Sasuke havia me dito que me diria a verdade. Mas, eu, não sabia se deveria ou queria acreditar nela. Na verdade dele. Por que era totalmente irreal o que ele havia dito.

Há dois séculos atrás eu era uma vampira puro sangue assim como ele. Nós erámos amantes... Parceiros. Ele havia dito que eu o adorava, que fazia tudo por ele. Eu existia por ele... Para ele.

– O que houve com meu Clã? Perguntei. – Por que se eu era uma vampira puro sangue eu deveria ter um Clã, o que houve com ele?

– Mortos... Todos os vampiros do seu pequeno e inútil clã foram mortos. - Ele dissera sem emoção.

– Por quem? Perguntei. E com a expressão mais cruel que eu já havia visto, Sasuke disse:

– Por mim... Eu aniquilei todos, um á um...

– Por que... Você os matou? Perguntei chocada.

– Por sua causa... Ele disse.

– Você é louco... Foi á única coisa que conseguir dizer.

– Você foi á culpada? Sasuke falou frio. – Você causou a morte de todo o seu clã, Sakura.

– Eu não acredito em você - Gritei. – Eu...

– Por que eu mentiria para você? Segurando meu rosto com ambas ás mãos, Sasuke me fez fita-lo nos olhos cor de rubi. - Eu não estou mentindo Sakura, eu os matei por sua causa.

– Por que? Era a única coisa que eu conseguia perguntar.

– Por causa deles você se matou... Eu te odiei tanto quando você se matou para salva-los, mas... eu, os odiei mais ainda por que foram eles que te sacrificaram.

Eu não sabia o que dizer. As perguntas que haviam rondado minha mente desapareceram quando Sasuke dissera aquelas palavras. Havia tanto ressentimento na voz dele, que meu coração se apertou.

– Eu te amava tanto Sakura, mas você não confiou em mim, eu iria protege-la de todos, mas você preferiu morrer por eles do que viver por mim.

Ele parecia tão ferido e magoado... Humano até. Os olhos dele eram como espelhos, refletindo tudo que ia em sua alma.

Ele tinha raiva. Eu podia sentir. Ele sentia muita raiva de mim. Pelo que eu fiz a ele no passado, em outra vida que não me lembrava de haver tido ou vivido.

E eu decidi naquele momento que não queria saber.

Eu não queria saber daquela suposta outra vida que eu havia tido. Eu estava dando graças a Deus por não me lembrar dela. O que quer que tenha havido ou acontecido á dois séculos atrás não me importava eu não queria saber. Eu já havia morrido e com certeza pago pelos meus pecados. Eu não precisava me martirizar por algo que não me lembrava.

– Eu te amava e você destruíu esse amor...

– Já parou para pensar que talvez não seja eu? Perguntei. Eu tinha que tentar faze-lo entender que talvez estivesse errado, talvez não fosse eu quem ele havia amado no passado.

– Acha que eu esperei tantos anos para me enganar - Ele disse. – Acha mesmo que com uma desculpa tão tola vai se livrar de mim, Sakura?

– Não foi isto que eu...

–É você - Sasuke me cortou irritado. – Você veio exatamente igual á no passado, os olhos, o cabelo, o corpo, nem mesmo o nome que te deram é diferente.

– Mas...

– E mesmo que você viesse com outra aparência eu saberia que é você.
– Como?

– A sua alma é minha... Eu a tomei para mim quando você se matou... O ódio que eu alimento por você é como uma maldição que te prende a mim.

Então era aquilo, Sasuke me odiava, e eu não sabia se a sensação ruim que apertava meu peito era de tristeza ou por que me negava a acreditar no que ele dizia.

– Não importa quantas vezes você morra ou renasça, você sempre será minha, eu te farei pagar...

– Não espere que eu me arrependa de algo que não me lembro... - O Cortei. – Não ache que irei aceitar sua tirania só por que você acha que tem algum direito sobre mim – Gritei. - Eu não me importo com o que houve no passado, eu não me importo se fui á causadora do seu sofrimento, aliás, que, eu nem sei se acredito no que você me disse... Eu não deixarei que você faça de mim um Mártir... - Eu estava arfando. – Se o que você disse realmente for verdade eu sugiro que esqueça, pois a Sakura que viveu por você em outra vida não renasceu nesta.

Quando terminei de falar nem eu mesma acreditava que havia sido eu mesma a dizer todas aquelas palavras. E o mais inacreditável era que eu não me arrependia de nenhuma delas. Talvez por ser tudo recente demais, ou talvez por que eu não acreditava em toda aquela loucura.

De alguma forma depois daquela conversa com Sasuke eu não me sentia “tão no escuro” eu não me sentia tão indefesa e vítima das circunstâncias. Era como se eu soubesse como agir com ele dali pra frente. “Eu não estava mais pisando em cascas de ovos”.

Eu podia entendê-lo. No fundo eu o entendia. Ele havia sofrido, ele ainda sofria com todo aquele ódio e ressentimento que guardava por mim. É claro que eu entendia que para ele o passado era real, real demais até. Ele se lembrava perfeitamente do que havia acontecido. Ao contrario de mim ele não havia morrido ou se esquecido. Ao contrario de mim o passado para ele havia sido ontem, e para mim o passado nunca havia existido.

Mas, apesar de entendê-lo. Eu não poderia deixa-lo pensar que aceitaria tudo o que ele quisesse fazer comigo.

Como já disse eu não me arrependia de ter dito todas aquelas palavras para Sasuke. Mas isso não queria dizer que eu estava orgulhosa do que havia dito a ele. Eu havia sido cruel e egoísta, e tinha plena consciência daquele fato.

De algum modo, ou talvez tenha sido só intuição, eu sabia que se eu mostrasse a ele que havia ficado abalada com aquela revelação, Sasuke iria usar meus sentimentos contra mim. Ele iria se vingar de mim usando a culpa que eu sentia. E aquilo eu não poderia suportar.

– Então a doce Sakura- Chan - Sasuke disse irônico. – Não se sente culpada pelas mortes daqueles a quem amava?

O olhar dele voltou a ser sem emoção e sarcástico. Não havia nenhum sinal de sofrimento na expressão dele. Novamente ele estava irritado

– Não me lembro deles - Respondi reunindo a escassa coragem que havia em mim. – Não vou sofrer por algo que não me lembro de ter causado.

– Acha que pode me enganar? Sasuke disse baixo enquanto se aproximava mais de mim. – Acha que não sei quando esta mentindo? O tom de voz dele aumentou bruscamente. E novamente ele apertou meus braços no mesmo local onde ele havia apertado antes. Eu tive que fazer um esforço enorme para não gritar de dor.

– Eu posso ouvir seu coração, Sakura... Eu sei quando esta mentindo... Sei quando tenta esconder algo de mim... Eu sei tudo sobre você.

– Sasu...

– Eu sei o que você esta tentando fazer... – Me cortou. – Quer que eu acredite que não se importa para que eu não use isto contra você... Mas você é uma tola ao pensar que pode me enganar, por que eu sei que o que você quer fazer é correr para os braços da mamãe e chorar até adormecer como uma garotinha que descobriu que não é tão boazinha como pensava... Descobriu que é uma maldita e egoísta garotinha...

– Cale a boca – Gritei. – Cala essa sua maldita boca...

Eu estava a ponto de chorar e com muita raiva de Sasuke. Por que não importava o tanto que eu tentasse passar por cima dele, ele estava sempre a minha frente.

Como ele poderia saber tudo que ia por dentro de mim... Eu não queria me mostrar vulnerável perante ele. Eu não queria que ele tivesse mais uma vantagem sobre minha vida.

Mas não, novamente deixei minha máscara cair quando não consegui mais segurar as lagrimas que eu havia tentado inutilmente conter.

Novamente eu estava sendo fraca e emocional, quando o que eu queria era me mostrar forte e racional.

Sasuke tinha o dom de cutucar onde mais doía em mim. E eu realmente quase cheguei a odiá-lo por isto.

– Eu o odeio tanto... - Eu disse. – Eu o odeio muito...

– Isso mesmo... - Sasuke me cortou. – Me odeie... As presas dele se sobressaíram e ele se inclinou em direção ao meu pescoço. – Me odeie assim como eu odeio você... Me odeie... E assim eu sempre terei você.

Quando Sasuke sugou meu sangue eu desejei que ele o tomasse todo, desejei que drenasse toda a vida que havia em mim para que eu não pudesse sentir nenhuma daquelas emoções de tristeza e desespero que sufocava meu coração. Eu desejei não ter nascido... Eu desejei não existir...

Continua...