Friends By Fate escrita por Mandy-Jam


Capítulo 19
Nunca entre em supermercados


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo!

Mariana = Ares
Bia = Athena
Nina = Zeus
Bruna = Ártemis
Flávia = Apolo
Rita = Afrodite
Vinícius = Dionísio
Natália = Poseidon



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Enquanto Bia conversava com Apolo e Bruna ouvia música, Nina caiu no sono. Ela tinha acordado cedo demais e tinha enfrentado aqueles monstros... Ou pelo menos observado. Mesmo assim, estava exausta.

- Heróinas precisam de um descanso. Principalmente a filha de Zeus, o todo poderoso do céu. ­– Pensou ela fechando os seus olhos.

O carro de Apolo era extremamente confortável. Ganhava até da sua cama no colégio interno. Não demorou muito para ela dormir.

Novamente seu sonho não foi muito normal. Ela estava no meio de uma loja estranha. Era algum tipo de galpão enorme, cheio de prateleiras com milhares de produtos diferentes. Tinha desde sabonetes para dragões, até super papel higiênico para ciclopes. O lugar parecia um supermercado abandonado, pois embora tivesse milhares de coisas a venda, tudo estava com aspecto empoeirado. Como se nada ali tivesse sido mexido por uns... 50 anos.

- Como é que eu sei que são 50 anos? – Perguntou Nina para si mesma - Estranho... Devem ser os meus poderes ou algo assim.

Ela andou um pouco pelos corredores de prateleiras. Depois de alguns segundos ela sentiu algo a chamando para o corredor 4. Como se aquele número quisesse dizer alguma coisa para ela, embora Nina não soubesse exatamente o que.

Mesmo assim, ela decidiu continuar andando pelo corredor. O corredor 4 era diferente dos outros. Dos seus dois lados, Nina só conseguia ver caixas e mais caixas. De vários formatos, tamanhos e aspectos diferentes.

Umas tinham desenhos felizes e bonitinhos, enquanto outras pareciam pintadas com sangue. Mas... Uma caixa a chamou atenção. Uma em particular, brilhava em dourado no fim do corredor.

- Isso mesmo... – Incentivou uma voz tremeluzente enquanto Nina dava um passo na direção da caixa. Era uma voz grossa e assustador, mas transmitia bastante calma e paciência – Pegue a caixa. Ela é a resposta para todos os seus problemas, filha de Zeus.

Nina parou. Tudo bem que a voz transmitia calma, mas ela não gostava nada do fato disso ter aparecido do nada em seu sonho. Ela franziu o cenho e olhou em volta tentando achar o dono da voz, mas não havia ninguém. Era como se sua voz estivesse sendo reproduzida pelos alto-falantes do supermercado.

- Ahm... Você não devia dizer “Promoção imperdível no corredor dois”, “Por favor, limpem a seção de congelados” ou coisas do tipo? – Perguntou Nina.

- A caixa. – Disse a voz ignorando a piada – O objeto perdido que tanto procuram.

- O que? – Nina perguntou incrédula, e então olhou para a caixa brilhando no fim no corredor – Você quer dizer que esse é o tal objeto perdido? Tipo... Eu pego ele, e a missão acaba, e tudo fica bem? Legal.

Nina encolheu os ombros e foi até a caixa, mas antes que ela pudesse encostar a voz soltou uma gargalhada. Ela hesitou.

- Ahm... Essa risada não é uma coisa boa, não é? – Adivinhou Nina com um pouco de medo.

- Olhe onde você está, semideusa. É um supermercado. – Falou a voz – Tudo aqui tem o seu preço. Você pode pegar a caixa, e ela pode ser o que você procura, mas de qualquer jeito isso não lhe sairá de graça.

Houve um momento de silêncio que foi quebrado por Nina, que soltou um riso nervoso.

- Ah, ta. Antes estava tudo certo. Agora isso pode ser o que eu procuro, e ainda por cima tem um preço. – Falou ela não gostando nada daquela voz grossa e maligna.

- Tudo tem um preço, filha de Zeus. – Falou a voz como se ser filha de Zeus fosse algo completamente nojento – Principalmente essa caixa.

- E quanto ela custa? Eu tenho... – Nina pôs a mão no bolso procurando algum dinheiro, mas não achou quase nada – Ahm... Dois dólares...

- Há! – Riu a voz – Acho que você sabe muito bem o que isso vai lhe custar. A pergunta é...

Nina olhou para a caixa. Ela flutuou no ar e parou na sua frente. Seu brilho era intenso, o que a fazia ter que estreitar os olhos para não ficar cega. Da caixa saiu uma leve fumaça que formou quatro crânios no ar.

- Está disposta a pagar por ela? – A voz terminou a pergunta com um riso maligno e Nina arregalou os olhos.

- É a profecia...­ – Pensou ela – Para conseguirmos, quatro vão morrer...

Nina recuou um passo e olhou para cima.

- Está pedindo quatro de nós, por uma caixa que pode ser o que procuramos?! – Perguntou ela procurando seus raios – Seja lá quem for eu já vi que você deve ser o cara mau da história.

- A história de vocês já está escrita. – Falou a voz em um tom de superioridade – Se quatro de vocês não morrerem, então serão todos. Vou me certificar disso.

A risada fez o chão tremer. Nina olhou para a caixa. Talvez se ela fosse rápida, poderia pegá-la e sair correndo dali. Mas antes que ela pudesse fazer isso, algo segurou os seus pés e a puxou para baixo. Ela gritou.

- Nina! – Exclamou Bia – Acorda logo!

- Ah! Ahm?! O que?! – Nina olhou em volta. Ela ainda estava no carro de Apolo. Ela olhou para o relógio do carro e viu que estava marcando 8 horas.

- Está tocando “A little bit longer”! É a sua música favorita, lembra? – Sorriu Bia.

- Ah... É. – Assentiu Nina ainda pensando no seu sonho. Aquilo não era nada bom.

Ela olhou pela janela. Eles estavam passando por uma cidade bem velha. O chão não era tão liso, o que impedia Apolo de correr. O Deus estava decepcionado olhando para a estrada na sua frente, enquanto Bruna estava cantando despreocupada.

Já estava escuro. Ela notou que o teto do conversível estava fechado.

- Ahm... Apolo. – Chamou Nina.

- Oi. – Sorriu ele se animando por finalmente poder falar com alguém, já que Bruna e Bia estavam caladas há um bom tempo.

- Se você não sabe onde esse tal objeto está, e nem como ele é... Como vai achá-lo? – Quis saber Nina.

- Fácil. – Sorriu Apolo tentando mostrar como ele era impressionante – Eu sou um Deus. Posso sentir magia ou coisa parecida á quilômetros de distância. Se eu sentir alguma coisa, vamos descer e verificar.

- Saquei... E você já sentiu alguma coisa? – Perguntou Nina.

- Ah! Ahm... Não. – Respondeu ele um pouco sem graça – Mas não se preocupe. Se Apolo está no caso, então a missão vai ser fácil.

Apolo fez uma pose que Nina reconhecia pelo emoticon do MSN. Era uma pose de “Fuck yeah”, como se Apolo tivesse feito alguma coisa muito boa.

- Ahm... Você sabe que isso não rimou, não é? – Falou Nina.

- É, eu... Eu sei. – Assentiu ele desfazendo a pose e voltando a se concentrar na estrada – Mas que droga... Não para de chover.

- Ártemis deve estar caçando alguns monstros. – Suspirou Bruna querendo estar com ela – Deve estar se divertindo.

- Sente saudades da sua mãe, Bruna? – Perguntou Bia.

- Ela... Não é a minha mãe. Na verdade, Ártemis não tem filhos. – Explicou Bruna – Semideusas se juntam á sua equipe de caçadoras e ganham a imortalidade, em troca de jurar não se apaixonar e servir sempre á Deusa da Lua e da caça.

Não se apaixonar?! Era por isso que Bruna odiava Apolo, pensou Bia.

- Então... Quem é seu pai ou mãe? – Perguntou Bia.

- Minha mãe é Íris, Deusa do arco-íris. – Respondeu Bruna sorrindo de leve.

- Então você deveria ficar no chalé da Íris, não é? – Perguntou.

- É, mas como eu faço parte das caçadoras de Ártemis agora, eu fico no chalé dela. Se bem que... Eu não fico no Acampamento á muito tempo...

- Espera aí! Nós conhecemos você por uns... Seis anos. Há quanto tempo você...?! – Bia arregalou os olhos.

- Eu estou afastada das caçadoras por seis anos. Fui para a escola de vocês, por causa da profecia. Vocês eram os únicos 11 meio-sangues da escola. Só poderiam ser vocês. – Contou Bruna – E também... São só seis anos. Eu tenho 69.

- Sessenta e nove... – Repetiu Bia ainda achando aquilo completamente surpreendente – Você nunca vai ficar velha.

- Sim. Vocês também podem. É só se juntarem a Ártemis. – Sorriu Bruna.

- Uhm... Renegar os garotos... – Nina olhou para Apolo e achou que jurar aquilo seria um crime para ela – Então você não pode...

Bruna virou e olhou para ela.

- Você sabe que Apolo seria o seu meio-irmão, não é? – Falou Bruna.

- Meio-irmão?! – Exclamou Nina surpresa – Como assim?!

- Há há! – Riu Bia apontando para Nina – Se deu mal!

- E ele seria o seu tio, Bia. – Sorriu Bruna.

- Não! – Exclamou Bia – Por quê?!

- Se ferrou! – Riu Nina apontando para ela.

- Eu sou filho do seu pai, Nina. – Riu Apolo – E sou meio-irmão da sua mãe, Bia.

- Então... Espera! – Nina olhou para Bia – Eu sou a sua tia! Há! Bia... Agora me chame só de Tia Nina.

- Ah, cala essa boca! – Exclamou Bia ainda triste pelo Apolo ser seu tio – Você não pode ser a minha tia. Isso está completamente errado.

- Na verdade, semideuses não têm uma relação sanguínea uns com os outros. – Contou Apolo – Por isso, ela seria sua tia só na teoria. Mas ela é só sua amiga mesmo.

- Mesmo assim... Me chame de Tia Nina. – Brincou Nina – Por favor, Bia!

- Não enche, Nina! – Protestou Bia – Me deixa quieta...

Ela se virou para a janela para que Nina não a incomodasse mais.

- Como se já não bastasse nós estarmos em uma missão perigosa... Ainda tenho que ficar ouvido isso. – Resmungou Bia, e Nina se lembrou da profecia e do seu sonho.

Ela parou de rir e olhou para a janela, do seu lado esquerdo. Ela pode ver do lado de fora várias casas pequenas passando, junto com algumas lojas. Nina soltou um suspiro cansado, e depois levou um susto.

- Bem, gente... Eu acho que depois de andar esse tempo todo, nós podemos parar para descansar, certo? Podemos comer alguma coisa naquele supermercado ali, que tal?

A idéia pareceu agradar Bruna e Bia, mas Nina não. Ao ver o supermercado ela arregalou seus olhos. Era grande e afastado do resto da cidade, como se fizesse parte de uma zona morta. Aquilo dava calafrios nela, mas não pareceu incomodar as outras.

Apolo parou o carro no estacionamento enorme e vazio bem na frente do lugar. Ainda estava chovendo, mas por sorte tinha uma cobertura. Não dava para ver o céu, o que deixou Nina ainda mais inquieta.

Eles entraram no lugar. Apolo disse que estavam longe demais de qualquer hotel, mas que aquele lugar tinha uma parte de colchões que serviria para eles dormirem. O interior era idêntico ao sonho de Nina, só que um pouco menos empoeirado. Parecia que alguém tinha limpado tudo bem rápido e não tão bem para que eles pudessem passar a noite. A voz, talvez, mas não tinha como saber.

- Bia... – Nina chamou ela, enquanto Bruna discutia com Apolo sobre ele fazer uma fogueira no meio do supermercado – Se... Se nós estivéssemos bem perto do possível objeto perdido e tal... Você ia gostar de saber?

- Claro Nina! – Afirmou ela – Nós estamos nessa missão exatamente para isso.

- Certo... Mas você ia gostar de saber... – Nina respirou fundo, mas acabou falando de uma vez – Mesmo se você estivesse correndo risco de vida?

Bia olhou para Nina um pouco assustada. Ela arqueou uma sobrancelha.

- Mudando de pergunta. Se você estivesse correndo risco de vida, ia querer que eu te contasse? – Perguntou Nina com um sorriso simpático no rosto, como se ela estivesse perguntando: “Gostaria de um pouco de chocolate?”.

- Nina...! Quer parar de me assustar?! – Exclamou Bia chegando para trás. Ela sem querer tropeçou, e caiu no chão. Nina correu para ajudar ela á se levantar, mas soltou alguns palavrões quando viu onde estavam

- Oh... Fuck! – Falou Nina xingando em inglês.

- O que?! – Quis saber Bia olhando ao redor.

Nina se levantou com os olhos arregalados. Ela tinha um péssimo pressentimento sobre aquele maldito corredor quatro, mas esperava que fosse só paranóia dela. Sem ela notar, Apolo estava do seu lado direito.

- Sonhos não são só aventuras legais e insanas que passam na nossa cabeça quando nós dormimos. – Falou ele olhando para as caixas. Nina olhou para ele engolindo um grito de surpresa – Eles ás vezes contam coisas que ainda vão acontecer.

- Eu não... – Nina deu um passo para o lado. Ela sem querer encostou em uma caixa e ela se abriu. Nina se virou assustada, e uma bailarina começou a dançar a música “For Elise” – Como você sabe que eu...?

- Eu pude sentir quando nós chegamos aqui. Quando você passou por esse corredor. Afinal... – Apolo sorriu – Eu sou o Deus das profecias. Sou eu quem encho o Oráculo de Delfos com algumas visões.

- Sério? Então... Tente fazer com que os olhos dela não brilhem em verde, certo? Aquilo me dá um medo do cacete. – Disse Nina, e Apolo segurou o riso.

- Inevitável. – Disse ele reprimindo uma risada – Mas... O que você viu, Nina?

Nina olhou para o corredor cheio de caixas iguaiszinhas as do seu sonho. Ela correu até o final do corredor. Não ia fazer papel de maluca contando sonhos tão estranhos como aquele, se realmente não existisse uma caixa.

Para a sua surpresa... Existia. Nina teve medo de segurar a caixa, mas por fim acabou pegando-a. Ela andou lentamente até Apolo, Bia (que ainda estava sentada no chão) e Bruna. O barulho dos seus passos ecoava pelo supermercado, até que por fim ela parou.

- Eu vi isso. É... – Ela se interrompeu lembrando que poderia ser só uma possibilidade - Na verdade, pode ser o objeto perdido.

Apolo analisava o objeto. Ele nem parecia o Apolo sorridente de antes, e sim um Deus sério e sábio, mas quando ele piscou os olhos voltou a ser quem era.

- Não... – Apolo franziu o cenho – Não tenho certeza. Isso não parece ser coisa boa... Mas... Não sei se é isso que estava perdido.

- Abre a caixa, e nós podemos ter certeza. – Sugeriu Bruna.

- Não! – Interrompeu Apolo apressado. Ele parecia incomodado com a presença daquela caixa – Não... É melhor não. Isso... Essa caixa pertenceu á...

- Um titã? – Sugeriu uma outra voz.

Todos olharam para o fim do corredor. Em pé há alguns metros deles estava uma mulher. Ela era muito bonita, mas... Tinha algo de sombrio. Ela usava um vestido preto que chamava bastante atenção. Seu cabelo era loiro, e seus olhos eram cinza como a neve. Ela tinha um ar de delicadeza em seu movimento que hipnotizava-os.

- Opa. – Falou Apolo quebrando o silêncio – Encrenca vindo.

A mulher de no máximo 25 anos lançou um olhar de nojo para o Deus, e fez um careta expressando todo o seu repulso.

- Apolo. – Falou ela como se estivesse tomando um remédio ruim – Deus do Sol... Rebaixado a guia turístico?

- Ei! Eu não sou guia turístico! – Protestou ele – Sou um guia de heróis, é diferente.

- Argh. – A mulher revirou os olhos – Homens... Todos estúpidos.

Ela olhou para Bruna, e então sorriu.

- Ah! Mas que bom que tem alguém aqui que nota isso. – Sorriu ela repentinamente gentil – Uma caçadora de Ártemis, hein? Uhm... E vejamos... – Ela olhou para Bia e para Nina – Uma filha de Athena, e uma filha de Zeus? Que maravilhoso.

- É... Eu acho que sim. – Nina franziu o cenho achando que Apolo estava certo sobre ela ser encrenca – Quem é você?

Bruna fez surgir seu arco e o segurou com força. Bia pegou seu boné, pronta para colocá-lo na cabeça. Nina abriu sua mochila e encontrou seus raios. A mulher simplesmente levantou as mãos como se estivesse se rendendo e abriu um sorriso doce.

- Meninas! Para que isso? – Ela perguntou em um tom leve e sutil – Eu não vou lhes fazer mal nenhum. Eu sou só uma semideusa. Assim como vocês.


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Notas finais do capítulo

Dica: Se vocês entrarem em um supermercado tenso desses, saiam o mais rápido possível.

Viu? A minha fic transmite cultura. Yeah!

Espero pelos reviews!



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