Dr. House entrou em sua sala, deixando a ficha e um copo de café quente na mesa.

“Garoto de 17 anos,  nova-iorquino. Foi encontrado no meio da Madison Avenue, inconsciente e muito machucado nos braços. Se recusa a contar seu nome, não possui nada que possa identifica-lo e parece ter um forte cheiro de maresia.” Ele tirou seu casaco, colocando a bengala na mesa e se sentando. Todos se manterão em silencio, ainda analisando as duas miseras folhas da ficha. ”Vamos. Falem. Eu quero idéias.”

“Isso é tudo que sabemos sobre ele?” Chase parecia incrédulo. Eram... Só duas folhas. Um bebê teria uma ficha maior que aquela.

“Vai ver que é porque NÃO SABEMOS O NOME DELE” House gritou as ultimas palavras, se inclinado na direção dele. “Vocês realmente precisam prestar atenção no que digo”.

“Isso sequer é possível.” Foreman parecia tão incrédulo quanto Chase. Talvez mais.

“Não é para isso que estamos aqui? Diagnosticar o impossível?” Taub disse, mais para si mesmo do que para os outros.

“Tecnicamente, sim. Mas não acho que esse paciente precise de um diagnostico. Ele está machucado. Precisa de cuidado e repouso. Não é nenhum mistério” Masters sequer tinha tirado os olhos de suas anotações desde que House chegara.

“Se você lesse aquilo que se chama FICHA saberia que o cara é um mistério” House tomou um gole de seu café. “E que ele tem a pele do X-men.”

“Algumas pessoas nascem com anomalias naturalmente. Dedos mais compridos, mais pelo no corpo, a falta de alguns dentes. É totalmente plausível” Foreman relia as informações da folha da direita.

“Ou ele é o super-homem. Isso também é totalmente plausível.” com a mesma ironia de sempre. Aquele era o House.

“Espera, se ele é duro como aço, como machucou os braços desse jeito?”  Taub não via sentido algum naquilo.

“Nós temos as perguntas. Agora podem me dar as respostas” House bebeu mais um gole de café, que agora já alcançava o meio copo.

“Porque vocês não tentam achar a kriptonita desse cara?” Masters ainda tinha os olhos baixos. “Ainda me parece uma grande perda de tempo. Se ele viveu bem com isso até agora porque tentar descobrir o que é agor-“

“Porque House achou o paciente interessante.” Taub olhava para Masters.

“Isso sequer é um argumento. Ele não esta doente. Est-”

“Machucado. É, é. Já sabemos. Mas por quê?”  House ainda não compreendera.

“Talvez você devesse perguntar a ele. È a forma mais fácil de descobrir.” Masters anotava algo furiosamente. Aquilo tudo estava tirando-a do sério.

“Hey! Eu sou o chefe. Eu dou as ordens. Você sequer se formou.” House se defendeu.

“Será que podemos voltar ao diagnóstico?” Foreman finalmente desistiu de entender as informações confusas da folha da esquerda.

“Acho que nunca saímos dele.” Taub parecia estranhamente quieto, Assim como Chase.

“Anomalia na pele. Anomalia que torna a pele mais resistente. Eu sequer conheço algo que modifique a pele assim.”  Chase fraziu o cenho , repassando o sintoma.

“E o que podemos fazer? Ele foi atropelado. Por um carro a 80 km/h. E só se machucou nos braços.” Foreman insistiu.

“Mas foi atingido nas costas... Talvez isso tenha alterado sua modula óssea, que passo para o cérebro a informação errada.” Taub sugeriu pensativo.

“Não faz sentido. Se o dano fosse na modula óssea, ele teria a sensação de dor nos braços, estando machucado nas costas. Mas ele realmente machucou apenas os braços.” Chase lia a folha da direita

“Dependendo da forma que o carro bateu, ele pode ter usado os braços para minimizar a queda. Machucando apenas eles.” Masters parou de escrever, mas ainda mantia os olhos baixos, dando pequenas batidinhas na mesa, com a ponta de sua caneta.

“E quanto a pele do X-men?”  Chase encarava Masters como se ela tivesse todas as suas respostas.

“Anomalia de pele pode ser menos concentrada em alguns lugares. Como manchas de nascença: é a falta de melanina em alguns lugares da pele.” Masters continuou batendo a ponta da caneta na mesa, entediada.

“Quanto ao cheiro de maresia?” Taub re-analizou a ficha.

“Você está usando colônia. Ele deve usar uma bem forte também.” ela disse ainda mais entediada.Taub cheirou a manga de seu jaleco duvidoso. Ele realmente estava usando  colônia. “Sinceramente, House? Este é o paciente mais interessante que você conseguiu? O cara sequer é um mistério.”

“Hey, eu acabo de ser informado que meu paciente de 40 anos teve alta semana passada. Este foi o primeiro caso que me apareceu.” House estava com os pés encima da mesa, e mesmo parecendo tão entediado quanto Masters, não hesitou ao se defender. “Se você tiver alguma sugestão mais interessante...”

“Será que não podemos simples-” Masters foi interrompida pelo barulho da porta se fechando. Finalmente tirando os olhos de seu caderno, ela notou um garoto alto muito musculoso parado ao lado da porta.

Seus cabelos eram pretos, e os olhos tinha um tom surpreendentemente verde-mar. Ele usava um casaco azul escuro simples, encima de uma camiseta cinza lisa, um jeans escuro e um tênis preto. Ele parecia maravilhoso, mesmo com roupas tão comuns. Ela pode notar o cheiro de maresia realmente forte que ele tinha. Era...surreal. Não parecia nenhuma colônia. Era como se o mar estivesse DENTRO dele.  Mesmo que ela soubesse que isso não erra possível.

Ele tinha um sorriso divertido. Todos da sala o encaravam surpreso. Ali estava ele.

“Ah, yeah. Vocês estavam falando sobre mim. Podem continuar. Finjam que eu não estou aqui.” Ele andou pela sala, mexendo desinteressadamente em algumas coisas aleatórias. Alguns livros, pequenas esculturas, coisas nas estantes, algumas canetas.

“Co-co-o-o-o-mo  você saiu de seu quarto?” incrédulo, Foreman observou enquanto ele sentava na cadeira ao lado de House que, inexplicavelmente , tirava seus pés da mesa.

“Ah. Digamos que a segurança aqui não é das melhores.” Ele colocou os pés na mesa, no exato lugar em que os de House estavam antes.

“Por quê?” Taub olhava para ele, quase impressionado.

“Digamos que lá começou a ficar chato.” Ele disse desinteressado, analisando as duas folhas sobre si. “Hey, isso é sobre mim? Se for vocês não sabem quase nada galera.”

“Talvez seja porque o paciente não colabora.” House também o olhava admirado.

Masters não pode evitar soltar um suspiro baixo. Mas Chase, que estava ao seu lado, ouviu.

“O quê?” ele sussurrou.

“Olha para ele.” Ela sussurrou de volta, quase involuntariamente, recebendo uma careta descrente.

“C’mon” Chase se reencostou na cadeira, gesticulando para si mesmo. Ela deu de ombros, voltando sua atenção para o outro lado da mesa.

“Como você conseguiu suas roupas de volta?” Foreman ainda tentava entender.

“Ah.” Ele devolveu a ficha para mesa e olhou para Foreman. “As enfermeiras aqui podem ser bem uteis. E qual é o sentido de eu ficar naquele quarto?” retirando um pequeno papel branco do bolso, ele se voltou House. “Por acaso você conhece um Dr. Chase?”

“Eu sou Dr. Chase” O próprio se pronunciou.

“Ótimo. Você tem um encontro com a... Lindsay. Esta sexta. Às 8h: 00, no... Larkinsons. Ela é nova no hospital, chegou de Ohio na semana passada. Muito bonita, a propósito. Tente aparecer.” Ele leu as informações do papel, dando um sorrisinho e jogando-o para Chase.

“Você me arrumou um... encontro?” o cirurgião olhava para o papel incrédulo.

“Se quiser olhar dessa forma. Ela queria sair comigo, mas não acho que minha namorada ia gostar disso.” Ele deu de ombros.

“Esperai aí, X-men. Você tem namorada, e consegue arrumar um encontro para o garanhão ali usando apenas uma camisola de hospital?” Agora, Taub também o encarava confuso.

“Não vejo o que o fato de eu ter namorada tem ha-” seus olhos verdes se voltaram para o copo de House. “Hey, aquilo ali é água?”

“É café.” House disse alguma coisa pela segunda vez desde que o ‘paciente’ chegara á sua sala. “Porque está tão disperso, ‘Mrs. Unknown’?”

“Ou vocês são extremamente chatos, ou ele tem TDAH.” Masters disse com um olhar pensativo, acrescentando a palavra ‘TDAH’ as suas anotações.

“A ruiva é esperta. Vocês deviam escuta-la.” O nova-iorquino sugeriu.

“A ruiva sequer é formada. Você realmente tem TDAH, X-man?” House sequer conseguia entender o sentido daquilo tudo.

“É o que já me disseram.” Dando de ombros novamente, seus olhos passaram pela bengala de House. “Eu não sou o único aqui com problemas físicos.”

“TDAH é um problema psicológico. Não físico.” Taub disse pausadamente.

“Yeah. E eu uso a bengala para parecer velho e sábio.” House acrescentou irônico, bebendo mais um gole de seu café.

“Você já parece velho. Quanto ao sábio, eu não sei.” O desconhecido se levantou olhando para os lados. “Onde eu arrumo água por aqui?”

“Fim do corredor, à esquerda.” Foreman orientou inconsciente.

“Vou me lembrar disso. Se não se importam, vou para casa. Acho que já acabamos aqui.” Ele saiu do escritório rapidamente, indo em direção ao elevador.

“Vocês dois” Dr. House apontava para Foreman e Chase. “Tentem impedir o ‘Mrs. Unknown’. Se meu paciente sair desse hospital, vou precisar de alguém para culpar.”