- Eu...  – Tenten começou a falar na Segunda feira quando chegamos ao jardim após o horário das aulas.

Sasuke havia me trago da mansão Uchiha no Domingo a noite. E eu quase o agradeci. Não que fosse  desagradável  ficar na mansão.  Aynami e Itachi eram ótimos. O problema era que eu estava me sentindo sufocada e vigiada. Sasuke havia ficado me regulando durante todo o tempo em que eu estive lá. Sinceramente, ele havia quase me tirado do sério com toda aquela vigília sobre mim.

 Na escola pelo menos eu tinha espaço. Não tinha como ele ficar ao meu lado todo o tempo, me olhando como se eu pudesse desaparecer a qualquer momento.

Quando voltamos a Pétala Negra e Sasuke disse que não ia dormir no quarto. Respirei aliviada e tentei esconder a curiosidade que sentir por não saber aonde ele ia. Claro que ele não saiu antes de dizer daquele jeito bem arrogante: - Não faça nada estúpido na minha ausência... Eu não serei tão compreensivo como da última vez. E antes que eu pudesse dar a ele uma resposta bem mal educada o Sharingan se ativara e eu não vira mais nada.

Quando acordei na Segunda feira Sasuke não estava no quarto e eu estava quase  atrasada para ir assistir as aulas. Não havia nenhum hematoma no meu corpo e nem no meu rosto.  E isto me fez quase que me sentir aliviada  ao ir assistir aula.

Quando o sinal do fim das aulas, Tenten praticamente me arrastara para o jardim da colégio querendo saber tudo que havia acontecido comigo durante o fim de semana. E eu muito  inocente desabafara com ela.

-  Eu não entendo como você pode estar tão calma depois dessas revelações? Ela perguntara abismada. Os olhos dela estavam tão arregalados e a expressão tão chocada que quase me fizera ri

- E o que você quer que eu faça? - Perguntei.

- Ah, sei lá... – Ela gesticulou com as mãos. – Se fosse eu no seu lugar estaria chorando um rio de lágrimas para que o meu vampiro sexy e malvado Uchiha “tudo de bom”, percebesse que eu estou totalmente arrependida por te- ló feito esperar duzentos longos anos...

Sinceramente eu até hoje não sei por que  insistia em desabafar com Tenten. De todas as pessoas ela era a menos propicia a levar algo a sério. Era em momentos como aquele em que eu sentia mais a falta de Ino. “Ela pelo menos me levava a serio”.

- Não seja debochada  - Falei. - Não é engraçado.

- Mais Sacky- chan  - Ela falou fazendo beicinho. – Não gosto de te ver tão desanimada, aliás, que, você não tem nem motivos para ficar assim, pense no lado positivo disso tudo.

- E qual seria? Perguntei.

- O Uchiha te ama, um amor meio distorcido e possessivo mais ainda sim é amor.

- Ele me odeia.

- Não, ele está ferido e magoado  - Ela disse séria. - É diferente de odiar, eu tentaria ser menos rebelde se fosse você, e faria aquele arrogante gostoso rastejar aos meus pés.

- Por falar em arrogante gostoso... – Eu disse mudando de assunto. Eu não queria ficar discutindo com Tenten sobre  Sasuke, por que era complicado.  Tenten tinha uma ideia muito romantizada do que nos acontecia naquele momento nas nossas vidas. Ela encarava o que ela vivia com Neji de um modo muito sonhador. Totalmente o contrário ao que eu pensava em relação a minha situação com Sasuke.   – O que aconteceu entre você e o Hyuuga depois da “festa” daquele dia? Perguntei.

- Bom... -Tenten disse seria. – A minha teoria estava certa.

- Que teoria? Perguntei sem entender.

- Ora, de que homens nervosos são extremamente  sexy...

- Tenten, você tem certeza de que a sua babá não deixou você cair quando era um bebê?

- Sakura... Ela fez cara de zangada. – Eu estou falando muito sério. Ela completou.

- Mas... – Eu disse. – Que culpa tenho eu se você não é normal?

- Ele ficou irado... – Continuou. – No começo eu fiquei até com medo, afinal, eu nunca o vi daquele jeito antes...

- Ele machucou você? Perguntei alarmada.

- Só um pouquinho... Ela respondeu.

- Onde?    Eu já estava de pé procurando ver onde ela estava machucada.

- Relaxa Sakura... Ele já me curou...

- Mas...

- Se você ficar paranoica deste jeito eu não vou contar...

- Tudo bem... - Eu disse voltando a me sentar.

- Então você sabe né...? Que os vampiros puro sangue podem se transportar para outros lugares e...

-Sei... - A interrompi.

- Então... - Ela continuou. – Ele me levou para a mansão Hyuuga que estava totalmente vazia por causa da tal reunião entre os puros sangues e...  - Ela fez uma pausa de uns dez segundos me deixando tensa.

- Conta logo Tenten... Eu pedi curiosa.

- Calma... - Ela pediu. - Eu pensei que ele fosse botar a mansão abaixo de tão nervoso que ele ficou...

- E ai...? Perguntei.

- Curiosa, hein... kkkk!! – Ela riu.  E eu  pensei em mata-la naquele momento. Tenten era terrível.  – Ele me fez contar tudo que havia acontecido... - Ela ficou seria. – Desde que saímos daqui até aquele momento na festa.

- E...? Perguntei quando ela desviara os olhos de mim.

- Eu me senti horrível  - Ela disse. – Quando contei a ele que beijei aquele Takumi... Eu me senti uma vagabunda  – Tenten sussurrou. – Foi horrível o modo como ele olhou para mim, Sack...  Como se eu o tivesse magoado profundamente.

- E o que aconteceu depois? Perguntei quando vi pequenas lágrimas se acumularem nos cantos dos olhos dela.

- Eu pedi desculpas, claro... Mas... - As lágrimas escorreram pelos

olhos dela e fiquei preocupada.

- Mas o que Tenten? Ela se sentou no chão e levou ás mãos os olhos como se fosse os cobrir.

- Ele esta com raiva de mim... – Ela chorou. - Eu acho que nunca mais o verei Sack... Ele me odeia por que eu o traí... E eu não sei o que fazer...

Aquela foi a primeira vez que vi Tenten chorar e, a primeira vez que detestei Hyuuga Neji.

-  Tudo vai ficar bem Tenten, não foi culpa sua. Eu disse enquanto me abaixava para ficar na altura dela. Eu não era boa em consolar, sinceramente eu era péssima em dar conforto a outras pessoas.

- Mas, eu não o vejo desde Sábado... Ele não apareceu nem para se alimentar e...

- É claro que ele vai aparecer... - Tentei tranquiliza-la e a abracei.

- Como você sabe? Ela perguntou chorosa.

- Onde mais aquele vampiro idiota vai encontrar lindos olhos cor chocolate...

Ela limpou as lágrimas na minha blusa.

- Sah...  – Me chamou depois de um tempo.

- Humm...

- Ele não é idiota... Ela disse e me fitou. – E você é péssima para consolar... Completou.

- É... Eu sei...  - Sussurrei quando a vi sorrir e voltei a abraça-la.

***

O decorrer daquela semana fora estranhamente tranquilo. Sasuke não aparecera o que foi um alivio. Eu tive tempo para ficar comigo mesma. Claro, tirando as horas em que estava com Tenten,  tentando anima-la e falhando miseravelmente no intento.

Com certeza eu tinha um bloqueio na hora que tentava consolar minhas amigas. E até hoje me sinto um peixe fora d’água quando tento. Parece que nada que eu disser ira  faze-las sentirem-se melhor. E isto me deixa frustrada.

Naquela semana eu tentara com todas as minhas forças não pensar sobre o que eu havia escutado de Sasuke na mansão Uchiha. “Reencarnação” Eu ainda estava tentando não acreditar em tudo que ele havia me dito. Eu ainda estava desejando que fosse mentira.

Mas, o fato de que nos havíamos sido amantes no passado era tão surreal e tão real ao mesmo tempo, quase me deixava louca.  Eu tentei não me perguntar como era. Como era ser amante de Sasuke. Como era pertence a ele por vontade própria.

Eu tentei não desejar me lembrar.  Mas, quanto mais eu me negava, mas eu imaginava como era a nossa vida juntos. Como nos tratávamos, se ele sempre fora arrogante e autoritário, ou se ele fora amável, gentil, do mesmo modo que Itachi era com Aynami.

Havia muitas perguntas rondando minha cabeça. Havia muitos “O que? Por que?” Na minha mente.

- O que poderia ter acontecido para que eu tirasse minha própria vida?

- Por que precisei me sacrificar pelo meu clã?

Eu me sacrificara e fora em vão.

Sasuke havia matado aqueles por quais me sacrifiquei.  Aqueles por quem  morri.

Seria irônico se não fosse trágico.

Eu não gostava de pensar sobre aquele assunto. Mas era inevitável. Era como uma dor de dente. Incomoda e impossível de controlar.

Eu me sentia tão angustiada e culpada. Era verdade que não sabia o que havia acontecido no passado, não tudo. Mas ainda sim, era angustiante pensar que pessoas morreram por causa de minhas escolhas. Mesmo que não me lembrasse delas. Eu sabia que elas haviam existido.

E toda aquela culpa que estava me consumindo era por causa de Sasuke. Por culpa dele.

 Eu pensei que seria tão melhor se ele não houvesse me revelado nada. Se eu não tivesse perguntado nada.

Se Sauke não tivesse aparecido na minha vida eu ainda seria eu mesma. A Sakura humana, com uma testa grande e um cabelo ridículo cor de rosa.

Eu ainda saberia quem eu era, e do que eu era capaz de fazer.

Eu perguntei milhares de vezes, mas não perguntei a alguém em  especial.  Talvez eu estivesse perguntando a mim mesma. “ O por que de Sasuke não ter me esquecido?” “O por que dele querer me castigar por algo que eu nunca me lembraria de ter causado?”

Era revoltante aquela angustia e culpa que eu sentia.

Eu acumulei dentro de mim todos aqueles sentimentos durante duas semanas.

Quando Sasuke finalmente voltara, não conseguir me segurar. Eu estava tão angustiada, que quando o vi sentado na cama em nosso quarto com a mesma expressão de que nada o atinge. Como se ele não se importasse com o turbilhão de sentimentos conflitantes que havia despertado em mim, eu explodi.

- O que você esta fazendo aqui? Perguntei. Ele parecera surpreso pelo tom na minha voz. Mas eu não dei importância.

- Não sentiu saudades minha...  Ele começou a dizer sarcástico.

- Quero que você suma daqui... Ordenei o cortando. - Seu idiota, por que você teve que entrar na minha vida? Por que você não me esqueceu... Por que?

Eu podia ver a incredulidade nos olhos negros dele. E isso me fez sentir uma raiva tão grande que  comecei a jogar todos os objetos que encontrei no caminho em direção a ele. Claro que ele desviou de todos. Mas mesmo assim não desistir.

Eu parti pra cima dele. Não fora a primeira vez que tentei agredi-lo e nem á ultima. Eu estava histérica e nem me importava se os alunos que ficavam no andar de baixo escutassem meus gritos.

- Por que você não me deixa em paz? Gritei enquanto tentava acerta-lo com meus punhos. – Por que você tem que transforma minha vida em um inferno?

- Saku... - Ele ia dizer.

- Cala a boca!  Apontei o dedo para ele o cortando. – Não diga meu nome... Seu vampiro cretino. – É tudo culpa sua.  -Eu estava arfando de cansaço quando me afastei dele. Mas a raiva que eu sentia estava longe de diminuir.

Ele não disse nada quando ativou o Sharingan e veio em minha direção. Eu me obriguei a continuar encara-lo, a minha raiva era tão grande que nem o medo dele usar suas ilusões em mim me fez desviar os olhos de seu olhar escarlate.

Quando ele fez menção de tocar em mim. Eu voltei a tentar socar ele, mas, no processo eu só machuquei minhas mãos.

- Não toque em mim! Gritei quando ele me jogou sobre a cama. E antes que eu movesse um centímetro ele estava em cima de mim.

– Essa raiva toda é só por que não consegue conviver com a culpa, Sakura?

- Cala a boca... é tudo culpa sua... Gritei tentando me soltar. – Foi você não... Eu... – Engasguei quando não conseguir mais segurar o choro que eu sentir vontade de soltar durante aquelas duas semanas.

E foi com muita raiva  que eu deixei as lágrimas rolarem por meu rosto. Deixando – o ver novamente como eu era fraca e patética.

Eu estava tão perdida que nem percebi quando ele mordeu meu pescoço.

***

Foi diferente. O modo como Sasuke sugou meu sangue naquela noite... Foi realmente diferente.

Levando em conta todo o ataque que fiz a ele, eu esperava que ele me fizesse sentir dor enquanto se alimentava de mim. Como um castigo. Mas, ao contrario do que eu esperava não havia dor. Pelo menos, não a dor física.

A sensação inicial de angústia e desespero que eu sentia quando as presas dele perfuraram meu pescoço se esvaíram como o sangue que eu sentia ser sugado por Sasuke, e foram sendo substituídas por uma sensação de letargia, era quase confortável.

Era como se não houvesse problema pertencer a ele. Era como se não tivesse tido importância todas aquelas ofensas que trocamos, porque no final seria somente ele e eu... Como um só.

Foi estranho por que em um momento eu estava quase me sufocando de tanta angústia e no outro era como se eu nunca tivesse chegado a sentir aquilo. Simplesmente eu não sentia mais raiva, confusão, ressentimento.

Mas eu não queria para sentir raiva, não queria parar de sentir ódio dele. Pelo menos não naquele momento. Por que sentir raiva de Sasuke era como se fosse uma válvula de escape para toda aquela loucura que havia se tornado a minha vida.

Se eu parasse de sentir que ele era o único culpado, não teria onde mais me esconder, eu me sentiria culpada. Só o pensamento que talvez Sasuke tivesse razão, só o pensamento que talvez eu fosse realmente a culpada por ele ter tirado a vida das pessoas a quem eu amei no passado era o bastante para me fazer querer continuar a ser a garotinha indefesa.

Pela primeira vez eu desejei continuar sendo a vitima. Sim. A vitima, porque era bem mais fácil e cômodo pensar que era apenas uma ironia do destino ter um sangue atraente para um vampiro arrogante.

Era bem mais fácil  ser a coitadinha indefesa, a inocente  injustiçada, ser a que todos sentem pena e dó. Era bem melhor pensar que Sasuke era o errado, o mal, do que me sentir culpada por coisas que não me lembrava de ter vivido.

Era egoísmo de minha parte. Eu sei. Mas não importava.  Naquele momento eu só queria pensar em mim, eu só queria continuar me sentindo tranquila e em paz com a minha consciência, naquele momento eu só queria não me importar com nada e... Ninguém.

Quando as presas dele se desencravaram do meu pescoço e Sasuke tentou se afastar, eu não deixei.

Eu não sei o que houve, mas, minhas mãos automaticamente seguraram a blusa que ele vestia tentando segura-lo ali, perto de mim.  Ele fez com que eu ficasse sentada em seu colo.

Eu não soltei a blusa dele em nenhum momento.

- O que você fez?  Perguntei sem fita-lo. Meu coração batia descontroladamente dentro do meu peito. Eu me sentia quente.

-Me alimentei... Ele respondeu baixo.

- Mas... Eu o fitei. Os olhos escarlates queimando os meus. – Eu... Raiva eu... Você...  -Tentei dizer.

- Quer voltar a sentir aqueles sentimentos novamente? Ele perguntou.

- Por que você é assim...? Perguntei.

- Hn... -  Era só um resmungo, mas, de algum jeito eu sabia o que ele queria dizer.

- Bipolar... - Falei.

- Hn...

- Pensei que quisesse que eu sofresse...

- Você vai sofrer, Sakura... - A voz dele soou aos meus ouvidos tão rouca e quente, que nem me importei com a ameaça.

- Onde você esteve?  Perguntei. Eu nem sabia o que estava fazendo. Eu estava fora de mim. Eu só queria mantê-lo ali. Perto de mim.

Ele voltou a cravar as presas no meu pescoço sem me responder. Eu não me importei. Novamente aquela sensação confortável pareceu fluir por todo o meu corpo.

- Se se oferecer para mim deste jeito...  - Sasuke disse quando retirou as presas do meu pescoço. – Vou acabar comendo-a toda...

- Não estou me oferecendo á você...

- Sim, esta...  Ele sussurrou no meu ouvido.  E eu me sentir molhada no mesmo instante.

- Você esta fazendo algo comigo... Eu...

- Você é minha... Uma das mãos dele soltou o elástico que prendia meu cabelo o fazendo cair sobre minhas costas. – Posso fazer o que  eu quiser...

Ele disse antes de grudar seus lábios nos meus.

Continua...