         - Chega! Eu estou tentando contar a ele, okay?

         - É bom se apressar, porque ouvi ele conversando com o alemão bipolar de que não dormiriam até encontrar o tal Drácula e acabar com ele! – disse, entregando a taça de sangue para Mathias.

         - Você não vai contar a eles... vai?

         - Eu, não. Mas se eles me seguirem no Twitter logo vão desconfiar de alguma coisa. – dizendo isso, saiu da cozinha.

         Mathias ficou olhando para a taça de sangue, pensando se beberia ou não. Até quando conseguiria esconder seu segredo de Leon? Nesse momento, o dito cujo entrou na cozinha, com ares de preocupado.

         - Mat, você está bem? Você não comeu nada hoje, por que não se junta a nós e... o que é isso na sua mão? – quis saber Leon.

         - Nada. É só... catchup, hehehe!

         - Tá com cheiro estranho pra ser catchup...

         - É que tá vencido. – e Mathias despejou o líquido na pia. – Eu já comi uma fruta, não tô com fome, Leo, mas obrigado por se preocupar comigo.

         - Mat... eu sei que tem algo te incomodando! Pode me dizer... sou seu amigo! – e Leon se aproximou de Mathias. – Pode confiar em mim.

         - Leo... eu realmente tenho uma coisa pra contar... uma coisa que escondi de você por muitos anos, mas agora me arrependo.

         - O que aconteceu? Você fez alguma coisa durante aqueles anos que eu fui para a guerra e que nos mantivemos afastados?

         - Sim. Fiz algo que me arrependo... e isso me transformou em algo que eu no fundo não queria me transformar.

         - Você virou um marquês? Visconde? Capitão? Barão?

         - Não, não estou falando de títulos. O que eu quero dizer é que... Leon... eu... sou... o Dra...

         Mas Mathias não pode terminar por que Siegfried entrou esbaforido na cozinha.

         - Frida!! O que aconteceu? – perguntou Leon.

         - O Rafael... tá... morrendo!! – berrou ele, assustado.

         - Ahhh, agüenta firme, Rafael!! – e Leon correu para a sala de jantar. – O que aconteceu? – quis saber, assustado.

         - Ele se engasgou com uma azeitona... – explicou Jean-Eugène, apertando a francesa barriga do nobre rapaz para que ele cuspisse a maldita azeitona.

         PLUF!

         Rafael, que já estava roxo de tanto não conseguir respirar, cuspiu a azeitona e pode voltar ao normal.

         - Que susto! – comentou ele.

         - Velho, já é a oitava vez que você se engasga com azeitona, não acha que deveria tentar parar de comê-las ou mastigá-las um pouco? – perguntou Amy.

         - Mas a maneira correta de comer azeitonas, segundo o costume e tradição dos nobres franceses, é engoli-las inteiras. – justificou o rapaz.

         - Então é por isso que tantos franceses morrem engasgados durante o jantar... – deduziu Siegfried sabiamente.

         - Vamos, Frida, vamos levá-lo para o quarto! – sugeriu Leon.

         - É Siegfried! – corrigiu o alemão, e tomou Rafal nos braços.


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