Friends By Fate escrita por Mandy-Jam


Capítulo 31
Caronte e o Celeiro da Pechincha


Notas iniciais do capítulo

Outro.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/130250/chapter/31

- Impressionante... – Falou Rhamon – Estamos andando no meio do mato por horas. Sabe por quê? Por que você é um babaca, Rodrigo.

- Vai se ferrar! Aquele moleque não ia ajudar ninguém. – Retrucou ele.

- Por que não? – Perguntou Amanda pensando na moeda que Marcos lhe entregara – Eu acho que ele ajudaria sim.

- Por isso que você tem sorte de estar comigo, Amanda. – Falou Rodrigo virando para trás – Esse bando de mongóis não ia pensar em nada direito. Vocês três, na verdade, tem sorte por eu ser o único aqui que tem um cérebro.

- Você acha que eu não tenho um cérebro?! – Amanda ficou ofendida.

- Você tem. Só que você é maluca. Não dá para confiar tão facilmente. – Explicou Rodrigo como se aquilo melhorasse a situação. – Mateus é todo lesado, e Rhamon é babaca. Se eu não estivesse aqui, estariam todos mortos.

- Se é que já não estamos... – Murmurou Amanda. Rodrigo ia dizer que eles estavam vivos e começar a berrar, quando ela continuou a dizer – Mas porque você acha que ele não nos ajudaria?

- Pára para pensar. – Falou ele com calma – Alguém bonzinho já apareceu do nada para ajudar você durante essa missão?

- Uhm... Não. – Respondeu ela.

- Alguém bonzinho já apareceu para ajudar você durante essa missão, logo depois de você ter espancado essa pessoa? – Perguntou ele, e Amanda entendeu onde ele queria chegar – Se alguém batesse em você, você ajudaria essa pessoa logo depois disso?

 - O pior... É que isso faz sentido. – Amanda concordou – Você acha que ele queria nos ferrar, ou algo do tipo?

- Mas é claro que sim. – Disse ele – Viu só? Sem o meu cérebro, vocês estariam perdidos. Eu sou foda.

- Dig din, Dig din, Dig din. – Fez Amanda lembrando de um funk que o grupo adorava zoar. Rodrigo riu. – Eu sou sinistro.

- Ai ai... – Rodrigo parou de rir e enxugou uma lágrima – Eu amo zoar esse manolo. Ele é tão ferrado quanto Vinícius.

- Então o cara é um ser supremo, por que... Alguém tão ferrado quanto Vinícius? – Zoou Rhamon – Difícil, hein?

Mateus, Amanda, Rodrigo e Rhamon começaram a rir. Eles três tinham saído da estação de trem, que por incrível que parecesse dava no meio do nada. Só tinham estradas de terra que levavam para lugares bizarros e cheios de mato. Eles tinham seguido por uma estrada de terra qualquer, e agora estavam no meio de lugar nenhum.

O Sol ardia encima da cabeça deles.

- É meio dia. – Informou Rhamon sem olhar o relógio.

- Como sabe? – Perguntou Amanda.

- Olha o Sol. Ele está reto. Bem encima da gente. – Explicou ele – Isso que dizer que ele já andou metade do percurso dele. Legal né?

- Não. Não é não. – Falou Rodrigo – É coisa de altista ficar olhando o Sol.

- Para com isso. Eu achei legal. – Disse Amanda – Mateus, o que você achou?

- Aham... – Murmurou ele distraído. Mateus estava mexendo na mochila. De lá ele tirou algumas peças de metal e começou brincar com elas fingindo que eram aviões. – Tchu! Tchu! Pá! Tchu!

- Olha esse moleque! – Apontou Rodrigo – Viu Rhamon? Fica olhando o Sol, e vai acabar retardado que nem ele.

- Ele... Tem problemas. Deixa ele. – Falou Amanda, mas então notou que aquilo não saiu tão legal quanto ela queria que saísse.

- Ah, desculpa! – Riu Rodrigo – Não vou mais falar nada, certo? Já que ele tem problemas e tal.

- Vamos continuar a andar. – Pediu Rhamon. Sua pele era super branca, o que provocava um efeito horrível quando ele era exposto no Sol. Rhamon estava completamente vermelho. – Eu não agüento mais o Sol.

- Rhamon, você parece um camaleão! – Brincou Amanda apontando para ele. Ela encostou no braço dele e depois largou e viu que o lugar que ela tinha segurado estava branco. Aos poucos voltou para o vermelho. –Isso é tão legal!

- É... Ser um camaleão é emocionante. – Sorriu Rhamon fazendo pose de “Fuck Yeah”, e Amanda riu.

Eles continuaram andando. Teisk andava lá na frente tentando, mas não por estar procurando alguma coisa, e sim com medo de Rodrigo que o ameaçava com o seu punhal.

- Fica longe mesmo, seu cachorro inútil. Nem pense em me lamber. – Dizia.

- Ainda bem que você gosta dele. – Comentou Amanda em sarcasmo.

- Cara... Imagina o cocô desse bicho. – Falou Rodrigo pensativo – Eu é que não iria querer limpar. Ele é um cão infernal logo... Deve ter cheiro de defunto.

- É mesmo! – Riu Rhamon. Eles dois ficaram conversando sobre isso, enquanto Amanda ignorava. Depois de alguns minutos eles levaram um susto.

- Olhem! É o Celeiro da Pechincha! – Exclamou Amanda pulando – Que legal!

- Celeiro da Pechincha?! – Repetiu Rodrigo. Ele viu que na frente tinha um celeiro enorme, que parecia um pouco menos caipira do que deveria ser. Era feito de madeira, pintado de vermelho sangue com detalhes em branco, mas ele podia notar que tinha entrada de ar condicionado. – De onde você tirou esse nome?

- É daquele filme! “Onde estão os Morgan” ou algum nome parecido. Um casal separado presencia um assassinato aí é mandado para uma cidade perdida no mapa. Lá tem um celeiro igual á esse cheio de coisas para vender por um preso absurdamente barato. E o nome é Celeiro da Pechincha. – Contou Amanda enquanto eles andavam até lá.

Rodrigo nunca tinha nem mesmo ouvido falar desse filme, mas se tinham coisas baratas lá dentro, iria servir. Rhamon se encantou com a idéia do ar condicionado. Eles estavam no inverno, mas aquele maldito Sol estava quente demais.

Quando eles chegaram mais perto puderam ver que ao lado tinham várias divisórias de madeira onde ficavam uns animais. Eles não quiseram parar para verem que tipos de bichos tinham ali. Aquilo não interessava.

Eles entraram no celeiro e viram que o que Amanda tinha dito fazia sentido. Lá dentro tinham várias e várias coisas em prateleiras, em balcões, na parede, no teto, em todo lugar. Nenhuma delas tinha etiquetas, mas aquele lugar só podia ser uma loja.

A primeira coisa que eles sentiram foi o doce ar condicionado soprando no rosto deles. Todos os quatros abriram um largo sorriso de satisfação.

- Ai... Doce tecnologia. – Suspirou Amanda.

- De quem é esse celeiro? De um Bill Gates caipira? – Perguntou Rodrigo olhando em volta.

- Faz diferença? – Falou Rhamon encolhendo os ombros – Fecha essa porta, senão vai ficar quente aqui dentro.

Mateus fechou as portas, e eles entraram. Cada um foi para um lado. No celeiro tinham várias coisas legais. Amanda foi primeiro para a parte das roupas. Não que fosse a que mais a atraísse nem nada, mas sua calça jeans ainda estava suja por causa do corte no calcanhar, e sua camisa laranja do Acampamento idem.

Para o seu azar, só tinham camisas masculinas. Todas elas eram grandes demais, mas ela não estava nem aí. Pegou uma PPP, que mesmo assim ia até os seus joelhos. Ela tinha o desenho do “Gorillaz”, uma banda que ela gostava. Tinha uma bermuda (também gigante) camuflada de verde, e ela achou que ia servir.

Mateus foi para a parte das armas. Sim, tinha essa parte, embora ele não acreditasse. Ele achou várias pistolas, escopetas, rifles, e todos os tipos que ele pudesse imaginar. Ele pegou um cinto para por duas pistolas e escolheu duas 9mm. Ele as colocou no cinto e fingiu ser um cowboy.

- Ei, Amanda! – Chamou ele e ela olhou. A seção de roupas não era muito longe da de armas. – Esse celeiro da pechincha é pequeno demais para nós dois!

Amanda riu da imitação e foi trocar de roupa em um banheiro. Rodrigo estava na seção de CDs. Ele fazia careta para a maioria dos CDs que ele passava.

- Que droga... Só tem música de caipiras, feita por caipiras. Olha só! Hank Williams! – Falou ele mostrando o CD para todos.

- Eu gosto dele! – Disse Amanda de dentro do banheiro. Ela abriu a porta revelando sua nova roupa. Usar roupas largas daquele jeito a fazia lembrar-se de quando teve que imitar Ares para pegar as chaves da moto dele no hotel JB. – Esse cara canta “Why don’t you love me like you used to”. Essa música aparece no filme, sabia?

- Cara... Tudo se parece com esse filme. – Falou Rhamon – Será que estamos em um tipo de universo paralelo?

- Eu não vou nem responder... – Murmurou Rodrigo analisando os outros CDs – Ah! Agora sim! Olhem isso!

- O que? – Perguntou Amanda chegando perto.

- Por que está usando isso? – Perguntou Rodrigo.

- Não ia ficar com aquela roupa suja de sangue, né? – Respondeu.

- Cuidado... Vai que Athena pensa que isso é um insulto? –Disse ele. Amanda perguntou por que ela acharia isso. – Foi ela que deu essas camisas para nós, lembra? Se Hermes se ofendeu porque o chalé dele é ferrado, imagina o que ela faria se visse você jogando a camisa fora.

- Eu não joguei fora. E mesmo se jogasse... Acho que ela entenderia. – Falou Amanda olhando o CD que Rodrigo estava mostrando – Airon Maden?

- Eles arrasam. – Sorriu ele.

- Aham. – Concordou Amanda – Os Rolling Sontes também. E o AC/DC, o The Who, o Pink Floyd, e a maioria das bandas de Rock antigas.

- O Bon Jovi também. – Comentou Rodrigo pegando um CD deles.

- Aham! Missunderstood. Have a Nice Day. – Falou Amanda – Eu amo essas músicas.

- Ei! Olhem isso! – Rhamon chamou a atenção deles para a divisão onde ele estava. – Comida! E muita comida!

- Sério?! Eu estou morrendo de fome! – Disse Amanda correndo para lá e deixando Rodrigo para trás.

Os quatro começaram a comer alguns sanduíches que Rhamon tinha feito. Ele era um excelente cozinheiro. Sempre que fazia uma comida diferente ele usava Amanda de cobaia na escola. Na grande maioria das vezes, ficava delicioso.

- Lembra daquele bolinho que você fez? – Lembrou ela rindo – Eu mordi pensado ser um bolinho normal, mas parecia até radioativo de tantas cores que tinham dentro.

- Mas ficou bom, né? – Perguntou ele.

- Ficou sim. – Assentiu ela.

Eles continuaram a comer vários e vários pratos diferentes. A geladeira tinha muita comida. Eles aproveitaram tudo o que puderam e colocaram algumas coisas dentro das mochilas. Não tinham certeza se deveriam ficar com aquilo, mas também não tinham a mínima idéia de quando comeriam de novo, por isso... Era a melhor opção.

- Acham... Que esse celeiro é de alguém? – Perguntou Rhamon.

- Claro que é de alguém. – Respondeu Mateus – Isso não ia ficar assim no meio do nada sem dono, né?

- E o cara deve ficar aqui. – Refletiu Rodrigo.

- Por que acha isso? – Perguntou Amanda.

- Porque o ar condicionado está ligado. – Explicou ele – Quer dizer que agluém paga a conta de luz, certo?

- Faz sentido. – Concordou Amanda – Mas... Vocês não acham estranho o dono não ter aparecido aqui esse tempo todo? E também... Para que ele tem tantas coisas?

- Sei lá... – Respondeu Rodrigo – Sou foda, mas nem tanto.

- You fail! – Riu Rhamon apontando para ele.

Rodrigo, Rhamon, Mateus e Amanda se levantaram e lavaram os pratos. Se tivessem que sair rápido era melhor não deixarem pistas de que alguém esteve lá. Rodrigo, Amanda e Mateus foram para um canto afastado do celeiro, onde tinha um sofá muito confortável. Eles se sentaram e começaram a conversar tentando formar um plano.

- Olha... Eu acho que nós temos que ficar aqui mais tempo. – Sorriu Mateus – Acho que esse é o melhor lugar que vamos achar no Texas.

- Com certeza é! Mas... Não vamos continuar tendo sorte. – Falou Rodrigo praticamente chamado o azar para eles – Vamos nos ferrar se continuarmos aqui.

- Você é tão positivo... – Murmurou Amanda, mas logo lembrou de algo – O me grupo achou o objeto perdido. Eram pérolas de Perséfone. Não sei o que eles vão fazer agora... Se eles vão voltar para o Acampamento, ou se vão entregá-las á algum Deus. Talvez Zeus... Mas... Não temos como saber.

- Eles devem entregá-las á Zeus no Monte Olimpo. – Concordou Rodrigo – Mas... Eu não sei onde fica.

- Fica na Grécia, né? – Falou Mateus.

- Bem... Nas histórias fica, mas... – Ele parou para pensar – Vocês não acham engraçado o fato de ter um Acampamento Meio-Sangue aqui nos Estados Unidos?

- Eu acho estranho existir um Acampamento Meio-Sangue. Seja ele qual for. – Falou Amanda – Mas o que você quer dizer com isso?

- Quero dizer que... Se ele tivesse que existir, deveria ser na Grécia. – Falou Rodrigo – Mas ao invés disso é aqui. Talvez... Talvez tudo tenha mudado de lugar. O Olimpo pode ser nos Estados Unidos também.

- Mas... Onde? – Perguntou Amanda – Podia ser tipo... Na casa do presidente?

- Como é que eu vou saber?! Eu só sugeri. Mas sim... Provavelmente deve ser um lugar importante. – Disse Rodrigo.

- Ai ai... Querem saber? Eu estou cansado de ficar parado. Vou lá para fora treinar uns tiros com essas 9mms. – Disse Mateus começando a se afastar – É bom que eu fico de olho no Rhamon para ele não nos meter em encrenca. Ele está lá fora também.

- Faça isso. – Falou Amanda, e depois pediu – Tomem cuidado. Mesmo.

Mateus concordou e foi embora. Rodrigo tentou ligar a TV que tinha ali, mas ela estava quebrada.

- Sabia que era pedir demais. Se esses caipiras já têm ar condicionado, não se pode esperar que a TV também funcione. – Resmungou ele.

Amanda estava pronta para falar que não nem toda a população do Texas era caipira, quando a TV pegou em um canal. Se bem que... Aquilo não era bem um canal.

- Vocês estão vivos no final das contas... Interessante. – Falou Ares analisando Rodrigo e Amanda.

- Ares? – Falou Amanda sem acreditar.

- Ninguém merece... Como eu troco a merda do canal? Não quero ver esse cara! – Falou Rodrigo apertando freneticamente o botão do controle.

- Pare com isso! – Amanda jogou uma almofada nele e Rodrigo parou – Ares, onde estão a Flávia e a Mariana? Posso falar com elas?

- Não. – Respondeu ele – Eu estou em uma parte afastada do vagão. Elas dormiram, e não estou nem um pouco a fim de acordá-las. Acredite... É melhor assim.

- Como conseguiu falar com a gente? Isso... Não é o Mundo Inferior? – Amanda quis ter certeza.

- Claro que não, cabeça de vento! – Respondeu Ares – Mundo Inferior? Vocês não estão mortos!

- Eu não disse?! – Exclamou Rodrigo – Até esse desgraçado sabe disso!

- Olha quem chama de desgraçado, seu babaca. – Falou Ares apontando para ele – Eu não vim aqui falar com você. E também... Eu não tenho muito tempo.

- O que houve? – Perguntou Amanda.

- Vocês estão em perigo. Principalmente... – Ares ajeitou os óculos de Sol – Os seus dois amigos do lado de fora do celeiro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fuuuu!

Eles estão ferrados de novo! Que legal, né?

Espero pelo review de vocês.

Até o próximo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Friends By Fate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.