CAPÍTULO 21

POV's Nico

Acordei e nem me dei ao trabalho de ver que horas eram. Fiz minha higiene matinal e arrumei minhas coisas numa mochila. Não coloquei muita coisa. Sai do quarto com a mochila num ombro. Aporta do quarto de Stella estava fechada e resolvi não incomodá-la. Ela podia ter levado tudo muito bem ontem, mas acho que precisava de um tempo sozinha pra absorver melhor as coisas. Fui pro nosso arsenal/sala de suprimentos pra semideuses, peguei um pouco de néctar e ambrósia, afinal nunca se sabe, né? Quando voltei pra casa, Stella estava na cozinha, com uma cara pensativa. Ela estava tão distraída que não pude me conter.

“Bú!” gritei e ela pulou da cadeira onde estava. Não aguentei e comecei a rir.

“Você tá maluco?” ela gritou com a mão no peito. “Quer me matar do coração, ou o que?!”

Eu tinha uma resposta bem sarcástica na ponta da língua, mas não consegui parar de rir. Ela me deu língua e se levantou, andando em direção à pia, não me virei pra ver o que ela tava fazendo, mas depois de uns segundo senti uma coisa atingi minha cabeça e me virei pra ver o que era.

Stella segurava uma frigideira e tinha um sorriso debochado e vitorioso.

“Ai!” reclamei “Isso doeu!”

Ela deu de ombros com se não ligasse, “Que pena,” ela falou, mas seu sorriso e o brilho nos seus olhos não me enganavam. Ela colocou a frigideira de volta no lugar e se sento na mesa como se nada tivesse acontecido.

“Você é bem agressiva, né?” perguntei me sentando também e esfregando a cabeça.

“Só quando me provocam”

“Sei...” falei, rindo.

Tomamos o café da amanhã e limpamos as coisas, já era quase uma rotina.

“Então, vamos rumo a sua nova cara de verão, princesa del Solle” falei, fazendo uma reverência meio exagerada.

“Sim, nobre cavalheiro” ela entrou na brincadeira, mas sua reverência era bem suave, como se ela não tivesse peso.

“Vamos, mi laidy, sua carruagem está pronta” peguei sua mão e a beijei galantemente.

“Ah... claro mi Lord!” ela respondeu, se levantando e pegando uma bolsa que estava largado no chão.

“Não vai pegar o resto das coisa?” perguntei. Não que eu achasse que ela fosse levar o guarda-roupa todo, mas é que garotas são muito exageradas, em geral.

“Tá tudo aqui.” ela falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, mas logo percebeu minha cara de retardado. “Feitiço de Extensão Indetectável.”

“Ah... então tá né?” respondi. E nós fomos pra garagem.

Abri a porta do passageiro da minha linda ferrari pra Stella. Ela entrou e eu contornei o carro entrando no lado do motorista.

“Acampamento Meio-Sangue, aí vamos nós” ela murmurou.

No caminho eu fui falando sobre as coisas do acampamento em si, a Caça à Bandeira e outras atividades do acampamento.

“Parece ser um lugar legal”ela falou com os olhos brilhando. “Então, eu vou ficar no chalé de Apolo com meus irmãos. Eu sempre quis ter irmãos. Quer dizer, não sempre, mas sabe...”

“Já entendi!” falei rindo. Ela estava tagarelando sem parar. “Você sempre fal muito quando está nervosa?”

“Deu pra notar?” ela perguntou totalmente vermelha. Eu ri. “Não, às vezes eu fico sem falar, depende da hora. Teve uma vez que...” ela começou a contar uma história e eu não ousei interrompê-la, em parte porque eu adorava o som da sua voz.

Finalmente chegamos ao acampamento e ainda devia ser antes do almoço.

“Que horas são?” perguntei, interrompendo ela, mas ela não pareceu zangada.

“Onze e quatorze” ela falou, sem nem olhar pro relógio.

“Como você sabe?” perguntei, mas ela só deu de ombros, saindo do carro. Olhei o relógio do painel e eram exatamente onze e quatorze. Estranho.

Tinham feito uma garagem na base da colina e era lá que meu carro estava. Saímos de lá e subimos a colina. Só agora notei como Stella estava vestida*. Ela usava um vestido florido de babados que ia um pouco acima do joelho. Em seus pés ela tinha uma sandália daquelas rasteiras. Tinha um anel (que eu descobrir ser aquele cetro lançador de energia), um colar com um coração, brincos dourados em forma de argola e a bolsa em um ombro.

Ela subia a colina com a mesma facilidade que andava, e, por incrível que pareça, com a mesma leveza e graça. Devo estar parecendo um bobo apaixonado, mas é sério mesmo, ela parecia flutuar.

Quando chegou no topo, ela parou, me esperando porque eu tinha ficado pra trás, olhando a perfeição dela. Ela parou bem do lado de Peleus, e não pareceu se assustar com o dragão. Na verdade quando cheguei no topo, ela estava agachada coçando o queixo dele. Ela tem medo da Sra. O'Leary, mas não tem medo do dragão. Não tem quem me faça entender as mulheres.

“Gostou do Peleus?” perguntei e ela quase caiu de susto.

“Credo, Nico! Você deve mesmo sentir prazer em assustar as pessoas! Nunca vi uma coisa dessas! Eu, hein! E sim, ele é um gracinha.” ela respondeu, me fazendo rir.

“Vamos lá raio de Sol” falei atravessando a barreira. Ela ficou parada.

“Nico, posso te pedir uma coisa?” ela perguntou, com a voz frágil, como eu podia negar alguma coisa a ela?

“Claro”

“Não fala pra ninguém sobre...” ela não terminou, mas eu entendi.

“Okay, nada sobre a princesa do Sol fugitiva.” falei.

“Obrigada” ela falou sincera.

“Não há de que.” respondi passando meu braço pela cintura dela. “Vamos, temos que falar com Quíron.”

Fomos andando até a Casa Grande e eu ia mostrando as coisas pelo caminho e cumprimentando uns campistas. Alguns eram sinceros, outro só falavam comigo com medo, como se temessem que meu pai fosse fazer alguma coisa com quem tratasse mal seu filho. Não tinha visto meus amigos mais próximos e isso era bom, eu tinha que preparar Stella psicologicamente pras piadinhas que com certeza eles iam fazer.

Quíron estava jogando pinocle com o Sr. D, que bebia uma coca light.

“Olá, Quíron” cumprimentei ele. “Sr. D”

“Olá, Nico. Stella, seja bem-vinda, criança.” deu pra perceber que foi Quíron, né?

“Obrigada, senhor” ela falou, ainda meio tímida.

“Ora, pode me chamar de Quíron.”

“Quíron” ela se corrigiu sorrindo.

“Ora, se não é Nicolau, filho do Bafo de Cadáver” não vou nem dizer quem falou. Eu trinquei os dentes. “E quem é essa?” ele perguntou entediado. Eu já ia responder, mas Stella foi mais rápida.

“Sou Stella del Solle, senhor. O senhor tem uma bela plantação de morangos, nunca vi nenhuma tão bela.” ela falou, bajulando o sr. D, que ficou um pouco mais corado que o normal. “Não me admira que seja o deus do vinho. Imagino que se fosse uvas seriam as melhores de todo mundo.”

“Finalmente algum reconhecimento.” ele resmungou, mas pareceu bastante satisfeito. “Nicolau...”

“É Nico, sr. D” falei entredentes.

“Que seja!” ele revirou os olhos. “Leve a Stella pra conhecer o acampamento. Vai logo, está atrapalhando meu jogo!”

Fomos andando e como já estávamos a uma boa distância eu reclamei.

“O seu nome ele acerta, né?”

“Eu tenho meu charme.” ela falou e piscou pra mim.

“Não seria bajulação?”

“Não, seria diplomacia. Amacie o ego de alguém e provavelmente conseguiu um novo aliado.” ela falou como se fosse óbvio.

Eu já ia revidar, mas então me lembrei de uma coisa mais urgente.

“Olha, tem uns amigos meus que adoram pegar no meu pé. Isso significa que também vão pegar no seu pé, então não leve a sério o que eles falarem, ok?”

“Não se preocupe, di Angelo.” ela falou sorrindo. “Eu posso lidar com eles.”

Depois disso eu fui mostrando tudo pra ela. Fomos até os chalés, que estavam dispostos em ômega (Ω), e ao redor desses os chalés dos deuses menores, que estavam espalhados. Apontei cada chále dizendo seu respectivo deus e por fim mostrei-lhe seu chalé, que brilhava tão forte que doia minha vista. Ela não pareceu se importar com o brilho.

“É lindo ela” sussurrou. Andamos até ele e ela abriu a porta. Ninguém estava lá, o que era uma coisa boa, porque não tínhamos como explicar a bolsa cheia de coisas.

“Temos que arranjar uma desculpa para isso.” falei apontando pra bolsa. Ela me olhou confusa, mas depois começou a entender.

“Tem uma mala na sua casa?” ela perguntou.

“Tem, por que?” perguntei.

“Você vai ver. Onde está?” eu falei onde estava a mala e ela fechou os olhos, depois de uns dois segundos uma luz dourada brilhou no chalé e quando a luz se apagou no seu lugar tinha a mala que eu tinha falado.

“Uau, funciona a longa distância” falei impressionado e ela sorriu. “Acho melhor eu sai daqui.”

“Por que?” ela perguntou.

“tem uma regra que diz que duas pessoas de sexos diferentes e chalés diferentes não podem ficar no mesmo chalé sozinhas.” falei e corei um pouco, pensando no motivo da regra, ela também corou.

“Ah. Então tchau, te vejo depois.”

“Tchau” respondi e saí, indo direto pra arena treinar um pouco.

POV's Stella

Depois que Nico saiu, abri a mala e despejei tudo que tinha na bolsa direto dentro dela, sem me importar com a bagunça. Assim que terminei, um garoto musculoso, lindo ,loiro de olhos azuis, e um pouco suado entrou no chalé. Parei de fazer o que tava fazendo. Ele notou que eu estava lá parada, com uma mala aberta do meu lado. Ele me olhou abismado.

“Oi, sou Stella” falei. Ele me olhou como se tivesse me esquecido de fazer alguma coisa. Ah, tá! Esqueci mesmo. “Sou filha de Apolo” completei sorrindo e estendendo a mão.

“Sou Will Solace, sou seu meio irmão” ele sorriu e apertou minha mão. “Sou o conselheiro do chalé. Você já tem uma cama?”

“Não, acabei de chegar.”

“Pode ficar com essa ele apontou pra uma cama perto da janela. Me perguntei porque ninguém queria ela, mas deixei pra lá.

“Obrigada!” respondi fechando a mala e arrastando ela até a cama.

“Eu vou tomar banho, daqui a pouco é a hora do almoço, então vai arrumando suas coisas enquanto o chalé não tá lotado.” ele sorriu e entrou no banheiro (que eu nem tinha notado.)

Só prestei atenção no chalé depois que fui deixada sozinha. Era lindo e bem maior do que parecia por fora. Tinha paredes douradas (tipo ouro mesmo, não aqueles amarelos), todos os méveis era branco pra dá equilíbrio, até as camas, tinha quadros de auroras e pôr-do-sol em diferentes lugares (o mar, uma floresta, um regato, uma cidade antiga...), tinham muitos instrumentos musicais, em um canto mais distante tinha uma parede só de espelhos com uma barra de balé (adorei, eu amo balé), em outro canto tinham várias partituras presas na parede, o chão era de madeira clara e perfeitamente liso. Tinha um armário enorme cheio de gavetas, eu o abri e vi que cada gaveta era tinha o nome de uma pessoa. Também tinham beliches além das camas, mas os dois tipos tinham baús onde eu coloquei algumas roupas (o resto deixei na mala) e tinham colchas de um dourado pálido com branco. Enfim, o quarto era perfeito pra qualquer dançarina(o), musicista, compositor, ou filho do deus do sol, da dança e da música, em outras palavras Apolo. Enquanto eu arrumava tudo, meus meios-irmãos foram chegando e me cumprimentando. Eles eram legais, e eram muitos, deviam ter uns vinte e alguns não estavam lá pelo que Sol me disse. Tinha tantos irmãos que eu nem lembrava do nome de todos (quê? Eu tenho uma memória ruim pra nomes). Os que pareceram mais legais eram a Sol, a Stephany, o Will e o Ethan (N/A: não é Nakamura, tá?). Tinha uma fila enorme pro banheiro (e olha que tinham dois, hein?) e eu agradeci mentalmente por não precisar tomar banho agora.

Finalmente, Will nos liderou até o pavilhão ao ar livre, que era o refeitório. Eu estava sem fome, mas tudo bem. Nos sentamos numa mesa, e Quíron deu uns avisos lá, eu nem prestei atenção. Depois todos pegaram comida e foram até um braseiro, despejaram comida e falaram o nome de seu parente olimpiano. Eu fiz o mesmo e murmurei “Apolo”, um cheiro delicioso subiu em forma de fumaça e eu ouvi um “essa é a minha garota”. Tá, ou meu pai falou comigo, ou eu estou ficando louca de verdade, pensei enquanto voltava pra mesa.

Pude ver Nico do outro lado do refeitório, comendo sozinho. Ele levantou a cabeça e nossos olhos se encontraram. Eu sorri e ele sorriu de volta.

“Nico di Angelo está sorrindo pra gente?” escutei a voz de Sol.

“Não, sua retardada, ele está sorrindo pra Stella” agora foi Stephany. “Stella!” ela chamou estalando os dedos na frente da minha cara.

“O que?” resmunguei voltando a comer.

“Nico di Angelo estava olhando pra você e ele é o maior gatinho” Sol falou dando risadinhas. Fiquei com vontade de dar um tapa nela, Nico é meu!

“Ele e Percy são os mais lindos do acampamento.” Stephany suspirou. Pena que já estão comprometidos, né?, pensei.

“Ah, que bom” falei, meio irritada com elas.

“Que foi?” elas perguntaram juntas.

“Nada não” respondi colocando um pedaço de carne na boca pra disfarçar. Se acalma, mulher!

“Tá. Então, como você descobriu ser meio-sangue?” Steph perguntou.

“É, você não falou pra gente.” completou Sol. Eu estava pensando numa boa resposta quando uma garotinha tropeçou enquanto saia do refeitório e acabou derramando comida num filho de Ares que se levantou furioso e avançou pra ela. O refeitório inteiro prendeu a respiração.

“Quem você pensa que é, tampinha?” ele perguntou com raiva. Eu não gostei do tom que ele usou e comecei a me levantar. Sol e Steph me puxavam pra sentar.

“D-des-cul-p-pe” a garotinha sussurrou, ela tinha no máximo uns onze anos, era pequena e tinha olhos cinzentos como os da menina que se levantou da mesa de Atena, era Annabeth.

“Hey, Ben, a garota só tropeçou” uma menina da mesa de Ares se levantou e falou com uma voz cheia de autoridade, ela era bonita e tinha um corpão, mas seus olhos diziam que se meter com ela era uma péssima ideia.

“Não se mete, Clarisse!” ele gritou de volta.

“Eu sou sua conselheira chefe, você me deve respeito!” ela falou.

“Chega!” a voz de Quíron ecou pelo refeitório. “Ben, largue a menina” o Ben, largou a menina que correu pra fora do refeitório, com lágrimas nos olhos. Annabeth olhou pra ele exasperada e correu pra fora do refeitório, provavelmente pra consolar a irmã. Ben riu como o completo idiota que ele era.

“Idiota” falou Sol.

“Imbecil” falou Steph. “Stella aonde você vai?” ela perguntou quando eu levantei.

Eu andei decidida até o retardado, idiota, imbecil do Ben. Ele sorriu pra mim. Eu admito que fiquei meio intimidada, ele era bem maior que eu (devia ter um e oitenta), muito musculoso e tinha uma cara de “oi, sou seu novo espancador, pronta pra algumas lesões corporais?”. Mas eu fiz que nem ligava e o encarei com raiva. Pude perceber que todo o refeitório olhava pra cena.

“Oi, gata.” ele falou. “Você deve estar no o chalé errado, uma coisinha linda como você deve ser filha de Afrodite.” que cantada mais brega, diga que eu não ouvi isso. Ouvi algumas exclamações do chalé de Afrodite. Vi Nico começar a se levantar, mas lancei um olhar a ele, um olhar que dizia “não ouse vir lutar minha luta por mim, eu sei me defender. Não interfira ainda.”

“Você devia se envergonhar do que fez, era uma garotinha com metade do seu tamanho.” minha voz era o único som, ou seja, pareceu mais alta do que eu planejei. Que seja, já comecei, agora vou terminar.

“Você pode até ser bonitinha, mas com quem eu brigo ou deixo de brigar não é dá sua conta.”

“Se deu mal” alguém da mesa de Hermes falou. Eu ignorei completamente o comentário.

“Sim, é da minha conta a partir do momento que se aproximar de alguém indefeso que não teve culpa” minha voz tremia de raiva. Eu coloquei meu dedo no peito dele. “Eu não gosto nem aturo injustiças, então não faça isso de novo. Você pode se arrepender seriamente.” essa parte eu sussurrei.

“Quem você pensa que é pra falar comigo desse jeito?”

“Eu não penso que sou, eu sou.” falei.

“IIIIhhh, levou um fora” alguém do chalé de Hermes de novo..

“Haha, agora virou piadista, Stoll?”Ele perguntou pra uns gêmeos da mesa de Hermes, que se encolheram.

“Está avisado” falei e sai do refeitório. Sussurros explodiam a minha volta, mas eu os ignorei. Do lado de fora do refeitório, encontrei Annie consolando a garotinha. Fui até elas e me sentei no chão.

“Não liga não, ele é um debiloide.” Annie dizia abraçando a menina. Elaa levantaram a cabeça quando notaram que eu tinha chegado. “Ah, oi. Stella essa é Maryanne, Maryanne, essa é Stella, é uma amiga.”

“Oi, Maryanne, posso te chamar de Mary?” perguntei e ela fez que sim com a cabeça, enxugando os olhos. “Olha, Mary, não liga pra aquele animal disfarçado de humano, ele é só um valentão, igual os da escola.”

“Era isso que eu estava falando.” disse Annie. “Eles só atacam alguém que não pode se defender. Não é um combate justo”

“Não, não é.” concordei. “Mas sabe, valentões sempre são pessoas bobas que precisam de atenção.”

“Eles só merecem uma coisa de nós, Mary” falou Annie. “Sabe qual é?”

“Não” falou Maryanne.

“Pena” falei. “Eles são tão patéticos que dá pena.”

Depois ficamos conversando enquanto as pessoas passavam indo pra seus treinos.

“Stella!” gritaram Sol e Steph. “Vem!”

“Tenho que ir, meninas, até depois”

“Tchau, Stella” Annie falou e eu notei gratidão em seu olhar.

“Tchau” sussurrou Mary, ela era bem tímida e tinha dez anos e meio.

Corri pra me juntar aos meus irmãos.

“Você foi incrível!” falou Sol rindo quando eu alcancei ela e Steph.

“Você ficou maluca?” Steph falou. “Ele tem três vezes o seu tamanho!”

“Ah, vocês duas são exageradas. Eu só fiz o que achei certo. E não eu não sou maluca.” falei rindo.

“Sim, você é” falou Ethan

“Ai, minha Santa Tia!” falei fazendo eles rirem. “Será que tem uma placa em mim com recompensa por quase me matar de susto?!” Fomos andando e eles rindo da minha cara até chegar a um lugar onde tinham vários alvos.

“Muito bem chalé sete (N/A: não sei se esse é o número, se alguém souber qual é, mande uma review), peguem seu arcos” ouvi Will falar. Meus irmãos começaram a atirar flechas com perfeição. Andei até ele.

“Will, eu não tenho arco.” falei.

“Ah, vem comigo, vamos achar um pra você” ele respondeu e fomos andando, mas Quíron me chamou.

“Stella.”

“Aqui” falei voltando.

“Venha comigo” ele falou trotando pra longe. Eu o segui, mas ainda pude notar o olhar que Sol e Steph trocaram. Quíron me levou até a Casa Grande. Chegando lá ele pegou alguma coisa da mesa da varanda.

“Seu pai deixou isso” ele me entregou uma caixa pequena, era branca com uma fita dourada. “Abra.” ele falou. Eu desfiz o laço e tirei a tampa. Um lindo colar estava na caixa. Tinha um pingente em forma de um arco dourado com uma flecha prateada, era lindo e tinha pequenas pedras de diamante e topázio. (N/A: é um povo q não sabe gastar o dinheiro, dá pra mim!!!)

“Que lindo” sussurrei em transe.

“Coloque no pescoço e depois puxe o pingente, é uma arma.” ele falou.

Fiz o que ele disse e uma adaga de quase cinquenta centímetros apareceu em minha mão, ela era feita de dois materiais diferentes, prata e ouro, com a guarda dourada incrustada de prata, diamantes e topázios, acho, em um padrão lindo e complicado.

“Pode virar qualquer arma que quiser, só pense na arma que quer.” ele continuou. Pensei num arco e logo senti a adaga dar lugar a um arco de ouro que também era lindamente ornamentado com prata e as mesmas pedras preciosas da adaga, em meu ombro apareceu uma aljava leve e cheia de flechas de ouro e prata (como a lâmina da adaga).

Meus irmãos estavam muito ocupados e nem notaram quando eu cheguei. Me posicionei em frente a um alvo desocupado. Nunca tinha feito isso antes, mas me deixei guiar pelos meus instintos. Por favor, não me decepcionem, instintos. Peguei uma flecha e a coloquei no arco. Lá vamos nós, pensei.

“Levante mais o braço.” ouvi uma voz na minha cabeça.

“Pai?” pensei.

“Sim, garota.” a voz respondeu e eu levantei o braço. “Não tanto! Ah, agora sim. Relaxe mais a mão.”

Eu seguia as instruções dele e consegui acertar exatamente no meio do alvo.

“Isso!” falei. Ops, alto demais. Olhei ao redor pra ver se alguém tinha visto, mas ninguém estava olhando pra mim. Dei de ombros e continuei atirando as flechas, sem errar nenhuma. Cada vez que atirava, eu pegava a flecha de volta. Eu não errei uma, modéstia parte.

“Nossa, você é muito boa!” falou Will, vindo sei-lá-de-onde.

“Céus! Será que todo mundo tem que me dar um susto!” reclamei. Ele riu.

“Sério, você já treinou antes, né?”ele perguntou.

“Na verdade não. Mas não fiz isso sozinha. Nosso pai me deu umas dicas.”

“Ah. Mas mesmo assim, você é incrível!” ele elogiou.

“Obrigada” sorri.

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Depois do arco e flecha, fui treinar esgrima. Percy era nosso instrutor e fez dupla comigo. Você deve estar pensando “então ele pegou leve com você”, está completamente errado.

“Vamos, Stella!” ele falava “Chega de moleza”

“Cala a boca, Percy” reclamei e ele riu.

“Vamos, de novo. Me ataca” eu ergui a espada e ataquei, ele desviou meu golpe com facilidade.

“Muito óbvio” ele disse. “Tente me enganar” eu fiz isso, e me dei mal, quando vi estava encostada na pilastra e ele tinha duas espadas no meu pescoço, a minha e a dele.

“Pode tirar essas coisas de perto de mim, por favor?” falei arfando. Ele riu e me entregou minha espada.

Ele me ensinou um jeito e desarmar o inimigo, mas eu não consegui.

“Tá, vamos de novo.” ele falou. Tirei meu cabelo do rosto (eu tinha prendido ele, mas durante nossas lutas ele desamarrou e agora está totalmente encharcado de suor.) e fiz minha melhor cara de mártir. “Okay, se você me vencer, essa vai ser a última vez” ele falou e só então notei que todo mundo estava indo embora. Pensei em fugir, mas ele começou a atacar. Eu estava só na defesa, mas de algum jeito consegui enganá-lo e ele que ficou só na defesa. Depois de umas estocadas, eu consegui desarmar ele como ele me ensinou. Sou espada voou no chão e ele mergulhou pra pegá-la, só que eu fui mais rápida. Peguei Contracorrente e dei uma rasteira nele. Ele caiu no chão e coloquei as duas espadas na garganta dele.

“Perdeu, playboy” falei. “Agora posso ir? Preciso de um banho”

“Okay, trato é trato.” ele concordou e eu o ajudei a levantar.

Nos despedimos e eu andei pra fora da arena.

“Stella?” ele chamou. Me virei pra ele. “Vou arranjar um instrutor particular pra você.”

“Por quê? Foi tão ruim assim?”

“Não. Foi até bom pra uma iniciante.” ele falou. “Foi seu pai que pediu. Venha pra arena amanhã antes do café, seu instrutor vai estar te esperando. Talvez seja eu mesmo, mas não tenho certeza.”

“Tá” falei. Meu pai se preocupa comigo, isso é bom. Mas se tivesse outra aula como essa ia parar na enfermaria. Sério mesmo. Eu estava totalmente cansada e dolorida, tão dolorida que até meu último fio de cabelo implorava por analgésicos. Meus músculos tremiam e parecia que eu tinha sido atropelada por todos os veículos dos EUA, até respirar fazia tudo doer.

Quando entrei no chalé sete, meus irmãos estavam cuidado de suas lindas vidinhas, mas me olharam assim que eu entrei. Continuei andando, ignorando a atitude deles.

“Você está horrível.” falou Ethan, que estava deitado na beliche em frente à minha cama, onde eu tinha parado pra pegar algumas coisas de higiene e uma roupa.

“Eu me sinto horrível! Obrigada por lembrar” respondi. E ele riu. Eu aqui sofrendo e ele tem a coragem de rir? Peguei um travesseiro e joguei nele.

“Ei!” ele reclamou mas eu já estava entrando no banheiro, de onde Sol tinha acabado de sair. Ela me olhou com empatia, e continuou o caminho pro beliche que ela dividia com Steph.

Tomei um banho pra relaxar meus músculos e tirar a sujeira de meu corpo. Quando terminei, penteei o cabelo e sequei com um secador, mas deixei ele com ondas. Vesti a roupa** e sai do banheiro. Me joguei na cama e tentei descansar o que foi fácil, já que quase imediatamente, meus olhos fecharam.

*look da Stella: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=3074963&.locale=pt-br

**look da Stella depois do treino: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=30766225&.locale=pt-br