CAPÍTULO 36

POV's Flora

Eu, Bloom, Layla, Tecna e Musa, estávamos sob os olhares raivosos e suplicantes dos garotos. Eles realmente não tinham aprovado a ideia, mas era a única que tínhamos conseguido, pelo menos a única que poderia funcionar. E eles não tiveram argumentos suficientes para nos fazer mudar de ideia, agora só o que eles podiam fazer era nos dar boa sorte e torcer para tudo dar certo. Antes de botar o planos em ação, dei um selinho em Elliot.

“Você não confia em mim?” sussurrei, em seu ouvido.

“Confio” ele murmurou. “Não confio nele” ele fez um gesto com a cabeça, em direção ao cara da recepção que praticamente devorava com os olhos uma garota que passava distraída pelo saguão. Eu estremeci internamente, mesmo sabendo que nada ia acontecer conosco, afinal não sairíamos do saguão, mas uma pequena parte de mim estava enojada com a atitude do rapaz.

“Não se preocupe, tudo dará certo” respondi, tentando (em vão) tranquilizar ele.

“Espero que valha mesmo à pena...” ele falou para si mesmo.

“Vamos, Flora” chamou Bloom, batendo o pé impacientemente, me esperando a alguns passos de distância junto com as outras. Lancei um último olhar aos garotos e me juntei a elas.

Andamos até o balcão da recepção, onde o recepcionista nos cumprimentou com um sorriso.

“Boa tarde, senhoritas” ele falou, nós olhando demoradamente de um jeito que por pouco não me deixou ruborizada. “Posso ajudá-las em alguma coisa?” o tom com qual ele falou, me fez pensar que havia um duplo sentido nessa frase.

“Na verdade, pode sim” falou Bloom, sorrindo.

“Nós estamos hospedadas aqui... e combinamos de encontrar uma amiga neste hotel, mas não conseguimos achá-la em lugar algum... será que você não poderia nos dizer em que quarto ela está?” perguntou Layla, numa voz sedutora, enrolando uma mecha de cabelo no dedo. Eu pude ver o olhar de desejo que o rapaz lançou a ela, mas então ele se recompôs e ensaiou um sorriso de desculpas.

“Eu não posso dar informações de outros hóspedes, sinto muito” ele falou.

“Não poderia abir uma exceção para a gente?” sussurrou Musa, brincando com a gravata dele, que engoliu em seco, nervoso com a repentina proximidade dela. Sério, até eu estava.

“S-sinto m-mui-t-to, m-mas não p-posso” ele gaguejou, se afastando da gente.

“Ah, por favorzinho?” pedi, batendo os cílios. “A gente precisa mesmo encontrar ela.”

“N-não posso” ele falou, tentando se recompor.

“Ah, é uma pena” suspirou Tecna. “Então acho que devemos voltar uma outra hora, para falar com alguém mais... cooperativo” ela suspirou. “Vamos meninas”

Nós nos viramos e começamos a andar para longe.

“O quê você está fazendo?” Layla murmurou confusa, quando estávamos a alguns passos de distância.

“Só espere.” ela respondeu em um sussurro quase inaudível.

“Ah, senhoritas...” o cara da recepção chamou. Reprimi um sorriso, Tecna podia não entender muito de garotos , mas era ótima em analisar as pessoas aparte das emoções.

Sorrimos uma para a outra, e nos viramos lentamente, fingindo surpresa.

“Sim?” perguntamos em uníssono.

“Eu... vou ajudá-las”

Nós demos sorrisos enormes e voltamos quase correndo para o balcão.

“Ah, muito obrigado!” sorri.

“As senhoritas podem me dizer o nome de sua amiga?”

“Stella, Stella del Solle” respondeu Bloom.

“Não temos nenhum hóspede em quarto de solteiro com esse nome” ele respondeu, depois de mexer no computador.

“Ela não está sozinha” respondeu Bloom. “Está com uns amigos”

“Ah, isso muda as coisas” ele continuou mexendo no computador. “O nome dela não aparece na lista de titulares... Têm certeza que ela está hospedada aqui?”

“Talvez ela seja uma dependente...” falou Tecna.

“Não posso acessar os dados de dependentes, só posso ver os da pessoa que alugou o quarto”

“Ah, é uma pena...” sussurrei. “Mas muito obrigada por tentar nos ajudar... até logo”

Então nós saímos desanimadas.

Quando encontramos os garotos no restaurante eles notaram nossa cara de decepção completa.

“Ele não entrou na de vocês” não foi uma pergunta.

“Ele entrou na nossa, mas não achou a informação” retrucou Layla, cruzando os braços.

“Como assim? Se ela está mesmo aqui, então ele deveria saber” Jimmy estava confiante no que dizia e sinceramente eu tinha pensado como ele, todos nós tínhamos.

“Aparentemente, ele só pode acessar o sistema os titulares dos quartos, e Stella é uma dependente” explicou Bloom.

“Traduza, por favor” pediu Nabur, colocando uma garfada de uma comida desconhecida na boca. Eu também não tinha entendido direito o que esse negócio significava.

“Na verdade, separar os dados de hóspedes é uma coisa bem rara” ela falou. “Em alguns poucos hotéis, eles separam os hóspedes em dois tipos, os que fazem o check-in são os titulares e os outros que ficam no mesmo quarto são os dependentes, mas geralmente só separam se os clientes pedirem. Isso mostra que eles estavam preparados para isso. A Stella realmente não quer voltar.” (N/A: esse negócio de hóspede titular e dependente não sei se existe, só coloquei para eles não acharem a Stella tão facilmente, okay?)

“Significa que vamos ter que procurar ela do jeito tradicional” falou Musa.

“Infelizmente...” minha voz se juntou a de Elliot e nós sorrimos.

“A gente não devia deixar eles dois sozinhos” era a voz de um garoto que estava na mesa ao lado da nossa, bem atrás de mim. Não sei o porquê, mas eu me peguei tentando captar o que ele falava.

“Eles precisam de um tempo à sós” agora era uma garota que falava.

“Eu sei, mas...”

“Você é mesmo um grande Cabeça-de-Algas. Quer deixar de ser paranoico? Eles vão ficar bem, e se você acha que ela não consegue se defender sozinha, está muito enganado”

“Eu sei que ela não é uma garotinha indefesa, mas enviaram o dr. Espinheiro...”

“Argh, não me fale daquele desgraçado!” a voz da garota estava irritada.

“Acalme-se, Sabidinha” ele falou. “Esse não é um bom lugar para essa conversa.”

“Você tem razão”

“Isso!! Aleluia! Finalmente!! Yes! Viu só? Eu também posso ser muito sensato”

A garota riu com a reação dele e eu deixei uma risada escapar.

“Flora, você está bem?” Elliot estava inclinado para mim e parecia realmente preocupado.

“Claro!” sorri. “Por que não estaria?”

“Estamos te chamando há um tempão e você não nos ouviu, e depois começou a rir do nada” respondeu Sky.

“Ah, não é nada. Só estava pensando, depois eu explico”

Eles se entreolharam confusos, mas voltaram a comer em silêncio e eu fiz o mesmo.

Algum tempo depois, eu escutei os dois garotos da mesa ao lado levantarem e quando eles passaram por nós eu pude vê-los, por algum motivo eu achei importante me lembrar do rosto deles.

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Já estava escurecendo, e nós estávamos passeando pelo hotel. Mentira, nós estávamos procurando a Stella. Eu disse nós, mas eu estava sozinha, tínhamos nos separado para facilitar as coisas. Então eu vi os dois garotos da mesa ao lado da nossa entrando no hotel de mãos dadas, tão próximos um do outro que eu tive certeza que eles eram muito apaixonados. Eles estavam indo na direção contrária à minha e eu não pude evitar diminuir o passo para ouvir o que eles conversavam.

“... enigmas” falava o garoto, em tom de reclamação.

“É melhor do que nada. Além disso, somos quatro pessoas, nós vamos conseguir desvendá-lo.”

“Fale por si mesma, e pela Stella” quando ele falou o nome de minha amiga, eu tentei que lutar contra a necessidade de dar meia volta e seguí-los, mas foi inútil. “eu e o Nico somos horríveis com esse tipo de coisa.” ouve uma pequena pausa. “Tudo bem, eu admito ele não é tão ruim. Mas eu sou péssimo, okay?”

“Percy, você não é a pessoa mais inteligente do mundo, mas não é tão burro assim” a garota falou, tentando confortá-lo.

“Vou aceitar isso como um elogio.” ele falou e eu pude sentir que ele sorria. “Eu realmente espero que ela não tenha convencido ele a sair do quarto.”

“O Nico não é tão bobo assim”

“Você fala isso porque não sabe o poder que a Stella tem sobre ele. Ela pode moldá-lo como massinha de modelar e seria muito ruim se alguém a encontrasse.”

Quando ele falou as últimas palavras eu tive certeza que ele falava da nossa Stella. Seria muita coincidência que ele conhecesse outra Stella que parecia estar fugindo. Não, tinha que ser a nossa Stella.

Eu saí a procura de meus amigos, eu tinha acabado de achar uma pista.