(...)

– Tem certeza de que eu não posso ficar aqui no carro, esperando vocês? – tentei dar um sorriso largo, em mais uma tentativa de mudar Lizz e Ryan da idéia que estavam de me arrastarem a forças para a festa sem graça do Bieber.

– ABSOLUTA! VOCÊ VAI! – gritaram em uníssono, me fazendo pular no banco de trás do carro.

– Eu odeio vocês! – cruzei os braços, bufando.

Eles riram e logo depois saíram do carro, me deixando sozinha.

Eu fiquei emburrada, de braços cruzados, até levar mais um susto com alguém batendo na janela. Ou melhor, quase quebrando a janela.

– To indo, caralho. – resmunguei, enquanto abria a porta.

Saí tropeçando ali com meu salto alto, - algo que eu usava raramente e não sei por que estava com essa merda – e o casalzinho feliz me puxava com toda animação possível por aquela rua, em direção a casa do idiota.

Podia até ouvir a música alta que vinha lá de dentro. Já até imaginava a quantidade de gente famosinha e metida que tinha ali. Mas, até que seria legal conhecer amigos gatinhos e famosos do Bieber.

Tudo bem, todos devem pensar ‘Ual, ela já superou perder ele?’, mas, na verdade, eu tento superar não tê-lo todos os dias. É como se todo dia eu tentasse pensar em outra coisa que não fosse ele. Mas, porra, eu não sou daquelas garotinhas que todos os dias ficam chorando por causa de um garoto. Não sou daquelas que ficam aí se cortando, ficam em depressão por causa de um menino que nem ao menos liga para o que você faz ou deixa de fazer. Ele está todo feliz, porque eu deveria ficar diferente, não é?

Então, todos os dias eu levanto, coloco meu sorriso no rosto e vou viver.

– Sara Butler! – ouvi gritarem meu nome e no mesmo momento que me virei, encarando um cara que eu já havia visto pela televisão, mas, nunca pessoalmente.

– Sean Kingston? – arqueei as sobrancelhas. – Como sabe meu nome? – coloquei as mãos na cintura, enquanto olhava pros lados.

Ótimo, havia perdido Ryan e Lizz de vista.

– Ah, Justin me falou de você. – ele sorriu de canto. – Prazer em conhecê-la. – se aproximou, beijando minha bochecha.

– Nossa... O... O prazer é todo meu. – me senti um pouco... Idiota falando isso, mas, ok. – Não acredito que ele falou de mim. – bufei, enquanto virava-me e adentrava ainda mais na festa onde tinha varias pessoas desconhecidas por mim.

– Pois é... Ele me contou toda a história. – o garoto riu atrás de mim. – Olha, você é bem... –

– Olha aqui você Sean... – vire, apontando meu dedo indicador no seu rosto. – Foda-se que você é um cantor famoso, mas, diga ao pirralho do Bieber, pra parar de ficar falando as coisas por aí que me inclua, ok? Manda ele ir se ferrar. E sim, eu sou linda, beijos. – voltei a andar, procurando algo pra beber e deixando o coitado lá sozinho.

Eu estava totalmente irritada.

Estava num lugar onde não queria estar e tudo bem, poderia ter falado com o Sean Kingston, mas, eu não estou a fim de conversar sobre Justin Bieber. E eu preciso de um tempo.

Peguei qualquer bebida que vi pela frente e tomei um grande gole.

Não estava com cabeça para festas e pra mais simplesmente nada. Mas, que droga... Ainda vou dar uma surra na Lizzie e no Ryan.

– Sarinha! – ouvi outra voz me chamar, me virei, dessa vez vendo Chaz e Nolan a minha frente.

– Então, vocês também vieram? – eu ri fraco.

– Não. Somos uma miragem, Sá! – Nolan brincou, fazendo gestos. Eu ri.

– Uma ótima miragem. – era pra ser irônico, mas, eles levaram a sério de mais.

E depois riram.

Idiotas.

– Porque não ficaram em casa meninos? Seria melhor. – ri

– Viemos comemorar o aniversário do nosso amigo, ok? – Chaz ergueu os ombros.

– E pegar umas gatinhas. – o outro fitou algumas garotas que passavam e dançavam por ali.

– Se divirtam, panacas. – bufei, enquanto saí de perto deles. Ou tentava.

– Calma, Sara. – Chaz segurou meu bravo. – Justin ta te procurando. – ele deu um meio sorriso.

Eu gargalhei irônica.

– Manda ele ir se fuder. Quero esse garoto longe de mim, falou? – franzi a testa.

– Deixa que eu fico te protegendo, querida. – Nolan apareceu, colocando o braço por cima do meu ombro.

– Ótimo. – revirei os olhos.

Fiquei mais um tempo ali com os meninos. Conversando e fitando as pessoas dançarem e se alimentarem e fazerem outras coisas por ali. A festa estava bem bombástica, segundo as pessoas dali, e eu ainda não tinha visto Justin. Não diretamente.

Os garotos me contaram algumas coisinhas sobre Justin, aliás, eles haviam vindo pra cá ontem, bem antes de nós. Parecia que ele havia superado tudo. Mas, tudo bem, isso era bom. Tínhamos que deixar o passado para trás, bem pra trás.

– Ele se arrepende de ter feito aquela aposta a seu respeito. – Chaz disse de um jeito que me fez rir.

– Se arrepende? Até parece. – revirei os olhos, cruzando os braços.

Eu havia voltado pra escola e Justin, ele tinha voltado a gravar seus CDs, a ir a premiações e sair com garotas famosas. Talvez estivesse ficando com algumas ou outras, mas, eu não ligava pra isso. Pra falar a verdade, enquanto os meninos me contavam, eu ria. Ria ironicamente. Mas, às vezes parecia doer. Talvez ele nunca tivesse me amado mesmo.

Talvez, ele apenas levasse nosso namoro como “Ah, isso é uma aposta, vou pegá-la e depois eu a largo por aí. Fim de papo.”

– Garotos... Vou ver se encontro a vadia da Lizz e meu irmão idiota. – pisquei.

– Procura em um dos quartos. – acho que esse foi Nolan dizendo e eu ri.

Mandei beijo pro ar e sai andando por aquele local.

Já estava me dando enjôo em ficar ali, praticamente amontoada com um monte de gente desconhecida.

Resolvi sair lá fora, ficar andando em um jardim que tinha lá. Cheio de rosas e uma arvore ou outra. Me sentei em um banquinho, perto de uma roseira. Suspirei, vendo aquelas flores bonitas e a lua brilhando.

Que coisa mais tosca. Isso ta parecendo... Sei lá. Coisa de garotinha boba. Mas, até que era algo relaxante. É. Um pouco.

Peguei meu celular, vendo que já passava da meia noite. Que merda. Minha vida andava tão solitária ultimamente. Eu já era tão solitária e ainda fiquei ainda mais. Mas, como já ouvi dizer, é melhor uma solidão do que dez amigos falsos, não é?

Só queria que algumas coisas melhorassem.

– Aí esta você! Finalmente! – ouvi a voz pouco reconhecível por mim. Ergui a cabeça, vendo Justin... Sorrindo. – Eu to te procurando a um bom tempo. – ele caminhou, ficando em pé a minha frente.

– O que você quer? – falei fria, baixo... Falei normal.

– Conversar. – se sentou ao meu lado.

O olhei brevemente.

Ele parecia tão diferente. Havia cortado o cabelo, sua voz parecia até um pouco diferente, seu jeito, seu estilo. Tinha um ar mais maduro, mais sexy... Ele não escondia um sorriso.

– Você mudou. – ergui os ombros.

– Se passaram quantos meses... Cinco? – ele riu.

– Acho que foram três. – fingi não me importar com o ocorrido.

– Parece que foi bem mais. – sorriu de canto. – Senti saudades. – ele segurou minha mão, apertando-a.

Isso me lembrou de quando eu iria voltar pro Canadá, enquanto viajávamos, e no fim, acabamos nos reconciliando. O que foi extremamente fofo, pelo que me lembro. Tantas lembranças... Sabe, aquela viagem, realmente havia significa muito. Mesmo.

Quando percebi há quanto tempo segurava sua mão, me afastei, levantando-me e lembrando que nada dos nossos momentos vividos, haviam sido reais.

– Que porra é essa Bieber? – o fitei, fervendo de raiva.- O QUE VOCÊ QUER? - berrei.

– Você. – ele disse simplesmente, com um meio sorriso.

– Esqueceu que nada foi real? Esqueceu que tudo o que passamos, foi apenas algo por uma aposta? – eu praticamente gritava.

– Foi real pra mim. – ele se levantou também, ficando a minha frente.

– Pensa que me engana. – coloquei as mãos na cintura e ri ironicamente.

– Por favor, Sara... Pode... Pode me escutar ao menos uma vez? – parecia suplicar, mas, eu não podia deixar barato.

– Você é um vagabundo! – gritei, dando um soco no seu braço. – Porque não volta pros seus shows, pras suas fãs, pras suas ficantes ricas e famosas...? Vai transar com alguma vadia como sempre faz e me deixa em paz! – perguntei, com a voz alta.

– E você? Acha que é melhor? – agora, ele estava com uma expressão de raiva. – Porque não volta a beber e se drogar novamente? Sua drogada vadia. – ele disse frio. E eu nem ao menos havia o insultado direito na minha frase anterior.

– Tudo bem. E eu... Eu sou melhor... – suspirei, enquanto dava alguns passos pra trás. – EU TE AMEI. Não fui falsa igual a você, Bieber. – soquei seu peito e ele só foi pra trás.

– Meu sentimento não era falso. Senti sua falta, pequena. Me desculpa, eu... – ele tentava falar, sua voz estava falha.

– Não era? – eu gargalhei alto. – Sabe como foi pra eu saber que a pessoa a qual eu me sentia bem ao lado e que contei coisas pessoais, só havia se aproximado de mim por causa de uma aposta? – gritei, segurando para que meus olhos não começassem a se encher de lágrimas. – Sabe como foi ficar todo dia sem você, sabendo que por mais que eu chorasse, lá em algum lugar, você estaria rindo de mim? Saber que você não me amava e... –

– CARALHO, EU TE AMO SIM, SARA! – ele segurou-me pelos ombros, berrando, quase me deixando surda.

– Me deixa! – empurrei seu peito e logo em seguida, saí correndo daquele lugar, o deixando ali.

Corri para dentro da festa, empurrando tudo quanto é pessoa que aparecia na minha frente até encontrar o Ryan. Eu iria ficar trancada no carro, ouvindo alguma musica triste, enquanto os esperava.

Achei o meu “irmãozinho” depois de um tempo, peguei suas chaves rapidamente e se ele reclamasse ou algo assim, levaria um soco que quebraria seus dentes. Ainda bem que Lizzie fez com que ele não reclamasse nem nada. Ela havia me entendido.

Corri para fora daquele local, daquela casa ou sei lá o que. Atravessando a rua, triste, cabisbaixa, com as lagrimas quase caindo. Mas, eu só choraria quando estivesse realmente sozinha.

– SARA! – ouvi gritarem meu nome.

Me virei rápido, parando no meio da rua. Pouco me importava se estivesse vindo carro ou não. Se eu morresse, eu não ligaria.

– O que você quer agora, caralho? – gritei pra Justin, que estava vindo em minha direção.

– Eu só quero... CUIDADO! – ele disse totalmente assustado, bom, mais ou menos.

E só fui notar sobre o que ele estava dizendo, quando o mesmo me empurrou pro outro lado da rua bruscamente. Já ia virar e socá-lo, quando então, vi uma das piores cenas que eu poderia ter visto na minha vida toda.

Pra qualquer um, pode não ser grande coisa, mas, quando você vê a pessoa que ama sendo atingida por um carro, seu coração fica assim... Apertado.

A única coisa que vi, foi ele passando batendo no carro, quebrando o vidro e em seguida caindo no chão. O barulho, foi imenso. E eu poderia sentir a dor que Justin estaria sentindo. Parecia até ser arrastado pelo asfalto.

Corri até seu lado, colocando sua cabeça em meu colo. Sua testa, escorria sangue, sua boca cortada, seu rosto... Estava tão... Machucado. E foi nesse momento que eu liberei todas as lagrimas que precisava liberar.

– Jus... Jus... – gaguejei, batendo de leve no seu rosto.

Seus olhos entreabertos.

– Eu te amo. – ouvi ele dizer em um sussurro e em seguida, sua cabeça pendeu pro lado e seus olhos fecharam totalmente.

Eu queria gritar, mas, voz nenhuma saía naquele momento. Nenhuma.

Minha garganta tinha um nó enorme e minhas lagrimas já estavam incontroláveis. A única coisa que consegui fazer foi pegar meu celular do bolso, com as mãos tremendo e tentei digitar algo como “Socorro, Justin foi atropelado” – ou algo assim. Mandando em seguida para Ryan.

Não fazia idéia de se eu tinha conseguido escrever certo. Eu estava tremula.

Mas, de uma coisa eu tinha certeza...

Há prova melhor de amor do que ver alguém se atirar na frente de um carro por você... Pra te salvar?

Era pra ser eu ali, jogada no asfalto, com as roupas pouco rasgada e o rosto totalmente machucado... Era pra ser eu.