Uma semana se passou e o clima não ajudava em nada as tempestades pareciam mais agressivas e devastadoras, Jacob estava ali preso não por opção, mas por obrigação se saísse dali viraria uma estátua de gelo. Foi uma semana inteiramente pacífica até que Renesmee aparecesse fora de hora na sala. Como Jacob notou que ninguém via TV ele pediu permissão à Dorotha para que a utilizasse. Ele poderia muito bem pedir à dona da casa, mas ela simplesmente ficava 24h do dia em seu quarto, Jacob não queria despertar a fúria da fera desnecessariamente. Estava vendo uma partida de beisebol quando Renesmee o interrompeu.

- O que está fazendo? – Renesmee perguntou em tom autoritário.

- Não está vendo? Assistindo TV! – Jacob respondeu secamente.

- Você sabe de quem é esta TV, este sofá, esta casa inteira? É meu! – Renesmee disse histérica.

- Eu sei disso. – Jacob agora estava preocupado, o que ele fizera de tão errado?

- E não tem o bom senso de pedir para usar a TV pelo menos? – perguntou a garota.

Toda esse escândalo só por que eu não pedi a ela permissão para usar a sua majestosa tela plana? Que menina tola!

- Perdão vossa alteza. – reverenciou Jacob. – Poderia ter a honra de usar a sua televisão?

Renesmee revirou os olhos.

- Tudo bem eu deixo. – ela suspirou. – DOROTHA!

Jacob quase dá um salto do sofá, precisa chamar alguém aos berros? Renesmee foi até o quarto de sua babá e para seu desgosto ela estava no banheiro. Ela voltou a sala em passos decididos.

- Sabe fazer chá? – perguntou Renesmee ao Jacob.

- Sei. – Jacob respondeu sem compreender muito a pergunta.

- Perfeito, prepare para um chá verde para mim. E não se esqueça das torradas. – disse Renesmee.

Jacob a olhou por alguns instantes, era algum tipo de piada?

- Você é surdo ou o que? Eu quero o chá para ontem! – Renesmee disse autoritária.

- Olha eu sou apenas o filho do empregado, não tenho que obedecer nada do que me manda, se quer tanto um chá vá até a cozinha e prepare você mesma. – Jacob respondeu com simplicidade, se ela fosse mais educada ele faria, quem manda ser tão arrogante?

Renesmee ficou boquiaberta. Por que ele vivia a afrontando? E sem ter razão? Ela podia muito bem ele se mandar daqui e apodrecer lá fora.

- Você pensa que está fazendo afinal o que aqui? Está passando férias? – Renesmee estava quase enfiando o dedo na cara de Jacob.

Essa foi a gota d’água.

- Não sou como todo mundo para você Cullen, não sou um fantoche em suas mãos. E a propósito, você? Sabe por que está aqui fora de circulação? Para evitar mais confusões! Porque não passa de uma fútil e viciada, que só sabe causar problemas! – gritou Jacob.

Renesmee sentiu um balde de água gelada cair sobre si, uma dor muito forte no peito, algo a sufocando, os olhos arderem. Não conseguia ficar ali nem mais um minuto. Correu até o quarto e trancou-se no quarto onde pode desabar.

A voz cortante de Jacob ecoara por sua mente a corroendo, a machucando. Ninguém tinha sido tão rude com ela, fútil... E viciada...

Era terrível admitir, mas fútil ela era. Qual era a perspectiva de vida dela? Compras, viagens, festas e mais festas. Era uma pessoa vazia...

Viciada?

Então era isso ele a via como uma drogada problemática? Pelo simples fato de encontrarem drogas em sua bolsa? Ninguém sabia mais do que Renesmee, as drogas nunca fora dela, ela simplesmente foi vítima de uma cilada.

Como esse Jacob Black pode acusa-la de algo sem saber o que aconteceu de fato? Quem era ele para julgá-la dessa maneira?

E o pior... A dor não vinha somente pelas palavras e sim por quem as pronunciou.

***

POV Jacob

Jurei ter ouvido um soluço antes de uma porta ser fechada ruidosamente. Talvez tivesse pegado pesado demais... Mas como diz o velho ditado: “quem fala o que quer, ouve o que não quer ouvir”.

Dorotha veio aos tropeços preocupada.

- O que houve? Ouvi gritos... – ela perguntou.

Eu sacudi os ombros, sem jeito sobre como explicar. Como uma coisa tão imbecil os levou a discutir daquela forma? Parecia tolo, ele foi tão tolo quanto ela.

Dorotha foi até o quarto da garota, por onde passou um longo tempo.

***

POV Renesmee

Eu evitava, porém quanto mais eu tentava as lágrimas saiam teimosas, rolando por meu rosto. Eu não era a melhor pessoa do mundo, mas não era por isso que merecia ser tratada daquela forma. Ainda mais por um ninguém.

Dorotha quando me viu encolhida no canto do quarto foi rapidamente até mim, me abraçando.

- O que houve querida? – ela repetia essa pergunta e eu nada dizia apenas chorava eu estava desconsolada. Nunca me senti tão mal por ser quem eu sou. – Querida... Está começando a me preocupar, de verdade... Conte para mim querida... – disse Dorotha.

- Ele... – minha voz mal saía. – Ele... Me chamou de fútil e viciada...

- Aquele moleque a chamou assim? – Dorotha perguntou sobressaltada, ela parecia furiosa, me abraçou com força, tentando me acalmar.

Eu não respondi sua pergunta. Não queria responder.

- Vou preparar o chá que você tanto gosta com torradas e bolos, depois vamos sair desse chão, está frio, e vou ninar você até dormir, está bem? Não ligue para esse menino malvado... – ela disse dando-me um beijo antes de sair do quarto.

***

Jacob desistiu de ver televisão, além da cabeça estar quente ela parecia pesar uma tonelada. Seus pensamentos se dispersaram completamente com a Dorotha que por fim saíra do quarto. Passou por ele sem nada dizer. Ele achou uma atitude estúpida, mas ainda assim resolver saber como a Cullen estava.

- Ouça bem Jacob. Renesmee pode ter todos os defeitos do mundo. Mas você é a última pessoa no mundo que pode julgá-la, ela é assim porque nasceu em um berço de ouro e se acostumou com o fato de ter tudo o que quisesse na hora em que quisesse. Ela pode ser fútil, arrogante, mas uma coisa eu posso lhe garantir ela não é viciada. Não a julgue sem conhecê-la. – Dorotha passou por ele com uma bandeja e voltou para o quarto.

A sua cabeça passou a pesar duas toneladas.

- Ela nem me deixa conhecer ela... – disse Jacob para si.