CAPÍTULO 39

POV's Stella

A primeira coisa que nós vi quando saí da sala, foi Nico. Ele estava com uma expressão engraçada, mas não deu tempo de descobri o que era, porque nesse momento meu cérebro registrou uma coisa que me deixou alegremente surpresa.

“Di Immortales!” exclamei. Ela corri me jogando nos braços de Riven, que cambaleou e me abraçou, me girando no ar. Não me entendam mal, eu gostava de todos igualmente, mas ele foi o primeiro que eu vi, então corri para ele. Depois cumprimentei todos, calorosamente.

“Nossa, você cresceu” debochou Riven, eu ri. “Ah, não! Foi só impressão mesmo, você continua uma anã de jardim” dei um tapa nele.

“Eu não sou tão pequena, vocês é que são altos de mais” resmunguei e todos riram.

“Sei... só porque você quer” riu Sky. Dei língua para ele, me sentindo com cinco anos de novo.

“Stella...” Flora me abraçou, sorrindo.

“Flora” retribuiu o abraço.

“Layla” abracei Layla.

“Você está melhor” ela sorriu pra mim. Você não sabe quanto, pensei, mas me limitei a dar uma risada.

“Tecna!” sorri, dando um abraço apertado nela e depois outro em Musa. “Musa”

“Olá, princesa” sorriu Bloom.

“Olá, alteza” retribuí o cumprimento, abraçando ela. Bloom era minha amiga mais antiga, mas eu gostava de todas do mesmo jeito.

“Nossa senti tanta falta de vocês” meu sorriso estava ainda maior.

“Stella, temos que conversar” a voz de Layla era mortalmente séria. “É importante”

“Vem, Percy, vamos dar um volta.” Annabeth puxou Percy pelo braço.

“Vocês não precisam sair” falei, tentando esconder meu medo de receber as notícias sozinha.

“Vocês devem ter muita coisa para conversar” a voz de Annie era gentil e ela levou Percy em direção à porta. “Não vem, Nico?” ela perguntou e ele seguiu ela, tentando esconder uma careta.

“Nico, você...” hesitei por meio segundo, mas ninguém além dele pareceu perceber. “Pode ficar?” Eu não queria que ele ninguém notasse meu medo de ficar sozinha. Eu amava meus amigos, mas eu não ia conseguir ficar sozinha com eles.

“Claro” ele respondeu, sentando ao meu lado, na nossa cama.

Eu queria me aninhar nos braços dele, mas por algum motivo eu não queria que meus amigos soubessem que eu estava namorando, seria mais estranho do que fugir.

Ficamos em um silêncio incômodo, até que eu não suportei a pressão que ele exercia sobre mim. Parecia que eu estava sendo esmagada por uma tonelada.

“Então, o que vocês queriam dizer?” perguntei, tentando soar simpática, através do pânico que começava a envolver meus pensamentos.

“Não podemos falar agora” falou Sky, olhando para Nico, que não tinha feito um movimento desde que Annie e Percy saíram.

“Ele já sabe” falei.

“Stella! Ficou maluca?!” várias vozes me repreenderam.

Eu já estava me empertigando para dar um resposta muito petulante, mas Nico se levantou e começou a andar em direção à varanda.

“Vou tomar um ar” a voz dele estava incrivelmente fria, como se não tivesse vida dentro dele, como se ele fosse uma simples capsula vazia, uma cópia sem sentimentos do Nico que dissera me amar mais cedo. Comecei a me levantar para segui-lo, mas mudei de ideia.

“Olha só o que vocês fizeram” minha voz estava baixa e irritada, enquanto eu encarava meus amigos.

“Não fizemos nada de mais” rebateu Riven.

“Não... imagina” falei, sarcástica. “Stella! Ficou maluca?” repeti a fala deles. As meninas pareceram envergonhadas. “Foi muito rude!”

“Como você pode falar nosso segredo para ele?” perguntou Sky, com a voz firme e reprovadora. Fiquei tentada a dizer que ele era o amor de minha vida, mas me interrompi.

“Ele é meu melhor amigo” falei, com raiva. Era verdade, mas não a verdade completa, ele era meu melhor amigo e o amor da minha vida.

“Desde quando?” perguntou Nabur, que estava muito quieto.

“Desde que ele me salvou!” rebati com raiva.

“Te salvou de quê?” perguntou Elliot, parecendo mais curioso e preocupado do que reprovador.

“Não interessa” Eu não queria parecer rude, mas eu não gostava de falar daquilo.

“Claro que interessa. O que aconteceu? Que eu saiba você é a garota que sabe se defender sozinha.” Timmy estava realmente tentando falar no assunto errado.

“Não gosto de falar sobre aquilo. Só precisam saber que eu confio nele como confio em vocês. Ele me salvou e eu sou grata por isso. Mas que eu saiba, vocês não vieram aqui para falar sobre isso. O que houve?”

“Bem... sabe a pedra do Sol?” Bloom parecia temerosa. Assenti, desconfiada.

“Então... ela meio que funciona mesmo como uma bússola para você...” falou Tecna.

“Ela que nos trouxe até aqui.” falou Elliot.

“Ah, isso não é nada bom” minha voz tremeu.

“Achamos que não vai dar para continuar assim por muito tempo, Stella” falou Sky, e dessa vez a voz dele estava carinhosa.

“Não vai, não vai mesmo.” falei, balançando a cabeça em negação. “Não posso continuar fugindo, tenho que enfrentar o problema, mas não agora. Agora tenho que cuidar de outra coisa, mais urgente...” eu falava mais para mim mesma que para eles.

“Que coisa?” perguntou Nabur.

“É uma longa história, depois eu conto.”

“Tudo bem” Flora percebeu que era um assunto delicado e que eu poderia vir a baixo se eles insistissem. “Depois você nos conta” dei um sorriso agradecido a ela.

“Obrigada por entender”

“Nós sair para jantar, se você quer ir com a gente? Pode levar seus amigos”

“Vou falar com eles.” respondi. “Para onde vocês vão?”

“É bem perto na verdade. É um restaurante com música ao vivo, do outro lado da rua. O nome é Music's Place (N/A: minha criatividade me impressiona)”

“Parace legal. Eu adoro música” falei, novamente animada. Até que eu lembrei de um pequeno detalhe. “E os meus pais e a comitiva deles?”

“Eles não saem do hotel” falou Musa.

“Nesse caso, acho que nós iremos.” sorri de novo.

“Ótimo, então até a mais tarde, talvez”

Então eles saíram, me deixando mais uma vez sozinha com Nico. Eu estava indo para a varanda falar com ele quando a porta do quarto abriu e percy e Annie entraram, de mãos dadas.

“Oi, Stella!” Percy estava com um sorriso enorme, o que me mostrava que o tempo à sós que ele teve com Annie tinha sido muito bom.

“Oi, irmãozão” respondi sorrindo. “Oi, Annie”

“Não sabe o que nós achamos” Percy continuou, sem deixar Annie responder. Nós duas rimos com o entusiasmo dele.

“O quê?” perguntei, rindo.

“Um restaurante” Annie falou antes que ele pudesse, revirando os olhos e sentando na cama. “Um restaurante com música”

“Vamos jantar fora!” ele completou.

“Legal. Meus outros amigos chamaram a gente para jantar lá.” falei. Eu tinha certeza que era o mesmo lugar, porque essa cidade não devia ter tantos restaurantes com música ao vivo, além disso, Annie e Percy não tiveram tanto tempo para procurar, então tinha que ser em um lugar perto.

“Ótimo, então está confirmado, todos nós vamos” ele sorriu.

“O Nico vai?” perguntou Annie. “Ele não parecia... no espírito de sair” percebi que ela ia falar outra coisa, mas deixei para lá.

“Não sei, vou perguntar a ele agora” falei.

Fui até a varanda, fechando a porta atrás de mim e andando até ele. Seus punhos estavam cerrados, com tanta força que os nós de seus dedos estavam mais brancos do que o normal. Deixei minha mão repousar no braço musculoso dele.

“Está tudo bem?” eu estava preocupada. Não queria que ele ficasse com raiva de meus amigos. Ele não respondeu, apenas balançou a cabeça. “Eles vão sair para jantar... Percy e Annie vão também” falei, carinhosa “Você vem?”

“Claro, por que não” ele realmente não parecia querer ir, como Annie tinha dito

“Posso ficar com você se quiser” mesmo querendo ir, eu não ia deixá-lo sozinho.

“De jeito nenhum” ele deu um sorriso de lado que fez meu coração parar e depois bater rápido como as asas de um beija-flor “Está na cara que você está louca para ir.” ele continuou, ainda com aquele sorriso. “E eu vou para onde você for. Eu vou fazer tudo para ficar sempre a seu lado e que você esteja feliz, aconteça o que acontecer eu vou sempre te procurar. Mesmo que eu pudesse desistir, e eu não posso, eu te procuraria até meu último suspiro”

Eu queria falar alguma coisa tão linda quanto a que ele tinha falado para mim, mas estava tão maravilhada que só consegui dar um sorriso bobo e apaixonado. E então nós estávamos presos em um beijo perfeito, não sei quem o começou, nem me importava, tudo o que importava é que eu era só dele e ele era só meu.

“Obrigada” falei assim que nos separamos e eu me aninhei nos braços dele.

“Pelo quê?” ele perguntou, acariciando meus cabelos.

“Por me encontrar naquele beco e por tudo que veio depois” falei. “Se você não tivesse aparecido...” minha voz quebrou e eu percebi que estava prestes a chorar.

“Ei... eu apareci, e você está bem agora” ele sussurrou, beijando minha cabeça. “Quem ou o quê quiser te machucar vai ter que passar por mim primeiro” a voz dele estava cheia de ferocidade.

“Eu sou tão boba” me aconcheguei ainda mais nele. “Queria ser mais forte... forte o bastante para te proteger também...”

“Você é forte, Fadinha. Forte do seu jeito.”

“Eu não consegui nem me mover naquela noite... Eu tinha uma das armas mais poderosas da dimensão mágica e fiquei parada igual a uma idiota”

“Você não é idiota para mim, você é uma das garotas mais corajosas que eu conheço.”

“Só diz isso porque...”

“É a verdade. Você fugiu, enfrentando todas as pessoas mais importantes do seu reino, aceitou essa missão provavelmente suicida, saiu à noite para me procurar... preciso continuar?”

“Você é muito bom nisso.”

“Em quê?”

“Me fazer sentir melhor” falei sorrindo.

“Acho que você faz o melhor de mim se revelar” ele me girou para que eu ficasse em frente para ele. “Mas agora, acho que temos um jantar para ir” e ele deu aquele sorriso torto que eu amava.

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Eu estava terminando de cachear meus cabelos com o baby-liss, quando alguém me abraçou pela cintura, me sobressaltando.

“Nico! Quer me matar do coração?” reclamei, colocando o baby-liss na bancada do banheiro e arrancando-o da tomada. “Sei que já perguntei isso, mas vou perguntar de novo. Você tem algum prazer doentio em assustar as pessoas?” ele se limitou a dar uma risada baixa e rouca, que me arrepiou toda.

“Você está linda” ele sussurrou em meu ouvido. Corei. Meus deuses, qualquer um pode dizer que eu estou bonita que não acontece nada, mas quando ele faz isso, eu realmente tenho que ficar parecendo um tomate? Ninguém merece.

“Você também está lindo” dei um sorriso, me virando para examiná-lo melhor. Ele estava com uma camisa social preta com as mangas dobradas até o cotovelo com uma calça da mesma cor, contrastando com sua pelo branca e tênis preto (nossa, que surpresa). Nem todo mundo fica tão bem só de preto, mas eu devo dizer que ele ficava perfeito. “Vamos, Garoto Morte”

“Até tu, Brutus?”

“Dramático” revirei os olhos e nós saímos rindo.

Encontramos Annie e Percy no saguão. Ela estava linda com um vestido branco e um salto lilás. Seus cabelos estavam presos em uma trança elaborada, que eu mesma fiz, e a maquiagem destacava seus olhos cinzentos. Ele estava com uma camisa de maga comprida verde-mar, destacando sus olhos, uma calça jeans clara e um tênis bege.

“Acho melhor a gente ficar de olho nesses dois” Annie sussurrou em meu ouvido e eu ri, confirmando com a cabeça. Eles estavam lindos, mas eu ainda prefiro Nico.

Não sei como eles arranjaram roupas, acho que viajaram nas sombras, eu só sei que eu e Annie usamos meu cetro para trazer tudo, ou melhor, para trazer as coisas dela, porque as minhas já estavam na minha mala com feitiço de extensão indetectável. Eu amo esse feitiço, é muito útil.

Depois de alguns minutos, em que ficamos conversando coisas banais (coisas que não envolviam deuses, monstros, titãs ou fadas, coisas normais), meus outros amigos apareceram e eu e Nico começamos a nos comportar como simples amigos, ao invés de namorados mais do que apaixonados. Uma pena, porque eu adoraria abraçar ele como Flora e Elliot, ou andar de mãos dadas, como Percy e Annabeth, ou que ele sussurrasse no meu ouvido, como Bloom e Sky.

Seguimos para o restaurante, que era realmente muito perto. Nos sentamos meio afastados do palco, onde uma garota cantava com uma voz agradavelmente melodiosa. Depois de alguns minutos, em que conversamos como velhos amigos (tecnicamente eu era uma velha amiga, mas os outros não) rindo e nos divertindo, uma garçonete apareceu para anotar nosso pedido. Nem preciso dizer que ela passou tempo demais olhando para cada um dos meninos e praticamente ignorava as meninas, mas depois de algumas olhadelas, ela percebeu que todos eles já estavam acompanhados, com exceção de Nico. Eu fiquei muito tentada a puxá-lo para um beijo quando ela perguntou se ele precisava de mais alguma coisa, com aquela voz irritantemente anasalada e depois que ele negou ela deu uma piscadela dizendo para avisar se mudasse de ideia. Eu apertei meus punhos por baixo da mesa, lutando para não transparecer raiva. Quem aquelazinha pensa que é?

Annabeth foi a única que notou que tinha alguma coisa errada comigo, ela me olhou e levantou uma sobrancelha. Balancei a cabeça levemente, um movimento quase imperceptível, e depois me voltei para Riven, dando uma resposta sarcástica à pergunta que ele tinha feito.

Passamos mais algum tempo conversando antes que a comida chegasse e eu notei que a garota no palco tinha sido substituída por um garoto que não cantava tão bem quanto ela.

“Não era uma garota?” perguntou Percy, parecendo confuso.

“Era” confirmei.

“Não percebeu?” Annie perguntou a ele, parecendo espantada com a desatenção do namorado, que se limitou a negar com a cabeça. “Está vendo os holofotes no teto?” só então eu notei os holofotes. “quando alguém termina de canta, um deles se acende sobre uma pessoa, essa pessoa tem que ir lá na frente e cantar” (N/A: eu nunca iria para esse restaurante, ia humilhar os cantores profissionais do mundo inteiro com meu talento, coitados)

“Ah, tá”

Vi Nico fazendo uma careta.

“Que foi?” pergunto.

“Vamos fugir enquanto ainda há tempo” ele fala, sério.

“Fugir de quê?” perguntou, alerta, esperando que ele me aponte algum suposto mito da Grécia Antiga.

“De subir naquele palco.” quando ele fala isso, eu dou um tapa nele. “Ei, doeu” ele reclama.

“Pensei que estivesse falando de uma coisa importante”

“Isso é muito importante” ele continua sério (e mortalmente lindo). “Não estou afim de passar vergonha hoje”

eu estava pronta para dar alguma resposta sarcástica, mas todos os holofotes do restaurante começam acendem, ofuscando meus olhos por um segundo, então a maioria deles se apaga e apenas um continua ligado. O holofote em cima de nossa mesa gira, enquanto seus controladores estão escolhendo qual de nós vai subir no palco, para animar a noite.