Já havia se passado três dias. Aquela confusão toda parecia como um ioiô, indo e vindo. O assunto sobre “o cara mentiroso que não pode ser mencionado” sempre voltava, sempre me atormentava.

Eu estava a ponto de desmoronar a qualquer momento. Estava guardando tanta coisa somente a mim que me fazia afogar nos meus próprios sentimentos e duvidas. Minha vida estava um desastre e por mais que eu sempre estivesse sorrindo, sempre me mostrando forte e decidida, por dentro eu estava totalmente destruída. Meu coração sangrava e eu implorava para ele esquecer. Eu fingia tanto não me importar, não ligar, mas, era tudo bem ao contrario. Eu ligava tanto e me importava tanto tentando pensar ao contrario. Me machucava sozinha, apenas com as lagrimas que eu insistia para que voltassem para meus olhos.

É aquela famosa frase... “Por trás deste sorriso tem tanta historia...” Tanta mágoa. A garota sarcástica e fria, já foi meiga e brincalhona, até um idiota destruir seu coração.

Amanhã eu tentaria voltar às aulas, Lizzie me obrigou. Com certeza não vai ser fácil. Fui tão conhecida como a “namorada do Bieber” que agora eu seria totalmente humilhada. Bom, sempre jurei “de pé junto” que o odiava. E agora odeio mais ainda.

Me lembro de quando estava no aeroporto a caminho de encontrar com ele e Caitlin disse que eu iria gostar dele quando o conhecesse, então, eu sussurrei a mim mesma “isso se eu não odiá-lo  mais.” – Aconteceu isso?

Me levantei da cama com dificuldade e me vesti. Eu estava ali acordada, desde as 6h30, e olha que agora já era quase meio dia.

Fiz minhas higienes e logo saí do meu quarto. Não tinha ninguém em casa, exceto Ryan que ainda dormia no seu quarto. Folgado.

Fiz algumas torradas e enchi um copo gelado de leite com toddy. Quem sabe isso me fizesse bem... Logo me sentei no sofá e liguei a TV. Pra minha sorte, estava passando uma reportagem sobre o... Ele mesmo, o garoto mentiroso... Dizendo que sua turnê havia chegado ao fim.

- JUSTIN! JUSTIN! – um dos repórteres gritava. – Porque vai parar a turnê? – direcionou o microfone até o rosto de Justin, que andava com dificuldade no meio das pessoas do aeroporto.

- Problemas pessoais. – ele murmurou.

- Algo haver com a sua namorada? – girei os olhos quando ouvi.

Ex-namorada. – corrigi mentalmente.

Vi Justin revirar os olhos e dizer algo como “não é da sua conta.” Ele estava nervosinho! Há-há. Logo troquei de canal, não queria ver ele nem algo do tipo. Coloquei em um canal de musicas pra me distrair, onde estava tocando Firework da Katy Perry. Coloquei o copo e o prato que estava na minha mão, em cima da mesinha de centro.

Peguei o controle remoto, subi no sofá e comecei a cantar que nem uma doida. Isso era uma maneira de me distrair.

- Cause baby you're a firework! Come on show 'em what you're worth! Make 'em go "Ah, ah, ah!" As you shoot across the sky "Ah, ah!" – eu gritava muito, muito mesmo. Enquanto pulava no sofá, não sei como Ryan ainda não tinha acordado.

Minha dança e cantoria agitada foram interrompidas quando a capainha tocou. Revirei os olhos e abaixei o volume, logo após andei até a porta. Abri sem nem ao menos olhar no olho mágico. Arregalei os olhos e paralisei.

- TA FAZENDO O QUE AQUI? – berrei.

- Ahn, essa é a casa do meu amigo Ryan. – franziu a testa. – Posso? – se curvou e sorriu sarcástico.

Revirei os olhos e coloquei as mãos na cintura. Era como se ele nem se lembrasse mais de mim. Não se lembrasse do que aconteceu.

- Fazer o que. – suspirei irritada. – Espera aí fora que eu vou chamar o Ryan. – pisquei. – AÍ FORA! – gritei enquanto subia as escadas.

Garoto imbecil. Idiota, filho da puta, canalha, aproveitador... Arrrrrrrgh, como eu odeio ele! Como é que tudo isso de repente voltou pra estaca zero? Eu odiava o jeito como ele me manipulava com aqueles grandes olhos castanhos sem dizer praticamente nada.

Enfim, entrei no quarto do Ryan e pulei em cima dele. O idiota só se mexeu brevemente na cama, mas, não falou exatamente nada.

- Levanta logo, merda! O cara que não pode ser mencionado ta aí te procurando. – o chacoalhei.

- Hm... Justin? – murmurou e eu dei um tapa na sua cara. O mesmo direcionou a mão até o rosto e se virou pra mim. – Doeu, sua pirralha! – me empurrou e logo se sentou na cama. – Procurando eu ou procurando você? – passou a mão no rosto e abriu os olhos vagarosamente.

- Você né! Parece que nós nunca nos conhecemos antes. – me levantei com dificuldade e cruzei os braços. – Agora vai lá atender a porra do seu amigo, antes que eu o chute pra fora. – o puxei pelo braço.

- Af, acabei de acordar. Manda ele entrar aí. – Ryan se levantou e dirigiu ao banheiro, fechando a porta e me deixando ali parada.

- RYAN! – gritei e ataquei seu tênis que estava no chão, na porta do banheiro. Que fez um barulho enorme e Ryan gritou alguma coisa de lá de dentro.

Suspirei e me joguei na sua cama. Fiquei ali esperando ele sair do banheiro, eu que não iria lá embaixo enquanto aquele idiota estivesse na porta. Se ele quisesse, que esperasse lá embaixo a eternidade toda. Ele que se ferre. Dei de ombros e comecei a fuçar a gaveta do criado mudo do Ryan, já que ele estava demorando um ano no banheiro. Tirei de lá carregadores, fones de ouvido, cd’s velhos de musica, meias, uma cueca ou outra, revistas pornográficas e... Camisinhas? Eca!

- Ainda não foi atender ele? – Ryan apareceu já vestido com outra roupa. – Ta fuçando o que na minha gaveta, pirralha? – ele se aproximou, dando um peteleco na minha cabeça.

- Por que você tem isso aqui? – segurei com as pontas do dedo fazendo cara de nojo.

- Pra se prevenir! – tomou da minha mão. – Saí do meu quarto! – ele me puxou pelo braço. – Até parece que nunca viu. – riu, enquanto ele fechava a porta do quarto logo atrás e me puxava escada a baixo.

- Idiota. Ta machucando meu braço. – o empurrei. – seu pai sabe de tudo aquilo? – voltei ao assunto bobo.

- Sabe. Bom, mais ou menos. Agora, fica quieta. – lhe mostrei a língua, enquanto o mesmo me soltava e ia até a porta onde estava Justin.

Fiquei supressa por ele ter esperado lá fora como eu havia dito. Saí dali, resolvi que hoje ia tomar um pouco de sol. Subi ao meu quarto, coloquei um biquíni com estampa de oncinhas, que eu admito que era bem fofo, mas nada vulgar. Peguei meu celular, meus óculos de sol e logo desci.

- Ta um sol lindo hoje, né meninos? – pisquei, enquanto passava por eles e colocava meus óculos de sol. Ryan apenas balançou a cabeça, concordando.

Justin me fitou por completo e depois o vi morder os lábios. Ri comigo mesma e logo fui até lá fora, perto da piscina. Nossa casa era bem grandinha, nossa piscina era sempre limpa e grande. Me sentei em uma das espreguiçadeiras. O idiota não vai estragar o meu dia. Não mesmo.

- Vou ligar pro Chaz, pra ver se ele... Chegou bem! – Ryan e Justin estavam saindo lá fora, estavam alguns passos de mim. – Pode ficar aqui se quiser, Justin. – o idiota do meu “irmão” piscou a ele e logo saiu deixando Justin ali, ao meu lado.

Bufei, enquanto colocava meus fones de ouvido e colocava um musica pra tocar em meu celular. Percebi que ele havia se sentado ao meu lado, não o olhei, aumentei ainda mais o som. Fiquei cantando baixinho comigo mesma, de olhos fechados, até que a musica para. Olhei sobre meu colo, onde meu celular estava antes, agora estava nas mãos do Justin. Ele havia parado a musica.

- Que merda, garoto! Nem pra me deixar ouvir musica em paz! – falei tomando o celular de suas mãos.

- Foi mal, nervosinha. – riu. Desviei meu olhar do seu. – Precisamos conversar. – revirei os olhos. Mas que droga de menino!

- Eu não tenho nada pra falar. – estava pronta pra apertar o play novamente, mas, o idiota me impediu, tomando o celular novamente e levando consigo os meus fones, arrancados do meu ouvido.

- Qual é, foi tudo um mal entendido! Não podemos voltar a ser como éramos antes? – senti ele colocar a mão sobre a minha perna.

- Não! – bati na sua mão e ele a recolheu logo em seguida. – Acorda pra vida seu retardado, nós nunca mais vamos voltar a ser como antes. – o fitei, com o meu famoso sorriso sarcástico no rosto. – Eu. Te. Odeio. – falei lentamente, ainda fitando seu rosto.

Ele deu uma risadinha e o vi se aproximar de meu rosto.

- Fiz você mudar de idéia uma vez, posso fazer isso de novo. – ele sussurrou no meu ouvido.

- Vai sonhando... – empurrei seu peito. – Não vai ser tão fácil como antes.