CAPÍTULO 33

POV's Nico

Quando voltamos pro quarto de hotel, eu dei um pouco de ambrosia pra Stella. Ela devia estar com muita dor, mas não demonstrava tanto. Quando ela entrou no banheiro, eu fiquei pensando no que tinha acontecido depois da luta, ela realmente tinha me perdoado, ela acreditou em mim. Ela saiu do banheiro, parecendo tímida e muito linda. Ela estava com um short e uma camiseta de alças finas, mas a alça do lado do ombro ferido não estava vestida e eu senti uma vontade imensa de tirar a outra também. Se controla, Nico. Respirei fundo, e chamei ela pra terminar de cuidar do ombro. Ela mordeu o lábio enquanto eu colocava néctar na ferida e fazia um curativo, depois ela cuidou de alguns cortes e arranhões que eu tinha.

Quando ela terminou, nós deitamos e ela se aproximou, ficando de costas pra mim, eu a abracei, com cuidado pra não tocar no ombro dela. Ficamos em silêncio por um bom tempo, até que ela falou com uma voz sonolenta.

“Nico?”

“Hum?” eu estava quase dormindo.

“Eu te amo.” ela ainda parecia sonolenta, mas falava com um certeza tão absoluta quanto quem diz que respiramos oxigênio. Nossa, estou andando demais com Annabeth, daqui a pouco vou começar a parecer um nerd, sem ofensa pros nerds.

“Eu também te amo, te amo mais que tudo nesse mundo. Ou em qualquer mundo” falei com a mesma convicção, me lembrando de que eu a amava mesmo que ela fosse de outro mundo.

Eu senti a respiração dela ficar regular, suave e lenta. Ela adormeceu em meus braços e logo depois eu senti meus olhos fecharem.

E então eu estava sonhando. No sonho, nós (eu, Stella, Annabeth e Percy) estávamos junto a uma multidão em algum lugar cercado por dunas de areia. O vento forte agitava minhas roupas e jogava os cabelos das meninas no rosto. Percy tinha uma mão no bolso, provavelmente segurando Contracorrente. Toda a multidão, inclusive a gente, parecia esperar alguma coisa e o único som vinha do vento. Depois de um instante, percebi que algumas pessoas da multidão estavam segurando câmeras ou microfones, e vi algumas vans daquelas de programa de televisão. Eram repórteres, percebi, mas a maioria das pessoas continuava sendo apenas curiosos normais.

Mas o que aquelas pessoas (e nós) estavam fazendo no meio do nada, com um vento desgraçado? Foi então que eu me toquei. Pelo que eu pude ver enquanto perambulava pelo hotel, a cidade estava cheia de repórteres que estavam em busca de uma matéria em primeira mão sobre as estranhas tempestades (como eles iam conseguir isso só os deuses sabem, porque todos os canais principais pareciam estar na cidade).

Eu não pude mais pensar sobre isso, porque eu senti lábios sobre os meus. Não, não eram lábios quaisquer, eram os lábios dela, da minha Stella. Sem abri os olhos eu puxei ela contra mim, aprofundando o beijo. Pedi passagem com língua e ela permitiu, minha mãos puxavam ela mais pra perto, e o beijo estava ficando mais profundo.

“Wow! Eu não preciso ver isso a essa hora da manhã!” tinha que ser o Percy. Ele estava se vingando de ontem, quando eu interrompi o beijo dele com Annie. Eu me separei de Stella, ela estava meio ofegante e corada mais que um tomate (como Annie ontem quando eu interrompi o beijo deles), mas sorria pra mim.

“Você pode me soltar agora.” ela sussurrou tão baixo que só eu ouvi, ainda sorrindo. Só então eu percebi que ainda estava segurando ela. Soltei-a, meio envergonhado.

“Vejo que já fizeram as pazes.” Percy falou, sorrindo.

“Tudo não passou de um mal entendido.” falou Stella, se levantando.

“Tudo bem. Annie está nos esperando no restaurante, quando terminarem vão pra lá, okay?”

“Pode deixar.” respondi.

“Não vão fazer besteiras” Percy falou enquanto saia do quarto, fechando a porta. Revirei os olhos, rindo. Quando olhei pra Stella, ela estava vermelhinha. Abracei ela por trás e beijei seu pescoço, sentindo ela se arrepiar.

“Nico” ela suspirou. “Temos que descer, estamos numa missão, lembra?”

“Estraga prazeres.” resmunguei, enquanto pegava uma roupa e me dirigia pra o banheiro.

Eu podia escutar a risada dela através da porta, e eu adorava aquela risada. Era tão pura e delicada, ao mesmo tempo que era incrivelmente sexy. Tomei banho rapidamente e depois eu e Stella fomos pro restaurante, onde Annie lia um jornal enquanto tomava um cappuccino e Percy comia igual a um morto de fome. Mas eu não posso dizer nada, porque quando voltei do buffet com um prato gigantesco, eu estava quase como ele.

“Vocês dois, tenham modos” ralhou Annie.

“Me deixa, to com fome.” Percy falou de boca cheia revirando os olhos. Stella riu.

“Mal educado” respondeu Annie.

“Irritante” revidou Percy. Eu e Stella ríamos da situação.

“Cabeça de Algas”

“Nerd”

“Grosso”

“Linda” ele falou e puxou ela pra u beijo tão demorado que algumas pessoas começaram a olhar.

Eu tossi, pra chamar eles de volta pra realidade, mas não funcionou. Eles só pararam quando faltou ar, e pode ter certeza que isso demorou mais do que eu achava ser possível. Percy e Annie se olhavam como dois bobos apaixonados e eu me perguntei se era assim que eu ficava quando estava com Stella. Acho que era mais ou menos assim.

“Vem, Nico, vamos deixar os dois pombinhos à sós.” falou Stella, sorrindo e me levando pela mão.

“Minha comida.” choraminguei. Ela riu e me soltou, eu peguei a comida e nós fomos pra outra mesa.

“Vocês são engraçados.” Stella falou sem pensar.

“Engraçados como?” perguntei, depois de engolir a comido, que estava muito boa, diga-se de passagem. Ela ia responder, mas então sua expressão mudou.

“Ah, eu não acredito nisso. Eu mereço.” ela reclamou em um sussurro, enquanto olhava pra entrada do restaurante, eu ia me virar pra olhar quem era, mas ela me interrompeu antes que eu o fizesse. “Anda, troca de lugar comigo.” quando eu demorei um segundo pra obedecer, ela me deu um chute por debaixo da mesa.

“EI!” reclamei.

“Anda logo!” ela falou. Nós trocamos de lugar e eu fiquei de frente pra a entrada e ela de costas. Nossa mesa era a mais afastada do restaurante, ficava num canto e era quase impossível que as outras pessoas vissem o rosto de quem sentava onde eu estivera sentado um segundo antes.

“O que foi?” eu perguntei, enquanto me cerificava de estar com meu anel/espada, pro caso de ser alguma ameaça.

“Eles estão aqui” ela falou, em voz baixa. Eles? Seriam monstros? Ah, não. Entendi de quem ela falava, e isso não era nada bom, nadinha mesmo.

“Mas como eles nos acharam?” perguntei.

“Não tenho a mínima ideia, mas já tinha visto eles antes, estavam aqui ontem quando eu procurava pistas, mas eu acabei me esquecendo de comentar com você” ela disse, enquanto torcia um cachinho de cabelo nervosamente.

“Tudo bem, tente agir naturalmente e não olhar pra eles.” respondi.”Mas onde eles estão?”

“Do outro lado da sala, um grupo com uns dez adolescente e alguns adultos.” ela respondeu.

“Por acaso tem uma ruiva nesse grupo?” perguntei.

“Sim, ela está olhando pra cá?”

“Acho que não” menti. A garota olhava disfarçadamente, mas logo foi distraída por um loiro que chamou a atenção dela, balançando a mão na frente de seus olhos. “Então, o que vamos fazer?”

“Sinceramente, eu não tenho ideia” ela suspirou.

“Tudo bem, vai dá tudo certo” falei, mesmo sem saber como, eu ia dar um jeito por ela. Eu faria tudo por ela. “Eu vou dar um jeito” ela sorriu.

“Own, você é tão doce e gentil” ela falou sorrindo. Fiz uma careta. Essa não era exatamente minha reputação. Ela riu da minha cara.

Terminamos de comer em silêncio. Vimos Percy e Annie se levantarem e procurarem por nós, quando eles nos viram, andaram em nossa direção e se sentaram conosco.

“Nós temos que ver uma tempestade dessas acontecendo” falou Annie. Então nós deixamos os problemas pessoais de lado e voltamos a encarar a nossa missão. “Eu estive pensando... e acho que nós devíamos mesmo estar lá da próxima vez que acontecer.”

“Eu concordo. Quero dizer, isso é muito suspeito, as marcas que aparecem. Eu fiquei pensando por um tempo... E se não forem simples marcas, mas sim grego? Grego antigo?” Stella soltou tudo de uma vez, deixando a mim e a Percy com cara de quem não entendeu nada e sinceramente, eu não entendi mesmo. Mas Annabeth parecia saber exatamente do que ela estava falando. Era assustador como elas pensam parecido, como elas se entendem.

“Também pensei nisso, e cheguei a conclusão de que isso é completamente aceitável. E também pensei que talvez esses tornados sejam um tipo de portal ou algo assim” ela falou.

“Ideia interessante...” falou Stella, com uma cara pensativa, que a deixava muito linda e eu tive que fazer um esforço colossal pra não beijá-la. “E essa suposição implica que Céos não está usando deuses menores para seus sequestros, porque se fossem deuses, eles poderiam se teletransportar pra lá.”

“A menos que o lugar isolasse esse tipo de magia” falou Annie, igualmente pensativa. Percy olhou pra mim com cara de estou-boiando-completamente e eu respondi com uma cara de você-acha-que-eu-estou-entendendo-alguma-coisa?

Eu realmente tentei prestar atenção no que elas diziam, mas eu não estava conseguindo me concentrar e elas agiam como se eu e Percy não existíssemos, então eu olhei pra ele e nós começamos a nos levantar e a sair do restaurante. Elas nem pareceram notar.

Inconscientemente meu olhar foi pra mesa onde estavam os amigos de Stella, mas ela já estava vazia, o que foi um grande alívio pra mim.

De volta pra o nosso quarto, eu me joguei na cama, colocando meu braço sobre meus olhos.

“Já percebi que você e Stella já fizeram as pazes, mas como isso aconteceu?” Percy perguntou.

“Como você é curioso Percy!” exclamei, rindo. “Tem certeza que não é filho de Afrodite?” tirei o braço do rosto, pra poder ver a cara dele, que pareceu bastante ofendido.

“Não! Eu só estou tentando me manter informado sobre o romance de minha irmãzinha com meu um dos meus melhores amigos!” eu sorri com as palavras dele e cobri meus olhos mais uma vez.

“Sei...”

“Estou falando sério! Me diz o que aconteceu!” exigiu ele. Eu ri de novo e contei tudo pra ele. “Bem, devo dizer que foi muito irresponsável da sua parte sair tão tarde sozinho, sr. di Angelo” ele falou com uma voz séria e grave. O que fez com que eu risse de novo e ele me acompanhou.

Mas então, eu escutei gritos de meninas, que pareciam vir de perto. Eu reconheci as vozes, eram Annabeth e Stella e elas deviam ter achado algum monstro.

Eu e Percy nos entreolhamos e então saímos correndo, tentando achar elas. O som não parecia vir de dentro do hotel, mas quando saímos pra rua, elas não estava, lá. Tentei escutar as vozes de novo e então descobri de onde viam. Era de um beco que tinha ao lado do hotel. Eu corri pra lá junto com Percy e vi uma coisa que nunca tinha visto na vida.

Era uma coisa (que parecia ser feita de lama ou algo assim, tinha um formato estranho, como um tipo de escorpião, mas sem cabeça, não se explicar) que estava atacando Annie e Stella, elas revidavam com golpes, Annie com sua adaga de bronze celestial e Stella com suas flechas de ouro e prata, mas nenhum dos dois pareia ter efeito. Eu e Percy corremos pra ajudar mas nem Contracorrente nem minha espada tinham efeito sobre o monstro, o que era muito estranho. Ao toque de nossas armas a criatura simplesmente se regenerava em menos de um segundo.

“Mas que Zeus é isso?” gritou Percy e eu quase ri, me lembrando de nossa conversa quando decidimos que Zeus era o pior dos três grandes e ao invés de falar que Hades (na verdade eu não falava isso), nós passamos a falar que Zeus. Annie e Stella o olharam como se ele fosse louco (N/A: sinto lhe dizer, mas ele é louco). Essa pequena distração delas fez com que o monstro tivesse a chance de prender Annie (que estava mais próxima dele) com suas pinças e a depois a jogar contra a parede do beco, onde Annie ficou imóvel, com sangue escorrendo por um corte bem visível em dua testa. Stella se virou furiosa e depois o beco mal iluminado explodiu em uma luz dourada cegante (igual a do dia em que descobri que Stella era uma fada) e quando a luz se foi, Stella estava voando, com suas lindas asas transparentes abertas, uma roupa totalmente diferente da que vestia meio segundo antes, seus cabelos estavam mais compridos, quase tocando seus tornozelos.

“Ninguém mexe com meus amigo” ela falou com raiva. Então ela jogou o anel pra cima e ele girou no ar, em uma dos giros, o anel se tornou um cetro elaborado que posou perfeitamente nas mãos de Stella. Ela girou o Cetro do Sol e depois atirou aquelas bolas de energia no monstro que virou nada mais que uma poça de uma substância pegajosa e escura.

A fúria deixou os olhos de Stella, que pousou suavemente e foi pra perto de Annie, que ainda estava imóvel com os olhos arregalados.

“Mas como?” ela falou, olhando fixamente pra Stella. “Você tem asas...”

“Não dá pra explica agora.” Stella falou rápido. “Temos que cuidar de você antes.”

§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§

Agora nós estamos em nosso quarto de hotel, Stella já voltou ao normal (se é que ser meio-sangue é normal), o corte na cabeça de Annabeth já tinha fechado, depois da ambrosia e do néctar, Percy estava com uma cara confusa muito hilária, Annabeth estava absurdamente curiosa e Stella parecia muito nervosa. Eu abracei Stella por trás, descansando meu queixo em seus cabelos.

“Então?” perguntou Annie, que praticamente implorava por respostas com os olhos.

“Bem, é uma longa história, não sei por onde começar.” Stella falou. “Bem, como os deuses gregos, outras coisas consideradas mitos também existem.”

“E o que você é exatamente?” Percy a interrompeu.

“Eu sou Stella del Solle, princesa herdeira do trono de Sollaria, fada do Sol, portadora do Cetro do Sol” a voz dela estava solene e decidida.

“Você é uma princesa?” Percy perguntou ao mesmo tempo que Annie falava “Eu nunca ouvir falar de Sollaria”

“Vou explicar melhor. E é melhor que nos sentemos.” ela falou, gentilmente. Nós sentamos nas camas, Percy e Annie na deles e eu e Stella na nossa. “Existe dimensões paralelas à Terra, eu sou da Dimensão mágica, de um reino chama Sollaria, a terra do Sol. Lá eu sou a princesa. Meu pai, o rei Stefan, vem de uma família que perdurou por muito tempo no poder e minha mãe, rainha Selenne, veio do povo da Lua. Então houve a união desses dois povos pelo casamento deles. E desse casamento, eu nasci. A única filha dos reis de Sollaria, o que me faz, logicamente a herdeira do trono. Isso seria ótimo se não fosse uma droga de lei idiota que diz que a princesa deve se casar com alguém escolhido por um Conselho de nobres. Eu fiquei furiosa e fugi, então Nico me encontrou e o resto vocês já sabem”