Eu batia meus indicadores um contra o outro debaixo das cobertas enquanto  via Sasuke  vestir uma camisa social preta combinando com a calça da mesma cor. Ele estava de costas para mim.

Meus olhos intercalavam em olhar para ele e para relógio que ficava em cima do criado mudo ao lado direito da cama. As horas marcavam vinte e uma e trinta.

Eu estava ansiosa para colocar minha ideia em pratica. Tanto, que não via a hora de ver Sasuke sair do quarto.

Sinceramente eu estava torcendo para que aquela reunião de puros sangues demorasse muito tempo. Assim eu teria tempo para ver Ino.

Eu sabia que não seria fácil invadir a ala Sul. Apesar de ter dito a Tenten que havia esquematizado tudo. Era mentira.

Eu não tinha a mínima ideia de como conseguiria encontrar com a Ino e muito menos como passar para o outro lado do muro de pedras frias que cercavam aquela área.

Eu estava contando com o meu dom para improvisação. “Não que eu tivesse realmente um”

Eu vi Sasuke se virar em minha direção e prendi a respiração. Ele estava lindo.

O terno caia muito bem nele. Ele nem parecia um vampiro. Parecia mais um dono de uma empresa milionária. 

O terno deu a ele um ar mais misterioso e perigoso.

A face dele como sempre estava séria e insondável. E eu me peguei pensando se existiria alguém capaz de descobrir o que se passava na cabeça dele.

- Gosta do que ver, Sakura?   Meus pensamentos foram interrompidos pela voz grave dele.

Eu sentir meu rosto pegar fogo. Eu sabia que estava vermelha, igual a um pimentão.

Ele me fitava. Eu posso jurar que vi um brilho de divertimento naquelas íris negras.

Antes mesmo de eu conseguir pensar em algo para responder, suas mãos frias já tocavam minha face.

Ele estava próximo demais. As pontas de nossos narizes quase se tocavam.

Lentamente ele mudou a posição, e sussurrou em meu ouvido esquerdo.

- Eu perguntei...  Se gosta do que ver?...

Eu arfei quando sentir o hálito dele no lóbulo de minha orelha. Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.

- Por que será que a “Sakura- chan”,  fica tão calada quando estou por perto? Ele perguntou sarcástico.

Eu poderia responder á ele dizendo que era por que ele me deixava nervosa e ansiosa.  Mas, nada saia da minha boca. Era como se eu perdesse a fala.

Era bem mais fácil lidar com um Sasuke “cruel e direto”, do que com um “jogador e charmoso”.

Quando Sasuke era autoritário e possessivo era mais fácil lutar contra ele, o meu lado rebelde batia contra o lado cruel dele, e isso nos deixava como “gato e rato”. Mas, quando ele resolvia ser charmoso e envolvente, eu simplesmente não tinha reação. “Eu me entregava totalmente a ele”. Sem pensar.

Uma das mãos dele deslizou por baixo do coberto e agarrou minha cintura.

- Será que é por que a deixo nervosa?

Ele voltou a me fitar. Seus lábios gelados  roçaram-se levemente nos meus, como se fossem me beijar.

E eu me peguei desejando o beijo, e meus olhos se fecharam em antecipação.

- Não saia do quarto... – Eu o ouvir dizer.  E quando abri os olhos estava sozinha.  Sasuke havia saído.

Eu tentei ignorar a frustação que tomava conta de mim. “Eu me recusava a me sentir desapontada por causa do beijo que não aconteceu. Eu não podia, eu não devia desejar o toque dele, os lábios dele”.

Com esse pensamento levantei – me da cama e fui direto para o guarda roupas, eu já havia separado a roupa que usaria para tentar entrar na Ala Sul.

Um jeans velho e uma blusa de moletom verde, e um par de tênis. Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo alto.

Quando olhei minha aparência no espelho eu sorri imaginando o que Ino diria quando me visse. Com certeza seria algo como “que roupas são essas”? ou um indignado  “Assim que tivermos uma folga da Escola iremos as compras e jogaremos essas roupas horríveis fora”

Ino era muito previsível. 

Eu verifiquei se a porta do quarto estava trancada, quando constatei que sim retirei a chave e coloquei no meu bolso.

Como Sasuke só saía ou entrava no quarto através da janela eu nem precisava me preocupar para o caso de ele a procurar. Apaguei a luz e fui ao encontro de Tenten.

Eu não podia sair pelo corredor por causa dos monitores que vigiavam os quartos, por isto resolvi usar a enorme e antiga arvore que praticamente grudava seus grossos galhos na janela do quarto.

Quando eu pisei no galho da arvore, o vento soprou forte prometendo uma tempestade. Eu olhei para o céu sem nenhuma estrela e pude ver relâmpagos iluminarem as cinzentas nuvens.

Eu não tive dificuldade nenhuma para descer da arvore. “Isso graças a minha infância”.

O caminho até o jardim foi extremamente tranquilo, não havia nem sinal de monitores. Eu fiquei imaginando o motivo de tudo está tão calmo.
  
- Está atrasada. - Eu disse, assim que vi a silhueta de Tenten vindo em minha direção.

- Nem vem que a culpa não é minha. Ela disse, enquanto fazia gestos com as mãos. – o Neji apareceu e tive que esperar ele sair para a tal reunião.

- Você não deu com a língua nos dentes, não é? Eu perguntei.

- Claro que não.

- Ah bom, por que ele também não pode saber.

- Desse jeito, você me deixa triste, Sakura... – Ela fez manha. – Onde está sua confiança em mim?

Eu olhei diretamente para o rosto dela. Ela estava com a expressão de uma pessoa extremamente magoada.

- Me desculpe. - Pedi sem graça.  E me assustei com o som da risada dela.

- Sakura, você é muito ingênua. 

 - Eu... Eu...  - Gaguejei. – Não acredito que você estava fingindo.

- Sou uma ótima atriz, confessa. Ela brincou.

- Sério que me sentir culpada aqui. Eu disse. – Tenten você é impossível.

- Não faça drama. Ela disse, enquanto passava por mim. – É melhor irmos, não podemos correr o risco de nossos vampiros voltarem antes de nós.

- Não diga nosso. Eu a corrigi, e passei a segui-la.

- Sakura , não  complica.

A ala sul, onde ficava a “Turma da noite” era afastada das outras alas da Escola. O caminho que Tenten e eu seguimos, passava por dentro do jardim .

A caminhada dava uns três quilômetros, se fossemos pelo caminho da Escola que interligava as alas, andaríamos metade do tempo.
Tenten e eu caminhávamos lado a lado. E por incrível que pareça, caladas.

-Sakura... ?

- Sim.

- Tem certeza... Que quer fazer isto? Tenten perguntou hesitante.

- Claro!. - Respondi na mesma hora. Tenten me fitou com dúvida e eu pude ver um pouco de medo nela. E algo estralou dentro de mim.  "Eu havia sido egoísta".

- Me desculpe... Eu pedi. E Tenten arregalou os olhos. – Eu não devia te envolver nisso.

Eu havia sido mesquinha e irresponsável quando chamei Tenten para tentar invadir a Ala Sul comigo.

Eu não havia parado para pensar nos riscos, caso algo desse errado. Tenten poderia se machucar e o pior, eu não tinha a mínima ideia de que tipos de seres se encontravam atrás daquele muro.

- Sakura, não foi isso que eu quis dizer...

-Não Tenten... - A cortei. – É muito arriscado... Se alguém nos pegar,  vamos estar encrencadas, é melhor voltarmos.

- Bom, eu estava pensando em outra coisa. Ela disse. - Em que? Perguntei sem entender.

- Que tal nós irmos a uma festinha que esta rolando na Cidade?

Meu queixo literalmente caiu.

- Eu não acredito que estava aqui todo preocupada ... e... Você pensando em festinhas...? 

- Calma Sakura, você é muito paranóica. Ela disse enquanto revirava os olhos. - Uma festa é bem mais interessante do que invadir a Ala Sul, não é?

Cruzei os braços enquanto ouvia ela explicar.

- Bom, a festa é de uma amiga minha e eu estou muito afim de ir... Ela tomou fôlego. – Então já que estamos fora dos nossos quartos que tal irmos?

- Eu não estou vestida para uma festa. Respondi o óbvio.

- Já tenho tudo esquematizado. Ela sorriu marota. – Por favor... plis...

Foi a minha vez de revirar os olhos.

Continua...