CAPÍTULO 31

POV's Percy

Só desembarcamos na última parada do trem, que foi em uma cidadezinha minúscula. Junto a nós poucas pessoas desceram. A cidade parecia ser do tipo em que todos se conheciam, pensei. E finalmente eu acertei em alguma coisa. Quando saímos da estação, nos dirigimos a uma pequena lanchonete que ficava na ao lado. Lá, uns adolescente estavam rindo em uma mesa no canto, mas fora eles, estava tudo vazio. Nos sentamos em uma mesa e uma mulher com uns vinte e poucos anos apareceu pra anotar nosso pedido, ela nos analisou, não tão discretamente. Então fizemos nosso pedido, que deixou ela muito feliz porque já estava escurecendo e nos tínhamos comido antes da hora do almoço, então nós estávamos faminto, embora a ideia de fome de das meninas (principalmente de Stella) era bem diferente da minha e da de Nico. Os olhos dela se arregalaram brevemente quando eu e Nico falamos o que queríamos, mas ela logo disfarçou com um sorriso.

Stella nos olhava com uma cara divertida.

“Não acredito que vão comer tudo isso.” ela falou, quase rindo.

“Não me subestime, irmanzinha.” respondi rindo também.

“Nem subestime a fome dele.” falou Annabeth. “conheço ele desde os doze anos e ainda me pergunto como ele consegue comer tanto e ainda assim manter a forma.

“Uma ótima forma eu devo dizer.” falei, me achando. O que não foi uma ideia muito boa, porque logo fui atingido por dois tapas. “AI!” falei um pouco alto demais, mas ninguém pode me culpar, elas parecem ser menininhas indefesas, mas só parecem. Nico estava se matando de rir, junto com Annie e Stella. “Cala boca, Nico!” não me atrevi a mandar as outras duas se calarem. Eu não sou tão burro assim, e tenho amor a minha vida. Eles continuaram rindo por um tempo até que eu perguntei uma coisa que estava me incomodando desde o começo da viagem. “Não acham que tudo está... calmo demais?” Eles pararam de rir no mesmo instante.

“Eu nunca saí numa missão de meio-sangue.” o jeito que Stella falou isso fez parecer que ela tinha saído em missão de outras coisas, mas acho que estou começando a ficar paranoico. “Mas eu concordo com você” ela falou.

“Eu também.”falou Nico.

“Vocês tem razão.” falou Annie. “Mas tem outra coisa me incomodando, essa profecia está muito estranha.”

“Todas as profecias são estranhas, Annie.” falei.

“Não. Essa é muito... vazia, sem sentido.” ela falou, colocando o cabelo atrás da orelha.

“Como assim vazia?” perguntou nico, na mesma hora que eu falei: “Nenhuma delas tem sentido pra mim”

“Annabeth tem razão.” falou Stella. “Essa profecia não diz o que vamos fazer durante a missão, nem diz se vamos conseguir, ela é muito vaga. Ela basicamente diz que nós quatro vamos tentar achar as deusas, o que não é uma informação que preste. Depois fala sobre a ajuda que Apolo nos deu e provavelmente Ártemis vai ajudar também, essa parte é relevante. Depois repete que nós vamos procurar as deusas, mas diz que só quatro de nós vão voltar.” ela falou isso com tanta calma que ela parecia não se importar que alguém ia morrer, e pelos olhares que ela trocou com Nico durante o dia todo, algo me diz que ela não ligaria que fosse ele. “Bem, isso não quer dizer necessariamente que alguém vai morrer. Além disso, deveríamos tentar achar alguma coisa que nos leve a achar...” ela não terminou a frase, porque nessa hora a garçonete apareceu com nossos pedidos, e eu e Nico ficamos muito ocupados comendo pra falar alguma coisa, então Stella e Annie ficaram conversando sozinhas.

Quando terminamos de comer, demos um tempo, continuamos tentando pensar em algum plano, mas falamos em códigos, porque as pessoas da lanchonete pareciam estar prestando atenção em nós.

“Então nós precisamos achar alguém que tenha visto alguma coisa difer...” fui interrompido por uma garota.

“Vocês não são daqui.” não era um pergunta.

“Como sabe?” perguntou Annie.

“Todo mundo se conhece por aqui.” a garota sorriu. “Ou se conhecia. Ultimamente muitos repórteres tem aparecido por aqui.”

“Ah, é?” perguntou Stella, ela e Annie trocaram olhares. “E porque isso?”

“Vocês moram aonde? Numa caverna?” a garota riu.

“Ficamos um tempo fora do país. Perdemos algumas notícias.” Annie sorriu.

“Aconteceram umas tempestades muito estranhas por aqui. Faz... um tempo.” um outro garoto respondeu.

“Sério? Era exatamente isso que a gente queria!” falei um pouco alto demais e recebi olhares reprovadores de meus amigos e da minha namorada, e olhares que diziam “você é louco” do resto do povo.

“Você só pode ser maluco.” falou um outro garoto.

“Percy tem uma queda por coisas sobrenaturais, especialmente tempestades.” falou Stella, encobrindo meu erro.

“Então você ia adorar ver uma.” falou a garota.

“Todos nós iríamos.” falou Nico.

“Nossa, nós realmente temos que ir.” falou Annie, olhando pra um relógio que tinha numa parede. “Ainda temos que achar um lugar pra ficar. Foi ótimo conhecer vocês” conhecer? A gente nem se apresentou!

“Até logo.” falou Stella, dando um sorriso que fez os garotos praticamente babarem em cima dela, com exceção de mim. Ela é linda, mas eu prefiro minha Sabidinha.

Eu e Nico falamos um “tchau” e saímos junto com elas, passei o braço na cintura de Annie. Eu é que não ia deixar que ninguém pensasse que ela era solteira. Ela é minha, só minha e de mais ninguém! Ela era tão linda, tão fofa, tão inteligente, tão...

“Percy!” a minha Sabidinha balançava a mão na frente dos meus olhos. “Percy, acorda!”

“Que?” falei piscando.

“Chegamos” ela falou, e só então percebi que estávamos num quarto de hotel com duas camas de casal.

“Não podíamos pegar um quarto só pra nós?” perguntei, abraçando ela. E recebi um tapa estralado. “AI! O que eu fiz pra merecer tanto tapa?!” Ela se limitou a rir. “Cadê o Nico e a Stella?”

“nico está tomando banho e Stella está por aí, no hotel procurando alguém que saiba mais sobre as 'tempestades sobrenaturais'. Esse lugar está cheio de gente com câmeras e Stella é ótima em agradar as pessoas”

“Você deixou minha irmãzinha ir sozinha nesse lugar que pode ter monstros?” eu perguntei com raiva.

“Deixa de ser um bobo super-protetor, Percy.” Annie riu, e depois fez um biquinho. “Não acredito que gritou comigo.” ela se virou de costas, fingindo estar com raiva.

“Desculpa, Sabidinha.” falei, abraçando ela de novo e dando beijos por todo o pescoço dela. Em um segundo, eu já beijava ela de um jeito um pouco faminto, e teria continuado muito bem mas eu sou Percy Jackson e sempre vai ter alguém pra atrapalhar minha felicidade.

“WOW! Eu não sou obrigado a ver isso!” escutei a voz de Nico e Annabeth me empurrou, corando igual a um tomate maduro.

“Então fecha os olhos.” rebati. Ele riu e eu também, mas Annie poderia estar mais vermelha que molho de tomate, ou catchup, ou camarão, ou... Tá, já parei.

“Eu vou procurar Stella.” falou Annie, saindo do quarto bruscamente.

“Agora que somos só nós dois, você pode me dizer que Hades...”

“Não use o nome do meu pai como xingamento!”

“Tá! Que ZEUS está acontecendo entre você e Stella?”

“Zeus?” ele riu e eu o acompanhei.

“É, bem ele parece pior que seu pai.” Trovão. Nós rimos de novo.

“Seu pai parece bem melhor do que Zeus.” Nico falou. Outro trovão.

“Voltando ao assunto principal. O que aconteceu entre você e Stella?”

Ele ficou em silêncio por um tempo.

“Foi um mal entendido. Sabe aquela filha de Éris?”

“Qual?”

“Não sei o nome dela.”

“Não importa, continua.”

“Tá, bem... Ela arranjou um tipo de magia do amor com umas filhas de Hécate. E ela me beijou. E Stella viu.” Isso explica tudo. A magia do amor deve ter feito Nico corresponder ao beijo. “E agora ela me odeia.”

“Ah, cara!”

“Que droga! Aquela desgraçada! Estava tudo bem até ela aparecer e estragar tudo!” ele reclamou e depois começou a andar de um lado pro outro, praguejando em grego antigo. Eu não consegui me controlar e comecei rir. “Não tem graça!” ela gritou.

“Tem razão, não tem graça.” falei, prendo o riso. “Eu vou tomar banho.” peguei uma roupa da mochila e entrei no banheiro. Assim que fechei a porta, comecei a rir descontroladamente e acho que alto, porque Nico me mandou calar a boca e fazer algumas coisinhas que não vou dizer aqui pra não maltratar os ouvidos inocentes (ou será que não tão inocentes assim?)de vocês, o que só fez que eu risse mais e depois ouvi a porta do quarto sendo batida com muita força. Ri mais ainda durante todo meu banho super demorado.