Castlecalibur ou Soulvania (reeditado) escrita por TriceSorel


Capítulo 1
PARTE 1: a chegada em Castlevania




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         Uma pesada carruagem cheia de tralhas atravessava a floresta da Noite Eterna silenciosamente [n.a: floresta do jogo Castlevania].

         KRAK CROK PAM!! KLENGA-KLENGA CAPLAM!!

         - Mas que droga, Jean-Eugène! Faça essa carruagem parar com o barulho, não consigo dormir!

-         Mas monsieur Rafael, agora é meio-dia!

-         Meio-dia? Mas então por que está noite? Que lugar é esse?

-         Eu não sei, mas na plaquinha estava dizendo Floresta da

Noite Eterna!

         - Mas precisava ter até lua e estrelas no céu?! – indignou-se o jovem senhor francês lindo e loiro.

         - Estou apenas seguindo as direções indicadas pelo monsieur.

         - Eu mandei ir para lestoeste, e virar quinze graus para centrosudonorte!

         - É exatamente para onde estamos indo! Entramos na cidade de Valáquia nesse momento...

         - Seu burro, eu mandei sair da França, não sair da Europa!!!

         - Mas... Valáquia fica na Romênia, monsieur... que, por sua vez, fica na Europa!

         - O quê?! Foi o que eu disse, seu inglório! Agora nos tire dessa floresta e encontre um castelo abandonado para morarmos. O melhor lugar do mundo ainda é pouco para minha pequena Amy...

         Nesse momento, Rafael virou-se para o lado da carruagem onde uma menina ruiva vestida no mais nobre estilo gothic-lolita dormia angelicalmente.

         - RrRrRrRRrrROOoOOooNNnnNCcCcc! – roncou Amy.

         - Não se preocupe, minha pequena! Em breve estaremos no nosso novo lar! Eu posso sentir isso!

         A carruagem andou mais uns dez ou setenta metros e parou.

         - O que foi agora, Jean-Eugène? – quis saber Rafael.

         - Monsieur Rafael... será que esse lugar está bom?

         - Deixa eu ver... – Rafael desceu da carruagem e contemplou um enorme e sombrio castelo, maior do que qualquer um que exista no mundo real. Tão grande que alguém levaria eras para virar o jogo e enfrentar o chefe final. – É... não é muito o meu estilo, mas uns toquezinhos aqui e ali vão resolver tudo. Vamos dividir as tarefas! Você leva as coisas e eu levo a Amy.

         O criado desceu com as coisas todas da carruagem e levou para frente do castelo. A grande porta levadiça baixou em um estrondo, acordando a jovem Amy.

         PIF!

         - Aaaah!! O que foi isso? – perguntou a desnorteada menina. – Que lugar é esse?

         - Esse, minha querida, é o nosso novo lar! – respondeu Rafael, emocionado.

         - Ah, qualé? Essa pocilga é horrível! – reclamou, cruzando os braços.

         - Não fique tristinha! Se quiser, papai te dá um pônei, que você sempre quis! – condicionou Rafael, empolgado.

         - Ih, me erra, velho! Eu queria um pônei quando tinha oito anos!! Se liga! – dizendo isso, se precipitou pela ponte. – Tô indo nessa, vazei.

         - Velho?! Mas... eu tenho 32!! – surpreendeu-se Rafael.

         - ...indo para 40. – completou Jean-Eugène, carregando as tralhas da carruagem pra dentro do castelo.

         Rafael, ainda com a pulga atrás da orelha, resolveu entrar no castelo também. Passou pela pesada ponte sobre um fosso e entrou pelo largo corredor cheio de armaduras antigas como decoração. Algumas tochas com chama roxa-azulada iluminavam (bem mal) o caminho. Ao chegar no hall, Rafael pode admirar com maior precisão o castelo.

         - Nossa, que pé direito alto!

         - Deve dar um trabalhão pra limpar as paredes e o teto... – lamentou Jean-Eugène.

         - Onde foi a Amy?

         - Ela disse que foi escolher o quarto dela.

         - Ahhh, mas eu disse que o maior quarto é o meu! Eu tenho que escolher primeiro!! – e Rafael adentrou pelos corredores do labiríntico castelo.

         - Crianças... – comentou Jean-Eugène, arrumando as coisas que havia trazido.

         Enquanto isso, num quarto qualquer...

         - Mathias, você ouviu isso? – perguntou um homem ruivo e muito pálido, cujos olhos eram de um castanho claro avermelhado, com uma roupa preta com vermelho esquisita, uma armadura escura e cheia de pontas fora-de-moda e ombreiras que lembravam asas de morcego.

         - O que, Wal? – quis saber o outro rapaz, lindo de morrer, com longas madeixas negras e pele muito clara também, olhos sobrenaturalmente azuis, que usava uma túnica preta com uma capa verde com pelúcia.

         - Você não ouviu, Mat? Acho que alguém invadiu nosso humilde castelinho.

         - Óbvio que é impressão sua... – resmungou o moreno, compenetrando-se na leitura de alguns pergaminhos amarelados sobre alquimia. - Essa vida solitária aqui em Castlevania nos faz imaginar coisas...

         O rapaz ruivo sentou-se em sua poltrona, levantando os pés na mesa onde o rapaz moreno apoiava seus estudos de alquimia e seus experimentos.

         - Larga essas anotações e essa caneta pena e vamos fazer algo divertido! – convidou o rapaz ruivo.

         - Não. Um alquimista nunca se distrai em serviço... – seguiu o outro. – E depois... eu sou o maior alquimista de toda a Europa! Tenho que fazer jus a esse título...

         Walter ficou emburrado e cruzou os braços, e os dois não disseram mais nada. O silêncio tomou conta da peça de tal forma que se podia ouvir o suave crepitar do fogo no único lume do local.

         Foi quando ambos ouviram passos apressados no corredor.

         - AHHH, TEM GENTE NO CASTELO!! EU SABIA QUE ESSE CASTELO ERA MAL-ASSOMBRADO! – histericou-se o rapaz moreno. – VOCÊ ME TROUXE PRUM CASTELO MAL ASSOMBRADO, WALTER!!! AHHHHHHH! 

         - Deixa de piti, homem! É claro que esse castelo é mal assombrado! Nós mesmos não somos mais humanos, lembra? Somos vampiros, criaturas das trevas, assim como os esqueletos, zumbis e fantasmas que dividem nossa moradia! É por isso que ninguém nunca vem aqui nos visitar!

         - Tem razão... Eu também me sinto solitário aqui... só nós dois e essas bestas do submundo... Por isso tomei a liberdade de convidar um amigo meu para o chá das cinco...

         - Tá. Pode convidar qualquer um. Desde que não seja aquele idiota e manezão do Lorde Barão.

         - Ahn... eu não convidei nenhum Lorde Barão... Eu jamais faria isso, Wal.... eu sei o quanto você detesta... Barões. – disse o rapaz intelectual, levantando-se de sua cadeira. – A propósito... acho que esqueci a chaleira no fogo, tô ouvindo ela chiar... – dizendo isso, foi em direção à porta.

         - Você ouve a chaleira daqui do quinto andar? A cozinha é na ala lestoeste do primeiro andar... Mat? Volta aqui, Mat! Mathias! – mas o rapaz já havia saído e não escutou. – Mas que merda...

         Walter apressou-se pelo corredor, caminhando em um ritmo que fazia seus delicados cachos vermelhos da cor do sangue ondular por seus ombros como suaves ondas de uma lagoa lunar. Caminhava poeticamente pelo corredor quando ouviu o grito estridente de Mathias ecoar pelos corredores, partindo do saguão. Correu o mais rápido que seus vampirescos pés o permitiam, esquecendo-se que podia voar.

         - Mat?! Mathias!! O que aconteceu? – desceu as escadarias duplas pelo lado direito, chegando rapidamente no ponto de encontro de seu querido amigo Mathias.

         - Invasores! Prendam os invasores! – Mathias, assustadinho, apontava para dois senhores no meio do saguão: um lindo e loiro e outro velho e feio.

         - Quem são vocês? – quis saber Walter, aproximando-se dos estranhos.

         - Olá! Deixe-me apresentar-nos! Eu sou Rafael Sorel! – disse o rapaz loiro, sacando seu florete e fazendo uma respeitosa reverência a la francesa apoiando-se em uma das pernas, como ele faz no jogo Soul Calibur antes de começar uma luta. – E esse é meu criado Jean-Jacques-Eugène de la Creauphoiteauxteé! Mas podem chamá-lo só de Jean-Eugène. Somos franceses, sou de uma família nobre, mas viemos morar aqui, nesse castelo abandonado.

         - Mas o castelo tem dono... – tentou explicar Walter, mas foi interrompido por Mathias, que se precipitou para perto de Rafael.

         - Hóspedes! E de um jogo vizinho de PlayStation e XBox!!! Sejam bem vindos ao nosso humilde castelo! Eu sou Mathias Cronqvist, ex-cavaleiro das cruzadas, e grande pesquisador de conhecimento oculto antigo! Vim de uma família muito rica, mas agora estou dividindo esse castelo com meu colega Walter Bernhard! Podem ficar aqui o tempo que quiserem, estava mesmo precisando de companhia...

         - Uma pena que não temos quartos de hóspedes. – disse Walter friamente.

         - Já escolhi meu quarto. – disse uma menina de aparentemente quinze anos, aparecendo no vão da escada.

         - Ó, que bonito! E onde fica? – quis saber Rafael.

         - Fica na ala nortolestosul central, mas especificamente na terceira torre à esquerda, quarto andar. – respondeu a menina.

         - Lá são as masmorras.  – explicou Walter, sem emoção.

         - Achei maneiro, tá ligado? – respondeu a menina, descendo as escadas.

         - Essa é a minha filha adotiva, Amy Sorel! Amy, esses são Mathias Cronqvist e Waldisney Bergman, nossos novos colegas de castelo!

         - É Walter Bernhard! – corrigiu Walter, começando a ficar muito irritado.

         - Eu sabia que era um castelo mal-assombrado... – disse Amy.

         - Você que é uma assombração, sua guria emo-gótica de meia-tigela! – ofendeu Walter.

         - Epa, emo, não! Mais respeito! – ofendeu-se Rafael.

         - Não liga, não, Rafa! Posso te chamar de Rafa? – perguntou Mathias. – Ele é meio anti-social, mesmo!

         - Saquei qual é... – replicou Amy.

         - Venham, vamos tomar um café! Eu tinha marcado um chá das cinco com um antigo amigo meu de infância e...

         - O QUÊ?! – estressou-se Walter. – VOCÊ DISSE QUE NÃO IA CHAMAR O LEON DE NOVO!!!

         - Nããão, eu disse que não ia chamar um Barão! O Leon... abdicou do título. – explicou Mathias.

         - Aaaaaaaaaaaaaaaargh!! – Walter teve um master-piti e se retirou.

         - Não liguem pra ele... venham! – pediu Mathias, guiando-os até a sala de chá das cinco.


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