The Princess And The Son Of Hades escrita por lara_di_angelo


Capítulo 61
Capítulo 61


Notas iniciais do capítulo

então, né... nem adianta pedir desculpas... dessa vez foi imperdoável, eu sei
se alguém ainda estiver lendo, minhas sinceras desculpas... eu estou enlouquecendo aqui
obrigada a quem mandou reviews, esse capítulo é para vocês
e meu obrigada especial a Thalia Grace, gicalina e leiturasemserie que recomendaram a fic (amei de paixão)
espero que gostem do capítulo, boa leitura



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CAPÍTULO 61

MUNDO INFERIOR

POV's Narradora

“Quer parar de andar de um lado para o outro? Está me deixando irritado e olha que é muito difícil me irritar de verdade.” o rapaz loiro estava sentado displicentemente no trono negro de ossos fundidos e revirou os olhos teatralmente. “Além disso, Perséfone vai te matar se você cavar um buraco no chão”
“Cale a boca, Apolo. Esse jogo está ficando perigoso para nós dois e para ela e você sabe muito bem disso!” esbravejou o homem de terno, que ignorando o comentário do mais jovem, continuava a marcha furiosa. “Não é hora de brincadeiras! E saia do meu trono imediatamente!”
“Relaxe.” Apolo revirou os olhos dourados, mas depois de mais alguns segundos, sentiu a força assassina dos olhos negros de Hades. “Okay, já estou levantando” resmungou.
“Ele já viu a irmã, posso sentir isso, Apolo.” Hades estava perceptivelmente muito nervoso, coisa que o deus do Sol achava ser quase impossível. “Logo ela irá despertar.”
“Eu sei. Posso sentir que isso se aproximando...” a frase pairou num sussurro quase inaudível, que no entanto parecia ressoar no ar parado do Submundo.
“Não é prudente falarmos aqui, vamos para um lugar mais reservado”
Como que para comprovar a afirmação do senhor da morte, passadas leves e ritmadas fizeram-se ouvir.
“Desculpe, meu senhor. Estou interrompendo algo?” a voz melodiosa de Perséfone fez com que uma minúscula sombra de alegria ardesse nos olhos negros e geralmente inexpressivos de Hades. Ela era mesmo muito bela, e apesar do que diziam, ele a amava realmente.
“Ah, claro que não” Apolo deu uma piscadela para ela, que deu um sorriso em resposta. Hades trincou os dentes.
“Na verdade, eu e Apolo precisamos conversar à sós, querida. Estamos indo para meu escritório, não deixe que nos interrompam, sim?”
“Claro, meu senhor” ela baixou os olhos de forma submissa, fazendo Hades reprimir um sorriso. Quem a via assim não sabia como ela realmente se comportava quando estavam sozinhos.
Os dois deuses andaram lado a lado pelos corredores extensos e sombrios do palácio do senhor da morte e em poucos minutos estava devidamente acomodados no luxuoso escritório do mesmo.
Apolo sentava da mesma forma relaxada num sofá negro e Hades estava rígido de tão sério, encarando firmemente o deus do sol.
No fundo, os dois compartilhavam da mesma tensão, da mesma sensação de medo, mas se recusavam a demostrar isso devido ao orgulho.
“Precisamos agir, se alguma coisa der errado, é o fim deles e de nós dois, e de quem mais estiver envolvido nisso”
“Acha que não sei?” Apolo se irritou, se endireitando e ficando ereto. “Eu estava lá quando você e minha irmã resolveram aquela maluquice, esqueceu? Eu ajudei vocês, então não venha agir como se eu fosse um completo idiota!”
Hades se surpreendeu com a mudança no humor de Apolo, que realmente não era tão irritável quanto ele.
“Tudo bem...” murmurou Hades. Ele definitivamente não estava pronto para escutar um ataque do outro. “Me desculpe, não quis ofender”
“Ótimo.” Apolo cruzou os braços e ficou encarando Hades por alguns segundos antes de começar a rir histericamente. “Você tinha que ver sua cara! Deuses, aquelas horas observando Ares realmente valeram a pena.” ela falou entre as risadas que sacudiam seu corpo. Hades o olhava furioso.
“Apolo! Não estamos aqui para brincadeiras idiotas! Temos coisas importantes para discutir... não temos  tempo para essas idiotices!”
“Você é muito chato”
“Você que é um idiota completo! O encontro de meus herdeiros não é nosso maior problema e ambos sabemos disso. O que você acha que Zeus vai fazer conosco quando descobrir a existência da criança?”
“Ele já sabe” o senhor do Sol ficou na defensiva.
“Mas não sabe o que ela é. E quando ela descobrir... o que não está muito longe de acontecer...”
“Eu sei!” suspirou Apolo, que pareceu envelhecer diante da constatação do outro.


SOLLARIA

POV's Stella

O pôr-do-sol é um dos momentos mais bonitos do dia, especialmente se você o assiste abraçada na pessoa que você mais ama.
Infelizmente, eu e Nico somos meio-sangues, então com certeza alguma coisa aconteceria para estragar nosso momento.
No caso, uma MI fez o trabalho. Quando o rosto de Clarisse apareceu em nossa frente, eu e Nico nos separamos e adotamos uma postura mais séria assim que notamos a expressão nervosa que ela tinha.
Clarisse nervosa é uma coisa muito assustadora de ver, porque em geral filhos de Ares tem um ego muito grande quando se trata de sua capacidade nas batalhas. Tudo bem, que eu não tinha certeza se era sobre isso que ela queria falar, mas por que outro motivo ela tentaria falar conosco?
“Clarisse, o que aconteceu?” perguntei, preocupada.
“Não sabemos exatamente...” Ela ficou em silêncio em alguns instantes antes de prosseguir. “Alguns de nossos campistas sumiram durante a noite.”
“O quê?!” eu e Nico gritamos em uníssono. “Mas como...” minha frase ficou inacabada.
“Não sabemos como aconteceu, mas hoje pela manhã, Percy, Ethan, Will Sollace, os gêmeos Stoll e Jake Mason tinham sumido. Bem debaixo do nosso nariz” a última parte foi dita com raiva. “Precisamos de esforços, Annabeth tá pirando, nem Quíron consegue acalmar ela... perdemos nossa melhor estrategista... está uma confusão... alguns estão dando sinal de que vão mudar de lado... Apolo e Hades não foram para a última reunião do Conselho Olimpiano... tá tudo desabando” por incrível que pareça, Clarisse parecia prestes a chorar.
“Calma, Clarisse, nós estamos indo o mais rápido que pudermos, okay?” eu tentava parecer mais confiante do que estava, mas um péssimo pressentimento crescia dentro de mim, um sentimento de perda parecia querer tomar conta de todo meu ser.
“Venha rápido” pediu ela, enquanto nossa conexão era cortada.
“Temos que ir agora” Nico falou, me olhando preocupado. “Não acho que você deva ir, mas sei que isso seria egoísmo de minha parte. Não posso privar eles de uma arqueira tão brilhante.”
“Eu sinto o mesmo... não quero que você se machuque, mas não conseguiria te convencer a ficar, e nem seria capaz de tirar um espadachim tão bom de nosso exército” falei, sem conseguir olhar nos olhos dele, porque agora o sentimento de perda não estava apenas ameaçando tomar meu corpo e minha alma, ele já tinha atingido esse objetivo.
“Thalia me mandou uma MI, temos que voltar agora” as palavras de Claire chegaram em meus ouvidos quando ela entrou no quarto tão apressada que quase arrombou a porta. Ela estava com jeans, uma camisa branca, a parca prateada das Caçadoras e uma mochila também prateada nas costas.
“Sabemos, falamos com Clarisse a pouco” Nico falou rispidamente. Ele ainda não se dava muito bem com Caçadoras por causa de Bianca.
“Alguém tem que avisar a Dani, ela pode ir conosco” lembrei.
“Eu vou, já estou pronta”
Claire saiu do quarto com tanta rapidez quanto entrou. E eu não esperei nenhum segundo antes de começar a enfiar algumas coisas numa mochila preta.
Depois de meia hora, eu e Nico estávamos prontos esperando Claire, Dani e Mary.
Pela segunda vez, a porta de meu quarto se abriu num rompante.
“Nico...” Sophie ficou parada nos olhando confusa. Pela segunda vez, ela estava em transe olhando fixamente para Nico. Dessa vez, aquilo me incomodou profundamente. Parecia que eles eram velhos namorados se reencontrando depois de anos. Era como se o mundo inteiro tivesse desaparecido quando os olhos azuis dela se encontraram com os negros dele.
Ela se adiantou vacilante em direção a ele, com a mão estendida à frente. Ele também andou até ela, a olhando com uma coisa que eu só consegui definir como adoração.
A mão dela pousou na bochecha dele.
“Nico...” ela repetiu. “Meu irmãozinho...”
“Bianca...”
E então foi como se uma explosão acontecesse. Eu fui arremessada até minhas costas baterem em alguma coisa dura que fez o ar escapar de meus pulmões e minha visão se encher de pontos luminosos.
Quando consegui ficar de pé, vi Nico em um canto do quarto e Sophie noutro. Mas ela não era Sophie.
Era uma garota de cabelos e olhos tão escuros quanto os de Nico, mas com o mesmo rosto delicado de minha prima.
“Sophie?” perguntei, hesitante.
“Não” ela murmurou, com a mesma voz suave. “Sou Bianca di Angelo”
“Mas como?”
“Não sei” ela me olhou confusa.
“Bianca?” Nico chamou, ainda no mesmo lugar que estava antes. Ele parecia ter medo de acreditar e depois descobrir que era apenas um sonho.
“Estou aqui, Nico” em segundos os dois estavam abraçados, eu percebi que era um momento muito íntimo e que eu não devia me intrometer nele, então saí do quarto sem fazer barulho e fui procurar Dani e Claire.
Eu andava distraída pelos corredores, minha mente estava numa desordem completa. Eu mal conseguia me concentrar no que estava fazendo.
Primeiro, tinha Bianca. Como ela voltou assim do nada? E como minha prima, que eu conhecia desde sempre, era na verdade a irmã de Nico, que morrera alguns anos atrás? Por que alguém iria fazer Bianca voltar à vida? Eu sei que isso era uma coisa boa para Nico, mas eu ainda não tinha decidido se fora um aliado ou um inimigo quem nos fez esse favor.
Segundo tinha a coisa do Acampamento. Sequestraram alguns dos melhores campistas bem debaixo do nariz de todos os meio-sangues. Jake, Percy, Will e os Stoll são os conselheiros de seus respectivos chalés não é uma coisa fácil pegar todos eles assim tão facilmente. E aquilo estava me preocupando muito.
Distraidamente, passei minha mão no bracelete que Ártemis tinha me dado. A superfície fria era coberta de baixos relevos com desenhos tribais e um pequeno nome estava em grego antigo. Λυκόφως, Crepúsculo, meu bracelete de prata banhada no rio Stix, se entrelaçava em meu braço de forma graciosa. Em meu pescoço, o pingente que eu ganhara de Apolo me dava uma sensação de conforto. Desde que eu descobri que o bracelete tinha um nome, eu resolvi que seria justo que o pingente também tivesse. Defesa e Ataque, Crepúsculo e Aurora, o anoitecer e o amanhecer. Eu sorri com a comparação.
Mas logo as preocupações tomaram conta de meus pensamentos novamente, e qualquer vestígio de sorriso que meu rosto apresentava foi aniquilando sem piedade.
Eu sentia como se o peso do céu estivesse sobre meus ombros, fracos demais para suportá-lo. Eu não sentia nem um pouco da confiança que tentei mostrar a Clarisse. Eu não era tão forte assim e estava prestes a desabar como um castelo de areia construído muito perto do mar. Estava tão impotente quanto uma folha levada pelo vento. Eu estava completamente à mercê dos acontecimentos.
“Está tudo bem?” uma mão pousou em meu ombro. Me virei assustada. Além de impotente, estava paranoica, ninguém merece.
“Sim” murmurei, forçando um sorriso para minha mãe.
“Está tão pálida, querida” ela tocou minha bochecha.
“Não é nada...”
“Tem certeza? Podemos chamar um médico” desde que eu tinha voltado de meu sequestro, ela estava meio exagerada com essas coisas, mas acho que isso é coisa de mãe.
“Tudo bem, mãe. Só estou indo para o quarto de Claire” dei outro sorriso e me apressei a sair de perto dela, antes que começasse a chorar, temendo que nunca mais visse o rosto dela.
Antes que conseguisse chegar ao quarto de Claire, ela, Mary e Dani me encontraram.
“Tudo bem com você” Dani franziu a testa quando se aproximou de mim.
“Tudo” respondi. Eu teria que melhorar minha expressão se queria passar sensação de confiança aos outros.
“Stella...” a voz dela tinha um tom de aviso.
“É sério. Eu estou bem” falei. “Vamos, temos que chegar ao Acampamento o quanto antes”
Então nós quatro atravessamos os corredores iluminados do meu castelo, de minha primeira casa, a cada passo nos aproximando mais do nosso destino no campo de batalha que tinha se tornado minha outra casa: o Acampamento Meio-sangue.
Quando chegamos no meu quarto, Nico e Bianca conversavam em voz baixa, enquanto ela acariciava a sra. O' Leary. A cabeça de Nico se virou quando eu entrei.
“Estão todas prontas?” ele perguntou, se levantando.
“Sim” respondemos.
“A sra. O' Leary vai levar Mary, Dani e Claire primeiro. Nós vamos depois”
Enquanto Nico ajudava elas se arrumarem na sra. O' Leary, Bianca se aproximou de mim.
“Obrigada” ela murmurou. Olhei para ela confusa. “Por cuidar dele por mim” ela olhou para Nico. Eu dei um sorriso.
“Não há motivo pra agradecer a mim. Ele que cuidou de mim durante todo esse tempo.” respondi. “Acho que eu machuquei ele mais vezes do que curei” admiti, envergonhada.
“Não... eu conheço ele. Você fez muito bem ao meu irmão.”
“Não tanto quanto ele fez para mim”
“Pronto, agora é só esperar ela voltar” a voz de Nico nos distraiu de nossa conversa.
“Não precisa” falei, sorrindo. “Observe” joguei meu anel para o ar e ele se transformou no cetro do Sol enquanto rodopiava. “Segurem em mim” instrui. Eles se entreolharam. Senti a mão de Nico se entrelaçando com a minha e o mesmo fez a de Bianca.
Depois de alguns segundos, nós aparecemos no topo da Colina Meio-Sangue ao lado de Peleus.
Na base da Colina, dentro das fronteiras, eu via a sra. O' Leary trotando em nossa direção e eu podia jurar que ela tinha um olhar de irritação quando nos viu.
“Incrível” sussurrou Bianca. Não consegui impedir que um sentimento de orgulho brotasse em mim.
“Vamos, acho que alguma coisa está dando errado” Nico nos apressou, já correndo colina a baixo. Eu fui atrás dele, mas percebi que Bianca estava muito nervosa.
“Não acho que eles vão ter uma boa reação se quando eu aparecer, afinal, era para eu estar morta”
“Fique no seu chalé. Depois nós levamos Annabeth ou Quíron, eles vão saber o que fazer” ela assentiu, concordando comigo e eu corri atrás de Nico.
“O que está acontecendo?” perguntei para ele quando consegui atravessar a multidão que se acumulava  perto do refeitório.
“Ainda não entendi direito” ele respondeu. “Mas eu acho que o chalé de Éris está desistindo do Acampamento”
“Por que eu não me surpreendo?” resmunguei, me lembrando da traidora Jane.
“Clarisse está perdendo o controle” alguém comentou. Eu me espremi pela multidão até conseguir enxergar alguma coisa.
“Você é tão estúpido quanto está parecendo?!” Clarisse gritava. Ela estava completamente vermelha e a expressão dela estava tão enfurecida que eu estava surpresa por ela ainda não ter sacado a lança elétrica da qual ela tanto se gabava.
“Vocês que são estúpidos!” gritou o novo conselheiro chefe do chalé de Éris. “Os deuses estão deixando todos vocês cegos! É tudo que eles fazem!” ele apontou para os outros campistas.
“Você é louco!” alguém gritou.
“Não, vocês são loucos!” ele gritou de volta. “É insanidade lutar numa guerra por quem não faz nada para a gente! É burrice!”
“Então agora você está do lado de Céos?” Nico ficou ao lado de Clarisse. Encarando não só o garoto de Éris, como cada um dos outros campistas com os olhos ardendo como um fogo negro que ao invés de queimar, congelava dolorosamente quem quer que estivesse o vislumbrasse.
“Não.” ele rebateu, se esforçando para fingir que não estava intimidado pelo olhar furioso de Clarisse e o congelante de Nico. “Estou dizendo que nenhum de nós, filhos de Éris, vai participar dessa guerra. Estamos retirando nosso apoio.” ele marchou para longe, de volta ao chalé de Éris, sendo seguido por várias crianças e adolescentes que certamente eram seus irmãos.
“Ótimo! Não precisamos de você e de seus estúpidos cachorrinhos” gritou Clarisse. “O que vocês estão olhando?” ela se virou para os observadores. “Não tem o que fazer não? Vão polir suas armas, treinar ou fazer qualquer coisa útil.” as pessoas começaram a se dispersar. “Reunião do Conselho agora.” Clarisse não esperou para ver se os conselheiros chefes a seguiam, simplesmente andou a passadas largas e fortes, como se o chão representasse todos os inimigos que ela gostaria de pisotear.
Nico andou até mim e colocou as mãos em minha cintura.
“Cadê Bianca?” a voz dele não passava de um murmúrio preocupado.
“No chalé de vocês” respondi, ainda olhando Clarisse em sua marcha furiosa pelo gramado. Ele seguiu meu olhar.
“Eu tenho que ir agora. Te vejo depois” nos despedimos com um selinho e eu fiquei observando ele se mover, enquanto as pessoas davam passagem a ele do mesmo modo como dariam passagem a um rei, ou quem sabe a um deus.

POV's Nico
Quando entrei no nosso “quartel general”, encontrei quase todos os conselheiros discutindo e gritando uns com os outros enquanto Quíron pedia calma.
Os únicos que pareciam não estar envolvidos na confusão era Clovis, do chalé de Hipnos, que estava ocupado demais dormindo para se preocupar com a briga que estourava; Annabeth, que estava sentada encarando as mãos fixamente, com os olhos inchados e vermelhos e Rachel que observava a cena parecendo muito preocupada com tudo que estava acontecendo.
“O que está acontecendo?” perguntei a Rachel.
“Clarisse está furiosa, ela quer expulsar todos os filhos de Éris do Acampamento, junto com todos os outros que se mostrarem inclinados a desistir da luta” ela sussurrou em resposta, sem tirar os olhos da confusão.
“Em certo ponto, tenho que concordar com ela.” admiti. Ela me olhou surpresa e um pouco desapontada.
“Não podemos virar as costas para eles”
“Eles é que viraram as costas para nós” falei amargurado, mas ela não estava prestando atenção em mim, então desisti do assunto e deixei que minha mente girassem com pensamentos descontrolados eplo que me pareceu um longo tempo.
“Nico?” chamou Quíron.
“Ahn? O que foi?” assumi minha máscara de indiferença e frieza. Quíron suspirou e balançou a cabeça ao notar que eu não estava prestando atenção na reunião.
“Estamos votando sobre a proposta de Clarisse.” ele explicou, sem entrar em muito detalhes.
“Tanto faz” resmunguei a resposta que dava quase sempre.
“Desce do muro, di Angelo” Clarisse rosnou para mim, entredentes. “O voto de minerva é seu” O voto de minerva era o voto decisivo, em caso de empate. “O chalé de Poseidon está sem representante. Assim como e de Apolo e o de Hefesto.”
“Como o chalé de Hefesto e o de Apolo não tem um novo conselheiro temporário?” uma coisa é o chalé de Poseidon ficar sem representante, outra completamente diferente é o de Hefesto e, principalmente, o de Apolo que praticamente cuspiam semideuses pelas janelas.
“Estão de novo com a ideia ridícula de que o cargo é amaldiçoado” Thalia revirou os olhos.
“Ótimo” suspirei internamente. “Olha, acho que Clarisse tem razão...” fui interrompido tanto pelos que votaram a favor como pelos que eram contra.
“Enlouqueceu?”
“...mas não podemos abandoná-los à própria sorte. Estaríamos sendo quase tão ruins quanto eles.” continuei como se a interrupção não tivesse acontecido.
“E você quer deixar esses traidores andando livremente pelo Acampamento? Podendo a qualquer momento passar para o lado inimigo?” Clarisse estava vermelha de raiva e eu achei que ela ia pular em mim e me estrangular. Continuei sem demonstrar nenhuma emoção.
“Não” falei simplesmente.
“Então o que Hades você quer dizer?” Thalia também estava irritada. Dei um sorriso frio.
“Primeiro: não use o nome de meu pai como xingamento quando todos sabem que ele não é pior que qualquer outro” Meu pai poderia não ser o melhor pai do mundo, mas ainda assim era meu pai e não é legal ver os outros usando o nome dele dessa forma pejorativa. “Talvez ele até seja melhor para mim do que o seu é para você” minha voz estava quase tão impassível quando a de meu pai. Eu senti a raiva dela aumentar consideravelmente. Os outros prenderam a respiração.
“Nico, não seja tão duro com ela” falou Rachel. Normalmente essa frase viria de Annabeth, mas a mente e o coração dela não estavam naquela sala “Ela não fez por mal, não é, Thalia?” Thalia se limitou a me lançar um olhar irritado.
“E respondendo a pergunta, por mim eles ficariam aqui, mas seriam isolados das atividades normais. Sem nenhum contato com os outros semideuses, a menos que resolvam de que lado estão. Até lá... bem, digamos que seria como se não existissem” terminei com um sorriso sádico.
“Isso é... maldoso” concluiu Katie Gardner. Dei de ombros, como se não ligasse para a opinião dela, o que era verdade.
“É uma boa tática” Clarisse estava pensativa.
“Odeio admitir, mas eu concordo com os dois” Thalia falou com má vontade.
“Isso é tortura psicológica!” protestou uma garota do chalé de Hebe.
“Quem liga?” falei sem emoção, ao mesmo tempo que Clarisse dizia a mesma frase empolgada.
“Parece errado” alguém falou em voz baixa.
“E então, o que ficou decidido?” Chris Rodriguez, que estava no lugar dos Stoll, perguntou.
“Vamos votar de novo” suspirou Quíron, me olhando com aqueles olhos que, como Percy sempre dizia, pareciam ter mais de mil anos. Eu sabia que ele não concordava nem um pouco com minha ideia porque ele ainda considerava cada campista um filho, mesmo que fosse um filho ruim ele ainda seria amado.
Logo começou a falação. Cada um queria dar sua opinião mais alto que o outro e no fim nenhuma proposta era inteiramente compreendida.
“Isso deveria ser considerado uma questão menor” falei, fazendo todos ficarem em silêncio. Às vezes ser intimidante é útil. “Devíamos estar tentando criar uma estratégia para resgatar nossos campistas perdidos”
“Estou com ele” pela primeira vez, Annabeth pareceu saber o que estava acontecendo e falou tão rápido que eu mal entendi a frase.

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“E então?” Stella se virou para mim, a testa franzida de preocupação. Bianca estava sentada na escrivania de forma casual, mas sua expressão também era nervosa. Atrás de mim, Annabeth acabava de fechar a porta do chalé de Hades. Mesmo com tudo que estava acontecendo, eu me senti quase feliz. As três garotas mais importantes de minha vida estavam no mesmo cômodo que eu, juntas.
“Vamos sair amanhã. Temos uma missão de resgate” a voz de Annabeth estava um pouco animada. Só a possibilidade de chegar perto do lugar onde Percy estava tinha feito ela ficar um pouco mais consciente das coisas ao seu redor. “Hoje depois do jantar teremos outra reunião para ver quantas pessoas irão”
“Isso é ótimo” Bianca refletiu. “Stella já me colocou a par de tudo que está acontecendo. Precisamos agir antes que seja tarde demais”
“Sim” falei. Fazia tanto tempo que eu não ouvia a voz dela... era tão bom de ouvir elas falando que eu não queria atrapalhar a música doce em que elas transformavam as palavras com minha voz.
“Eu tenho que ir...” murmurou Stella. “Ainda não falei com meus irmãos.” ela andou até mim com aquela graciosidade perturbadora que me lembrava das ninfas, das musas de Apolo ou de deusas. Tentei imaginar como seria alguém mais graciosa que ela, mas era impossível. Nem Perséfone, Afrodite ou até as Cárites (N/A: as Graças da mitologia romana) poderiam ser mais graciosas que ela, pelo menos não para mim.
“Você está com uma cara engraçada” ela sorriu, inclinando a cabeça para trás para poder ver melhor meu rosto. Eu ficava tão hipnotizado por dela que quase nunca notava quão grande era a nossa diferença de altura. Os cabelos dela estavam soltos e se afastaram para trás quando ela inclinou a cabeça, deixando o lindo rosto dela livre para que eu o admirasse. As bochechas dela eram tão macias que eu podia sentir a maciez só de olhar.
“Estou?” perguntei sorrindo, depois de algum tempo.
“Sim” ela respondeu. Me inclinei mais e encostei nossos lábios. Senti ela sorrindo antes que aprofundar o beijo. “Tchau...” fiquei encarando a porta fechada por alguns segundos e aposto que estava com um sorriso bobo.
“Nico?” Annabeth me chamou.
“Uhn?”
“Como vamos explicar isso para Quíron?”
“Isso o quê?”
“Eu” Bianca falou.
“Não faço ideia, achei que vocês poderiam pensar em algo”
“Vamos ter que falar com Quíron e com o sr. D” murmurou Annabeth depois de vários minutos de silêncio.
“Você não pode sair andando assim pelo Acampamento” falei para Bianca.
“Esqueceu que eu também sou filha de Hades?” Ela revirou os olhos e riu. “Você não é o único que pode viajar nas sombras, irmãozinho” eu ri também.
“Acho que é melhor você ficar aqui mesmo, Bianca. Eu e Nico vamos tentar falar à sós com Quíron e trazê-lo para cá. É mais prudente”
“Tudo bem” Bianca sorriu.
Eu e Annabeth andamos lado a lado em silêncio, quase correndo durante todo o caminho. As pessoas já estavam voltando das atividades e indo se arrumar para o jantar e nem prestavam atenção à nossa pressa o que era bom já que evitava perguntas irritantes.
“Quíron” Annabeth subiu os degraus da Casa Grande correndo, e parou ao lado do centauro que logo desviou a atenção do jogo de cartas em que com certeza ganharia do sr. D como em todas as outras vezes.
“Annabeth, está tudo bem, criança?”  ele franziu a testa preocupado.
“Precisamos falar com você”
“À sós” completei. “Temos que te mostrar uma coisa”
“É importante” Annabeth acrescentou, percebendo a expressão confusa de Quíron. Ele estava com as sobrancelhas e a testa franzidas, mas por fim voltou ao olhar atencioso de sempre e se levantou lentamente da cadeira de rodas, voltando à sua forma de centauro.
“Daqui a pouco continuamos o jogo, sr. D”
O sr. D resmungou algumas coisas que não entendi direito e fez uma taça cheia de vinho aparecer em no ar.
“Sr. D, lembre-se de suas restrições” Quíron encarou Dionísio como se ele fosse mais um campista potencialmente teimoso e não um deus.
“Tudo bem, tudo bem” sr. D resmungou, transformando a taça em uma lata de coca diet. Nunca vou entender porque ele toma tanta coca diet, era mais lógico se ele tomasse suco de uva.
Nem sei porque estava pensando nisso, mas quando dei por mim, já estávamos quase na porta do meu chalé.
Só tente não ter um infarto, pensei antes de abrir a porta.
“Quíron, esta é minha irmã“ falei, gesticulando para Bianca, que estava de novo sentada na escrivaninha. “Bianca di Angelo”


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Notas finais do capítulo

como deu para notar, as coisas vão começar a acontecer de verdade no próximo capítulo que vou tentar postar semana que vem.
espero que tenham do capítulo (particulamente, eu achei meio ruinzinho, mas...)
deixem reviews dizendo se gostaram da volta de Bianca (não consegui resistir) e se vocês acham que Sophie deve viver ou morrer (preciso muito dessa opinão). Minha prima acha que as duas devem ficar vivas, minha amiga não, então quero mais opiniões, okay? Também aceito sugestões sobre qualquer coisa (estou em crise se inspiração só pra variar por causa das provas)
mais uma vez, desculpem a demora
beijos e chocolates!