Céu... vermelho ... frio

 Eu sentia  o frio se espalhando em cada parte do meu corpo, o céu ainda estava vermelho sangue , só que agora eu conseguia ver a lua cheia ,brilhando pálida como se estivesse fraca ,não havia nenhum som,não havia nada a não ser o céu, a lua e eu ,não sentia nada era como se só existisse minha consciência não havia corpo, o  frio não me incomodava mais ,eu não possuía mais tato ,olfato, audição, a não ser meus olhos que se fixaram no céu ,não existia nada mais .

Visão... olhos, olhos vermelhos , eu os via agora , eles me olhavam fixamente,o medo voltou  e com ele os meus sentidos , o frio veio mais forte ,eu tentei me encolher ,mas meu corpo não respondeu ,os olhos se aproximavam ,cruéis e implacáveis eu quis gritar , mas o grito não saiu ,minha garganta queimou e eu sufoquei,o desespero estava tomando conta da minha mente ,eu queria correr,eu queria gritar eu queria... morrer...

O PI PI  PI ,do relógio digital me acordou ,minha cabeça virou para esquerda automaticamente e meus dedos buscaram o botão de desligar ,o PI PI PI  foi embora mas os números marcando 05:20, ainda piscavam em vermelho me mostrando as horas,eu ainda tinha dezenove minutos para ficar na cama ,antes de  me levantar para ir a aula . Me levantar foi a coisa mais difícil que eu fiz durante a manhã ,ao tocar com  os pés o chão , meu corpo inteiro protestou,tudo em mim doía desde a raiz dos cabelos ate as ponta dos pés.

A aula de Historia do Professor Hisash, estava menos interessante do que nas outras Sexta Feiras , eu me sentia tão cansada e dolorida que até respirar estava sendo difícil, e aquela sensação incomoda de ser vigiada não saia de minha mente ,eu nunca fui paranóica mas aquilo era forte demais para ser ignorado . Um bilhetinho misterioso parou em cima da minha carteira eu o peguei distraidamente e o abri.

 O que há com você  ,teve sonhos ruins?

Aquela era a letra de Ino  minha amiga, as vezes eu achava que ela tinha poderes paranormais, quando eu ia responder o bilhete o sinal anunciando o final da aula soou, em dois segundos ela estava do meu lado.

- Você esta com uma cara péssima.

- Impressão sua. – Eu respondi.

- Você precisa comer e beber, ela disse sorrindo.

Se fosse uma sexta Feira comum ,eu teria concordado com ela  , mas não aquela , eu não estava normal .

- Sente-se  ai que eu vou buscar comida.

Ino era minha amiga ,desde que eu entrei na Escola Flor Negra,era loira e tinha olhos azuis lindos ,não era nem um pouco tímida ,ao contrario era super escandalosa e extrovertida, eu dava graças a Deus por ter ela naquela escola para me fazer companhia, não que eu não tivesse amigos é claro que eu tinha ,mas a Ino era diferente ,perto dela eu não me sentia deslocada .

- A comida chegou.

Eu olhei para a bandeja que Ino colocou sobre  mesa e me assustei ,suco de laranja com cenoura e sanduiche natural? ,acho que Ino também não estava bem ,ela pareceu perceber minha confusão e disse .

- Isso é para você não correr o risco de ficar anêmica.

Eu lhe lancei um olhar, tipo: Você está louca e disse:

- Eu nunca fiquei anêmica.

- Isso até hoje, as coisas mudam Sakura.

Não sei mas aquelas palavras soaram como uma premonição aos meus ouvidos ,eu resmunguei um ,Hun e comi o lanche ,e até que não era ruim. Na último pedaço do sanduiche eu ouvir Ino dizer :

- Hoje é sexta , dia de nós escaparmos da Pétala  Negra.

- Podemos deixar para a outra sexta-feira? , Eu perguntei, mesmo sabendo a resposta.

- Nunca! Sexta é sagrada Sakurinha e você sabe.

Eu ia tentar persuadia-la  a mudar de idéia ,mas o sinal tocou anunciando o fim do intervalo .No final da aula me despedi de Ino que disse.

- TE espero no final do jardim as nove da noite ,não se esqueça, Sakura .

Eu concordei com a cabeça ,não estava muito afim de conversar naquele dia e isso era raro eu sempre falei muito ,muito mesmo ,me direcionei para a biblioteca ,não estava com um pingo de vontade de ir para o meu quarto ,aquele sonho não saia da minha cabeça ,principalmente aqueles olhos vermelhos ,só de lembrar os pelos do meu corpo se arrepiavam ,é ,com certeza a biblioteca era a melhor opção.